quinta-feira, julho 29, 2021

A Aproximação do Final das Férias e a Simpatia do Poeta...


As férias passam num instante... De repente é quinta-feira, quer dizer que só nos resta a sexta e a manhã de sábado (depois de almoço regressamos a casa...).

Costuma-se dizer que o que é bom acaba-se depressa... e é verdade, como todos sabemos.

Já ao fim do dia, em casa, soube do desaparecimento do poeta Pedro Tamen. Não posso dizer que o conhecia, só falámos uma vez. Mas foi de uma simpatia e simplicidade, que um simples contacto fez com que pensasse que este Senhor, além de excelente poeta, era uma excelente pessoa.

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


terça-feira, julho 27, 2021

As Leituras de Férias


Há muito tempo que não lia tantos livros durante as férias.

Ainda faltam cinco dias para voltar a casa e só tenho um livro de poesia de Teresa Rita Lopes por acabar ("Afectos", que tem ficado à mesa de cabeceira). Mas já está a mais de meio (logo vou ver se compro pelo menos mais um livrito...).

A pensar na praia, não trouxe livros "muito compridos", aliás, o que trouxe com mais páginas foi a "Fanga", que não chegava às quatrocentas, e que acabei por ler mais rapidamente do que pensava... Embora digam que o Alves Redol escrevia mal, gostei muito de o ler. Talvez esperasse outro final, mas essa é uma das partes que dão beleza à literatura.

Os outros quatro livros que li foram os contos de Pedro Paixão ("Histórias Verdadeiras") e de José Eduardo Águalusa ("Dançar Outra Vez"), a poesia de Armando Silva Carvalho ("Lisboas") e o teatro de Pirandelo (o clássico "Esta Noite Improvisa-se").

E tenho encontrado muitas pessoas a lerem livros na minha praia...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, julho 25, 2021

Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021)


Otelo Saraiva de Carvalho é - a par de Salgueiro Maia -, a grande figura da Revolução de Abril.

Como todos os verdadeiros revolucionários, nunca foi uma personagem a "preto e branco", é por isso que sempre gerou grandes paixões e grandes ódios.

O Capitão de Abril deixou-nos hoje. 

Talvez passe a partir de amanhã, a ser mais compreendido, como costuma acontecer com todos os heróis desaparecidos...

(Fotografia de Autor Desconhecido - o Zeca  esteve sempre com Otelo...)


sábado, julho 24, 2021

A "Fanga" e o "Dono da Bola"...


Estava a ler um dos últimos capítulos da "Fanga" quando reparei que uns miúdos que estavam a jogar futebol próximo de mim se desentenderam. Um deles, pegou na bola e foi para o chapéu de sol dos pais, deixando os outros cinco chateados. Todos nós que fomos crianças, vivemos episódios destes, as famosas birras do "dono da bola", que achava que podia fazer quase tudo, apenas porque a bolita era dele...

Não pude deixar de pensar no romance de Alves Redol, que estava a ler, a "Fanga" (que não sabia o que era, antes da leitura. Fiquei a saber que era uma espécie de "arrendamento" de um pedaço de terra, onde o pagamento da "renda" era a "parte de leão" de toda a produção...), onde quem tinha as terras, ditava as leis do trabalho e também a respectiva remuneração.

Talvez faça parte da natureza humana, esta coisa de querer tirar proventos de um bem qualquer que nos pertença, e comece logo de pequeno, com qualquer dono da bola... 

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sexta-feira, julho 23, 2021

Marcas que o Tempo não Apaga


Noutros tempos, quando se falava em "marcas que o tempo não apaga", falava-se sobretudo de coisas que se sentiam mas não se viam.

Hoje, tudo mudou. Os donos dos corpos quiseram que a sua pele exterior também ostentasse marcas. Marcas essas que acabaram por rivalizar com as outras "marcas que o tempo não apaga"...

E há marcas para todos os gostos e em todas partes do corpo, mais visíveis nos lugares onde se usa o mínimo de roupa possível...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, julho 21, 2021

Um País em Obras (como de costume...)


Embora existam muitos apelos para fazermos férias cá dentro, esta altura está longe de ser a melhor, por estarmos a menos de seis meses das eleições autárquicas.

Para não fugir à regra, os políticos viram as terras que governam de "pernas para o ar", fazendo melhorias - mais para "encher o olho" que para beneficiar as populações -, tornando a passagem pelo centro de muitas das nossas cidades e vilas, um pesadelo.

Eles apenas estão preocupados com a reeleição, apostando  na memória cada vez mais curta das pessoas (como se fosse possível esquecer três anos e meio de "adormecimento"...), publicitando as inaugurações e os benefícios recentes, como se elas fossem as "melhores obras do mundo"...

(Fotografia de Luís Eme - Olho de Boi)


terça-feira, julho 20, 2021

Diferenças Cada Vez mais Normais...


O ar de rapazinho da adolescente que tomava banho vestida com bermudas pretas e um sutiã desportivo da mesma cor, fez-me pensar em como deve ser difícil viver dentro de um corpo que não é o nosso...

Felizmente neste campo temos evoluído bastante, quer no campo da ciência quer na sensibilização  social. Já é possível através de tratamentos hormonais e de operações, sentirmo-nos mais identificados com o nosso corpo e a nossa sexualidade, ao mesmo tempo que também existe uma maior compreensão por parte da sociedade, para este drama humano.

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, julho 18, 2021

Os Bandidos, os "Apontadores de Dedo" e os Outros...


Sei que a leitura da revista "E" do Expresso, não é das mais aconselhadas para a praia, recomendam-se coisas mais leves. Ainda por cima a revista desta semana era dedicada à "saga" Sócrates...

E foi  por causa de alguns episódios, que envolviam várias pessoas, que dei por mim a pensar nas largas centenas de pessoas  que trabalharam directa e indirectamente com o ex-primeiro-ministro, acima de qualquer suspeita, que nem sonhavam com todos estes casos de justiça (uns provados, outros nem por isso...), mas que não escaparam aos "burburinhos" do costume.

Infelizmente temos a tendência para olhar de lado para toda a gente que de alguma forma esteja ligada a José Sócrates, Joe Berardo ou Luís Filipe Vieira, e pior ainda, para apontar o dedo, como se o simples facto de trabalharmos como secretário ou motorista de uma destas personagens, nos transformasse em bandidos e manchasse o cadastro. 

Ou então, tratam estas pessoas como "perfeitos anormais". Quem trabalhou directamente com um Sócrates, um Berardo ou um Vieira, não escapa de várias acusações, as de "ceguinho" e totó", acabam por ser as mais meigas. Ao contrário dos "apontadores de dedo", eu sei que é muito fácil, quando confiamos nas pessoas, sermos enganados. 

Até porque estas personagens têm ainda outra característica (exceptuando os dois ou três "amigos" de confiança absoluta que existem sempre, capazes até de emprestarem quantidades obscenas de dinheiro...): escolhem trabalhar com pessoas honestas, porque sabem que desse lado nunca serão "roubados" ou "enganados", fingindo tratar tudo com a maior das lisuras...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quinta-feira, julho 15, 2021

O Regresso a Uma das Minhas Praias...


Estou quase a ir de férias para o Sul.

Se por um lado, o aumento de casos - cada vez mais generalizado - não nos transmite muita segurança, por outro, todos sentimos que precisamos de tentar dar alguma normalidade às nossas vidas. 

É por isso que é importante mudar de ares, nem que seja apenas por meia-dúzia de dias...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, julho 14, 2021

Quase Perdidos no Tempo e no Espaço


Hoje estive com dois amigos que não via há algum tempo. A conversa foi parar, para não variar, ao muito que mudara nas nossas vidas. Mas não foi uma coisa dramática, conseguimos sorrir de tudo o que nos estava a acontecer...

A Teresa confessou sentir-se cada vez mais perdida... Deu como exemplo os relógios do tempo, que parecem ter passado para o plano dos objectos secundários. Mas o pior de tudo era sentir que tinha perdido o controle, que antes pensava ter, na sua vidinha...

O Fernando não se sentia perdido. Sentia-se pior que isso (pelo menos no seu ponto de vista...), sentia-se cada vez mais vazio. Sempre fora muito afectivo, sentia muito a falta do toque no outro, dos abraços, dos beijos, e até das palmadas de amigo. 

E eu disse sentir falta das vozes... mesmo das desconhecidas, que escutava aqui e ali, nas ruas. Também fui mais longe, acrescentei que as pessoas cada vez falavam menos umas com as outras. Mesmo as discussões, tinham cada vez menos palavras e mais olhares mortíferos.

A conversa foi tão boa como a imperial. Refrescámos a garganta ao mesmo tempo que tirámos algumas ideias do "frio"... 

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, julho 13, 2021

As Ruas Pouco Turísticas Continuam Quase sem Gente...


Um ano e alguns meses depois do início da pandemia, ainda não foi possível devolver a normalidade às ruas. É notório que uma boa parte das pessoas continuam a passar mais tempo em casa que fora dela. 

No começo da Primavera a esperança voltou. Durante um curto espaço de tempo, quase todos sentimos que as coisas estavam a mudar, para melhor. 

Mas quando se anunciou o fim do confinamento e se começaram a abrir as fronteiras e os aeroportos... (quase com passadeiras estendidas e vénias para quem chegava de fora,  dos próprios governantes locais e nacionais...), talvez se estivessem a saltar etapas a mais, por causa da "economia"...

O que me fez mais confusão foi a forma displicente como as autoridades policiais responderam aos exemplos dos primeiros visitantes, no Porto e em Albufeira. Todos assistimos através da televisão aos "amontoamentos" de ingleses, que descuravam dois dos cuidados básicos da pandemia: o distanciamento e o uso de máscara. 

Esta quase "fechar de olhos" repetiu-se de Norte a Sul. Sei o que digo porque mais de 90 por cento dos estrangeiros com quem me tenho cruzado nas ruas, não usa máscara, nem mesmo no queixo, nem se preocupa com o distanciamento devido. É por isso perfeitamente normal que estes maus exemplos começassem a ser seguidos, especialmente pelos jovens, que não gostam de se sentir "cidadãos de segunda" no seu próprio país.

Se tivesse existido uma mão um pouco mais firme das nossas autoridades, com o apoio do Governo e da DGS (e não com a sua complacência...), provavelmente os números de infectados, assim como os de internamentos nos hospitais, seriam menores...

E as ruas sem esplanadas e restaurantes com ementas em inglês, tinham com toda a certeza mais vida...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


segunda-feira, julho 12, 2021

Partir com o Coração Cheio de Tristeza...



Todos nós sentimos que nos "roubaram" algumas das coisas que fazem mais sentido na vida, como as conversas animadas com amigos, o companheirismo e o convívio fraterno, complementado com abraços e beijos...

Mas as grandes vítimas desta pandemia foram (e são...) as pessoas de mais idade, que viviam em "lares de terceira idade".  De um momento para o outro tornaram-se "prisioneiros". Não só deixaram de poder sair como também deixaram de receber visitas... Isto para pessoas que ainda tinham autonomia e saiam habitualmente para estar com os familiares e com os amigos, foi terrível.

Algum tempo antes de ter surgido este "pesadelo", um dos meus amigos, viúvo, sem filhos e com alguns problemas de saúde, para não incomodar os familiares  mais próximos, decidiu passar a morar numa destas casas. 

Por continuar lúcido e com alguma autonomia, continuou a sair, sempre que lhe apetecia estar com os amigos. Era por isso normal que de vez enquanto nos encontrássemos, para almoçar, com outro amigo comum. Eram sempre momentos bem animados, porque à sua volta ninguém estava triste. 

Depois apareceu o vírus e este nosso convívio foi interrompido... De um momento para o outro, ficou "preso", tal como todas as pessoas que viviam em lares. 

Nunca perdemos o contacto, íamos falando ao telemóvel, alimentando a esperança de um reencontro, logo que fosse possível.

Só que nunca foi possível... 

Na última vez que falámos senti-o diferente. Estava triste, desiludido, cansado de tudo. Não falou de nenhum encontro e desabafou com tristeza que afinal as vacinas de pouco tinham servido, com o pensamento preso na "quarta vaga", que começava a crescer e a fechar de novo o país.

E na semana passada recebi o telefonema atencioso da sobrinha, que me deu a notícia que ninguém gosta de dar. Foi quando percebi que aquele último telefonema, demasiado triste, tinha sido mesmo uma despedida...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, julho 11, 2021

Regras (quase) Surrealistas


Se fosse dono de um restaurante sem esplanada, ficava sem saber muito bem o que fazer, com as novas regras de funcionamento dos restaurantes ao fim de semana.

É quase como afirmar: "Podem continuar abertos, mas têm de contribuir para o negócio dos testes rápidos..."

Não sei se acontece de forma voluntária, mas que há uma grande vontade de complicar a vida - que já está difícil -, a quem vive da restauração, não existem muitas dúvidas... 

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, julho 10, 2021

Justiça & Espectáculo versus Crime & Castigo


Ainda não consegui perceber bem se todas estas misturas, entre a justiça e o espectáculo, se prendem com o facto de tanto Carlos Alexandre como Rosário Teixeira, adorarem filmes de acção, ou de sempre terem sonhado ser "super-heróis", usando, nas poucas vezes que lhes é possível, uma espécie de capa de "justiceiros populares". 

Estou convencido que há várias pessoas que apenas sentem alguma simpatia por Sócrates, devido à forma como foi detido no aeroporto e "condenado" por uma boa parte da comunicação social, ainda antes de ser presente a um juiz e de ser sentenciado. 

Estes agentes da justiça poderiam ter aprendido alguma coisa com todo o "espectáculo" que ajudaram a montar, mas não. Nos últimos tempos voltaram a vestir o fato de "super-heróis" e a fazer fitas de acção,  primeiro com Joe Berardo e agora com Luís Filipe Vieira, com uma grande vontade de transportar de novo a "justiça" para fora dos tribunais.

Mais uma vez é notória a tentativa de humilhar e de reduzir as pessoas a lixo, antes de serem condenadas pelos crimes que cometeram. Até parece que a condenação "pública" é mais importante que a "judicial".

Mas além de serem detidos em "directo", passa-se algo ainda mais grave: ficam dois ou três dias, fechados numa cela, antes de serem ouvidos em tribunal.

Como muito bem disse o bastonário dos advogados, Menezes Leitão, "deter pessoas para interrogatório durante vários dias, não me parece uma forma adequada de proceder". Mas ele vai ainda mais longe, em relação aos nossos direitos fundamentais: "não é por um cidadão estar envolvido num processo criminal que perde os seus direitos e que deve deixar de beneficiar da presunção de inocência. A forma normal de fazer as coisas seria convocar por notificação, a pessoa para comparecer para interrogatório, com a cominação que seria alvo de detenção caso não fizesse."

Não tenho nenhuma simpatia especial por qualquer um dos três prevaricadores presentes no texto, mas esta não é a minha justiça. A minha justiça faz-se nos tribunais e não nas ruas, nos jornais e nas televisões.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, julho 09, 2021

Outras "Feiras da Ladra"...


Não comprava um carro a Luís Filipe Vieira, da mesma forma que também não comprava um burro a Francisco Benitez...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, julho 08, 2021

Quando o Mal dos Outros tem de Ser o Nosso Bem...


Esta fotografia pode e deve ter várias legendas (a vontade de cada um de nós é quem mais ordena).

Vi a gaivota pousar no muro de uma casa da vizinhança e depois começar a comer, talvez sementes do prato de um vasos de flores do jardim.

Um gato de uma das casas ao lado começou a deslocar-se, decidido a acabar com o repasto da ave. Fingiu que não era nada com ele, mas a gaivota colocou-se logo em alerta. Quando este ameaçou subir o muro, ela partiu, com o estomago mais aconchegado...

Escolhi esta fotografia porque há sempre alguém que não suporta ver os outros bem, e tenta logo estragar o momento... 

Acabei por pensar no Rui Costa, que de um dia para o outro, passou de dirigente exemplar do Benfica a alguém que (também) se serve do clube em proveito próprio. Afinal parece que a mentira tinha a perna curta (nem conseguiram acertar no nome da empresa que lhe pertence)...

Com a provável prisão de Luís Filipe Vieira, vai ser um ver se te avias de gente a "escolher espingardas" para a guerra da sucessão. 

E como já se percebeu, vai valer tudo...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, julho 07, 2021

Prisões Tardias e o "Rei dos Ladrões"...


Tenho dificuldade em perceber prisões como a de Joe Berardo ou Luís Filipe Vieira, por pecarem ambas por tardias. Fico sempre a pensar que lhes deram "todo o tempo do mundo" para destruírem e apagarem as provas que poderiam existir contra eles...

Mas o que me faz mesmo confusão, é que Ricardo Salgado continue em liberdade, depois de tudo o que fez durante anos e anos. Se existe algum que mereça ser conhecido como o "rei dos ladrões", será ele.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, julho 06, 2021

Coisas do "Caderno das Ideias Furadas"...


De vez em quando folheio o "caderno das ideias furadas", à procura de assunto para escrever (isto de escrever todos os dias tem que se lhe diga...).

E hoje houve uma pequena frase que me chamou a atenção, por ser curta e quase certeira.  Embora não saiba ao certo porque a escrevi, penso que deve ter sido por assistir à mudança de tratamento dado a alguém, que partiu e que estava longe de ser boa pessoa...

«Vivos somos quase todos maus... mortos somos quase todos bons.»

E depois acrescentei: «a vida é cheia de ironias, tal como a morte...»

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


segunda-feira, julho 05, 2021

O "Palhaço Rico" do Governo


Estive indeciso se lhe havia de chamar "palhaço rico", porque quando se olha para ele, a imagem que fica é a de um "pobre diabo" (desses que parecem pobrezinhos, mas que são capazes de lixar a vida a muita gente...) e até a farpela que ficava melhor com o seu estilo, seria a de "palhaço pobre".

Mas um "palhaço pobre" não anda a passear por aí de BMW (ainda por cima de origem duvidosa e capaz de ganhar corridas clandestinas...).

Já escrevi por aqui, que existe a forte possibilidade do senhor ser obrigado a ser ministro, não como castigo, mas por conseguir centrar em si todas as atenções, fazendo com que passem despercebidos, problemas de governação, tão ou mais graves  que os seus, da parte de outros ministérios (ambiente, agricultura, cultura e educação estão no começo da lista).

O grave disto tudo nem é percebermos que o governo do senhor Costa já expirou o prazo de validade, mas sim, sentirmos que do lado da oposição não se vê qualquer "luz", que nos pudesse alimentar alguma esperança. Todos sentimos que não vamos lá com o senhor Rio, e muito menos com o senhor Coelho, que de vez em quanto aparece em algumas esquinas, agora com muito menos cabelo.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, julho 04, 2021

«Nunca quis ser uma dessas pessoas que andam na rua como se estivessem numa montra.»


Agora que começou o 38.º Festival de Almada, não posso deixar de prestar homenagem ao actor de teatro, quase anónimo, oferecendo o exemplo do Jorge, que nunca participou numa telenovela (nem quer participar...), porque lhe desagrada bastante deixar de ser uma pessoa normal. Diz a sorrir que é muito melhor ter uma mulher a sério que uma namorada inventada por uma dessas revistas de consultório de dentista.

Quando ele me disse, «nunca quis ser uma dessas pessoas que andam na rua como se estivessem numa montra», compreendi-o, sem qualquer reserva. 

Jorge apenas quer fazer o seu trabalho, vestir a pele de uma qualquer personagem, grande ou pequena, para depois voltar a ser o rapaz quase normal, que também gosta de carpintaria, de escrever poesia e de roubar retratos às pessoas que andam por aí distraídas pela rua.

Convive bem com a "fama de operário", quando está na bilheteira a vender entradas ou a abrir as portas da sala e fazer a recepção dos espectadores -  que muitas vezes o olham com cara de caso, por ser parecido com o actor que daí a minutos irá aparecer no palco -, porque gosta desta parte "circense" do teatro, onde se faz tudo o que é preciso para que o espectáculo aconteça...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


sábado, julho 03, 2021

Eles não Sabem, mas já Tiveram Tempo (mais que suficiente) para Saber...


Faz-me confusão que o Governo e a DGS, continuem a insistir em algumas medidas, cujo efeito prático, penaliza mais do que protege os cidadãos.

Sei que é mais fácil tentar "fechar" todas as pessoas de novo em casa, ao encerrar os cafés e restaurantes ao começo da tarde. Dá muito mais trabalho estudar os surtos, testar as pessoas e controlar os infectados, obrigando-os a cumprir o tempo de quarentena fora das ruas...

Concordo com o recolher obrigatório, mesmo que saiba que continuarão, um pouco por todo o lado as festas clandestinas, porque o mundo está cheio de jovens "imortais", que nem sequer pensam em tomar a vacina... graças também à "rédea larga" que têm das forças policiais (para eles grupos com mais de três pessoas são uma multidão e o "virar costas" não dá chatice nenhuma).

É por isso que não posso deixar de estar solidário com os amigos onde costumo beber café, que cumprem todas as regras impostas pela DGS, e por nunca abrirem as portas cedo demais, a pensar em pequenos-almoços, estavam a pensar nem sequer abrir o café ao fim de semana...

Devemos ter sido os últimos clientes neste sábado mais morno que os outros, quando as mesas e cadeiras da esplanada já estavam todas recolhidas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, julho 02, 2021

A Liberdade Ganhou um novo Sinónimo na Pandemia: Cão...


O Américo disse-me que tinha comprado um produto equivalente a "uma bomba de mau cheiro", mas só para o faro dos cães, que funciona como inibidor da evacuação canina. 

Espera que resulte, até porque desconfia que há dois ou três gajos que não gostam dele, que passam pelo seu quarteirão de propósito, para deixar um "presente".

Eu não digo nada mas farto-me de rir com "esta conversa de maluco".

Mas ele não se fica pelos cagalhotos e vai directo à rua da liberdade. 

Diz que não consegue perceber esta gente que só "descobriu" que existiam cães, no começo da pandemia. Compraram cão apenas para terem uma espécie de "carta de alforria", para poderem sair à rua, sem que ninguém os chateasse. 

Claro que ele é um exagerado. Mas que existem muito mais cães nas cidades, a viverem em apartamentos, desde a pandemia, não tenho qualquer dúvida. Felizmente a maioria dos donos apanha os detritos dos seus animais. Se isso não acontecesse, tinha um problema na minha rua idêntico ao do Américo... 

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


quinta-feira, julho 01, 2021

"Uma Certa Vanguarda"


Acabei de ler a peça de teatro, "Uma Certa Vanguarda", escrita por Alexandre Castanheira, um almadense que já nos deixou e que foi um bom companheiro das culturas e do associativismo.

Gostei particularmente da peça por falar do dia a dia de uma associação recreativa (podia ser a Incrível ou a Academia Almadense...), que começava a abrir as portas às mulheres, que queriam deixar de ser objectos decorativos, queriam participar também na "revolução" social e cultural.

Achei curioso o tom crítico sobre alguns homens-dirigentes, que eram progressistas fora de casa, mas dentro das quatro paredes, continuavam a querer manter as mulheres com os velhos hábitos machistas, "criadas para todo o serviço"...