domingo, dezembro 30, 2012

A Janela das Memórias


Aquela janela tinha tanta memória...

O que mais me encantou foram os livros e os jornais amarelecidos quase amontoados nas prateleiras.

Quando o João me perguntou se o queria ajudar a organizar toda aquela papelada, fui incapaz de dizer que não, mesmo sabendo que não tinha assim tanto tempo livre...

Só de pensar nas coisas interessantes que poderei descobrir dentro daqueles jornais antigos, apetece-me começar a remexer todo aquele mundo, que se encontra fechado, desde a morte do senhor Ferreira, há mais de dez anos.

O óleo é de John Frederick Peto.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

«Silva, não! Chamem-me tudo menos isso!»


Nunca, mas nunca mais queria que o chamassem Silva. À terceira era de vez!

Desde a brincadeira dos tempos de escola, do Silva que era vitima de chacota numa sala de cinema, em que foi mimado com calduços e pancadas fortes nas costas, que lhe apeteceu ser tudo menos Silva.

Mais tarde ouviu o Alberto da Madeira tratar o presidente da República com um simples "senhor Silva", que envergonhava qualquer um. O pior de tudo era o chefe de Estado ser  um traste. Apesar do disfarce que usava de homem sério desde que era político, não conseguia esconder que tinha mais furos que um passador.

Agora com o senhor Baptista da Silva, um catedrático da trafulhice, que até mereceu honras da imprensa que nunca se engana, o caldo entornou-se de vez.

Foi por isso que lançou um grito lancinante, que deixou todos os que o rodeavam de boca aberta: 

«Silva não! Chamem-me tudo menos isso!»

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Sem Tempo para Brincar com Barquinhos de Papel


Neste final de ano, continuo com vários projectos em mãos, desde uma antologia poética, que esperou quase um ano pela luz verde para puder avançar - luz chegou em Dezembro -, a duas exposições que já estão a ser preparadas, uma para Janeiro (individual) e outra para Fevereiro (colectiva).

No próximo ano há também a possibilidade de pelo menos uma peça escrita por mim ser encenada e apresentada ao público. Veremos...

Como disse nas "Viagens", projectos não me faltam, num ano particularmente difícil para todos nós. Claro que uma boa parte destas actividades não têm quaisquer contrapartidas financeiras. É isso mesmo, muito amor à arte...

Ainda não deve ser em 2013, que vou ter tempo de brincar com barquinhos de papel. E também não espero ser um "sem abrigo da cultura", como este da imagem, algo que continua a crescer no nosso país, pouco sensível ao mundo das culturas...

O óleo é de Gioxe de Micheli.

quarta-feira, dezembro 26, 2012

Fados, Mulheres e Mentiras


Enquanto passeávamos pelas ruas de Alfama, recordou-me que das primeiras vezes que ouviu cantar o fado numa das casas do Bairro Alto, achou estranho que as cantadeiras fossem praticamente só mulheres com alguma idade, que se apresentavam excessivamente pintadas. Foi por isso que nem questionou o empregado do bar, quando este lhe disse que uma boa parte das fadistas eram antigas prostitutas, daí os exageros de tinta nos olhos e nos lábios.

Algum tempo depois contou este episódio a um amigo, que não só lhe sorriu como lhe disse que tinha sido bem enganado. 

Já tinha pensado no assunto e achara que não fazia muito sentido, até por elas cantarem quase sempre a saudade. Perguntava para os seus botões: «Qual é a mulher que tem saudades da prostituição?»

Quando começaram a aparecer fadistas jovens e bonitas e ele voltou à mesma casa e com alguma lata perguntou ao "barman", se também havia muito desemprego na prostituição. Este não percebeu onde ele queria chegar, foi preciso dizer-lhe que cada vez havia fadistas mais jovens, que deviam estar a tirar o emprego também nas casas de fado, às "prostitutas reformadas" de outros tempos...

Voltou a sorrir e exclamou: «não me diga que acreditou naquilo que eu lhe disse!»

O óleo é de Nathalie Fougeras.

domingo, dezembro 23, 2012

Feliz Natal, Natal Feliz



Entrei no café com um rio na algibeira
  
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
  
José Gomes Ferreira

O óleo é de Ian Leward.


sábado, dezembro 22, 2012

A Mulher do Bar


Ao ver uma mulher da minha geração,  a beber sozinha no balcão do bar, pensei em várias coisas,talvez por estar distante da conversa dos meus companheiros de mesa, que falavam de bandas musicais que não fazia ideia que existiam.

Comecei por pensar que cada vez havia menos cafés e bares com balcão, agora a moda é comer de pé. 

Depois lembrei-me de ter descoberto com alguns amigos ( há quase trinta anos...) um bar próximo de Santa Catarina, dirigido por mulheres. Acho que se chamava "Queen Mary", mas não tenho a certeza. Neste lugar simpático era possível encontrar nas mesas e no balcão várias mulheres solitárias, que bebiam muito mais que eu e falavam pelos cotovelos, quebrando a monotonia dos dias. A esta distância, quase que me parece um bar de uma série qualquer televisiva, pois sempre que lá passava, encontrava invariavelmente as mesmas actrizes e os mesmos actores.

Nunca mais passei por aquela rua. Provavelmente o bar fechou, até porque as duas donas, irmãs, já caminhavam para os sessenta, nesses anos oitenta, quase loucos...

O óleo é de  Sasha Hartslief.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Os Livros e o Cinema, o Cinema e os Livros...


Gosto de todas as Artes, não só como espectador mas também como "artista".

Mas os livros e o cinema, são especiais.

São especiais porque são uma das minhas grandes fontes de inspiração. Tiro bastantes notas quando estou a ler um livro ou a ver um filme, quase sempre coisas que não estão directamente ligadas com as histórias de ambos.

São ocorrências de acasos, proporcionadas por imagens que comunicam com o que chamamos "o nosso inconsciente", provavelmente por ele ser um rebelde, que não se deixa dominar...

É graças aos filmes que gosto de ler as crónicas de João Lopes, crítico de cinema (e não só...) do "Diário de Notícias" e um dos autores do blogue, "Sound + Vision".

Ele escreveu uma critica ao filme (e a alguma critica...) "Amour", de Michale Haneke, a 5 de Dezembro, no "DN", publicada agora no blogue, de onde retirei uma frase deliciosa que reproduzo, sobre a referência ao papel secundário (excelente) de Isabelle Huppert: 

«Quando ela contempla o apartamento silencioso, não é apenas a memória dos pais que se refaz num misto de ternura e impotência, é também o cinema que se celebra como arte que sabe lidar com o medo do vazio.» 

Mais palavras para quê?

quarta-feira, dezembro 19, 2012

É Muito Mais que uma Ideia ou Religião


Ontem escrevi sobre aqui sobre um acontecimento que me deixou furioso e que fez com que pelo menos uma pessoa se manifestasse (o Carlos...), contrariando de alguma forma o meu ponto de vista, ao mesmo tempo que colocava o dedo na ferida, questionando se a Caridade e a Solidariedade eram valores de esquerda ou direita.

Foi bom ele ter comentado. Aliás, uma das coisas boas desta coisa do escrever e do ler, é fazer-nos pensar.

E eu também penso que é um erro querer "prender" a Caridade e a Solidariedade, ao lado direito ou esquerdo, como se fossem simples fundamentos ideológicos de programas políticos. 

O velho ditado chinês sobre os homens e os peixes, pode muito ser aplicado no uso destas palavras. Para mim Solidariedade é o acto de ajudar alguém, ou seja, "dar uma cana a alguém para pescar". Caridade também é uma ajuda, mas num outro sentido, obtida muitas vezes através da humilhação do ser humano, que quase se ajoelha, para obter algo para comer, mas sem ter de lutar por isso, ou seja, "aceita que lhe dêem o peixe e não uma cana para pescar"...

É possível que esteja errado, mas não consigo olhar para esta questão de outra forma.

Misturar as esquerdas e direitas com uma questão que se prende sobretudo com a dignidade humana, é andar a fugir do verdadeiro problema.

Eu sei que existem valores de esquerda e de direita, mas acima deles existem valores universais, que foram aperfeiçoados ao longo de séculos e deram origem às constituições dos países, onde estão inscritas as leis que deviam ser cumpridas e respeitadas por todos.

Sei que é difícil de fugir à tentação de se enveredar pelo caminho mais fácil, mas fazer desta questão um "tratado de tortessilhas", dividindo o mundo em apenas dois lados, é demasiado simplista e coloca de parte milhões de pessoas que preferem mover-se ao centro e estão-se borrifando para as direitas e esquerdas deste mundo.

O óleo é de Jim Daly.

terça-feira, dezembro 18, 2012

«Esta gente tem de aprender a baixar a crista.»


Podia ser apenas um desabafo em relação aos pobres e necessitados mais rebeldes, mas não, era muito mais que isso. Eram as palavras de um católico que se julgava mais intimo e querido de deus, que qualquer um dos nós, porque ia à missa todos os domingos e tinha as orações todas na ponta da língua. 

Era o mesmo sujeito que tinha dito a um rapazinho que não podia participar na festa de natal com a roupa suja que vestia, quando eu estava a entrar. Embora sentisse vontade de facilitar a entrada à criança de sete, oito anos, fiquei em silêncio, até por ser uma simples visita.

Estava ali como representante de um colectivo que recolhera roupas e brinquedos para distribuir pelas crianças da comunidade, o que fazia com que tivesse de reduzir ao máximo a minha individualidade.

Embora ouvisse mais um ou outro comentário sarcástico do sujeito, a frase, «esta gente tem de aprender a baixar a crista», não me saia da cabeça. Até por pensar exactamente o contrário, se havia coisa que não devíamos fazer, era baixar a crista.

Achei todo aquele paternalismo insuportável. Tinha a certeza que aquela não era a minha sociedade, que aquele não era o meu mundo.

Percebi que uma boa parte daqueles "cristãos" se pudessem,  seleccionavam os pobrezinhos, só davam esmola aos que lhe deixassem fazer uma festinha na cabeça.

Liam da mesma cartilha da "Jonet" e de outros conservadores, que se sentiam como "peixes dentro de água", em sociedades como a nossa, cada vez mais desiguais e pobres, onde a caridade tentava (por todos os meios...) substituir a solidariedade, com a benção da igreja do Policarpo e do governo de Passos.

O óleo é de Jesus de Perceval.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

A Laranja Mecânica


Na China inventa-se quase tudo.

Deve ter sido por isso que não estranhei a laranja que se deslocava, graças a uns pés metálicos.

Lembrei-me que aquele brinquedo tanto faria sorrir Anthony Burguess como Stanley Kubrick. O primeiro escreveu o romance, em 1962, o segundo realizou o filme dez anos depois.

Nem fazia ideia que "A Laranja Mecânica" (livro...) tinha a minha idade.

Se não fosse a laranja que andava, não fazia estas associações, nem escrevia esta "posta"...

O óleo é de Emanuel Javelid.

domingo, dezembro 16, 2012

Não é o Fim do Mundo


Apesar de algum desalento que vou sentido pela nossa natureza humana, como registei ontem, não acredito que o mundo acabe num só dia, muito menos a 21 de Dezembro.

Isso seria demasiado fácil para todos nós.

A exploração destes e doutros "achados" ajudam-me a perceber melhor as pessoas que já desistiram de ver televisão e de ler jornais. 

Como se não bastassem os "cronistas da desgraça", também as notícias difundidas pela comunicação social ampliam cada vez mais a realidade.

«Acreditas nisto?», disse-me a Rita, enquanto me mostrava o título de uma das páginas do "Correio da Manhã". Abanei os ombros.

Não lhe disse mas nem nos tempos do Direito lia essa espécie de jornal...

O Carlos acrescentou que só acredita naquelas patranhas quem quer e que nunca viu ninguém de arma em punho num quiosque de jornais, obrigando-nos a comprar este ou aquele jornal. E em relação a televisão, disse que agora há canais para todos os gostos e feitios...

O óleo é de Karen Offutt.

sábado, dezembro 15, 2012

Matar: a Solução Mais Fácil para Resolver os Problemas


Uma sociedade que parece estar a redescobrir que matar é a solução mais fácil para resolver os seus problemas, está de certeza em declínio.

Um declínio longe de ser apenas económico nem financeiro.

Hoje um rapaz de 20 anos matou 28 pessoas numa escola dos EUA (vinte eram crianças...), por razões que nenhuma razão conhece.
A poucos quilómetros do lugar onde vivo, no Laranjeiro, um homem de 30 anos matou a companheira, na presença da filha com quatro meses. 
E nem vou falar da Síria, do Afeganistão ou da Palestina...

Que sociedade é esta, que ainda está no começo da travessia do século XXI?

O óleo é de Christian Zucconi.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Esquecer o Inverno


Um dos amigos do Francisco aproximou-se de nós com a cara inchada e o braço ao peito. Perguntou se nos podia fazer companhia. Dizemos-lhe que sim, sem palavras. O Manel trouxe-lhe um café para um de nós pagar. Mal conseguia falar, notámos que além do escuro à volta dos olhos, os lábios também tinham aumentado de volume. Queria apenas um café, foi por isso que não aqueceu a cadeira, pediu um cigarro ao Francisco e fez-se ao passeio, com um andar dorido. 

Talvez tivesse medo que lhe déssemos alguma lição de moral. Coisa que não se deve fazer a quem tem mais de quarenta anos...

Dois dias antes tinha sido encontrado deitado no chão nas ruelas de Almada Velha, completamente bêbado e com sangue no rosto. Um grupo de jovens chamou o 115 e lá foi até ao hospital, onde lhe prestaram os cuidados de saúde necessários.

Francisco disse que deixara de ter pena de homens como ele. Talvez lhe desse cigarros e lhe pagasse cafés, por caridade, pois era impossível ser solidário com quem se torturava a si próprio e não fazia nada para sair do buraco onde caíra. Foi por isso que acrescentou: «Não sei se ele caiu mesmo ou se se atirou para o chão.» 

Tentou mudar de assunto e confessou-me que se cansa mais de Inverno. Cansa-se de quase tudo, até das pessoas. Desabafou ainda que fuma muito mais de Inverno, da mesma forma que bebe mais cafés e bebidas fortes. 

Não lhe perguntei porquê. Talvez pense que estes dois elementos da lista dos vícios o ajudam a empurrar o frio para fora e a esquecer o Inverno...

O óleo é de Karen Offutt.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Ter Mais Vidas que os Gatos


As conversas que tenho com o Gui, são de tal forma ricas, que poderiam proporcionar umas três ou quatro "postas", sem grandes dificuldades. O único problema é muitas vezes serem demasiado personalizadas, não fazendo sentido publicá-las sem os seus verdadeiros donos...

Há algumas que podem ser generalizadas como a conversa a que assistiu, numa mesa farta de realizadores e actores, em que foi divulgado por uma anotadora que um dos rapazes da mesa já somava treze mortes, entre os vários papeis que teve em telenovelas e fitas de cinema, mais cinco que as permitidas aos gatos.

Foi risota geral, até por ele não fazer a mínima ideia desta sua parte curricular  Confessou mesmo que não se incomodava de continuar a morrer mais vezes nas ficções de televisão e cinema, queria era trabalhar, mesmo que não chegasse ao fim da história.

Mas não deixa de ser estranho que alguns actores (principalmente os de Hollywood)  sejam sistematicamente "bandidos" e tenham o seu destino traçado logo no início do filme...

O óleo é de Carol Arnold.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Sedução Feminina ao Café


Estava a beber café com o Gui numa das esplanadas do bairro dele, quando passaram três miúdas - com idade para serem nossas filhas -, que não só nos piscaram o olho como ainda comentaram alho do género, de que não éramos nada de deitar fora, entre aqueles risinhos típicos de adolescentes.

Sem se aperceberem, deram-nos logo um bom motivo para "filosofarmos". Concordámos  de imediato que as mulheres têm mais inteligência no corpo que nós, percebem muito mais cedo o "abc" dos jogos de sedução e do próprio sexo.

O Gui disse o óbvio, que crescem mais cedo, com catorze anos já se acham mulheres e nós com a mesma idade, não passamos de putos. 

Depois deslizámos para a sociedade, para a forma como são educadas, até pelo nosso olhar. Nós homens muitas vezes fazemos com que se sintam quase como "montras" ambulantes, é por isso que se começam a produzir e (a seduzir claro...) tão cedo...

Claro que ambos sabíamos que aquela brincadeira das meninas era inocente. Se lhes tivéssemos respondido, provavelmente baixavam os olhos e fugiam a sete pés. Mas pelo menos "adoçou" o café.

O óleo é de Wang Yun Peng.

domingo, dezembro 09, 2012

RTP: Marca de Cerveja?



As interrogações que poderiam ter existido após a nomeação do empresário cervejeiro Alberto, para a administração das televisões e rádio públicas, pela mão do "malabarista" (entre outras tantas coisas terminadas em ista...) Relvas, ficaram dissipadas com este último episódio que ditou a suspensão de Nuno Santos. Trata-se de de uma história cheia de pontas soltas, como convém quando queremos tramar alguém. 

Ainda bem que Nuno não teve qualquer problema em falar de "saneamento político", na comissão que o ouviu no parlamento.

A RTP é uma marca cinquentenária, pioneira de tantos acontecimentos históricos, que deveria merecer  mais respeito desta gente "vendida", que nos governa e finge esquecer que existe uma constituição, que é a lei suprema de qualquer nação, que deviam obedecer e respeitar. 

É ai que devia entrar o Presidente da República, cada vez mais senhor Silva e menos Chefe de Estado. Cavaco devia ser o primeiro defensor do cumprimento das leis do país. Devia, mas parece que mais uma vez, está tudo ligado...

E, claro que a RTP não é uma marca de cerveja, por muito que a tentem "moldar" e "destruir", com a nomeação de gestores "teleguiados".

sábado, dezembro 08, 2012

Coisas Minhas


Tenho quase sempre a sensação de que muitas das coisas que ficam mal aos homens, ficam pior às mulheres.

Não escondo que há algum preconceito nesta frase, mesmo que me defenda com  uma imagem horrível das noites lisboetas, de uma mulher embriagada com a camisa fora das calças e a braguilha aberta, descalça e aos berros na rua...

O óleo é de Scott Harding.

sexta-feira, dezembro 07, 2012

O Desastre de Viver em Antecipação


Um dia destes dizem-me, «o Jorge morreu». Sei que fico triste, mesmo percebendo que talvez seja a libertação de uma vida demasiado triste e amargurada, de quem tem teimado ser doente a tempo inteiro desde a infância. 

Às vezes penso que o Jorge nasceu com a "morte" colada ao corpo. Fala vezes demais como se a sentisse como uma cicatriz no rosto, como se fosse forçado a encará-la sempre que se vê ao espelho ou no reflexo de qualquer montra.

Conhece mais médicos que  todos nós juntos, porque consegue transformar qualquer dor passageira num drama quase apocalíptico. 

Confessou-me um dia destes que se tivesse dinheiro fazia psicanálise à séria. Quase a sorrir acrescentou que havia sempre a possibilidade de  passar a gostar da morte, e sempre lhe podia propor casamento, para depois tentarem viver felizes para sempre.

Óscar Niemeyer foi a antítese de Jorge, quis viver todas as vidas que lhe deixaram, deixando uma obra ímpar no Brasil e no Mundo. A minha prima Ana escreveu hoje nas páginas do "Público" um perfil quase biográfico, "O poeta da linha curva", que vale a pena ler...

O óleo é de Zhang Wen Xin.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

É Verdade, Falamos de Coisas Diferentes...


Penso muitas vezes que somos menos diferentes do que a sociedade nos tenta impingir. Isso acontece por várias razões, inclusive por questões meramente consumistas, por um mercado que pensa que "dá a volta" com mais facilidade às mulheres que aos homens.

Onde eu noto que há mais diferenças é nos interesses pessoais, o que acaba por se reflectir nos temas de conversa. Os homens sempre que podem fogem da intimidade, conhecem amigos há décadas e não sabem nada das suas mulheres e filhos. Normalmente falam de coisas mais leves, de interesses comuns, que tanto podem ser a música, como o cinema, o teatro, a literatura, a política ou o futebol.

As mulheres numa primeira conversa, que tanto pode ser no cabeleireiro como num consultório,  não têm grandes problemas em contar algumas aventuras dos filhos (com partilha de fotografias e tudo), assim como dos hábitos (geralmente negativos...) dos seus companheiros.

Claro que cada caso é um caso, mas...

O óleo é de Jesus de Percival.

terça-feira, dezembro 04, 2012

Ilusão ou Talvez Não


Apesar de toda esta "ventania" que sopra em sentido contrário, continuo a acreditar que é possível vivermos num mundo mais justo e igualitário, mesmo que isso esteja distante de socialismos ou comunismos.

Aliás nos países nórdicos, a doutrina marxista nem sequer é necessária para proteger as classes mais desfavorecidas, a sociedade está organizada de forma a ter como grande preocupação, o bem estar dos seus habitantes.

As pessoas pagam impostos sem sequer os questionarem, porque sabem que estes são canalizados para a educação, saúde, cultura, transportes, habitação, etc. 

O Estado nestes países é uma pessoa de bem e os governantes pessoas bem formadas. De certeza que não são oriundos das pequenas "máfias" em que se transformaram os partidos portugueses de poder, que praticamente deste os anos setenta distribuem lugares do poder a troco de favores e não de competência, com os resultados que se conhecem.

Não digo que não existam corruptos e corrupção nestes países. Existirão de certeza, mas também existe uma justiça mais célere e cega, que não é permissiva em relação aos poderosos, como a portuguesa.

Se a nossa justiça funcionasse de uma forma justa e séria, todos os casos de corrupção que têm lesado o Estado, desde as histórias dos submarinos, ao BPN, passando pela Expo 98, Estádios do Euro 2004, e pelas PPP's, acabariam por devolver a esse mesmo Estado muitos milhões.

E lá se ia a "cassete" deste regime, de que temos andado a viver todos estes anos acima das nossas possibilidades. Poderá haver alguma verdade neste ponto, mas não é suficiente para justificar todas as medidas de austeridade, que parecem continuar a passar ao lado de quem exerce o poder, que até já nem sequer fala em "gorduras" (e continuam a ser tantas, nos institutos, observatórios e ministérios públicos, povoados de incompetentes com cartão partidário e pagos a peso de ouro...). 

O óleo é de Cláudio Souza Pinto.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

A Inveja do Português pelo Vizinho do Lado


Uma das coisas que me faz confusão é ver os portugueses mais preocupados com a reforma do vizinho do lado - longe de ser milionária, mas ligeiramente superior à sua... -, que com as reformas obscenas de vários políticos e gestores públicos, obtidas apenas com uma dúzia (e até menos) de anos de trabalho, quase sempre incompetente. 

Ainda este fim de semana assisti a um episódio, que exemplifica muito bem este sentimento. Falou-se da greve dos estivadores e reparei que a maioria das pessoas estava "inflamada" pelas frases espalhadas por aí, por vários "agentes governamentais", de que os estivadores recebiam ordenados milionários e fingiam que trabalhavam, para fazerem horas extraordinárias.

Uma das coisas que foi puxada para a conversa foi a reforma de um conhecido, que tinha trabalhado no Porto de Lisboa e recebia dois mil e poucos euros, apesar de ainda não ter sessenta anos. Fiquei a saber entretanto que na mesa mais ao lado a dita reforma estava quase em "leilão", já ia em mais de três mil euros...

Em silêncio, pensei logo no Portas e nos seus "independentistas", bons na contra-informação. Como o governo não está a conseguir controlar os movimentos grevistas dos estivadores, espalha pelo país que estes ganham ordenados milionários, na tentativa de virar a "opinião pública" contra eles. E parece que está a conseguir passar a mensagem...

Este país é tão estranho, que os catrogas, os belezas, os miras, os félixes, os leites, os medinas, os coelhos, os cavacos, os loureiros, os gomes, os soares, etc, conseguem estar imunes a tudo, até à inveja dos portugueses pelas suas reformas milionárias.  Estes preferem reservar a sua "invejazinha" para os vizinhos de lado, inclusive os que vivem pior que eles...

O óleo é de Fred Cress.


sábado, dezembro 01, 2012

Correr Contra a Corrente


Nunca fui o que se chama uma "ave nocturna", mesmo no período em que passava as quintas-feiras dentro das noites lisboetas e fazia quase directa, à espera do primeiro barco da manhã. Andava por ali a ver os brilhos da noite, ao mesmo tempo que descobria jogos de sedução diferentes, masculinos e femininos.

Muito menos era grande consumidor de álcool. Bebia quase sempre cerveja. Quando não o fazia, saboreava coca-cola com gelo e um cheirinho de whisky, de algum amigo com garrafa  no bar dos lugares onde se davam pulos ao som da música dos anos oitenta.

Um das coisas giras das noitadas era corrermos contra a corrente, no começo das manhãs. Pouco ou nada nos importava que as pessoas que iam trabalhar nos olhassem de lado, como se fossemos "aves nocturnas" a tempo inteiro, com alergia a uma vida normalizada...

Mas não era alergia (pelo menos no nosso caso), era apenas o gosto de termos uma noite para a "boa vai ela", antes da confusão de sexta e sábado, e que servia de escape à tal ideia, de termos uma vida demasiado certinha.

Depois alguns namoros tornaram-se mais sérios e o grupo acabou mesmo por ser derrotado pela "vida normal", telecomandada pelas mulheres que queriam ser donas da nossa vida. 

E lá se foram as "corridas" das quintas-feiras...

O óleo é de Yvonne Zomerdijk.

sexta-feira, novembro 30, 2012

A "Tourada" em que Estamos Metidos


Este governo é péssimo em tudo, até na sua forma de comunicar, a mais baixa e desonesta que conheço feita por governantes desde Abril. 

Consegue arranjar sempre alguém para fazer o papel de "bobo" (que de bobo tem sempre pouco, como é o caso do Borges, por exemplo...) e anunciar uma medida exagerada, que suscita sempre indignação na sociedade, para de seguida avançar com uma medida idêntica, mas ligeiramente mais suave, como se fosse o "pai natal".

O "último barro atirado à parede" já nem "bobo" teve, foi mesmo o primeiro-ministro que falou da possibilidade do ensino obrigatório, até aqui gratuito  passar a ser pago. Se esta gente agora vier dizer que afinal só o ensino secundário é que vai pagar as propinas, irá mais uma vez fingir que nos está a "dar" alguma coisa. 

Tem sido sempre esta a estratégia seguida no aumento do que quer que seja. É lançado um valor elevado, para depois dizerem que afinal só temos de pagar metade, como se ainda nos dessem alguma coisa...

Isto é do mais baixo e desonesto que existe. Além de ser uma falta de respeito pela generalidade dos portugueses, obrigados a fazer tantos sacrifícios diariamente, sem terem qualquer culpa dos erros e roubos praticados, por todos aqueles que se têm preocupado mais em governar a sua vidinha que o país.

O óleo é de Botero.

quinta-feira, novembro 29, 2012

Voltar...


Depois de ontem ter escrito aquelas palavras, quase enigmáticas, aqui no "Largo", adiei mesmo tudo o que tinha para fazer. Fiz um telefonema e fui até às Caldas, almoçar com a minha mãe.

É bom voltar, mesmo quando a chuva aparece a meio da viagem e nos possa impedir de ir aqui e ali, até por não termos levado chapéu de chuva...

Eu sei como é bom olhar, como é bom conversar, como é bom amar...

Durante a viagem tive a companhia de Rodrigo Leão, das músicas do seu cd duplo, "O Mundo" (1993-2006). Gosto de conduzir ao som de música calma, para controlar aquela coisa que parece "febre do volante", que por vezes nos torna "irracionais", pelas estradas fora, para não lhe chamar outro nome...

As palavras e a música levaram-me ao cinema. Notei em várias canções do Rodrigo a tal musicalidade que descobri em muitos filmes, que me ficaram no goto. Lembrei-me de algumas fitas italianas e da sua sonoridade muito própria, assim como do som do acordeão francês, tão diferente do tradicional português dos bailaricos e folclores, bem recuperado pelo Rodrigo, como já tinha sido pelos "Madredeus", provavelmente graças à sua influência musical, como um dos fundadores do grupo.

Em suma, foi bom adiar e voltar...

O óleo é de Armando Barrios.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Quando Apetece Adiar Tudo...


Há dias assim.
Dias em que nos apetece adiar, tudo, 
o que queremos fazer e o que não queremos...

Não é o tempo, é o momento.

Podem ser dias com ou sem nuvens.
Olhamos para todos os lados e não vimos nada.
Partir é uma solução, sem destino, sem mapa,
só porque sim.

São dias de partir para o infinito...

O óleo é de Heidi Palmer.

segunda-feira, novembro 26, 2012

A Ética, a Estética e as Mulheres


Um amigo escultor ouvia sempre das boas, quando se encontrava connosco na casa de pasto do Ti Ventura, a dois passos do seu atelier de trabalho.

Naquele espaço masculino  falava-se com a crueza e a brutalidade das tascas, o que fazia com o que João se limitasse a sorrir e a abanar a cabeça, espantado com a imaginação fértil da malta, que também queria posar com as meninas, não para o desenho mas para outras actividades lúdicas.

O seu atelier era espaço de passagem de muitas moçoilas, jovens pagas à hora para posarem, que ele olhava apenas como corpos, sem tempo para pensar em amores, curtos ou longos.

Olho para trás e aplaudo o João, por nunca sentir necessidade de explicar que aquelas mulheres eram apenas objectos de arte, no seu reino da ética e estética.

O óleo é de Jesus de Percival.

domingo, novembro 25, 2012

«Sim, deixas de ser um Homem!»


Concordo plenamente com este cartaz espanhol. Quando um homem bate numa mulher, passa a ser um animal, um cobarde. Dificilmente voltará a ser um Homem!


Uma vida sem violência é um direito fundamental de todos nós!

sexta-feira, novembro 23, 2012

A Única Coisa que Sei


Não sei se isso se aprende ou se nasce connosco. A única coisa que sei, é que tenho tendência para estar sempre do lado dos fracos, mesmo quando a razão parece querer fugir-lhe debaixo dos pés.

Sei que  nunca vou estar do lado dos israelitas, da mesma forma que nunca estarei do lado dos polícias de intervenção, ou de outra coisa qualquer. Por mais forte e cobarde que seja a "intinfada"...

E tanto se disse e escreveu sobre estes dois temas pela semana fora. 

Eu? Não escrevi praticamente nada, mas continuo aqui, no mesmo lado da barricada dos fracos e desprotegidos. Ao lado daqueles que  atiram pedras ou são capazes de sabotar os "Canhões de Navarone" espalhados pelo mundo.

A ilustração é retirada das histórias de Corto Maltese, do grande Hugo Pratt.

quinta-feira, novembro 22, 2012

O Ricardo Reis de Saramago


Uma das coisas que fiz, no dia em que José Saramago fez 90 anos, foi começar a ler, "O Ano da Morte de Ricardo Reis", que fazia vista na minha biblioteca pessoal há mais de quinze anos.

Fiz bem, pois estou a gostar bastante desta viagem por Lisboa de Ricardo Reis, em Pessoa e em Saramago.

A espaços não reconheço a escrita do escritor de "Memorial do Convento". Encontro nesta Lisboa de Ricardo Reis  muito mais beleza e poesia...

O óleo é de Francisco Xicofran.

quarta-feira, novembro 21, 2012

A Nudez da Mulher do Polícia


A maior parte das histórias que descobri sobre a passagem do meu pai, por Lisboa, foram contadas meu tio Valentim, com muito orgulho e admiração. Percebi que o meu pai não era só o irmão mais velho, era também o seu "ídolo" e o seu protector.

Ele contou-me todo o género de aventuras, umas mais burlescas que outras, como eram os convites lascivos da mulher de um polícia, que vivia no mesmo piso onde eles tinham um quarto alugado.

Sorriu quando acrescentou que o meu pai era um jovem alto, moreno e elegante, capaz de atrair vários géneros femininos, inclusive mulheres mal casadas...

O meu tio lembrava-se perfeitamente de ficar à espreita, sem dar nas vistas, quando o pai ia à única casa de banho existente no andar, ao fundo do corredor. Quando estava sozinha, a mulher do polícia abria a porta e ficava ali plantada, apenas com o robe em cima do corpo, que por artes mágicas se ia abrindo e descendo, à medida que ele se aproximava.

Confessou-me que foi naquele corredor que viu pela primeira vez, por inteiro, as curvas deliciosas que nos fazem "estampar" tantas vezes por aí...

O óleo é de John Noy.

segunda-feira, novembro 19, 2012

As Mulheres, as Bicicletas e as Conversas


Há muito tempo que uma mulher não me tentava "encher a cabeça", dizendo cobras e lagartos de uma colega.

A mensagem transmitida, era que eu estava enganado em relação a uma moçoila, com quem gosto de conversar e simpatizo. 

Fui ouvindo com um sorriso, sem fazer grandes comentários.

De regresso a casa tentei perceber as motivações de toda aquela "má língua", mas não consegui. Como não me encontro no meio de nenhum "triângulo amoroso", ainda me soou mais estranho. 

Claro que vou continuar a tratar a moçoila da mesma forma, retribuindo a sua simpatia, pouco preocupado com os problemas que possam existir com a colega.

O óleo é de  Maia Ramishvive.

domingo, novembro 18, 2012

O Tempo de Espera


O tempo de espera normalmente só é sentido pelas pessoas pontuais. As outras usam o relógio quase como acessório, as horas e os minutos são olhados quase como uma coisa secundária.

Pensei nisso enquanto esperava...

Até fui capaz de sorrir, por saber que estas pessoas fazem os possíveis para não caberem dentro delas, se pudessem o tempo esticava e encolhia, sem a medida certa que nos é imposta por alguém que decidiu que cada minuto tem apenas sessenta segundos.

Desta vez estava calmo, sem pressas e sem dramas. Até estava demasiado compreensivo, aceitando mais uma daquelas diferenças que fazem de cada um de nós um ser único.

O óleo é de Peter Rocklin. 

sexta-feira, novembro 16, 2012

Memorial de Saramago


A Vitória de Saramago (e da Lingua Portuguesa)


«Foi com grande alegria que vimos José Saramago deixar o hall de entrada da sala, destinada aos eternos perdedores do Prémio Nobel da Literatura, com a serenidade que o caracteriza, depois de ser “Levantado do Chão” pela Real Academia Sueca da Língua.
O país voltou a sorrir de satisfação – e com a Expo 98 ainda tão perto na nossa memória... --, ao ponto de transformar a vitória de Saramago, num êxito de todos os portugueses. Foram erguidas bandeiras de Norte a Sul, levando bem alto “Todos os Nomes” deste escritor, digno herdeiro de Camões, Eça, Camilo, Pessoa, Aquilino e Torga. A Escandinávia dobrou pela primeira vez a coluna à língua portuguesa.
Depois de um longo “Ensaio Sobre a Cegueira”, acabou por reparar uma injustiça quase do tamanho deste século!... Embora Saramago seja um caso à parte, se fizermos uma “Viagem a Portugal”, encontramos uma mão cheia de poetas e ficcionistas que também poderiam ter sido inscritos nos “Apontamentos” da Academia Sueca. Quando dizemos que ele é um caso à parte, estamos a basear-nos num estranho casamento das Letras com Números que nos prova que Saramago é o escritor português vivo, mais conhecido e lido no mundo inteiro.
A sua obra literária é um manancial de estórias sobre a nossa História, “Deste Mundo e do Outro”, não sendo por isso de estranhar que alimente algumas polémicas. E quando se fala de coerência – uma palavra usada para dignificar Saramago e todos os seus camaradas que se mantém fiéis ao comunismo --, devemos fazer uma vénia ao Município de Mafra que continua a defender que “O Memorial do Convento” ofende o bom nome dos seus habitantes; e ao Papa, que  ao folhear “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, continua a perguntar a Deus com um olhar triste e angélico, “Que farei Com este Livro?”, por manterem vivas as suas opiniões divergentes em relação ao escritor.
Mesmo sabendo que este não é o melhor momento para falarmos da nossa taxa de analfabetismo, não devemos esconder a nossa triste realidade usando o Nobel da Literatura como peneira. Saramago sentiria, “Provavelmente Alegria”, se usássemos o seu Prémio para sensibilizar os portugueses a visitarem o campo aberto das letras, mostrando-lhes o poder da luz “Poética dos Cinco Sentidos” que nos ilumina nas nossas viagens deliciosas pelo interior dos livros.
E se nos fosse permitido sonhar, gostaríamos que o Nobel produzisse o mesmo êxito na Literatura que as medalhas milagrosas de Carlos Lopes e Rosa Mota obtiveram no Atletismo, fomentando de uma forma avassaladora a leitura nas escolas e nos lares portugueses, arrebatando toda “A Bagagem do Viajante” de Lanzarote e de outros grandes escritores.»

Texto escrito por mim após a atribuição do prémio Nobel a José Saramago e publicado no "O Scala", nº 8, Verão de 1998. É a minha homenagem ao grande escritor e até agora único nobel da Língua Portuguesa. O boneco é do Vasco.