sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?


Fevereiro foi um mês estranho, e Março não o será menos, tanto dentro como fora de portas.

Por cá, temos um primeiro-ministro, que não passa de uma cópia manhosa de outro primeiro-ministro, que também achava que não devia prestar contas ao país,  muito menos responder a jornalistas, escudando-se em balelas, como a de que "ainda está para nascer alguém mais sério que eu".  O cromo de agora diz uma coisa parecida: "não há ninguém mais transparente que eu"...

Nas Américas existe alguém que faz lembrar os putos mimados dos recreios das escolas, que a única maneira que tinham de tentar fazer amizade, era "comprando-a". Não sabiam jogar à bola mas tinham uma, normalmente das boas. Como éramos parvos e queríamos era dar uns chutos na redondinha, fingíamos "gostar dele"...

Pois é, não se pode dizer que tudo isto aconteceu de repente, porque sempre existiram pessoas à nossa volta, cuja única religião que seguem é a do "poder e do dinheiro". O que existe nos nossos dias é mais gente que perdeu a vergonha e sente-se encorajado a pensar que "toda a terra é sua"...

Não queria falar das redes sociais, mas é impossível passar ao lado deste "mundo faz de conta", que cada vez toma mais conta do "mundo real". E dia após dia, o buraco é escavado mais fundo nestes lugares, onde parece que quase tudo é permitido... Isso explica que um "palhaço" se vanglorie de atropelar alguém, com dados que batem certo no mundo real (o onde, o quando e o porquê...), como se esta coisa de viver não passasse de um "jogo"...

Olhamos à volta e ficamos com a sensação de que não param de crescer, por cá e por lá, os "inadaptados da democracia", gente que acha que a liberdade é uma coisa só para eles, encorajando o "fantasma do salazar" a aparecer em cada vez mais portas e janelas, neste falso paraíso...

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


quinta-feira, fevereiro 27, 2025

Gostar da chuva é coisa de poetas e de cronistas do quotidiano...


Temos poucos dias como o de hoje, quase de chuva ininterrupta, mesmo nos piores dias de Inverno.

Sim, hoje é quase impossível andar na rua, sem molhar os pés...

Nem sequer podemos beber o café nas esplanadas, temos de olhar para quem passa do lado de dentro dos cafés...

Foi ao balcão, a saborear este liquido que faz elevar a tensão, que pensei que gostar de chuva é coisa de poetas...

Acrescento um quase a esta coisa da chuva ser inspiradora para os poetas e os cronistas do quotidiano. Sei que o grande José Gomes Ferreira e a minha querida Maria Judite (de Carvalho) devem ter escrito coisas bonitas sobre essa coisa pouco agradável de andar de chapéu de chuva aberto pelas ruas. Mas como sabemos, especialmente nestes tempos estranhos, há "malucos" para tudo...

Felizmente, o Inverno do nosso país até permite que deixemos o chapéu de chuva em casa e aproveitemos as várias abertas, tal como a protecção das muitas varandas das avenidas, para conseguirmos ir andando até ao nosso destino, passando quase pelos intervalos dos pingos da chuva.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, fevereiro 26, 2025

Os "Verdes Anos" de Paulo Rocha (e de Carlos Paredes, Isabel Ruth e Rui Gomes...)


Há dias revi os "Verdes Anos" de Paulo Rocha (RTP2), filme que marca o inicio do chamado "cinema novo" português.

É giro, que cada vez que voltamos a rever um filme, descobrimos sempre coisas novas. Neste caso em particular, não via esta fita há uns vinte anos (ou mais...), pelo que fiz uma leitura mais política, olhando para as personagens (todas) como o retrato de um país cinzento, que não tinha nada para dar às pessoas, especialmente os jovens, que são sempre as principais vítimas de todos os governos que fingem governar...

E neste caso em particular, havia a guerra colonial à espera dos rapazes, pelo que a emigração masculina significava muitas vezes mais que um sonho, era a fuga a uma realidade que matava...

Há muito bom gosto nesta realização de Paulo Rocha. Além da boa escolha do par que protagoniza a longa metragem (Isabel Ruth e Rui Gomes), há a guitarra de Carlos Paredes que enche o écran. A fotografia também é muito boa. É curioso, o realizador mostra-nos as avenidas novas que crescem e ocupam uma nova parte da cidade, mas também as zonas campestres, que continuavam a resistir ao tempo, à medida que se íamos afastando do centro da Capital.

O filme retrata mesmo um tempo de mudança, no país e no cinema...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, fevereiro 25, 2025

O pão, a verdadeira "gasolina" das nossas vidas...


Faz-me confusão o que acontece hoje com o leite e o pão, que continuam a ser alimentos essenciais na vida das pessoas, principalmente para as mais pobres, e mesmo assim, deixaram de ter qualquer protecção, recebendo aumentos como qualquer outro produto.

Talvez não falte muito para serem olhados da mesma forma pelo mercado, que o gasóleo e a gasolina, com subidas e descidas quase semanais (até porque devem continuar a ser os alimentos mais vendidos)...

Talvez seja este o maior reflexo do capitalismo que nos comanda as vidas (sem termos pedido), disfarçado de liberalismo e até de social democracia, que mostra as garras de uma forma cada vez mais destemida.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, fevereiro 24, 2025

O gostar de me sentir criativo, o gostar de me sentir vivo...


Tenho mais vezes do que devia, a sensação de que a nossa cabeça está longe de funcionar de uma forma regular.

É a explicação que encontro para as manhãs (ainda antes das sete...), em que as ideias se vão avolumando e querem muito passar para o "papel"...

Por preguiça (cada vez me levanto menos a estas horas, até por normalmente me deitar depois da uma e meia da manhã, continuando a alimentar hábitos que ficaram da "santa pandemia"...), deixo muitas destas ideias escaparem...

Esta manhã elas esperaram por mim, mesmo que só me tenha levantado à hora normal, alguns minutos depois das oito. Senti-me feliz, e foi por isso que mesmo antes de tomar o pequeno almoço, registei quase todas as "ideias" no portátil que mora quase sempre na mesa da sala.

Gosto de começar as manhãs assim. Gosto de me sentir criativo, gosto de me sentir vivo...

(Fotografia de Ana Sofia Eme - Caldas da Rainha)


sábado, fevereiro 22, 2025

Os estardalhaços de Trump e os silêncios quase ensurdecedores dos nossos dirigentes (desportivos e políticos...)


Enquanto o mundo assiste diariamente a números de circo, oferecidos pela trupe americana, com pinos e fliques flaques, à frente e à rectaguarda, e claro, muito ilusionismo e malabarismo (números que fazem com que se tenha dificuldade em adivinhar o que irá acontecer amanhã...), no nosso Portugal é tempo de "silêncios ensurdecedores"...

Se um desses silêncios é compreensível, pelo menos para mim (o do Benfica e do Sporting em relação ao "rei do norte"...), o outro é muito mais estranho. Falo do primeiro-ministro, que tenta imitar o seu "ídolo" Cavaco, esquecendo-se que passaram trinta anos desde o tempo que este deixou de ser o chefe de Governo, e que já era criticado, por ser um político de muitas certezas e de poucas explicações.

Quando alguém é eleito para chefiar um governo, tem de dar explicações, não se pode, nem deve, remeter ao silêncio, como Montenegro fez (e faz a quase tudo...) em relação ao facto de existirem algumas dúvidas sobre as suas ligações aos negócios de família ligados ao imobiliário. Até porque quem não deve não teme...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Deve acontecer com toda a gente (ou talvez não)...


Estávamos à mesa e como sempre o passado estava ali, junto a nós, mesmo que não existisse nenhuma cadeira vazia.

O meu irmão fala-me sempre dos amigos que perguntam por mim e que não vejo, na maior dos casos, há mais de quarenta anos. 

Apetecia-me estar com eles, acenar-lhes, sorrir-lhes e trocar algumas palavras...

Não sei o que é que a minha filhota pensa disso, não falámos muito na viagem de regresso na companhia da chuva. Ela passou o tempo todo a cantar por cima das canções da sua "lista" de preferências.

Já em casa, depois de ter ficado quase uma hora na fila de carros antes da Ponte (felizmente parara de chover...), decidi ir andar, ir a Cacilhas ver o Tejo e as barcas.

Foi quando voltei a recordar alguns amigos, além do Paulo e do Quim, de quem o meu irmão falou, lembrei-me do Chico, do Rui, do Duarte, do Borga, do Buiça, do Luís, do Lemos, do Nuno... 

Pensei em várias coisas, até no facto de só me aparecerem memórias masculinas da infância e começo da adolescência. Pois, eu cresci num tempo em que o mundo estava muito mais dividido, entre homens e mulheres... as miúdas nem sequer jogavam à bola connosco (a Cristina devia ser a excepção, mas ela era uma "maria-rapaz"...).

Foi quando achei que isto devia acontecer com toda a gente... Mas veio-me logo outra ideia, não, não devia acontecer a toda a gente, só "aos que partiam".

Sim, só quem parte para outra cidade, para estudar ou trabalhar, e nunca mais regressa para ficar (apenas para visitar...), vai perdendo o rasto às pessoas, que o ajudaram a crescer e a pensar que era feliz...

Apenas os lugares ficam, e mesmo esses, vão mudando, não conseguem resistir ao presente e ao futuro...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, fevereiro 20, 2025

O chão está a querer fugir-nos dos pés, sem tremer...


Agora sim, o chão está a fugir-nos dos pés.

O "tremor de terra" é diferente, esta mundança é suave, não aparece sequer na escala de richter.

Por um lado temos um louco a tentar ser o "quarto imperador" do mundo, a virar tudo de pernas para o ar, tornando-se inimigo dos amigos e amigo dos inimigos. Ou seja, é algo que tem tudo para correr mal.

Por outro, temos a inteligência artificial, um instrumento perfeito para todos os "medíocres", que não sabem escrever nem têm grande capacidade criativa. A IA ajuda-os a tornar os textos mais perfeitinhos e as imagens completamente surpreendentes, em muito menos tempo e sem gastar "massa cinzenta".

Eu só espero poder continuar a ser espectador, que todas estas alterações surjam, pelo menos sem que se percam mais vidas humanas, mesmo que isso pareça cada vez mais difícil. 

Sim, Gaza é o maior exemplo de que a vida humana vale muito pouco, quando está misturada com questões ligadas à geoestratégia política e económica...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, fevereiro 19, 2025

Nem sempre temos noção "do que é sofrer"...


Ainda não me tinha acontecido uma coisa parecida, nas ruas, uma senhora chamar-me e pedir-me o braço.

Voltei atrás, sem perceber muito bem o que ela queria. 

A senhora só queria chegar a casa e devia estar com alguma dificuldade, embora morasse apenas a setenta, oitenta metros daquela esquina. 

Dei-lhe o braço de uma forma desajeitada, ela disse-me para deixar o braço normal e depois agarrou a manga do meu casaco e seguimos na direcção da sua casa. Para me descansar e perceber que não morava no fim da avenida, disse que ficava ao lado dos "Pinto's (barbearia)".

E depois nunca mais parou de falar. Fiquei a saber que estava cega de uma vista e da outra tinha um glaucoma e outro problema qualquer, ou seja devia ver pouco mais que sombras... Também me falou de um tratamento inovador, que usava o seu próprio sangue. Fiz-lhe poucas perguntas, uma delas foi se vivia sozinha. Disse-me que vivia com uma senhora de 93 anos. Quase que me silenciou...

E depois chegámos à sua porta. Tinha um carrinho de compras, tentei ajudá-la, foi quando percebi que estava carregado. Ela disse-me que não era preciso, acrescentando que o carro era a sua "bengala".

Deixei-a e fiquei a pensar que nos queixamos de mais, e que nem sempre temos noção "do que é sofrer"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, fevereiro 18, 2025

Ter e não ter memória, gostar e não gostar de liberdade...


Talvez quem tenha a memória mais fresca, quem nunca conseguiu deitar fora as piores coisas que lhe aconteceram durante as ditaduras salazarista e marcelista, se sinta mais chocado, e até envergonhado, com o que se está a passar à nossa volta. 

Talvez.

É por isso que o Mário, por muito que se esforce, não consegue perceber como é que se chegou até aqui, como é que as pessoas têm sido capazes de eleger quem lhes quer dar cabo da vida e roubar direitos, que ofendem a dignidade de todos nós como humanos.

Não entende, sobretudo as mulheres. Elas que deviam fazer toda a diferença e que são pelo menos metade da população do planeta. Como eu o percebi quando ele disse que, talvez muitas sonhem com o regresso à sua vidinha de donas de casa e a voltarem a ter um "dono"...

Não disse quase nada. O Mário disse quase tudo. Quem ama a liberdade e têm a mania que somos todos iguais tem ainda mais dificuldade em perceber tudo isto que se está a passar à nossa volta...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, fevereiro 17, 2025

Estar perto e longe da minha vista...


Às vezes acontecem-nos coisas quase surrealistas, daquelas fáceis de explicar e difíceis de entender.

Estávamos à distância da largura da rua, demasiado movimentada, para se passar para o outro lado, sem esperar pela mudança do sinal.

Ligaste-me a dizer que precisavas de falar comigo e enquanto íamos conversando vi que uma mesa do café tinha ficado vaga e coloquei as minhas coisas numa das cadeiras, a marcar lugar. Quando olhei para fora, já não estavas. Ainda estávamos a falar como os maluquinhos que andam por aí, quando peguei nas minhas coisas e vim até à rua e não havia qualquer sinal de ti.

Não podias estar longe. Devias ter contornado a esquina mais próxima e ficaste longe da vista. Entretanto um de nós desligara o telemóvel (devo ter sido eu, que com a minha surdez natural, ouvia  mais os ruídos urbanos que a tua voz...).

Atravessei a rua mas acabei por seguir na direcção contrária, ou seja, em vez de me aproximar, estava a afastar-me de ti. Foi quando o telemóvel voltou a tocar. Disseste que estavas sentada na esplanada rente à igreja, à minha espera.

Foi quando percebi o que tinha acontecido. E sim, tinhas razão, era um lugar mais sossegado para se conversar. Além de haver sempre mesas à espera de pessoas, os clientes habituais era gente que bem sequer conhecíamos de vista...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, fevereiro 16, 2025

Carlos Paredes, entre o Génio e o Improviso


Um dos grandes génios da nossa música faz hoje 100 anos.

Curiosamente escolheu um instrumento, que antes dele, estava quase limitado ao fado. Sei que estou a exagerar, mas apetece-me dizer que a guitarra funcionava muitas vezes, apenas como "dama de companhia", dos cantadores e cantadeiras de fado.

Com Carlos Paredes chegou ao cinema, à dança e a outros géneros musicais, com improvisações até no jazz...

Numa das últimas entrevistas que Carlos deu ao "Público" (18 de Março de 1992), explica muito bem as diferenças entre ele e os guitarristas de fado, falando inclusive de Amália:

«O Charlie Haden é um homem do jazz, do contrabaixo, e fez-me umas propostas interessantes. Eu limitava-me a introduzir também a guitarra, improvisando. Se eu hoje quisesse acompanhar a Amália não conseguia. Os guitarristas que a acompanham são especialistas que, à sua maneira, criam coisas novas. Eu já não seria uma pessoa para isso. O mais certo era ter de desistir logo. É como se tocássemos instrumentos diferentes.»

É verdade, o "instrumento" de Carlos Paredes, foi-se tornando, com o tempo, cada vez mais diferente do dos outros guitarristas, para felicidade de todos nós.

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


sábado, fevereiro 15, 2025

É sempre a velha história, "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"...


Olhamos para a frente, para o lado e para trás, e sentimos que a velha história, do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço", permanece sempre actual, consegue adaptar-se a todos os tempos e a todas as gentes...

Quando o vice-presidente dos EUA vem à Europa dar lições de liberdade, quando limitou essa mesma liberdade aos nativos do seu país, está tudo dito, mostra como tudo anda de "pernas para o ar". Até agora, a falta de liberdade nunca foi um problema no velho Continente, faz parte sobretudo das Américas, das Áfricas e dos Orientes...

O primeiro-ministro há muito tempo que segue a cartilha mofa cavaquista, só lhe falta mesmo munir-se da imortal fatia de bolo rei, e mastigar as palavras, em vez de responder aos jornalistas (o que só faz quando lhe apetece e apetece-lhe muito poucas vezes, à frente das câmaras). Ainda consegue suplantar o Costa, na arte de fingir que "está tudo bem", como se não fosse ele o principal responsável pela governação...

Não deixa de ser curioso, que tenha sido uma mulher do Chega, a despertar o Parlamento, para um ano de insultos, de falta de respeito e de mentiras, de um grupo de bandalhos, que pensa que "vale tudo, menos tirar olhos", naquela que deveria ser a Casa da Democracia e não da bandalheira. Apesar de ser um partido misógino, xenofobista, racista e machista, consegue ter mulheres a disparar para os seus próprios pés e a ofender outras mulheres...

Esta frase também pode ser aplicada ao "rei do Norte", que nos deixou hoje. Embora seja dia de "dizer bem", continuo a ter a mesma opinião, que tem por exemplo, Frederico Varandas. Não esqueço o que vi nos Estádios, no começo dos anos 90 do século passado, em que reinava outra figurinha histórica dos nortes, o "guarda abel", que era de carne e osso e não uma mera personagem de ficção...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, fevereiro 14, 2025

Um mundo com mais diferenças que segredos...


Houve um tempo em que montava (ou ajudava a montar...) muitas exposições.

Isso fazia com que tivesse alguma proximidade com a gente que pintava e fotografava (com mais e menos talento). Foram tempos de aprendizagem e sobretudo de partilha.

Por saber que o artista é por natureza opinativo, e tem um ego com algum tamanho, nunca fui um impositor, nunca dizia "isto assim é fica bem", preferia perguntar, "acham que isto fica bem assim?". Ficava quase sempre...

Tentava também que percebessem que as exposições não são "mundos fechados". Embora não existam mil maneiras de as tornar quase num só "corpo", há com certeza, pelo menos uma dúzia de possibilidades diferentes de lhes oferecer harmonia. É por isso que eles ainda acham que os quadros devem ser nivelados por cima ou por baixo. Eu continuo a gostar mais da centralidade...

Hoje voltei a esses tempos, ajudei a montar a exposição de três amigos.

Falei com um deles sobre o seu percurso. Fui mais longe, disse-lhe que ele era um artista, porque foi à procura do seu caminho, nunca procurou copiar ninguém...

Ele não respondeu com palavras, abanou a cabeça afirmativamente.

Muitos nunca o chegam a descobrir, mas o mundo das artes, alimenta-se mais das diferenças, da procura do próprio caminho, que dos segredos, que faziam parte da "mitologia" de alguns mestres...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, fevereiro 13, 2025

«Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»


Sei que me repito, mais vezes do que devia, aqui no "Largo".

Isso acontece por várias razões. A mais evidente, talvez seja por continuarmos a debatermo-nos com os meus problemas de há quarenta e trinta anos, na cultura.

As "repetições" também fazem com que perceba que sou mais lido do que penso, por pessoas que conheço. 

Hoje  recebi dois telefonemas de gente do teatro. Gente que não faz telenovelas (não são das que que não participam porque não querem, são das que nem sequer são convidadas, porque não andam em "grupos", não engraxam botas, muito menos vão para a cama com este ou esta, apenas porque faz parte do contexto televisivo novelesco...).

Gente cansada de promessas e de ouvir mentiras.

Embora se fale que há novos públicos entre os jovens, estes continuam a ser poucos, as salas continuam a estar vazias, depois da estreia...

Embora exista muita gente que seja contra a subsidiodependência, é a única forma de se fazer teatro em Portugal (até mesmo o Lá Féria precisa de apoios...), tal como noutras artes menos mediáticas, como a dança ou a música sinfónica, por exemplo.

As pessoas sabem que a única forma de evoluirem, é trabalhar todos os dias, ser esta a sua única ocupação profissional. Não terem de fazer uns "ganchos" num bar de um amigo, no café do pai ou por gostarem de viver de noite, irem ao raiar do dia ao MARL, buscar fruta e os legumes para a banca que a tia tem na Ribeira... Ou se forem músicos de orquestra, para conseguirem fazer férias no Algarve, arranjarem um "part-time" como músicos nas touradas, que realizam em Albufeira para turistas.

Fazem-me sempre a pergunta do "milhão": «Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»

Tenho várias teorias, mas ao certo não sei. 

Não sei mesmo. Neste tempo de percepções, penso demasiadas vezes sobre estas coisas das culturas e fico com a sensação, de que cada vez sei menos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, fevereiro 12, 2025

A arte de contornar o "não"...


Se há uma área onde o normal é recebermos o "não", como primeira resposta a qualquer projecto que seja apresentado, é a Cultura.

Estava a ver o programa biográfico "O Portugal de...", com a actriz Joana Barrios, e, quando ela falou que passa o tempo a "contornar o não", levou-me de viagem pelo tempo, fez com que recordasse as muitas coisas que fiz por teimosia, apenas por receberem com primeira reacção, o tal "não". Mesmo que raramente nos seja dita essa palavra, nua e crua.  Sim, rapidamente percebemos que a palavra "não" tem milhentos significados...

Almada teve durante muitos anos um vereador da Cultura que ficou conhecido como o "nim", porque embora não usasse a palavra "não", raramente se comprometia com o que quer que fosse. Parece que ainda o estou a ouvir dizer, "vamos ver", ou "isso é muito interessante", que qualquer bom conhecedor da personagem, percebia que o "não" estava praticamente garantido...

É também por estas coisas que gostei muito de ser activista cultural, de ter contribuído para a realização de centenas de iniciativas, por ser um "artista" na arte de "contornar o não" (pois é, a teimosia nem sempre é defeito...).

Hoje essa "pessoa" já não existe. Às vezes tenho saudades dela, outras nem por isso. Sei que se "ela" tivesse recebido ontem, como resposta a um e-mail, menos de um décimo do apoio necessário para um actividade importante que pretendo realizar em 2025, não diria o que eu disse, não responderia: "grato pelo apoio".

É nestas pequenas coisas que descobrimos que a idade nos torna mais flexíveis, menos radicais...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, fevereiro 11, 2025

Pessoas que se acham "gigantes", mesmo que vivam em mundos demasiado pequenos...


Estive ao telefone com a minha mãe. Como de costume, com apenas uma ou duas palavras, juntaram-se uma imensidão de frases, quase todas com sentido.

Mesmo sem ter nada a ver com o assunto, quando passámos o olhar por este mundo que nos cerca, com tantos bandidos com o poder de matar, por esses continentes fora, fiquei a pensar nos "anões" que nos rodeiam, que quando se olham ao espelho fingem olhar para "gigantes".

E depois também passámos os olhos pelas pessoas demasiado vulgares que se acham os maiores de qualquer "cantadeira", mesmo que não consigam sair da mediocridade.

Ela sempre foi o pendulo de equilíbrio da nossa casa. Muitas vezes penso que é a melhor pessoa que conheço, por ser capaz de relativizar o "mal", e continuar a achar, com a proximidade dos 90 anos, que só se pode combater o mal com o bem.

Não adianta eu dizer-lhe que é impossível combater um Trump, um Putin ou um Netanyahu, com bondade... 

Claro que ela tem razão, mesmo que isso conte pouco nos dias que correm, porque todos percebemos que não se combate a guerra com a guerra, todos ficamos a perder, sempre. 

Quem mais deve sentir isso, são os ucranianos, os palestinianos, e os russos e israelitas que têm o coração no sítio...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

 

segunda-feira, fevereiro 10, 2025

Esta coisa de "não conseguir respeitar quem não me respeita"...


Embora possam não ser muito "católicos", há vários princípios paternos que sigo, quase sem me aperceber. Percebo, pela minha experiência de vida, que não consigo ser de outra maneira...

Talvez seja mais uma dessas coisas que nascem e ficam para sempre connosco, e das quais até me me orgulho. 

Uma das coisas que tentei passar aos meus filhos, foi um traço definidor do pai, muito simples e não menos importante, que nos foi transmitido através de palavras e actos ao longo da sua vida, de que: "ninguém é mais nem menos que nós".

Pensei nisso hoje, depois de ser atendido de uma forma estúpida, e perceber, que o facto de não me calar, iria fazer com que "pagasse com juros este meu atrevimento". E de facto assim, aconteceu, o que poderia ser resolvido em 10 minutos demorou 60... E apenas para me mostrarem "quem é que mandava ali".

Fui salvo por uma Beatriz, que embora fosse uma pessoa normal, tinha quase ar de "anjo", no meio de todos aqueles "belzebus", apostados em dificultar a vida dos outros...

Já escrevi mais que uma vez sobre todos estes "dificultadores", que adoram tornar o fácil difícil, e que parecem estar sempre em maioria nos lugares de atendimento público (não comprei nenhum pneu, a fotografia é apenas irónica, como outras que publico aqui). São quase uma "praga"...

Claro que, também sei que já não vou mudar, depois dos sessenta. Até por ser mais forte do que eu, esta coisa de "não conseguir respeitar quem não me respeita"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, fevereiro 09, 2025

A nossa cidade mais surpreendente...


Não deixa de ser curioso, que a nossa escolha sobre as cidades, que mais nos conseguem surpreender, acabe por ter no começo da lista, algumas daquelas que conhecemos melhor. 

Claro que este efeito surpresa não ganha vida na pequena cidade onde crescemos e tudo nos parece igual. Normalmente, isso acontece sobretudo nas urbes de dimensões razoáveis.

Achei curioso a Rita falar-me do Porto, quase como se a Invicta fosse uma aldeia. Eu sei que o normal é todas as cidades portuguesas parecerem pequenas, quando são colocadas ao lado da Capital. 

Isso não acontece apenas pela dimensão de Lisboa, há também o seu peso histórico e social, mas sobretudo um certo bairrismo, que consegue oferecer arquitecturas, cores, cheiros e olhares diferentes, quando subimos e descemos as mais de sete colinas lisboetas.

Quase todas as vezes que passeio por Lisboa, descubro uma coisa nova. Acho que é por isso que gosto tanto de entrar nos bairros e ruelas menos centrais. Sei sempre que vou ficar surpreendido...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


sábado, fevereiro 08, 2025

«Não sei se alguém hoje, quer ter uma gravata quando for grande. Eu queria...»


Na mesa onde se discute o "sexo dos anjos" mais vezes do que o costume, desta vez falou-se da facilidade com que hoje se pode escolher o que queremos ser amanhã.

Foi a Clara que começou aquele diálogo, quase com um "no meu tempo não era assim", feliz por se ter evoluído muito na educação, por hoje haver mais escolhas, mais vagas, para tudo. Houve quem a entendesse mal, eu nem por isso.

Claro que o Jorge também tinha razão, cada vez há menos jovens para as vagas que existem nas universidades e politécnicos. Isso dá-nos uma outra ilusão...

O Rui foi ainda mais claro, que todos nós. Falou do seu caso. Acabou o 12.º ano e teve de ir trabalhar, porque não lhe apeteceu ir para uma privada, pagar um balúrdio de dinheiro. E abrir um precedente lá em casa, onde todos estudavam no ensino público. Para entrar nos cursos que queria (História e Comunicação Social) tinha de ter uma média superior a 17 valores. Vi-me quase ao espelho, os meus quinze valores de média final (com a PGA) só davam para entrar em cursos "manhosos"...

Neste aspecto a Clara estava certa. Não valia a pena falarmos se se sabia mais ou menos, até porque, provavelmente, todos tivemos tios que diziam que a quarta classe  antiga valia mais que o quinto ano (nono), com se fosse possível fazer essas comparações...

Foi quando o Alberto, que fingia muitas vezes que não ouvia as nossas conversas, mesmo que todos gostássemos de "parlar à italiana", de trás do balcão teve uma daquelas saídas que nos deixou todos a pensar e sem sabermos muito bem o que dizer: «Não sei se alguém hoje, quer ter uma gravata quando for grande. Eu queria...»

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, fevereiro 07, 2025

«Somos uma cidade de velhos e estrangeiros»


Basta olhar para quem passa por nós para concluir que há mais que alguma verdade na frase do Carlos, de que: «Somos uma cidade de velhos e estrangeiros.»

Ainda lhe perguntei: «E nós, somos o quê?», para ouvir logo de seguida: «Se não somos chineses, somos velhos.»

Não é apenas Almada, que oferece este retrato. Todos sabemos que a nossa população  continua a envelhecer, de Norte a Sul.

Acabámos por falar do inquérito/ sondagem, divulgado esta semana, que nos disse que 73% dos nossos estudantes universitários, pensam emigrar, mal acabem os cursos.

Não se ouviu qualquer  "ruído", pela parte dos políticos, do governo ou das oposições. Mas é triste, andamos a formar jovens para servirem outros países, com tudo o que isso tem de negativo para nós.

Mesmo que sejam apenas 40% por cento, é um número que devia assustar os governantes e obrigá-los a agir, a criar mais incentivos para que os jovens não se vejam "obrigados" a emigrar...

Claro que os problemas de Portugal não se resumem apenas aos dos jovens. Há vários anos que não somos um país para jovens, para velhos ou para estrangeiros (os com dinheiro não contam...).

O mais triste é perceber, diariamente, que os políticos continuam a fingir que resolvem os problemas, sem que resolvam coisa alguma. E depois ainda têm a lata de se fingirem indignados por um militar ser o preferido dos portugueses nas sondagens para a presidência da República...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, fevereiro 06, 2025

Uma boa conversa sobre a falta de "planícies" nas cidades...


Estava quase a entrar no quintal, quando vi um homem sentado no degrau do portão, a fumar um cigarro.

Normalmente encontrava uma ou outra mulher ali sentada, a descansar, a meio da subida, demasiado íngreme e longa, com o saco das compras ao lado. Desviava-me para entrar, dizendo-lhes para continuarem sentadas a descansar, quando se preparavam para seguir viagem.

O fumador fez-me lembrar um tio emprestado, que também esteve ali sentado a fumar um cigarro "às escondidas" (a mulher e o médico diziam que lhe fazia mal, só que como lhe sabia bem, nunca deixou o vício...), a quem fiz companhia. 

Estivemos por ali a conversar, há uns bons vinte anos. O tempo é aquela coisa que todos sabemos...

Ele era uma pessoa divertida e entre outras coisas, depois da passagem de algumas pessoas de idade, por nós, disse-me que todos aqueles que tivessem mais de sessenta anos deviam ser proibidos de passar por aquela rua, a pé, tanto a descer como a subir. E acrescentou, que com o passar dos anos, descer tornava-se mais penoso que subir, por causa dos joelhos. E quem tenha jogado à bola, como ele, ainda pior...

Mas o melhor estava ainda para vir, quando ele quis quase sustentar a tese sobre "proibição" de uma forma alegre: «Esta descida é tão vertiginosa, que ainda aparece aqui alguém com dores nos joelhos que cai na tentação de, em vez de descer a rua, normalmente, começa a rebolar até lá baixo.»

Soltámos ambos uma gargalhada, que fez com as mulheres da casa viessem à janela e ele tivesse de apagar o cigarro à pressa, sem escapar de ouvir boas da esposa, enquanto me piscava o olho, quase a querer dizer-me: "deixa-as falar, ninguém me tira o prazer de uma boa cigarrada"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Desconfiar da própria sombra, deve ser tão triste...


Sinto que cada vez mais se desconfia da generosidade e da bondade do outro, do desconhecido que é capaz de ajudar alguém, sem esperar nada em troca. Algo que os ditos não querem, nem "conseguem" fazer.

Para eles não há mundo "sem retorno directo", ou seja tudo o que se faz tem um qualquer objectivo.

Ainda não percebi se é um problema do coração ou da alma.

Já senti essa desconfiança, mais que uma vez, mesmo assim não consigo ser indiferente. Pois é, há automatismos que não consigo controlar, mesmo sem andar por aí armado em "escuteiro", a fazer a boa acção diária...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, fevereiro 04, 2025

Dois livros infanto-juvenis com uma leitura diferente...


Estava a arrumar livros quando me apareceu "A Floresta", de Sophia de Melo Breyner Andresen (junto da "Menina do Mar"). Ambos faziam parte dos livros "escolares" dos meus filhos. Fiquei na dúvida, se alguma vez o tinha lido. Mais tarde vi que não constava na "lista". E assim como quem não quer a coisa, comecei a lê-lo...

Não fiquei muito espantado com a história, achei que o anão que apareceu à menina era tudo menos um estranho, mesmo que a sua tarefa de guardião centenário de um tesouro, procurasse ser original.

Achei também curiosa a forma como a Sophia descreve a perigosidade do dinheiro, e de como os "ricos" não conseguem viver num mundo sem "pobres"...

Quase ao mesmo tempo comecei a folhear as "Aventuras de João sem medo", do José Gomes Ferreira. Também não li este livro, enquanto jovem. Recordo-me de ter gostado muito de ler "O Mundo dos Outros" no começo da adolescência, mas as aventuras do João ficaram adiadas, até hoje...

É curioso, como a leitura de um adulto, é completamente diferente da de um jovem, num livro que finge que esconde as histórias de um país desigual, cheio bandidos, capazes das maiores atrocidades, e claro, uma ou outra fada, aqui e ali, para amenizar as "desgraças"... Ou seja, senti este livro tão político, tão anti-salazarista...

São claras as mensagens literárias da Sophia e do Zé Gomes, do ponto de vista social. Mensagens que se encaixam muito bem neste nosso tempo, com o regresso de velhas práticas, que trazem para o poder os adoradores de "moedas de ouro" e os "ditadores", que tanto gostam de condicionar a vida dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, fevereiro 03, 2025

Quando até querem que o Mundo deixe de ser uma bola...


Estava sentado no metro que ia "furando" a cidade, quando se sentou à minha frente uma mãe e uma filha. Esta devia ter sete, oito anos, e falava com entusiasmo da escola.

Pouco tempo depois, o tema da conversa tornou-se mais gestual e perceptível. Falavam do formato do Planeta. O que me chamou mais a atenção foi a mãe falar de percentagens, que 80% das pessoas achavam que a Terra era redonda e 20% que era plana. 

Não sei onde foi que ela foi buscar estes números...

O que achei mais estranho foi a miúda não estar muito convencida com esta evidência. Era algo que nunca foi sequer discussão na minha casa, há mais de cinquenta anos. Nem tão pouco os meus avós, analfabetos, alguma puseram em causa a forma esférica do Planeta.

A ciência dizia e percebia-se a espaços, até pelas linhas do horizonte, que sim, o Mundo era mesmo uma bola...

Não estava à espera que os "negacionistas", com mais ar de ilusionistas que de burros, em pleno século XXI, conseguissem, através das redes sociais - cada vez mais mentirosas -, levantar questões que pensava terem ficado ultrapassadas no final da Idade Média...

(Fotografia de Luís Eme - Lua)


domingo, fevereiro 02, 2025

As coisas que não se explicam...


Evito passar pela nossa rua.

Até porque quando olho para a janela da sala, que abríamos de par em par e onde dizíamos bom dia, boa tarde e boa noite à cidade, fico a pensar que ando a imaginar coisas.

Apeteceu-me telefonar-te e perguntar se ainda tocas viola e cantas as canções dos "comunas", mesmo que todos soubéssemos que o Zeca fosse o seu próprio "comité central" e o Adriano continuasse a ser o gigante, que era amigo do tio Zé, ambos de outras esquerdas. 

Foi quando me lembrei que não tenho o teu número actualizado. 

Pois foi, passou tanto tempo. 

O engraçado da coisa, é que as coisas pioram quando viro costas. O prédio que agora é cor de rosa volta à nossa cor. Sim, os nossos amigos de então sabiam que vivíamos no terceiro andar direito, da "casa amarela"...

Claro que não olho para trás. Não preciso de confirmar, que o nosso prédio é amarelo.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, fevereiro 01, 2025

«Quem és tu, tempo?»


Foi quase de repente... e agora é Fevereiro.

Tanta coisa que era para ser feita em Janeiro, que nem sequer chegou ao papel...

Posso encher-me de desculpas, dizer que o tempo não ajudou, que a chuva até chegou ao Algarve.

Mesmo que seja verdade, é uma desculpa. Mais uma desculpa, entre muitas. As desculpas Fazem parte da nossa vida, e coisa curiosa, até nos ajudam a viver...

A única verdade que conheço é que nunca consegui andar à frente do tempo. E agora ainda fico mais para trás...

É por isso que te pergunto: «Quem és tu, tempo?»

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)