Não pude deixar de reparar nas compras da senhora que estava à minha frente, na caixa do super mercado, com mais de cem quilos de envergadura, eram pizzas, salsichas, hamburguers, ovos, batatas fritas, bolachas, colas, etc.
Em contraponto com a lentidão de movimentos da senhora, fui invadido pela ligeireza dos pensamentos preconceituosos, que povoaram de imediato a minha cabeça.
Para os derrotar, uma parte de mim, começou a defendê-la. «Provavelmente aquela comida é para os filhos...» Mas o preconceito racional continuava activo: «o que não deixava de estar errado, até porque a sua filha já lhe seguia as pisadas.»
Tive de ser ainda mais forte para os silenciar, lembrar-lhes que aquela comida, que para muitos é de "plástico" era a mais económica e mais rápida de se fazer em casa, das muitas que se vendem por aí. «Estamos a voltar ao tempo em que as visitas ao talho e à peixaria começam a ser um "luxo", que não está acessível a toda a gente...»
E quem disse que o senhor "preconceito" me largava?
«Claro que se pode fazer uma comida mais barata e mais saudável, tendo como base as saladas e as sopas de legumes, mas muitas pessoas têm a mania que detestam sopa (a começar nos nossos filhos...)», exclamou ele no alto da sua sapiência...
Escolhi este óleo de Botero, porque a gordura, pelo menos na arte, continua uma formosura, apesar dos preconceitos da sociedade.