quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Uma Certa "Loucura" a Caminho da Normalidade...


Durante muitos anos o nosso poeta maior foi considerado "maluquinho", por ter várias pessoas dentro de si, mesmo que lhes conseguisse oferecer uma boa vida poética.

Mesmo que continue a não ser a coisa mais normal do mundo, tornou-se menos estranho, escrevermos, e até falarmos, que habita mais alguém dentro de nós. 

E tanto podem ser "os nossos queridos", como os nossos "malditos fantasmas"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, fevereiro 27, 2019

Quando era Tudo a Brincar...


Embora nunca tenha ganho o totobola, quando os boletins tinham 13 jogos, nunca me dei mal com este número, que dizem ser do azar, nem deixei de gostar de me cruzar com gatos pretos, aqui e ali.

O que é mais curioso, é dizerem-se tantas coisas, tal como o seu contrário, nesta espécie de "corredor místico", ao ponto de tornarem a vida um tanto ou quanto difícil para os supersticiosos. 

Acho piada aos desportistas, que não só se benzem, como fazem questão de entrar nos estádios, nas pistas e nos pavilhões, com o pé direito. Quando fazia desporto nunca liguei a esse pormenor... Nem me lembro de ver companheiros a benzerem-se, antes dos jogos ou das corridas. Talvez fosse tudo demasiado a brincar, que nem sequer sentíamos necessidade (e vontade) de "apelar aos deuses", esses eternos distraídos.

Pois foi, encontrei um amigo que não via há mais de duas décadas. Recordámos algumas aventuras desportivas, e pessoas... Tanta gente amiga que resolveu passar na nossa mesa e dar-nos um olá.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Exageros que Sabem Bem...


Só hoje é que li a reportagem sobre o Ginjal, que saiu na edição do "Diário de Notícias" em papel (no sábado).

A única coisa nova que descobri foi que um cliente que chegara de Istambul, depois de ter andado entre a Europa e as Ásia, chamara à mesa mais próxima do Tejo, do restaurante "Ponto Final", "a melhor mesa de restaurante do mundo". 

Mesa essa que fica quase dentro do rio, numa varanda aberta que espreita Lisboa.

Este é um daqueles exageros que sabem bem... especialmente  para os donos do restaurante, que informaram que depois desta "publicidade" começaram a receber reservas com meses de antecedência para a dita mesa (a última da direita na fotografia, a tal mais "dentro do rio").

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

domingo, fevereiro 24, 2019

Cores e Hábitos que Eram do Verão...


Embora ainda não sejamos como o Brasil, há hábitos que vieram para ficar.

Mesmo que saiba que o uso de "havaianas" no Inverno se faz sobretudo por questões económicas, não deixa de ser curioso, que as lojas das cidades e vilas costeiras, tenham sempre à vista um expositor com chinelos de dedo...

E se o calor se aproximar dos vinte graus (ou ultrapassar...), ainda se colocam mais à vista...

(Fotografia de Luís Eme - Nazaré)

sábado, fevereiro 23, 2019

Um Cheirinho a Verão...


As temperaturas subiram e houve logo quem deixasse as roupas mais pesadas em casa.

Segundo as notícias as praias encheram-se de gente, que fez a estreia na arte de "pintar o corpo" com os raios de Sol.

No Ginjal, ao fim da tarde, ainda se aproveitava este cheirinho a Verão, com muita gente a mostrar os braços...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Uma Galeria Diferente...


Há já alguns dias que era para falar das Carpintarias de São Lázaro (ao cima da rua com o mesmo nome, depois do Martim Moniz), que foram transformadas em galeria de arte (género XL...), que pode ser muitas coisas.

Neste momento acolhe a exposição de Jorge Molder ("Jogo de 54 cartas"). Eu que até nem aprecio muito o género, verifiquei que até nem fica nada mal ali, graças ao espaço.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Sempre Eras Tu...


Eras pouco mais que um vulto, estavas demasiado longe, mas eu coloquei na cabeça, que era tu, que só podias ser tu, pelas pistas que me deixaste...

Sentei-me na esplanada, pedi um café e fiquei por ali, à espera, até ao teu regresso.

Sorri quando voltei a ler a tua mensagem, quase enigmática, "Não é difícil descobrires-me, sou a dona da praia e de um rafeiro".

Eras mesmo tu, a única pessoa que se passeava no areal, perseguida por um cão fiel, que te beijava os pés descalços, salgados e gelados  graças às águas mexidas do Oceano...

(Fotografia de Luís Eme - Santa Rita)

quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Os Cafés ao Balcão e as Coisas que Interessam a Cada Vez Menos Pessoas...


Os cafés mais movimentados ainda continuam a substituir os tribunais (tanta sentença dada, o Salgado já deve estar a cumprir perpétua...) e as redacções de jornais desportivos (tanto fulano que sabe tudo sobre futebol, ao ponto de terem uma ligeira simpatia pelo Bruno de Carvalho...), entre outras tantas coisas.

É também por isso que os evito. 

Apesar de tudo, as casas de chá são muito mais calmas e pacatas. As mulheres continuam a saber comportar-se fora de casa, reparo que raramente gritam umas com as outras.

Há bastante tempo que não escrevo em cafés, que não gasto guardanapos de "papel-bíblia". O mais curioso, é não ter grandes saudades. 

Reparo que nos últimos tempos bebo mais cafés ao balcão que em mesas. Isso acontece por andar quase sempre atrasado, dois ou três minutos, e também por nem sempre ter boas companhias para falar de coisas, que interessam a cada vez menos pessoas...

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)

terça-feira, fevereiro 19, 2019

Quando os Lugares nos Absorvem...


Ao ler uma crónica, escrita por alguém, que dizia poder viver em qualquer lugar, porque a cidade onde vivia não lhe dizia nada, pensei que sentia o contrário em relação a Almada.

E sei por que razão isso acontece.

À medida que fui entrando no coração da Cidade, tive a sorte de conhecer pessoas que a amavam de uma forma livre e desprendida. Sabiam que Almada não era bela nem tinha uma qualidade de vida invejável, mas tinha outras coisas, não menos importantes, a sua história de resistência (desde a Revolução de 1383, passando pela Restauração de 1640, sem esquecer a Revolução Liberal que  foi a 23 de Julho ou a implantação da República a 4 de Outubro...), de liberdade e de humanismo.

E podia falar também dos seus "heróis" anónimos, desde o primeiro mártir do Tarrafal, que foi um almadense (Pedro de Matos Filipe), às mulheres que encabeçaram as greves da indústria corticeira nos anos da Segunda Guerra Mundial...

É por tudo isso que - embora tenha vivido nas Caldas da Rainha desde o meu nascimento até à idade maior - me sinto cada vez mais Almadense...

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)

segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Os Tempos em que Não Existimos...


«São mais, muito mais do que pensamos, os tempos em que não existimos.»

Ainda repliquei que existimos sempre, apenas fingimos que não estamos cá. Nada que convencesse a Rita, que hoje estava diferente, demasiado melancólica para o meu gosto.

Esperava que ela fosse mais longe, mas não. Não lhe apeteceu falar dos seus problemas. Podiam ser coisas de casa, coisa do trabalho... ou deste tempo, do céu cinzento, que nunca fez bem a ninguém.

Depois, já no cacilheiro, senti que ela tinha razão. Há períodos das nossas vidas que estão pintados de branco, onde parece que não se passou nada... pelo menos, marcante, algo que permanecesse na "arca das memórias"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, fevereiro 17, 2019

Lucidez no Verão Quente...


Numa leitura quase de relance pelos diários de Vergílio Ferreira ("Conta-Corrente"), descobri pormenores deliciosos, sobre pessoas, acontecimentos e também, claro, sobre o próprio escritor.

No período pós revolução sentiu na pele o facto de ser um desalinhado, alguém que, tal como Zeca Afonso (não foram muito mais...), preferiu ser ele próprio, o seu "comité central"...

Esta independência teve o seu preço (tem sempre...).

A 5 de Setembro de 1974 ele escreveu algo que diz muito do nosso país, em que temos de ter um clube (Benfica, Porto ou Sporting, os outros não contam...) ou um partido (se não tivermos corremos o risco de passar por "fascistas", ele passou...):

«Na terra-de-ninguém leva-se caqueirada dos dois lados. E todavia que vontade enorme de desmascarar a hipocrísia.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, fevereiro 16, 2019

«A malta nova não presta!»


Há frases, que mesmo que sejam mentirosas, ditas muitas vezes começam a passar por verdades.

Há minutos, quando vinha para casa, ouvi uma senhora de alguma idade, a dizer a outra, em jeito de desabafo:«a malta nova não presta». 
Não sei que exemplos ela tem lá por casa, sei sim, que as generalizações são quase sempre injustas.

E também sei, por experiência própria, que se a malta nova não presta, a culpa é de quem os educa e lhes vai oferecendo maus exemplos de vida, ao longo dos anos. Sim, e os os pais e avós, aparecem logo na primeira fila.

Como pai tenho plena consciência de alguns dos erros que tenho cometido, mesmo que sempre tenha tentado que eles tenham, pelo menos um dos pés, colocado em terra firme.

Foi por isso que gostei de ouvir o exemplo que receberam dois amigos esta semana, também já com alguma idade, - tal como a senhora do desabafo -, que ao terem um furo num dos pneus do carro, ao cair da noite, no centro da cidade, a única ajuda que lhes foi oferecida, foi a de três jovens, em momentos diferentes. Um deles até acabou por ser decisivo, porque a idade não perdoa e eles estavam com dificuldades em desapertar as porcas da jante...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, fevereiro 15, 2019

O Teatro Continua a ser Único


Sempre ouvi dizer que o teatro vive permanentemente em crise.

Talvez seja essa "crise" a chave para o facto de a arte de talma ter muito mais vidas que um bando de gatos juntos.

Fico feliz por as peças não terem mudado assim tanto nos últimos quinhentos anos, mesmo que não ache piada a que Shakespeare continua a ser um dos autores da moda.

A literatura e o cinema, por exemplo, mesmo sem terem passado por esta "crise permanente" ao longo dos anos, não deixam de viver com mais apreensão o presente.

Será que os livros num futuro próximo vão voltar a ser imagens e palavras, como a banda desenhada que devorada na infância? E as salas de cinema, continuarão a ser sobretudo pipocas e efeitos especiais?

Não sei... A única coisa que sei, é que o Teatro vai permanecer igual a ele próprio, único.

(Fotografia de Luís Eme - a memória do grande Mário Viegas em Lisboa)

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

A Crueza da Vida que Vem Dentro dos Livros...


Muitos romancistas gostam de falar da ficção como algo tão rico, que consegue superar a própria realidade. 

Percebo que quem não escreva, tenha alguma dificuldade em perceber isso. Os mais cépticos até poderão pensar que se trata de mais uma "ficção". Mas não, quando se inventa uma história, podemos e devemos ir sempre mais longe que na "vidinha", penetrar pelas zonas escuras, abrir portas e janelas, ir ao mais fundo de cada um de nós...

Lembrei-me disto a propósito da última conversa que tive com um amigo, solteirão e bem parecido, já reformado que vive sozinho, se esquecer o seu querido cão.

Não lhe fiz perguntas, até por não andar à procura de nenhuma personagem parecida com ele. Foi ele que quis desabafar, ir à procura da vida que deixara para trás. Percebi que há muitas coisas que ele não sabe explicar, mas também não quer pedir ajuda ao Freud ou a outro estudioso das tais "áreas cinzentas", que tentamos fingir que não existem.

Falou-me do pai, que morreu novo. De ele ser desde muito cedo, o principal sustento da família. Do medo de ter a sua própria família, de nunca ter pensado a sério em ter filhos. Os irmãos mais novos tinham sido uma chatice... De nunca ter tido problemas em arranjar namoradas. De se ter apaixonado duas ou três vezes, sempre pelas mulheres erradas (já eram de outros...). Uma delas ainda o partilhou durante algum tempo, mas ele nunca se sentiu bem na pele do "outro". E acabou tudo quando ela ficou grávida do primeiro filho. Ainda hoje consegue "inventar" parecenças no tal rapaz, que hoje é um homem maduro... 

Antes de nos despedirmos disse-me, com um sorriso, que me contara coisas, que nunca dissera a ninguém.

Sem ele saber, ofereceu-me bastante "material" para compor uma personagem.

E sei que se escrever sobre alguém parecido com ele, posso ir ainda mais longe, porque não estarei a referir-me a ninguém em especial...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

quarta-feira, fevereiro 13, 2019

A Importância do "Eu" na Imagem...


Já tinha pensado falar por aqui sobre a forma como se entende a fotografia hoje (já o devo ter feito a espaços, os blogues, tal como os diários, acabam por ser "máquinas de repetição"...), muito graças à facilidade, e até banalidade, com que se usa e abusa da  imagem, especialmente da nossa...

Penso mesmo que se fez um "desvio" no entendimento que se fazia da fotografia, no nosso quotidiano.

Durante muitos anos a fotografia para o cidadão comum, servia sobretudo para fixar na memória as pessoas, especialmente os familiares. Antes ou depois da festa, fazia-se sempre a fotografia de grupo.

Quem queria ir mais longe, quem gostava de fixar a paisagem, de preferência sem gente, não era olhado com normalidade. Entrava no grupo da "malandragem" que se dedicava a essa coisa estranha, que chamavam arte...

Hoje, a paisagem continua a ser o caminho da diferença. As pessoas continuam a ser os principais actores da imagem fotográfica, mas com uma novidade: querem estar sempre dentro das fotografias, ser os seus actores principais. As redes sociais influenciaram muito este novo "olhar", com as famosas "selfies", que têm a importância de transmitir coisas como: «eu estou aqui», «eu fui ali», ou ainda, «olha quem está aqui comigo».

Eu tenho alguma curiosidade em saber o que é que a Cindy Sherman ou o Jorge Molder (a Helena Almeida já não é possível...), por exemplo, pensam desta nova fase da fotografia, em que o "eu" é o "actor principal", tal como acontece nas suas imagens artísticas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, fevereiro 12, 2019

O Rio e a Ausência de Palavras...


Gosto dos dias em que as palavras andam à solta pelas ruas, e se forem muitas, daquelas capazes de se agarrarem a nós, quase como lapas, ainda melhor.

Talvez isso aconteça por sentir que estes dias começam a rarear...

O vulgar dos dias são os silêncios cúmplices, dos múltiplos olhares que se deixam prender pelos ecrãs quase minúsculos, que prometem oferecer-nos o mundo inteiro, com apenas meia dúzia de toques...

Ficar mais fechado entre quatro paredes (a pesquisa tem destas coisas), faz com que aprecie, ainda mais, os passeios à beira-rio, mesmo que sejam dados ao fim do dia...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

domingo, fevereiro 10, 2019

«Vocês têm liberdade a mais!»


Quem chega de fora e acaba por ficar uns tempos por cá, fica muitas vezes com a ideia de que somos um país com demasiada liberdade.

Os emigrantes quando vêm de férias também pensam o mesmo. A frase «Vocês têm liberdade a mais!», já foi dita pelo meu tio, que vive no Canadá,  mais que uma vez.

Não concordo, e acho mesmo que se faz um bocado de confusão com a própria definição da palavra liberdade. Por exemplo, a desorganização e a desresponsabilização, não vêm em nenhum dicionário, como seus sinónimos.

Se a noção que temos dos nossos direitos e deveres fosse mais equilibrada (sei que há por aí muita boa gente que finge que só tem direitos...) e balizada por um sistema de justiça que funcionasse de uma forma mais rápida e igualitária, tudo seria diferente...

Continuo a pensar que não há excesso de liberdade. Há sim demasiada falta de civismo e de sentido comunitário, o que acaba por se reflectir no nosso dia-a-dia, sobretudo na cada vez mais notória falta de respeito pela liberdade dos outros.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, fevereiro 09, 2019

Medo das Mulheres Inteligentes...


No dia seis "copiei" que «a inteligência é uma chatice do caraças».

Em alguns dias, penso que sim. Especialmente nos que têm escrito a tinta invisível, que não são para pensar...

Hoje, dia nove, resolvi voltar ao tema, mas do outro lado.

Por que sei, que se há alguém que costuma ter medo de "mulheres inteligentes", são os homens.

Elas como são mais espertas que nós, quando querem mesmo "apanhar" alguém depois da curva, nem sequer têm grandes problemas em fazer o número da "loura (ou morena) burra".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, fevereiro 08, 2019

Olhar e Sorrir (sem pensar muito no assunto)


Embora sejamos melhores a rir-nos dos outros que de nós próprios, não deixa de ter graça, a forma escolhida por alguns "artistas de rua", para alegrar a cidade de Setúbal...


E as ruas ficaram bem mais coloridas com os "érres" do Sado...

(Fotografias de Luís Eme - Setúbal)

quinta-feira, fevereiro 07, 2019

Pensar, Viajar e Olhar...


Não sou muito viajado, pelo menos para fora do nosso país.

Faço contas de cabeça e reparo que nunca sai da Europa.

Durante estas contas percebo que há lugares que não quero visitar. Sei que não terei qualquer prazer em estar à janela de um hotel, com vista para bairros de lata ou favelas. 

Muitas vezes penso: ainda bem que não tenho nenhum fascínio especial pelos continentes africanos ou asiáticos (e não tenho mesmo... talvez por nunca lá ter estado). 

É aí que me lembro da "Latina-América". Sim, há o Brasil e a Argentina, o Rio de Janeiro e Buenos Aires, que imagino sempre mais portuguesa que o Rio, por exemplo (a imaginação tem destas coisas). 

Claro que ainda não desisti da viagem para as "latinas-américas". Talvez possa escolher um hotel com vista para uma rua esconsa, como aqueles de Paris, mais baratinhos, sem ter de ver o horizonte da grande cidade...

(Fotografia de Luís Eme - Paris)

quarta-feira, fevereiro 06, 2019

«A inteligência é uma chatice do caraças»


Ele ali estava, com um café e um cálice com uma aguardente velha à sua frente, preparado para defender, mais uma das suas causas perdidas.

Começou por dizer que «a inteligência é uma chatice do caraças.»

E depois continuou o monólogo, enquanto acompanhava com o olhar uma mulher bonita. «As gajas é que são espertas, quando querem namorar com um pássaro qualquer, preferem alguém para partilhar a futilidade, a diversão e o prazer. A inteligência é uma das coisas que ficam sempre à entrada da porta, tal como os chapéus de chuva.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, fevereiro 05, 2019

Sentimento de Impunidade ao Rubro


Não tenho qualquer dúvida, de que a forma como a justiça funciona no nosso país, é a principal responsável pelo sentimento de impunidade que alastra, de Norte a Sul.

Sentimento esse que faz com os mesmos crimes se repitam, de uma forma cada vez mais assustadora, por gente que não podia, nem devia, estar em liberdade.

No topo destes crimes surgem a violência doméstica e as "burlas" no sector bancário, que causam cada vez mais indignação, por todos percebermos que não são levadas a sério, por quem de direito.

Desde 2004 foram mortas 512 mulheres. Quantas destas mortes não se poderiam ter evitado, se a lei fosse cumprida e respeitada, na maioria dos casos de violência doméstica, pelos tribunais, pelo ministério público e pelas forças de segurança?

Em relação aos casos de "burlas" da banca (BPN, BPP, BANIF, BES, Montepio, CGD, etc), ainda está por fazer a conta dos muitos milhões que "desapareceram", a maior parte deles de forma criminosa. Mais grave, é termos conhecimento dos nomes da maior parte destes "vigaristas de colarinho branco" e sabermos que continuam em liberdade, e a viver melhor que a maior parte dos portugueses, sem que os seus bens sejam arrestados pelo Estado...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, fevereiro 04, 2019

«Pagas-me um café?»


Estava distraído, longe do interior do café, como estou tantas vezes...

De repente ouvi uma voz feminina a perguntar-me, «pagas-me um café?»

Abanei a cabeça, com um sim, quase ao mesmo tempo que olhava a mulher jovem, sem conseguir esconder a estranheza do pedido.

Não a olhei com qualquer malícia. Pensei sim, que podia muito bem ser minha filha, se tivesse começado a procriar mais cedo. 

Tinha o meu pequeno caderno, que está quase cheio, aberto... Enquanto ela pediu , bebeu o café e se começou a levantar, escrevi duas folhas com palavras.

Depois ela despediu-se com um obrigado e um sorriso. Retribui a cara alegre, mas sem palavras...

Ela saiu e eu fiquei a pensar que ainda não me tinha acontecido nada assim. 

Já me tinham cravado um ou dois cafés, algumas cervejas, mas coisas de homens, quase sempre usados pela vida, que nem me deram tempo para os olhar, e muito menos agradeceram com um sorriso doce.

Só não percebi porque razão não lhe ofereci uma única palavra dita (só escritas...).

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

domingo, fevereiro 03, 2019

A Tolerância Milenar em Relação ao Nu Artístico...


Os artistas plásticos, pelo menos num aspecto, podem considerar-se uns privilegiados, ao longo dos séculos. Sempre puderam trabalhar o nu, na pintura e na escultura, sem grandes censuras, mesmo da parte da toda poderosa igreja católica.

Falei sobre isso com um amigo um pintor, entre outras coisas, mas ele não foi capaz de me dar uma resposta convincente. Talvez por nunca ter pensado seriamente no assunto. Refugiou-se na existência de inúmeras estátuas inspiradas nos corpos masculinos e e femininos, sem qualquer peça de roupa,  desde as civilizações mais antigas, principalmente a Grega e a Romana. 

Ou seja, não havia volta a dar. "Era Arte".

E felizmente continuou a ser Arte pelos séculos fora...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, fevereiro 02, 2019

Era Bom Era, Mas...


Embora a mensagem do cartaz gigante, que dá cor à fachada do Teatro D. Maria II, tenha um objectivo positivo, publicitar  o seu próprio espaço, que tenta ser inclusivo, se a transportarmos para a nossa sociedade, cada vez mais desigual, tudo se torna diferente.

Não gosto nada de sentir que se aposta mais na "caridadezinha" (com a benção do Presidente da República, que adora distribuir comidinha aos "sem abrigo"...), que na criação de caminhos, mais iguais e justos, para todos nós.

É por isso que esta frase é tão mentirosa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

Dia de "Tejo-Mar"...


Não tinha urgência em ir a Lisboa, mas apeteceu-me atravessar o rio com ondas, navegar por alguns minutos nas suas águas mexidas, no interior do cacilheiro, que desafiou sem medo, o rio que gosto de chamar, "Tejo-Mar".


Não ter uma boa companhia para o almoço (as decisões de última hora têm destas coisas...), fez com que voltasse mais cedo para a minha margem.

Gostei de sentir as ruas de Lisboa sem a azáfama de outros dias. Gostei que os turistas se assustassem com o "temporal" e tivessem ficado nos hotéis (e hosteis...), e espero, também dentro de alguns museus...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)