Cada vez se aproveita menos a qualidade humana de todos aqueles que fazem a diferença no nosso país. Isso acontece porque o poder está entregue a uma hierarquia partidária (que vem dos "jotas"...), que valoriza mais a amizade e o compadrio, que a competência e a inteligência.
É por isso que não nos deve espantar que eles fiquem agradados quando os nossos melhores jovens emigram, são menos "sombras" incómodas que circulam à sua volta.
Claro que tudo isto depois acaba por ter um preço: somos cada vez mais governados por um pequeno grupo de políticos medíocres e incompetentes (crescem como cogumelos no PS e no PSD...), que baseiam toda a sua prática política na demagogia e nas promessas que sabem que nunca irão cumprir.
Quando penso nos portugueses extraordinários, que apesar dos mil e um obstáculos que tiveram de enfrentar, ainda conseguiram deixar obra, quase sempre devido à sua teimosia, não posso deixar de me curvar com a devida vénia.
É impossível passar ao lado de um Gonçalo Ribeiro Teles, que se tivessem feito um décimo de tudo aquilo que ele sempre defendeu em termos ambientais (ainda antes de de falar das "alterações climáticas"...), não teríamos o flagelo cíclico dos incêndios nem das cheias com esta dimensão...
Felizmente houve um caso de sucesso, que foi o João Bénard da Costa, que conseguiu fazer um trabalho fabuloso na Cinemateca, rodeando-se de óptimos colaboradores. É a excepção que confirma a regra. E só foi possível porque a Cultura que tem menos holofotes à sua volta (e dá trabalho...), está longe de ser um lugar apetecível. Ou seja, pôde ir sempre fazendo coisas, apesar dos limites orçamentais.
E depois existem os chamados "espíritos livres", cujo talento se expande para fora das nossas fronteiras, ao ponto de se tornarem maiores que o próprio país. Estou a lembrar-me de três personalidades: Manoel de Oliveira, José Cutileiro e Álvaro Siza Vieira (felizmente o arquitecto ainda está entre nós...).
Mas neste pobre país, governado pelos Silvas, pelos Costas, pelos Almeidas, pelos Sousas, pelos Coelhos e outras espécies rasteiras, não há espaço para quem seja capaz de pensar pela sua própria cabeça e tenha talento para encontrar soluções, para os tais problemas com décadas, que quem governa finge querer resolver...
(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)