segunda-feira, abril 21, 2025

Deixou-nos hoje o maior exemplo de humanismo, nestes tempos estranhos...


Nem de propósito...

Ligo a televisão e a primeira notícia que nos é dada, é do falecimento do Papa Francisco.

Há muito tempo que não tínhamos um Papa tão próximo das pessoas, tão cheio de humanismo. Simples nos gestos e nas palavras, nunca se escondeu atrás de nada, nunca teve medo de denunciar as grandes atrocidades do nosso tempo e de apelar à Paz, muito menos de enfrentar os "poderes ocultos" que sempre dominaram o Vaticano, abordando temáticas como a homossexualidade ou a participação da mulher na Igreja, sem o uso de subterfúgios.

A história diz-nos que nunca se sabe ao certo que nos irá trazer o "fumo branco"...

O ideal é que o Cardeal escolhido para substituir o Papa Francisco, partilhe o seu amor pelo próximo e tenha a coragem de dizer o que pensa, sem medo de qualquer poder, reforçando o seu legado pela Paz, pela Liberdade e pelo Amor.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 20, 2025

O pouco peso da religiosidade nas nossas vidas...


Ano após ano, sente-se que o peso da religiosidade vai diminuindo nas nossas vidas.

O mais importante dos dias memoráveis já não é o seu simbolismo religioso e a história, mas a sua transformação em datas meramente festivas. Pouco interessa que o Natal festeje o nascimento de Jesus da Nazaré, e agora aa Páscoa, a sua ressureição, o importante é estas datas se terem transformado nas grandes referências do consumismo. Usa-se e abusa-se do poder económico e também da gastronomia.

Não deixa de ser curioso, que tanto o Pai Natal como os Coelhos e os Ovos, sejam hoje mais populares e festejados que Jesus...

Claro que é apenas mais um registo do nosso retrocesso civilizacional, da deturpação que se faz da própria história.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, abril 19, 2025

Um espaço turístico de eleição no Oeste


Hoje fui às Caldas almoçar com a família e como de costume deu uma volta pela cidade, com as passagens obrigatórias pelo Parque - que festejava a Páscoa -  e pela Praça da Fruta. 

Talvez fosse por ser uma época festiva, mas havia bastante movimento, nas estradas e nas ruas, numa cidade bonita, que antes de se apostar neste turismo quase desenfreado, já ela aproveitava a sua situação geográfica (bem podia ser a "capital do Oeste"...) e o facto de possuir das melhores termas do país, para ser um espaço turístico de eleição no nosso país.

Nem mesmo a incompetência autárquica - fruto dos muitos anos de poder "laranja" - conseguiu deitar abaixo, esta cidade única, que vai recuperando as suas melhores valias, graças a uma Câmara, quase "independente dos partidos"...

Também aproveitámos a companhia do meu irmão, para irmos ver o mar à Foz do Arelho, que estava cheia de gente, a aproveitar aquele Sol do momento, por saber que a chuva também andava por ali, escondida nas nuvens com várias tonalidades de cinzento.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, abril 18, 2025

Ainda os deuses, transformados em bonecos de pedra...


Ando a ler "Um Adeus aos Deuses", de Ruben A., por sentir alguma curiosidade pela história do livro e pela paixão que várias gerações de romancistas, poetas, pintores e escultores tinham pela Grécia, enquanto civilização clássica povoada de deuses.

O Ruben, a páginas tantas, escreveu: «Compreendo esta paixão pelos deuses que tinham os gregos. Eles viviam permanentemente no profano, nos extremos do poder do homem e na aceitação de uma força mística que os continha dentro da prática local dos ritos religiosos. Depois dos gregos o homem raras vezes quis voltar à companhia dos pensamentos imutáveis, o homem criou uma vida própria fora da dúvida e alheia aos deuses - espécie de materialismo imediato que a ciência serve em utilidades domésticas.»

A partir de certa altura, quisemos  ser nós os "deuses", quisemos colocar o mundo a girar à nossa volta, ao mesmo tempo que usávamos a presença de um deus (em chegava...), para nos ajudar a perpetuar no poder, tornando-nos "senhores" de qualquer mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Lagoa de Albufeira)


quinta-feira, abril 17, 2025

Deuses que nos vão abandonando, desiludidos, e um tanto ou quanto, "descrentes"...


Embora nos últimos anos nos tenhamos tornado uma "miscelânia humana", há um povo, os judeus, que parece permanecer cada vez mais anónimo. Isso acontece, por razões que todos conseguimos entender.

A tentativa do governo de Israel acabar com um povo e com uma nação que vive ao seu lado, envergonha qualquer ser humano, com um mínimo de dignidade e de respeito pelo próximo, mesmo que seja israelita.

A maioria permanece em silêncio. 

Tem sido assim nos últimos setenta anos. 

Escritores como Amos Oz são a excepção que confirma a regra. Se ele ainda estivesse entre nós, não esconderia a revolta e a vergonha por ter como líder político, um assassino.

É um silêncio ensurdecedor, que entre outras coisas, nos afasta cada vez mais do território dos deuses.

Deuses que nos vão abandonando, desiludidos, e um tanto ou quanto, "descrentes" ...

(Fotografia de Luís Eme - S. Martinho do Porto)


quarta-feira, abril 16, 2025

«Eles continuam convencidos que vendem políticos como sabonetes»


Quem como nós conhece um pouco mais que os corredores das agências de comunicação e sabe qual é a verdadeira razão da sua existência, sorri quando aparece mais uma notícia sobre "um caso de justiça" de um político qualquer, no calor de qualquer eleição.

Até porque nestes lugares, há vários "porcos que sabem andar de bicicleta" (até fazem corridas...). Claro que passam mais tempo no chão que em cima das bicicletas, mas não deixam de ser uns grandes artistas, pelo menos nestes lugares, onde há sempre um idiota com o dedo no ar.

Todos sabemos que os cabelos cinzentos do Carlos são sinónimo de muitas viagens no "poço da morte". É por isso que estamos sempre à espera de qualquer frase diferente, digna de um poeta-publicitário. E ele raramente nos desilude: «ainda bem que existem estas "fábricas de ilusões e pesadelos", para dar trabalho a uma série de gajos do circo, que dantes só conseguiam ganhar uns trocos no Natal.»

E por não ser do clube dos que "cospem na sopa que lhe servem", apenas acrescentou: «Eles continuam convencidos que vendem políticos como sabonetes. Esquecem-se é de que a malta agora prefere gel de banho...»

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, abril 15, 2025

As coisas são o que são (e não mudam por decreto)


Se antes de ouvir aquela conversa, já pensava que quem sonha acordado, não é mais feliz que as outras pessoas, mesmo tendo a capacidade de viajar sem sair do mesmo sitio. Depois, ficou tudo na mesma, como a "lesma"... 

A única coisa que sobrou, foi a percepção de que esta gente que nos rodeia, tem cada vez mais dificuldade em aceitar que somos todos iguais e todos diferentes.

Estavam a falar de mim (e de mais duas ou três pessoas presentes...), usando o desdém e humor em simultâneo. Era quase como se fizéssemos parte de anedotas como os alentejanos, mas em pior... 

Curiosamente não falaram desse hábito que temos em falarmos com os nossos botões, cada vez mais alto, nas ruas. Talvez por isso ter passado a ser uma coisa normal, graças aos smartfones...

Não disse nada, porque a conversa não era directamente comigo, era mais com uma certa poeta, a Margarida. Ela esteve muito bem, ofereceu-lhes carradas de ironia e também algum humor, o que ainda os deixou mais insatisfeitos.

Fiquei mais uma vez a pensar na incapacidade que temos de perceber o outro, por ser e querer coisas diferentes da vida (normalmente isto começa em casa...).

E sim, a Margarida disse muito bem, que a vantagem de conseguirmos viajar sozinhos, sem precisarmos de apanhar um avião ou uma barca, não nos retira a vontade de conhecer o mundo real...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, abril 14, 2025

O mundo está muito melhor para quem adora trocar as voltas à verdade


Não sei se já há recordes em dizer uma coisa e o seu contrário, em menos de um minuto.

Deve haver. E Trump é, com toda a certeza, o maior candidato a figurar no mais famoso "livro dos recordes".

Dificilmente arranjaremos alguém que lhe faça frente, mas o que não faltam, aqui e ali, são "imitações manhosas".

O curioso é isto já acontecer ao mais alto nível, com governantes portugueses.

Infelizmente, também já temos ministros que são capazes a dizer em publico uma coisa, e quatro minutos depois, o seu contrário, como aconteceu com o senhor que tem a pasta da economia. Eu sei que não é algo inédito, pois já acontecera o mesmo com a ministra da administração interna e com o ministro dos negócios estrangeiros, mas num espaço de tempo mais alargado.

Ou seja, cada vez é mais perceptível que a versão oficial dos acontecimentos transmitida pelo governo "montenegrasso", não se preocupa minimamente com os factos. Aposta sim, naquilo que parece ser "mais feliz" para povo, servindo às mil maravilhas os interesses eleitorais da aliança...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


domingo, abril 13, 2025

«Eles querem saber tudo sobre as nossas vidas»


Nunca fomos tão invadidos como agora, pelos "marcianos" que dominam a internet e passam a vida a espiar-nos, dentro dos smartfones e dos computadores.

Fala-se muito de "pegadas", e é o que deixamos, sempre que pesquisamos qualquer coisa, ao ponto de durante semanas aparecerem "promoções" das tais coisas que queríamos e que deixámos de querer, mas mesmo assim não nos livramos da respectiva perseguição comercial...

Foi quando eu disse que isso não acontecia apenas com o que pesquisávamos. Dei o exemplo dos aparelhos auditivos, que são a primeira coisa que me aparece quando abro o computador e que nunca andei à procura. Foi risota geral, por sermos quase todos da mesma geração, e já não irmos para novos. Eles sabem que estamos todos "duros de ouvido", ou seja, levamos todos com esta "publicidade", mesmo os que fingimos ouvir às mil maravilhas.

Quando o Rui disse que «eles querem saber tudo sobre as nossas vidas», quase que pareceu mais uma coisa banal deste tempos quase malucos, ou seja, mais uma "lapalissada"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 12, 2025

Pensamentos em volta do encontro de três homens na mercearia de bairro...


Ao sábado de manhã, uma das coisas que cá em casa se faz, é o primeiro que se levanta ir à mercearia comprar um pão alentejano do Cercal para comermos ao pequeno-almoço.

Mas não é sobre a delícia deste pão que quero falar, é com o facto de à hora que cheguei (deviam ser umas nove e um quarto, mais minuto menos minuto) estar lá e senhor e logo a seguir a mim, apareceu outro.

Se eu acabei por levar apenas o pão, o fiambre e um pouco de presunto espanhol (para experimentar, o bom do moço da mercearia tem estas coisas, consegue que se leve sempre mais qualquer coisita...), os outros dois companheiros de aventuras tinham uma lista extensa de compras.

Fiquei a pensar que, mesmo que se finja que não, muita coisa mudou. Este quadro era impossível há trinta anos (não vou recuar meio século...), a mercearia era um espaço de mulheres, os homens só lá apareciam para comprar alguma urgência de última hora, que faltava para o jantar (e nem todos...), nunca com uma lista nas mãos.

É por isso que me faz confusão a volta que estão a querer dar ao mundo, muitas vezes com a cumplicidade das próprias mulheres (os espectáculos mais horríveis do Parlamento têm como intérpretes, as mulheres do Chega contra as outras mulheres dos outros partidos, ao mesmo tempo que se deixam manietar por aquele grupo manhoso de falsos "marialvas").

Se não estivéssemos a viver tempos de perdas de direitos, em que se coloca quase tudo em causa, talvez não pensasse desta forma, a partir de uma coisa tão simples, como foi o encontro de três homens na mercearia de bairro...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 11, 2025

Ver o tempo a fugir por entre os dedos...


Este mês de Abril está ser de muito trabalho.

O curioso, foi a montagem da minha exposição de fotografia (que é inaugurada amanhã...), acabar por servir quase como um momento de distracção, e até descontração.

Há muito tempo que não sentia os dias tão curtos, mesmo que o Sol apareça cada vez mais cedo e vá-se embora mais tarde...

Até parece quase um título de livro ou filme, esta coisa de ver o tempo a fugir por entre os dedos...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


quinta-feira, abril 10, 2025

Hoje foi dia do Ginjal ser notícia de televisão e de jornal


Quem como eu conhece o Ginjal há quase quarenta anos, sabe que todos os problemas de degradação do cais e dos velhos armazéns, não se resolvem apenas com a colocação de placas de xis em xis metros de "perigo de derrocada", como foi feito, pelo menos nos últimos 15 anos, pelo Município.

Também é mentira que existam pessoas que vivem no Ginjal há trinta anos, como disseram na televisão. Lembro-me de quando saíram os últimos moradores, em que havia a expectativa do começo da obras (andaram por lá máquinas a terraplanarem alguns dos armazéns em pior estado, mais próximos da arriba...). Foi há já mais de dez anos.

Sei que entretanto foram passando várias "tribos" pelo Ginjal, desde os romenos, profissionais da mendicidade, em toda a área metropolitana de Lisboa, que depois se mudaram para o Caramujo, até aos migrantes africanos (muito deles devem estar em situação ilegal....) que foram ocupando o "prédio azul" e também as antigas instalações do Clube Naval de Almada, que transformaram quase em "área comercial" , durante e depois da pandemia...

O curioso, é que neste espaço de tempo, não houve qualquer tentativa de expulsar estas pessoas, que viviam em condições de habitabilidade precárias e a espreitar o perigo, diariamente.

Até que chegou o dia de hoje...

E agora, à boa maneira portuguesa, existe um corrupio de "moradores", que dizem viver ali "desde sempre", e que para variar, querem que a Autarquia lhes dê uma casa.

E o Cais do Ginjal vai ficar uns tempos (certamente longos, pelo andar das obras em Almada) "fechado para obras", porque começa a ficar intransitável...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)