Não vale a pena bater mais na "ceguinha", ou colocar em causa uma instituição de utilidade pública (mesmo que não tenha o estatuto...), que cresceu demasiado e começou a ser gerida como uma "empresa", até por prestar serviços que a obrigam a ter um número significativo de funcionários.
O que é mais relevante neste caso é o exemplo (mais um...) do que as pessoas fazem com o poder, especialmente no movimento associativo, com demasiados casos de associações vitimas de gestões danosas, por parte de dirigentes incompetentes e com poucos escrúpulos. Não deixa de ser curioso, que acabe por parecer mais fácil, dirigir uma colectividade que vive o seu dia a dia com dificuldades, que uma que viva desafogadamente...
Isto acontece porque uma boa parte das pessoas não sabem (acho que não querem saber...) gerir instituições que tenham dinheiro. Dinheiro esse que continua a ser o alvo de todas as tentações, e que faz com que se dêem tantas vezes, passos mais largos que as pernas, que acabam por ter consequências desastrosas.
Mas o problema maior é o alheamento das pessoas, mesmo que sejam associados desta ou daquela colectividade. De uma forma geral não se preocupam com as questões colectivas, só perdem tempo quando estas se "individualizam" e lhes batem à porta e os obrigam a agir (muitas vezes tarde demais). Mas se isso não acontecer, continuam à espera que sejam os outros a resolver os problemas que deviam ser de todos...
Claro que esta problemática tem muito a ver com a sociedade onde estamos inseridos, do facto de não sermos educados a intervir e a participar, ter uma voz activa e estarmos atentos ao mundo que nos cerca. E não será com os políticos que temos (uma boa parte deles medíocres e pouco honestos...), que as coisas mudarão. Até por que não querem perder o "poder" que têm (basta ver a forma como são sempre selectivos a escolher os seus pares, ou seja, nunca se rodeiam dos "melhores", para não perderem os seus lugares...).
Enquanto não resolvermos esta questão cívica e de cidadania, não iremos a lado nenhum. Só quando as pessoas sentirem que é sua obrigação intervir nas instituições que regem o seu dia a dia (Câmaras, Juntas de Freguesia, Bombeiros Voluntários, Associações de Solidariedade, Sociedades Culturais, Clubes Desportivos, etc), conseguirão afastar os "oportunistas" que tomam conta do "poder", e em vez de servir os interesses colectivos, servem os individuais...
(Ilustração de Robert Armstrong)