Isso aconteceu por várias razões, a principal por ter comemorado esta data festiva longe dos palcos de música e de discursos, onde também se costumam oferecer cravos (costumam ser lançados à população...).
Claro que andei na rua no dia 25, até me encontrei com um amigo, para falarmos de um projecto, que tem vindo a ser adiado, ano após ano, por múltiplas razões (até pela incerteza em relação à sua recepção...), que não interessa trazer para aqui.
Algumas das pessoas que passavam por nós, na esplanada, traziam cravos, na mão ou no peito, embora a maior parte viesse sem este símbolo de Abril, vermelho ou encarnado (tal como nós...).
O meu companheiro e amigo achou piada ao contraste entre uma mulher que passou com quase uma dúzia de cravos na mão e outra com apenas um. E disse-me: «Este é o retrato actual de Abril, um pais cada vez mais desigual, onde uns tentam agarrar tudo o que podem, sem sequer lhe passar pela cabeça dividir o que têm, pelos que não têm quase nada.»
Limitei-me a sorrir. Mesmo sabendo que era verdade.
Estive sempre na dúvida se devia escrever sobre isto aqui no Largo, mas acho que esta é uma é uma das várias "metáforas" que se podem encontrar em Abril, mesmo que a Revolução libertadora, não tenha nada a ver com isso...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)