Ontem à noite estive a ver o "Cinderela Man", um filme que fala de outros tempos, de outro mundo, que curiosamente volta a aproximar-se de nós.
As filas para se arranjar um trabalho duro por um dia, o não ter comer para dar aos filhos, o deixar de pagar a renda, a água e a luz, infelizmente, começam a ser coisa do nosso tempo...
E depois as lições de dignidade dos pobres, que preferiam muitas vezes a fome a terem de roubar, como a que o "Cinderela" deu ao filho, obrigando-o a devolver o salame roubado no talho e a prometer-lhe que não voltaria a roubar nada, por esta não ser a solução, em nenhuma circunstância.
Isso fez-me voltar a estes nossos tempos, que dariam um filme ainda mais dramático, pois com toda esta crise de valores que nos rodeia, é muito difícil a qualquer pai dizer uma coisa destas. Ainda mais num país injusto e desigual como o nosso, em que todos sabemos que quem mais rouba é quem menos precisa e raramente vão para a prisão. E roubam sempre milhões. Milhões que também servem para pagar àquela meia dúzia de advogados vaidosos que já todos conhecemos, que gostam tanto de aparecer na televisão como de defender "ricos e poderosos". É evidente que estes advogados além de vaidosos também são "muito bons", pois conseguem livrar os seus clientes das maiores trapalhadas, como todos sabemos.
Virando a página, sem deixar a (in) justiça que se amontoa por aí, porque o facto da justiça ser injusta, transporta sempre uma série de sarilhos. Percebe-se que há cada vez mais casos de gente que acha que pode fazer tudo, com quase total impunidade, como foi o caso do "assassino de mulheres", que desta vez não se ficou por aqui, foi mais longe, pagando a brandura dos agentes da GNR com mais uma morte e um ferido (sim, um assassino como este tinha de ser imobilizado e algemado imediatamente, assim que foi preso, para não ter a tentação de usar o revólver escondido...), no interior do posto policial.
É esta mesma brandura (ou cobardia...) que permite que tipos como este continuem em liberdade, metendo medo a toda a gente, como se fossem "rambos". Agredindo as mulheres, os filhos, e até vizinhos, perante a passividade das próprias forças da autoridade, que aparecem quase sempre tarde demais, por não ligarem a uma palavra tão importante: prevenção.
É pena que as pessoas muitas vezes tenham de aprender, com o sacrifício da própria vida, como foi o caso do elemento da GNR, assassinado. Mas há regras básicas no tratamento que deve ser dado a criminosos...