quarta-feira, agosto 31, 2022

O País que Desanda Mais do que Anda...


Não é preciso ser muito esperto ou inteligente para perceber uma das razões pela qual o nosso país, "desanda mais do que anda". Raramente se escolhem as pessoas mais competentes e conhecedoras dos respectivos ministérios, para desempenharem funções como ministros ou secretários de Estado.

Quase todos os primeiros-ministros preferem "gente amiga" e  "fraca" à sua volta, homens e mulheres da sua confiança, que não contrariem ou coloquem em causa as suas ordens. Talvez seja por isso que António Costa abuse do "amiguismo" (não é por acaso que os seus governos são conhecidos pelas ligações familiares existentes: pais, filhos, irmãos, esposas, primos, cunhados, compadres, etc) e da escolha de pessoas, cuja personalidade, faz com que sejam incapazes de o colocar em causa, mesmo nas situações mais difíceis, que colocam em causa o futuro do país.

Talvez a Ministra da Saúde, tinha sido a sua maior vítima, em todo este já longo processo de governação socialista. Andou a entreter, quando as ordens superiores eram para entreter. Fingiu que fazia investimentos, apresentando números que ficaram apenas no papel. Ou seja, como não havia dinheiro... acabava por ficar tudo na mesma (ou pior...).

E o SNS chegou ao ponto a que chegou, quase em "ponto de rebuçado", para quando o PSD voltar ao poder, entregar tudo aquilo que é lucrativo, de bandeja, aos grupos privados (algo que já está a acontecer...).

Sei que Marta Temido não pode ser colocada no mesmo saco de um Cabrita ou da actual ministra da Agricultura, mas devia ter percebido mais cedo que não tinha condições para continuar como ministra. Devia saber que quase ninguém já a levava a sério na "mesa das negociações" e iriam fazer-lhe "a vida ainda mais negra", num novo mandato.

E foi o que aconteceu.

Mesmo sabendo que a direita (ao contrário do que eles dizem...), tem deixado sempre o país pior do que o encontram (há sempre um ou outro bom negócio que entregam aos "amigos" que lhes permitem ganhar milhões... só a CP ou a Transtejo, por exemplo, é que não privatizam), é uma pena que a habilidade negocial de Costa não seja igual à de governar, e continue a deitar tudo a perder. 

Enquanto formos governados por pessoas que fazem tudo para se manter no poder, mesmo que se esqueçam de "governar", continuamos a ser um "país que desanda mais do que anda". Que olha mais para o que vem de fora que para o que está cá dentro. 

Não é por isso nada estranho que a nossa juventude mais competente e instruída, continue a escapar por esse Mundo fora, onde o seu trabalho, além de reconhecido, é melhor remunerado. Ao mesmo tempo que continuamos a ser um paraíso para empresários de origem e passado duvidoso. Basta acenarem com molhos de notas, para que lhes sejam oferecidas condições superiores às dos empreendedores portugueses.

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


terça-feira, agosto 30, 2022

A Quase Vertigem de Acontecimentos que dão Vida aos Livros Pretos


Estava sem nada para fazer, quando me apeteceu ler.

Fui à pequena estante da casa de férias e andei à procura de um livro, que fosse o tal... Foi quando um pequenote, quase que me piscou o olho. Era o "Quarto 37", um policial da "colecção vampiro", dos mestres da literatura policial, escrito por Hartley Howard (fosse ele quem fosse...).

Mesmo sem estarem bem escritos, estes livros conseguem  prender mesmo a nossa atenção... apesar de ter uma letra miudinha, em apenas três bocados do dia "devorei" cem páginas da história. A técnica é a mesma das séries policiais, deixar pontas soltas e passar o tempo à procura de respostas, que vão chegando a conta gotas, até ao final do livro.

Lembrei-me também de um escritor amigo que escreveu vários livros policiais com um nome inglês, que me disse uma vez que se eu fosse um rapaz do seu tempo, também era "menino para escrever meia dúzia de policiais". Provavelmente sim. Tenho pelo menos duas histórias que continuam dentro da minha cabeça, que podiam dar livros... 

E fiquei a pensar, que, hoje até temos um canal de televisão que tenta substituir alguns dos enredos da "colecção vampiro" (sem o conseguir claro, por muito que ficcione a realidade e pinte de vermelho o ecrã da televisão)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, agosto 29, 2022

Memórias da "Quinta Pedagógica" dos Avós e de Outros Amigos de Quatro Patas da Infância...


Não começámos a falar de animais, pelos melhores motivos. Mas as queixas sobre os maus hábitos do cão da filha, que "era de casa" e fazia as necessidades onde quer que calhava, acabaram por nos levar de viagem, para histórias bem mais felizes...

Contei-lhe a história da minha infância, rodeado de animais...

Ao contrário dela, cresci com animais. O meu pai sempre teve cães, mas eram de rua, "moravam no quintal da "garagem-armazém" que ele alugara, quase no fim do bairro. A convivência foi sempre boa porque eles gostam de crianças. Os meus tios quando moraram perto de nós também tinham um "Rex" no quintal. Um pastor alemão que fui mais que uma vez buscar ao pinhal porque a garotada da vizinhança da "vila"  achavam-no parecido com um touro e faziam-lhe mil e uma partida, do lado de fora do muro. Ele não aceitava desaforos e acabava por partir a corrente, para depois saltar o muro e correr  e ladrar, lançando o pânico no corredor comum de todo aquele casario.

Havia sempre alguém que passava pela nossa casa e dizia que o "cão tinha fugido". E lá ia eu à sua procura. Ele assim que me via, corria alegre na minha direcção. Dava-lhe uma reprimenda e depois regressava a casa comigo. Às vezes levava-me quase de arrasto, tal a força que tinha, quando ouvia no corredor as vozes que o provocavam...

Mas o melhor era quando ia para a casa dos meus avós maternos. Todos aqueles pátios e currais eram uma verdadeira "quinta pedagógica". O avó tinha uma parelha de bois que o ajudava  nos trabalhos do campo, assim como uma burra e uma carroça (eram o "tractor e a froguneta" desses tempos...), porcos, galinhas, coelhos, patos, e até dois ou três porquinhos da índia, que andavam à solta num dos pátios e nem sempre se deixavam ver... Curiosamente nunca tiveram cães, e mesmo gatos, foi já na última fase das suas vidas.

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sábado, agosto 27, 2022

As "Músicas" de Fundo da Cidade e as dos Campos...


A esta hora já devo estar na nossa pequena aldeia da Beira Baixa. Provavelmente voltei a ficar sentado no quintal, preso ao céu estrelado (acredito que devem conseguir furar as nuvens deste final de Agosto, que parece um político, promete chuva, mas não passa disso de uma promessa...), que enche o céu assim que cai a noite.

É tempo de "festa". Sei que a música vai espantar a "bicharada" (o fogo deve ter sido suspenso... Espero que sim, para mim, é daquelas coisas que não fazem falta nenhuma. Prefiro acordar com o cantarolar dos galos...).

Sei que quando a "música" partir, a passarada e os grilos voltarão, para substituir - com vantagem - os ruídos que ainda permanecem "gravados" na minha cabeça: as portas a bater do prédio, o cão do vizinho do lado D, que gosta de ladrar nas escadas e as duas vizinhas dos andares da frente, que ainda mantêm o hábito de gritar nas ruas, para outras vizinhas que passam...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


quinta-feira, agosto 25, 2022

"Olha Quem Está ali, os Quatro Rapazes que Têm uma Estátua em Liverpool!"


Hoje vou continuar na na Feira da Ladra. Não é apenas falta de assunto, há sempre pequenas coisas que me deixam a pensar e despertam a curiosidade...

Foi o que aconteceu com estes dois "posters" dos Beatles. A primeira coisa que pensei foi que alguém se cansara desta "memória permanente" dos seus ídolos e resolvera fazer uma "renovação" das paredes do seu quarto ou da sala...

Mas depois lembrei-me que os Beatles passaram à história no começo dos anos setenta. Embora muito dos seus êxitos continuem vivos e a serem cantados aqui e ali, os quatro elementos da banda passaram a ter carreiras a solo a partir dessa época. Ou seja, aparentemente, só alguém mais velho do que eu, é que era capaz de ter estas duas imagens num lugar de destaque, lá por casa...

E há ainda a possibilidade dos dois quadros terem estado anos a fio no sótão ou na garagem, até aparecer alguém a querer desocupar espaço e ganhar umas moedas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quarta-feira, agosto 24, 2022

«Antes na Feira da Ladra que no Lixo...»


Esta nossa sociedade consumista deixa rasto em todo o lado. Nunca como hoje se deitaram fora tantos móveis  sofás, entre muitos outros objectos, que normalmente são depositados rente aos caixotes do lixo doméstico.

Ontem acabei por passar pela Feira da Ladra (tinha um encontro de trabalho na Graça, que é só um bocadinho acima...). Uma das coisas que me despertaram a curiosidade foi uma caixa de medalhas desportivas, que poderão ter sido conquistadas por algum antigo atleta, ou simplesmente coleccionada. Sim, pode-se coleccionar quase tudo...

De regresso a Almada cruzei-me com um antigo atleta amigo, que é muito cioso da sua vitrine de medalhas e troféus. Contei-lhe o que descobrira e ele saiu-se muito bem, na sua resposta: «Olha rapaz, antes na Feira da Ladra que no lixo...»

E como ele está certo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, agosto 22, 2022

«Parece que nem todos temos memória»



Enquanto almoçávamos, ouvimos alguém a queixar-se do barulho que um grupo fazia numa das mesas próximas. Foi o suficiente para recordarmos que aquela mesa onde agora estávamos dois, chegou a ter mais de dez. E alguns tinham uma costela italiana, era por isso que além de se falar alto, também se conversava com os braços, as mãos e algumas partes do rosto. O normal era existirem duas, três conversas cruzadas, misturadas com gargalhadas de contentamento daquele convívio tertuliano comensal...

Há sempre alguma coisa que faz com que o Chico se recorde dos tempos da meninice e começo da idade adulta... E lá aparece uma história, quase sempre com a Incrível como pano de fundo...

Ele sabe que eu gosto de ouvir as suas histórias, da mesma forma que há quem fique incomodado quando ele viaja pelo passado.

Nada que o preocupe. Foi por isso que ele disse a sorrir: «Parece que nem todos temos memória.»

(Fotografia de Luís Eme - Almada) 


domingo, agosto 21, 2022

Porque Hoje é Domingo...


Sei que, provavelmente, só quem escreve com vontade de chegar um dia, à "rua dos escritores", é que percebe as palavras de Alexandre O'Neill, em jeito de quadra, que aparecem na sua biografia (e da Maria Antónia Oliveira). 

Escritor homem casado?
sempre escritor-de-domingo
Não tem o momento azado,
sua arte é pingo a pingo.

Claro que estas palavras fazem sentido, sobretudo para todos os que sonham ser um dia escritores de longo curso (romancistas), que precisam muito de solidão, de falar com as paredes...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, agosto 20, 2022

Uma Boa Memória Quase ao Contrário...


Ao ver este cartaz não resisti a fixá-lo e guardá-lo dentro da máquina.

Fiquei a sorrir pela memória que me apareceu quase do nada. 

Uma amiga dos meus primeiros anos da idade adulta, não queria ser "Mulher de um Espião". Algo compreensível, numa altura em que temos sonhos em quase todas as mãos, e queremos tudo menos "lugares secundários" nas histórias que perseguimos. Era por isso que ela queria, sim, ser "Espia".

Esta sua predilecção estava ligada ao seu gosto pelos livros e filmes pretos, que herdara do pai (ofereceu-me pistas de excelentes policiais, que li mais tarde...) e também à forma como romanceava a Lisboa da Segunda Guerra Mundial. Esquecia-se sempre da PIDE e de Salazar. Quando a lembrava, dizia que se fosse espia, nesse tempo, não seria portuguesa... Ou seja, escapava ao controle policial português. Eu sorria e dizia-lhe que ela lia demasiados livros. O que era verdade. Também via muitos filmes. mas eu só lhe falava da "colecção vampiro".

O que será desta miúda, que não vejo há mais de duas décadas?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 19, 2022

Encontros com "Disparos" e Palavras...


Encontrei-te, na pausa, depois do almoço.

"Disparei" com a discrição possível... Talvez desses por isso, mas os problemas que te preenchiam o semblante eram mais intensos e importantes que um simples "roubo de fotografia".

Quando te deixei no mesmo sítio, fiquei a pensar que fumar deixou de ser um acto social. Agora fuma-se às escondidas e na mais completa solidão.

Como ainda és uma menina, não tens memória do tempo que se fumava em todo o lado, em quase todos os minutos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, agosto 18, 2022

Príncipe Real: o "Centro do Mundo" de Alexandre O'Neill


A biografia de Alexandre O'Neill escrita pela Maria Antónia Oliveira oferece-nos vários aspectos curiosos, um deles é a geografia humana e física do poeta, que nunca se afastou muito da zona do Príncipe Real, e que se estendia até ao Bairro Alto, Chiado, São Bento ou Rato. 

A Rua da Escola Politécnica continua a acolher o prédio azul que foi a última casa de O'Neill (2º andar do nº 48) e também as Pastelarias Cister e a Alsaciana (muito diferentes na actualidade...), lugares de tertúlia e encontros com alguns dos seus melhores amigos, que o acompanharam a vida toda.

Mas toda aquele "bairro" lhe foi familiar, viveu em várias casas desde a Calçada do Monte, passando pela Travessa da Palmeira, Rua do Jasmim ou Rua de São Marçal (a casa minúscula que chamavam o camarote dos Irmãos Marx...). Havia vários amigos que também viviam por ali, na Rua da Imprensa Nacional, na Calçada Engenheiro Miguel Pais, na Rua Monte Olivete, na Rua Luís Fernandes, Praça das Flores ou Rua Cecílio de Sousa.

E devia conhecer todas as tascas das redondezas, onde gostava de parar e conversar com a gente do povo que sempre admirou e usou em dezenas de poemas, crónicas do quotidiano e até na publicidade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 17, 2022

O'Neill e a sua Biografia (e da Maria Antónia)...


Estou a ler, e a gostar bastante, de "Alexandre O'Neill, uma Biografia Literária", de Maria Antónia Oliveira.

Normalmente não tenho grande simpatia pelos nossos "génios meio chanfrados" (como são os casos de Luiz Pacheco ou de João César Monteiro, por exemplo), mas o Xana era bastante diferente deste "dueto chupista", embora também tivesse uma vida bastante irregular, não costumava "cuspir na sopa" nem deixar os amigos "descalços".

Mas vamos lá ao livro e ao poeta O'Neill...

A Maria Antónia escreveu esta biografia por aproximações, servindo-se com mestria dos testemunhos de pessoas que o conheceram bastante bem e também de alguns textos autobiográficos (embora a memória do poeta não fosse muito fiável...). A sua primeira esposa, Noémia Delgado, tem um papel importante nesta obra. Percebe-se que ele foi o amor da sua vida, mas não guardou qualquer ressentimento com a separação, nem nunca deixou de o achar um dos nossos grandes poetas.

Gostei de saber que ele além da paixão pela poesia da vida, também gostava bastante das pessoas, de preferência gente humilde, com quem gostava de conversar e acamaradar, de igual para igual. E eram muitas vezes as fontes de inspiração para os poemas e também para a publicidade, que foi o seu melhor "ganha-pão"....

Embora estivesse longe de ser um homem bonito, viveu muitos amores pela vida fora. Era um excelente conversador, levava as mulheres à certa, com o seu humor, a sua poesia e a sua simpatia natural (e também da outra, sedutora...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa - a última casa onde viveu, na Rua da Escola Politécnica)


terça-feira, agosto 16, 2022

Não Basta Dizer (ou mesmo gritar), que as "Ruas não São Lixeiras!"


Neste século XXI, o nosso retrocesso civilizacional começa a ser evidente, em quase todos os sectores da sociedade.

Se tivesse dúvidas, bastava-me olhar para as ruas, para este espaço comum por excelência, que devia ser preservado por todos, pensando no nosso bem estar. Mas infelizmente não é isso que acontece, cada vez mais as pessoas acham que podem deixar tudo o que não querem e não precisam, nas ruas.

Só não estava à espera que agora até "lixo industrial" aparecesse rente aos contentores de lixo doméstico. Foi o que aconteceu hoje, nos  dois locais de depósito de lixo mais próximos da minha casa.

Claro que este "crime ambiental" não acontece por acaso. O constante "fechar de olhos", de quem tem responsabilidades, faz com que cada vez mais se desrespeite o que é de todos, ao ponto de qualquer dia, se terem perdido de vez as ruas, como espaços de convívio, partilha e liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, agosto 14, 2022

Estamos cada vez Melhores a dar "Tiros nos Pés (e nas mãos)"


Este título serve para quase tudo, no nosso país, onde continuamos a caminhar, de polémica em polémica, de disparate em disparate, como se não tivéssemos dias de ontem e de amanhã, nem espelhos à nossa volta.

Quem não acompanha os meandros do jornalismo, provavelmente passou um pouco ao lado da polémica que envolve a contratação de um ex-jornalista com um ordenado superior ao de ministro, para "estratega" (ou uma coisa parecida...) de Fernando Medina. Sei que muitas das críticas são movidas a inveja (ainda continua a ser a nossa melhor "gasolina" e a mais barata de se consumir...) e têm partido dos próprios jornalistas. A única coisa que me incomoda nesta situação, é que a pessoa em causa não deve ter noção que ao aceitar um cargo desta natureza, deixa de ter condições para voltar a ser jornalista. Infelizmente, o que costuma acontecer no nosso país, é os "Sérgios Figueiredos" depois de passarem pelos "corredores do poder", não terem qualquer pudor em aceitar cargos (normalmente de chefia...) na televisão ou nos jornais...

Mesmo sabendo que o jornalismo anda pelas "portas da amargura", continua a faltar uma investigação séria sobre a principal motivação dos incendiários, e claro, sobre os interesses vários que se escondem atrás dos "maluquinhos das Terras" (normalmente são eles os escolhidos para fazer o trabalho sujo dos empresários sem escrúpulos). Era bom que os jornalistas de investigação fizessem o trabalho que devia caber às polícias e aos tribunais, mesmo que lhes falte as habituais "fugas cirúrgicas" ao segredo de justiça, que dão tão jeito para fabricar "manchetes de primeira página"...

Já cansa esta "porcaria", que já vem do século XIX (que é verdadeira), de que somos um país eternamente adiado. Embora este "adiado" esteja a ser substituído a passos largos, por "destruído"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, agosto 13, 2022

Um Livro é Muito mais que um Simples Objecto...


A primeira sensação que tenho, ao ter conhecimento da tentativa de assassinato a Salman Rushdie de ontem, em Nova Iorque ( durante um evento literário, por parte de um jovem extremista de origem islâmica), é que surge completamente fora de tempo.

Quase todos pensavam que a condenação à morte defendida pelo Ayatollah Khommeini, em 1989, depois da publicação dos Versículos Satânicos já estava ultrapassada (até porque o Governo Iraniano em 1998 anunciara publicamente que não defendia a sua morte...), acontece esta tragédia.

Depois de mais de uma década a viver escondido, praticamente "fora do mundo" e com identidade falsa, Salman Rushdie, a partir de 2003 começou a tentar levar uma vida o mais normal possível, mas sem descurar a sua segurança pessoal, até porque a "guerra" entre o Oriente e o Ocidente estava ao rubro no começo do milénio.

A sua passagem do Reino Unido para os Estados Unidos da América, não aconteceu por acaso. Rushdie queria se sentir mais livre, voltar a ser um escritor e a sentir a proximidade dos leitores. O que em parte conseguiu. Até ontem...

Um livro é muito mais que um objecto, mas está longe de ser uma "arma mortifera", mesmo que assuste todos aqueles que continuam a ter medo (é ódio) da palavra liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 12, 2022

É Apenas Meia-Verdade, a "Legalenga" de que Todos os anos se Repetem os Mesmos Erros nos Incêndios


Olho para este incêndio da Serra da Estrela, que andou, a saltar de montanha em montanha, de concelho em concelho, com espanto e também alguma incredulidade. 

Por conhecer alguma da área ardida, fico com a sensação que se poderia ter feito mais, muito mais, para se estancar aquela que viria a ser uma verdadeira tragédia no nosso património natural.

Embora perceba o "deixa arder", quando não estão em risco vidas humanas e habitações, penso que ainda se tem de melhorar bastante a forma como se luta contra os incêndios. Compreendo perfeitamente que os bombeiros tenham deixado de cometer actos quase suicidas, quando se deslocavam para locais, onde não estavam devidamente protegidos (perderam-se vidas e viaturas de forma estúpida...), mas não se pode perder a oportunidade de combater os incêndios, em áreas onde é possível lutar de igual para igual para com ele. Digo isto porque a Serra da Estrela está longe de ser apenas arvoredo. Houve áreas de vegetação (rica para a pastagem de animais e que lhes irão fazer bastante falta...), onde se poderia ter feito muito mais do que se fez. 

Também penso que devem continuar a existir problemas ao nível do comando (basta estar atento ao que se vai dizendo...) quando estão mais de mil homens no terreno, com gente a mais a mandar, e algumas vezes "mal". Era bom que os diferendos entre a Protecção Civil e o Comando dos Bombeiros, fossem sanados, de uma vez por todas, e que se falasse e lutasse a uma só voz.

É por isso que eu digo, que é meia-verdade, a "legalenga" de que todos os anos se repetem os mesmos erros, pelo menos no combate aos incêndios. 

Onde se continua a falhar de forma incompreensível, é na prevenção. 

As autarquias locais e as suas populações continuam a não cuidar do que é seu e de todos (passei por bermas da estrada em Julho e Agosto com vegetação acima da minha cintura...). Já deviam ter percebido a incúria de uns pode ser a desgraça de todos...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Velha de Rodão)


quinta-feira, agosto 11, 2022

Os "Mestres de Culinária" e os Outros (que verdadeiramente interessam...)


Eu sei que podemos falar das coisas que gostamos, fugindo das partes chatas, que normalmente são chamadas "técnicas". Sim, podemos falar de fotografia, de poesia, de cinema, ou de outra coisa qualquer, sem nos estarmos a "armar ao pingarelho", ou a dar lições de sapiência.

É por isso que quando tenho à minha frente alguém que resolve armar-se em "mestre de culinária", normalmente fico em silêncio e parto de viagem, sem sair do mesmo sitio. Lembro-me sempre do bom conselho do Cardoso Pires, para quem gosta de escrever: «A primeira condição para escrever bem é saber gramática, a segunda é esquecê-la.»

Agora quando tenho por companhia alguém que  prefere falar de coisas mais simples (de fotografia, por exemplo) que se prendem com o olhar, com a procura da diferença ou com a sorte de se conseguir captar "o momento", a conversa flui e fixa-se na vida, nas coisas normais que nos cercam e que nem sempre olhamos com olhos de ver...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, agosto 10, 2022

Fernando Chalana (1959-2022)


Fernando Chalana deixou-nos hoje. 

Foi o maior génio do futebol que a minha geração teve o prazer de ver nos estádios. A baixa estatura nunca foi um problema para ele. Além de ser um dos futebolistas mais rápidos e inteligentes com a bola nos pés, tinha uma coisa fundamental para um jogador, corria sempre em frente, na direcção da baliza. Embora fosse dos melhores tecnicamente, não perdia tempo com rodriguinhos. Era senhor para "sentar" os adversários na relva, mas sem perder de vista a baliza e os seus companheiros melhor posicionados para fazerem golo, a razão da festa do futebol.

Cresceu ainda no tempo que o "futebol era a brincar", em que o profissionalismo deixava muito a desejar. A sua genialidade fazia com que fosse um dos "alvos" preferidos dos defesas adversários. E como tal acabou por ser fustigado por muitas lesões, algumas graves, que acabaram por comprometer a sua carreira, que poderia ter (e bem merecia) um final bem mais feliz.

O exemplo de Fernando Chalana (tal como aconteceu com Eusébio), diz-nos, mais uma vez,  que a genialidade e a simplicidade podem coabitar com sucesso, tanto na vida como no desporto. E ainda bem.

(Fotografia de Autor Desconhecido)


terça-feira, agosto 09, 2022

"... Acaso o Nosso Destino... Tac!, Vai Mudar?"


Volto à "Feira Cabisbaixa" e a Alexandre O'Neill, com um dos seus textos poéticos, na primeira parte deste livrinho, que embora tivesse destinatários diferentes (em 1965 existia uma ditadura e um ditador...), parece não estar longe dos nossos dias.

Vou transcrever uma boa parte da prosa poética, "... Acaso o Nosso Destino... Tac!, Vai mudar?", e não é porque sim:

«A sua explanação e a sua análise mostram a clareza do absurdo das coisas de que depende o destino dos homens e de que eles próprios o fazem depender.
A mediocridade humana esta assente numa máquina que a assegura, alimenta, promove, protege e propaga.
Quando arranjaremos coisas, factos, sentimentos, sensações sobre as quais valha a pena assentar um destino, uma vida e uma morte?...» 

Embora tenhamos "despachado" a ditadura, não conseguimos diminuir a mediocridade humana nem a máquina que a assegura, alimenta, promove protege e propaga. Máquina que dá jeito a todas as formas de poder, até à democracia...

E é assim que volta a velha questão: será que alguma vez conseguimos mudar o nosso fado, de sermos sempre um país eternamente adiado?

Em relação ao mundo, nem vale a pena falar. São outros "tostões" (aliás, dólares)...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, agosto 08, 2022

Reencontro em Tempos de Guerra



O acaso fez com que nos encontrássemos no cacilheiro, depois de nos ter desviado do caminho um do outro, por mais de 20 anos.

Foi fácil falar e sorrir, com as viagens no tempo que fizemos em apenas dez minutos. Foi tão bom o reencontro que quando chegámos a Lisboa decidimos oferecer mais alguns minutos um ao outro, caminhando e conversando sobre tudo, menos as nossas vidas, até ao Rossio. 

Foi difícil "escapar" da actualidade, da guerra que nos vai esvaziando os bolsos. Houve um momento em que ela me perguntou se eu acreditava numa terceira guerra mundial. Disse que não, mas apenas por ser optimista. Foi quando quase fomos atropelados por um grupo de jovens que andava a um passo mais rápido que nós, que nem sequer pediu desculpa pela ultrapassagem quase da selva...

Deram-nos pretexto para falarmos desta sociedade e do mau uso e também mau entendimento que se dá cada vez mais da liberdade. São cada vez menos os que percebem que a nossa liberdade começa no respeito da liberdade dos outros.

E quando demos por ela estávamos na entrada da estação dos comboios. Trocámos contactos e despedimo-nos com um abraço sentido. 

Enquanto se afastava, disse, com um sorriso aberto, que da próxima vez que nos encontrássemos, falávamos dos nossos filhos.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, agosto 06, 2022

Hábitos e Contradições da Vida Citadina...


Vou voltar ao "Homem no Arame" de Maria Judite de Carvalho, porque houve mais uma das suas crónicas ("Geometria da Cidade") a fazer-me pensar na forma como nos relacionamos na cidade com a natureza e com os animais, ao ponto de até termos criado um partido que tanto quer defender a "vida", que consegue entrar nos domínios do absurdo.

Vou transcrever um parágrafo, que apenas está "datado" pelos hábitos das crianças dos anos 70, de resto, de lá para cá, apenas transformámos o verde mais ausente ou ainda mais "sagrado":

«Na cidade as árvores são toleradas, só isso. E nem as crianças se lembram de trepar por elas acima. São crianças da cidade com os seus hábitos de televisão e cinema, de histórias aos quadradinhos, de futebol ao domingo num campo rectangular, verde e inodoro como uma bonita alcatifa.»

Com esta leitura não só pensei na relação natural que existe nos campos entre o homem e a vida vegetal e animal, onde normalmente não se limita a defender e proteger os seres vivos, também as utiliza no seu dia a dia. Claro que focando-me no pormenor das árvores, talvez já não existam crianças nas aldeias para as trepar... Ou seja, acabei por recuar também aos anos setenta, onde passava uma boa parte das férias grandes na casa dos meus avós maternos e descobria a vida de uma forma prática (com muitos disparates à mistura, próprios da "idade das descobertas"), com muitas subidas às arvores e algumas quedas, que também faziam parte do nosso crescimento.

Mas fui mais longe. Pensei que nas aldeias onde ainda existe vida de campo, que não herdaram os hábitos da cidade (ou que não se limitam a ser refúgios de reformados que interiorizaram os hábitos das cidades...), é impossível tratar um animal como uma pessoa ou fazer de uma árvore um "troféu sagrado" ou uma "estátua", onde muitas vezes nem se utiliza a sua boa sombra...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sexta-feira, agosto 05, 2022

Marcas de um Tempo, no Mínimo Estranho (e imprevisível)...


É normal ouvir dizer, aqui e ali, que algumas das coisas que ficaram no pós-pandemia, foram  mais egoísmo, menos paciência e também um maior descontrole emocional.  

Penso que sim, embora o egoísmo acabe por ser a marca mais visível. Como as pessoas praticamente deixaram de falar umas com as outras (bem dito telemóvel que substituiu com sucesso as "nuvens" e  a "lua"...), é nas situações com algum stress (as filas para qualquer coisa são um bom exemplo...), que se nota que a paciência ficou ainda mais para os chineses. E se acontecer alguma discussão, rapidamente alguém se descontrola e agride o outro verbalmente (e em alguns casos pode chegar mesmo a "vias de facto").


Acredito que as consequências da guerra na Ucrânia (a inflação galopante talvez seja a mais notória...), a própria seca severa que atinge o país, de Norte a Sul, sem esquecer o flagelo dos incêndios crónicos, assim como o que se passa no SNS, são exemplos mais que suficientes para aumentar o nosso "desnorte". 

Falámos sobre estas coisas e também sobre o aumento da violência. Apesar do alarmismo televisivo do CMTV (alimenta-se notoriamente de "sangue"...), que é capaz de repetir (e multiplicar) a notícia sobre a agressão ou assassinato com arma branca umas cinquenta vezes... há mais casos de assaltos e agressões com alguma gravidade.

Houve logo alguém que tentou culpar os emigrantes que vivem entre nós (especialmente brasileiros...). Mas nenhum de nós quis ir por aí.  Preferimos culpar as dificuldades em que se vive, com a pobreza não só a deixar de ser "envergonhada" como a começar a generalizar-se... E há sempre quem prefira roubar a mendigar... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, agosto 04, 2022

O Regresso da Chuva no Microclima do Oeste...


Ontem fui almoçar com a minha mãe às Caldas. 

Parti de Almada com o dia cinzento, mas depois de Loures, a tonalidade dos cinzentos começou a escurecer... E quando estava a chegar a Óbidos começou mesmo a chover. Durante dois ou três minutos as escovas do limpa vidros dançaram com alguma velocidade... Mas quando cheguei às Caldas a chuva já tinha sido substituída por uma "cacimba" que quase parecia maresia...

Normalmente estaciono o carro perto do Parque e dou uma volta pelo Centro da Cidade. Desta vez fui directamente para a casa da minha mãe. Mas quando percebi que a "cacimba" desaparecera e os cinzentos  clarearam ligeiramente, fui fazer o habitual giro, com passagens pelo Parque, Praça da Fruta, Rua das Montras, Borlão e Largo da Estação.

E fiquei a pensar que gosto muito mais dos dias de Verão do Oeste, mesmo com nevoeiro matinal, que nos dias com mais de quarenta graus ao sol e à sombra...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, agosto 03, 2022

"O Homem no Arame" da Maria Judite de Carvalho


O segundo livro que levei para ler nas minhas férias curtas foi "O Homem no Arame", uma selecção das crónicas da autoria de Maria Judite de Carvalho, publicadas no "Diário de Lisboa" entre 1970 e 1975.

Uma boa parte dos textos de Maria Judite contraria a história das crónicas, que estão quase sempre presas ao tempo, ou seja, são intemporais, permanecem vivos com o passar dos anos.

Um bom exemplo é a crónica/ conto, "O Cabelo na Sopa", do qual transcrevo um parágrafo, com a devida vénia:

«Que não há outra coisa a fazer? Talvez não haja. Em todo o caso, sempre é bom ir prevenindo as gentes - irmo-nos prevenindo a nós próprios - do lento suicidio colectivo em que estamos todos activa ou passivamente a colaborar.»

É difícil encontrar um texto tão actual, dentro de uma crónica, escrita há perto de cinquenta anos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, agosto 02, 2022

Os Nossos Capitalistas Selvagens (e Brincalhões)...


Há na actualidade três exemplos de práticas capitalistas, no nosso país, completamente selvagens, que recebem como resposta dos governantes, o habitual abanar de ombros, com as mãos nos bolsos, claro.

O mais escandaloso é o lucro diário de milhões das empresas gasolineiras. Enquanto uns dizem que o lucro devia ser devolvido, outros dizem que não, que não é assim que se gerem as empresas. Mas se fossemos governados por gente decente, os preços do gasóleo e da gasolina nas bombas tinham obrigatoriamente que descer, significativamente, a partir do dia em que foram tornados públicos estes lucros vergonhosos, à custa de quem precisa diariamente de transporte próprio.

Não menos escandaloso é o lucro também de milhões dos bancos, graças às taxas cobradas por tudo e mais alguma coisa.

Para não voltar a usar a palavra "escandaloso", acho curioso que os grandes grupos hoteleiros afirmem alto e a bom som, que precisam de milhares de trabalhadores, e que como tal têm de recorrer a imigrantes. Só que me parece que uma das condições para beneficiarem do "lay-off" (o Estado ajudou a suportar os ordenados dos trabalhadores durante a pandemia...) era não fazerem despedimentos. A conclusão mais óbvia que encontro, é que para precisarem tanto de trabalhadores nos seus hotéis, tiveram de "correr" com muitos colaboradores durante os tempos estranhos da epidemia...

Pois é, os nossos capitalistas, além de "selvagens", são uns "brincalhões". E como devem gostar de contar a cumplicidade de ministros e secretários de estado, que se percebe à légua que gostam mais de "cantarolar" verdadeiras "canções de bandidos", que de governar.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, agosto 01, 2022

A "Feira Cabisbaixa", Cinquenta e Sete Anos Depois...


Só levei dois livros para ler nesta semana que passou (havia por lá dezenas, se me apetecesse ler outras coisas...). Acabaram por ser uma grande escolha, por terem sido extremamente inspiradores. Provavelmente irei falar deles nos próximos dias por razões distintas.

O primeiro livro sobre o qual vou escrever é muito bom. É de poesia e foi editado em 1965. Falo de "Feira Cabisbaixa" de Alexandre O'Neill. 

Esta pequena obra editada pela Ulisseia tem poemas extraordinários, mas do que quero falar é do prefácio de António Alçada Baptista, que apesar de ter sido escrito há 57 anos, podia ter sido escrito hoje, pois retrata na perfeição estes tempos de crise, que começa a ser profunda para milhões de portugueses. E é por isso que transcrevo com a devida vénia algumas das palavras de Alçada Baptista:

«Acontece muitas vezes, quando as sociedades atravessam crises profundas, que a neurose colectiva é o meio habitual de auto-defesa e a intoxicação sistemática o processo que revela a ausência de serenidade, de espírito de ciência e de justiça, sem os quais não podemos diagnosticar uma sociedade sã. A caça aos intelectuais uma classe sem outras armas que não sejam a sua cabeça e a sua pena e que "cometem o crime" de investigar e procurar na sociedade, nas suas pessoas e nas suas instituições, nas suas linhas de força e nos seus mitos, aquilo que mais se pode aproximar dum seu maior conhecimento e duma maior libertação.»

Transcrevi propositadamente estas últimas palavras que denunciam a "caça ao intelectual", porque este está em extinção, nesta nossa sociedade de consumo e de conhecimento ultra-rápidos. Sei que é difícil perceber o sentido exacto das palavras do António, porque a Censura e a PIDE, obrigaram-no a ser extremamente cuidadoso e inteligente no uso das palavras...

Mas não posso deixar de sublinhar a existência da mesma "intoxicação sistemática" e os mesmos sintomas que nos afastam de uma sociedade sã, nos nossos dias.  Nem parece que em 2022 se vive em democracia...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)