Isto de se ser bom rapaz tem que se lhe diga, principalmente próximo de mulheres para quem as boas maneiras e a simpatia têm um valor relativo.
Carlos continua a oferecer-se para ir buscar um café ou uma água à Cristina, entre outras simpatias, sem sequer sonhar da forma como é mimoseado pelas costas, por aquelas senhoritas. "Manso", é das mais suaves. A única brasileira da equipa de trabalho chama-o de "frouxo".
Os homens da casa não gostam nada do "filme". Rogério ao principio ainda lhe dizia para ele se deixar daquelas merdas, que não era assim que conseguiria alguma coisa daquele lado, etc. O rapaz ainda levava a mal, pensava que o "chefe" tinha algum interesse na sua "ninfa".
Foi de uma forma quase acidental que apanhei esta conversa, enquanto bebia café com três amigos da dita "fábrica de ideias", para onde trabalho (sempre que se lembram de mim...). Eles começavam a não achar graça à brincadeira, porque qualquer dia as "jeitosas" punham o Carlinhos a servir de tapete. Não era apenas o "orgulho de macho" a falar, também se sentiam gozados com a situação, enquanto homens.
O Rogério disse: «nem todos temos jeito para engatar gajas, mas há limites.» O Gui a sorrir acrescentou: «pois é, nem todos têm a lábia do Joe Cardoso».
Risota colectiva ao lembramos o bom do Joe Cardoso, um "django" das histórias de amor, que ataca tudo o que seja fêmea e pese mais de quarenta quilos.
Depois de os deixar continuei a sorrir pela rua fora, a pensar na arte de conquistar donzelas (diesel ou a gasolina). Sabia que nem todos tínhamos a lábia do Joe Cardoso, mentindo e inventando descaradamente, para conseguir levar a "água ao seu moinho". Quase sempre com êxito, diga-se.
Muitos de nós vivemos de acasos, mesmo que por vezes sejam provocados. Acho que todos sabemos (ou pelo menos devíamos saber) que as mulheres não caem do céu nem o açúcar é o "isco" ideal para as "pescarias"...
O óleo é de Aldo Balding.