terça-feira, janeiro 05, 2021

O Homem e o Artista, Livre, Insubmisso e Genial


O jornalismo deu-me a possibilidade de conhecer pessoas extraordinárias. Uma delas foi o João Cutileiro, que me recebeu na sua "Casa-Oficina", em Évora, como se nos conhecêssemos desde sempre, numa bela tarde primaveril.

Ninguém diria às primeiras, que aquele homem, facilmente confundido com um operário, graças às marcas de pó branco, nas peças de roupa, no cabelo e até nos seus óculos redondos, era um artista genial, capaz de pegar num pedaço de pedra e oferecer-lhe, entre outras coisas, um corpo de mulher, com todas as curvas possíveis e imaginárias.

Recordo sobretudo a sua autenticidade e o seu sentido de humor. Tantas histórias contadas dentro e fora das suas estátuas, de tamanhos diversos. Tanta vida vivida, tanto amor à liberdade...

João Cutileiro deixou-nos hoje. Felizmente a sua obra irá permanecer séculos e séculos entre nós (a pedra dura mais de mil vidas...). Neste caso particular, trata-se de uma obra singular, da qual tanto se pode gostar como detestar. 

E uma das melhores coisas, para qualquer artista, é não deixar ninguém indiferente...

(Fotografia de Luís Eme - Parque das Nações)


6 comentários:

  1. Acho que a imagem de João Cutileiro ao longo da sua vida foi uniforme.

    Bela homenagem!

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    1. Sim, o João foi um artista inteiro, que acreditou sempre nos seus ideais humanistas e na sua arte, nunca se deixou "partir" ou "repartir", Alexandra.

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  2. Bonita homenagem. Penso que ele sempre foi assim. Um artista genial e um homem simples.
    Abraço e saúde

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    1. Uma boa parte das pessoas grandes são simples, Elvira.

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  3. Segui atentamente na RTP2 uma reportagem sobre ele.
    A sua obra cá ficará a atestar a sua genialidade!

    Abraço

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    1. Um artista não pode nem deve fazer concessões, Rosa, nunca.

      João Cutileiro é um grande exemplo de um artista livre, que foi sempre apenas atrás do seu génio.

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