Falo da Igreja Católica e das Forças Armadas (em particular a Armada, que até tem fama de ser o seu ramo "mais democrático"...) e da reacção aos casos de abusos sexuais e à recusa de 13 marinheiros em embarcaram num navio longe de estar operacional.
O advogado Garcia Pereira, na entrevista que deu hoje ao "DN", foi bastante pertinente na forma como abordou este último caso, assim como o funcionamento da justiça, em geral, no nosso país.
Embora saiba que é necessária a disciplina nas Forças Armadas, as coisas têm mesmo de mudar. De uma forma simplista, a mentira de um oficial continua a valer mais que a verdade de um sargento ou de uma praça. E isso não pode continuar, num Estado de direito.
E quando se fala em obediência, apesar do nosso hino nos convidar a "contra os canhões marchar", não se pode, nem deve, entender esta frase de uma forma literal. Não se pode obedecer "cegamente" a uma ordem. Se um comandante mandar que nos atiremos para um poço, profundo sem água, é evidente que temos todo o direito de a recusar, mesmo que depois possamos ser acusados de insubordinação...
É por isso que espero que estes "dois pedregulhos" atirados ao charco, ajudem estas duas instituições a aproximarem-se da sociedade e a funcionarem de uma forma mais democrática e respeitadora dos direitos humanos.
(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)