Na rua dos homens antigos, as mulheres não sentem vontade nem curiosidade de entrar no único café existente, que quase se confunde com uma taberna antiga, graças à gritaria, ao cheiro a vinho e aos clientes, incapazes de fazer o típico quatro com as pernas.
Talvez se recusem a entrar naquele lugar, por repararem que os homens salivam de uma maneira estranha quando elas passam e aproveitam para fazer um concurso de piropos, fraquitos e ordinários.
Na rua dos homens antigos o café espera que chegue o homem da guitarra, para se desligar a televisão e apagarem algumas lâmpadas, para que se transforme num retiro de fado vadio, onde quase todos podem cantar e imitar alguém, desde o Fernando Maurício ao ti Alfredo, mesmo que sejam péssimas imitações.
Na rua dos homens antigos ainda passam por lá alguns marinheiros fardados, de azul no Inverno e de branco no Verão.
Na rua dos homens antigos, quase todos fingem que não sentem a falta das mulheres...
O óleo é de Júlio Pomar.