Perguntei ao Carlos por um amigo dele, que não via há meses.
Disse-me que perdeu o hábito de sair de casa e agora é um problema para vir à rua. Quase que só sai para ir ao médico...
Lembrei-me da minha mãe, que anda todos os dias, sem ligar às dores nos joelhos e num dos pés. Lembrei-me do Augusto, que se apoia nas muletas há pelo menos meia dúzia de anos, e raramente falha o café.
Quando o questionei, se ele não lhe telefonava e chateava para se encontrarem, disse-me que não, acompanhado da frase que dá título a estas palavras: «às vezes morremos, mesmo que continuemos vivos.»
Depois ficámos em silêncio, por alguns instantes...
O óleo é de Janet Ternoff.