Ontem fui ao futebol, ainda por cima a Alvalade, e ver o Sporting perder com a Naval...
Como li na "A Bola" de hoje, a maior emoção do jogo, foram os dois golos que o Porto marcou ao Benfica.Há mais de dez anos que não assistia a um jogo de futebol entre clubes da primeira divisão.
Existem várias explicações. Há duas que são mais fortes: o facto de ter feito jornalismo desportivo e ter conhecimento de milhentas histórias sobre gente com preço, capazes de ditar os resultados dos jogos; e o aumento da violência, dentro e fora dos estádios, graças às claques, cheias de gente que gosta tanto de futebol, que passa a maior parte do tempo de jogo de costas para o relvado.
Talvez sejam desculpas, o que é certo é que o meu filho, "lagarto", só aos doze anos é que entrou no Estádio de Alvalade, enquanto eu aos seis já ia de mão dada com o meu pai, ver os jogos do Caldas, no velho Campo da Mata...
Também nunca calhou (a mãe dele também não liga muito...). Além disso sou daqueles que gosta mais de ver futebol na televisão que nos estádios (estou mais atento ao jogo, no estádio distraio-me bastante com o que me rodeia...). Como nunca fui "doente da bola", não sei se graças à educação que o meu pai me deu nos estádios, onde nunca o vi aos gritos, a chamar nomes feios ao árbitro e aos jogadores, se por feitio, também deve ter pesado. Provavelmente foi por isso que nunca tive um cachecol ou uma bandeira do Benfica...
Voltando ao jogo do Sporting, compreendo muito bem o desalento dos sportinguistas. O que me tem irritado mais nos últimos anos, não foram as derrotas do Benfica, mas sim ver a equipa jogar muitas vezes pior que o Paços Ferreira, a Académica, o Leixões ou o Rio Ave (e ver os futebolistas de águia ao peito correrem menos que os adversários...).
Na verdade, sinto-me muito mais satisfeito de ter levado os meus filhos ao cinema, ao teatro, aos museus, de lhes oferecer livros, que de os levar aos estádios...
Ver por exemplo o que aconteceu ontem no "Dragão", dentro e fora do estádio, explica quase tudo. E quando até a polícia já acha tudo isto normal e banal, ao ponto de um comissário ser forçado pela realidade a dar o dito pelo não dito, em frente das câmaras de televisão...