segunda-feira, setembro 30, 2024

«Qual é o problema de dizerem o nome, publicamente, de quem fez isto ou aquilo?»


Sei que a companhia dos "amargurados da vida", que passam o tempo a "lamber feridas", está longe de ser a melhor do mundo. Mas quando existe amizade e um passado comum, não faz qualquer sentido fingir que não podemos beber um café, por causa disto ou daquilo, de longe a longe.

Além disso, a sua lucidez continua a ser invejável. O  Jorge consegue ver sempre mais longe que eu, porque continua a percorrer caminhos dos quais fujo a sete pés. Não é propositado este meu sentido de abstração, capaz de me ajudar a empurrar os dramas para um canto qualquer e a seguir em frente, sem andar "a vida toda" a pensar em coisas pequeninas...

O homem que eu conheci há mais vinte anos no mundo das colectividades, além de ser um trabalhador incansável, tinha uma capacidade de invenção muito própria, capaz de nos poupar muitos cobres, pois como todos os artistas, era capaz de dar uma nova vida a qualquer pedaço de lixo.

Quando chegou a fase dos insultos, trouxe para a mesa meia dúzia de "figurões". Escutava-o em silêncio, com vontade de lhe dizer que ele estava a exagerar. Mas o problema é que não estava. Falava de todos aqueles que foram ocupando o poder, aqui e ali, que não tinham qualquer pudor em colher os louros do trabalho dos outros, por viverem "cheios deles mesmos". Sorri quando ele disse, que são sempre os outros a "enfrentar os cornos do touro", e que eles ficam sentadinhos, à espera do fim da "tourada".. 

Não estranhei quando ele me perguntou: «Qual é o problema de dizerem o nome, publicamente, de quem fez isto ou aquilo?» 

Ambos sabíamos a resposta. 

Este é o tempo deles...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, setembro 29, 2024

Mesmo quando crescemos e vivemos vidas diferentes, podemos não ser assim tão diferentes...


Estava a ouvi-la e a pensar, que, mesmo quando crescemos e vivemos vidas diferentes, podemos não ser assim tão diferentes...

As nossas geografias físicas e humanas saltaram para a mesa, eu que na infância e adolescência, só mudei de casa uma vez, quando passámos de uma casa de renda para casa própria. Se a mudança de casa foi boa, a de bairro nem por isso... Mesmo que nunca nos afastássemos muito dos nossos amigos que lá ficaram. Graças às nossas bicicletas, a viagem entre bairros tornava-se curta, mesmo que ficassem em pontos opostos da cidade.

Ela mudava de casa, quase ano sim ano não. O mais curioso era ela gostar disso... Falou-me de ainda pequenita, gostar de ser a primeira a entrar nas novas casas e percorrê-las lés a lés, ficando parada nas janelas, a ver o que se passava lá fora... O pai fora militar e isso levava-a a mudar de cidade com a tal frequência. 

Hoje vive na mesma casa há mais de vinte anos, mas apetece-lhe mudar, muitas vezes. É por isso que muda os móveis e os quadros de sítio, pelo menos uma vez por ano. E sente uma nostalgia boa quando se recorda das pessoas e dos lugares que conheceu, como se tivesse ficado com um bocadinho de cada um deles dentro de si...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)



sábado, setembro 28, 2024

«As estradas foram feitas ao contrário das pessoas e ainda bem»


Às vezes escutamos coisas, ditas por gente simples, que nem sempre entendemos, pelo menos às primeiras.

Foi o que sucedeu quando um dos amigos do tio, a propósito de uma "birra" de um terceiro amigo, disse: «As estradas foram feitas ao contrário das pessoas, e ainda bem.» 

Ao perceber que não tínhamos entendido a mensagem, o Armando traduziu-a quase por miúdos: «As estradas têm sempre mais quilómetros em rectas que em curvas. As pessoas, dentro delas é ao contrário, só têm curvas e contracurvas...»

Escutei estas palavras, simples e sábias, há uma boa dúzia de anos. Recordei-as, poucos minutos depois de dizer uma coisa com um sentido e ela ter sido entendida com outro...

(Fotografia de Luís Eme - Pragal)


sexta-feira, setembro 27, 2024

Dois espaços de eleição para "dar asas" à "estupidez humana"...


Por ter memória, quando faço comparações entre o ontem e o hoje, não valorizo muito a acção humana.

Oiço demasiadas vezes dizerem que "dantes não éramos assim". Claro que a história desmente todas estas teorias de que o passado "estava cheio de bons rapazes e boas raparigas". Sempre fomos (e continuamos a ser...) capazes de fazer coisas horríveis aos nossos semelhantes.

Durante anos e anos, o espaço privilegiado para a "estupidez humana" dar largas à sua revolta e raiva incontida, foram os estádios e campos de futebol (foram os "circos" romanos modernos...). Aquela gente depois de insultar árbitros, jogadores, treinadores e dirigentes, aos domingos à tarde, abandonava estes lugares, de "alma renovada", preparados para mais uma semana de trabalho, quase sempre difícil.

Com o tempo, o futebol foi-se tornando cada vez mais um espectáculo televisivo e menos um lugar de catarse humana.

Isso fez com que algumas pessoas necessitassem de descobrir novos espaços, para "dar asas" à "estupidez humana", para libertarem a "besta" que têm dentro de si. 

E quais foram os lugares escolhidos? nada mais nada menos, que as estradas e as redes sociais.

Quem conduz sabe que as vias, rápidas e lentas, estão cada vez mais perigosas, graças a quem está ao volante. Basta cometermos um pequeno erro, para soltarmos a "ira" de qualquer condutor, menos feliz com a sua vidinha. O mais curioso, é que a buzinadela do costume foi-se tornando insuficiente, dando cada vez mais espaço para insultos, provocações, e até ameaças de agressões físicas (quase sempre por insignificâncias...).

A virtualidade das redes sociais poderia relativizar a "estupidez humana", mas, infelizmente, isso acontece cada vez menos. Demonstram que ainda é possível ir mais longe e descer mais baixo, na escala humana. Porque não precisam de mostrar o rostos para "atacar tudo e todos" e facilmente metem nas suas cabecinhas, "tudo é possível"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 26, 2024

«Há maneiras diferentes das pessoas serem medíocres»


O tempo vai andando e se há uma coisa que nos vai levando, são as certezas.

E ainda bem que isso acontece. Pelo menos para mim. Gosto de ter dúvidas.

À medida que o "lençol"  se ia esticando, a língua dos presentes também se ia soltando. O que até parecia uma diversão, "versar" sobre a mediocridade e os medíocres, começou a tornar-se um drama. 

De repente parece que "acordámos" e descobrimos que eles não só estavam em todo o lado, como normalmente chefiavam qualquer coisa... 

Pois é, muitos deles mandam em nós (mal ou bem, pouco lhes interessa, gostam é de mandar), querem é que as coisas sejam parecidas com as suas vontades. 

Foi quando alguém "inventou" uma escala de medíocres. E estava certo. 

«Há maneiras diferentes das pessoas serem medíocres», acrescentou a Ana, oferecendo dois ou três exemplos.

Ninguém a contrariou, mesmo sabendo que o mundo seria uma coisa melhor sem a prevalência de tantos medíocres, um pouco por todo o lado, quase sempre com ar de "sabichões"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, setembro 25, 2024

O medo que as pessoas parecem ter, em serem "iguais aos outros"...


Não é um problema de agora, talvez até faça parte da essência humana. 

Talvez até seja eu que esteja errado (tal como o meu avô paterno parece que esteve a vida toda...). Mas como fui educado, entre outras coisas, com uma frase muito simples, de que não era mais nem menos que ninguém, esse foi um dos valores que procurei transmitir aos meus filhos.

Não é por alguém ganhar 100 vezes mais que eu, que têm mais direitos como cidadão, que eu. Tem sim, quanto muito, demasiados meios para combater a tal "igualdade" que faz parte da nossa Constituição...

Mas nem sequer vou falar destas pessoas. Vou sim, falar de quem vive pior que eu, ganha menos dinheiro que eu. E mesmo assim, tem medo da palavra "igualdade"... 

São estas contradições humanas que nunca irei perceber. Tal como o meu avô não percebia, muito menos o meu pai...

Esta é também uma das explicações para que um país demasiado desigual, em que a maior parte das pessoas recebem salários inferiores a mil e quinhentos euros, tenha colocado no poder um partido do centro-direita, que se puder, não têm qualquer problema em privatizar uma boa parte da saúde e da educação, privilegiando os seus filhos (é o que se passa com o IRS jovem...), que querem que sejam mais "iguais" que os outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, setembro 24, 2024

Quatro mulheres, quatro formas diferentes de exercer o poder


O actual governo PSD/ CDS, dá-nos um bom retrato de quatro mulheres diferentes, que também exercem o poder nos seus ministérios, de forma completamente diferente.

A primeira impressão com que fico, é que elas não divergem assim tanto dos homens, como muitas vezes se diz por aí, quando se fala, por exemplo, da tão desejada sensibilidade feminina, para resolver alguns problemas. Claro que isso poderá acontecer, por estarem em minoria no Conselho de Ministros e como forma de defesa.

Curiosamente, ou não, duas delas, parecem dois "elefantes numa sala", dando a sensação de que são melhores a criar, que a resolver problemas. Falo da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho. Começaram logo o seu ministério com aquilo que no futebol é apelidado de "entradas a pés juntos". A primeira a Fernando Araújo, a segunda a Ana Jorge, que foram tratados de uma forma ofensiva, algo que é pouco normal entre nós, pelo menos a este nível da magistratura do poder.

As outras duas, demonstram ser mais competentes, e também mais ponderadas. Falo da ministra da Justiça, Rita Júdice, e da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. Apesar de terem uma postura diferente, têm demonstrado estar à altura dos problemas graves que afectam as suas áreas de acção. 

Claro que se trata de uma opinião pessoal, de quem pensa que para a função ministerial (tanto feminina como masculina) o melhor mesmo, é não ser notícia, diariamente, e pelos piores motivos...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, setembro 23, 2024

«É a primeira?»


Talvez ele me quisesse fazer aquela pergunta há mais tempo. Talvez.

Mas naquela tarde, perguntou mesmo, chamou-me e quis saber se aquela mulher era a minha esposa. Disse que sim. E ele, ainda curioso, foi mais longe: «É a primeira?»

E eu respondi com um sorriso: «É a primeira, e única. Faço parte do "clube" dos homens que só casam uma vez na vida.»

Ele devolveu-me o sorriso e despedimo-nos com um até já.

Os nossos cafés ficavam separados por menos de uma vintena de metros. Quando me sentei na esplanada, ao lado da minha companheira, fiquei a pensar na questão, colocada por aquele homem que conhecia há mais de trinta anos. Talvez eu soubesse mais coisas da vida dele que ele da minha. Talvez.  

Curiosamente, ou não, ele pertencia a um "clube" ainda mais restrito que o meu, o dos homens que nunca casaram. 

Havia várias explicações. Mas a única, com alguma lógica, era ele ser demasiado livre para se deixar prender por uma instituição, que fingia fazer as pessoas felizes. 

Quando o conheci, andava sempre bem vestido (ainda anda, continua a usar calça e casaco, mesmo que hoje apenas faça o caminho de casa até ao café...) e sei que tinha duas ou três namoradas, mulheres separadas ou viúvas. Não tinha problemas em afirmar que nunca se metia no meio de casamentos, quando o tentavam colar a algumas senhoras casadas, em algumas brincadeiras de mau gosto. Como homem livre que era, só procurava mulheres livres...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, setembro 21, 2024

As memórias, com o tempo, tanto podem "azedar" como tornarem-se mais "doces"...


Quem passa uma parte da vida a fazer perguntas sobre os "passados" às pessoas, sabe que as "memórias" têm muito que se lhes diga. Todas. Com o tempo, tornam-se selectivas.

Temos dentro de nós algo que as pode tornar mais "doces" ou mais "azedas", à medida que os anos passam. Muitas vezes isso também acontece devido ao facto de sermos mais ou menos pessimistas.

Pensei nisso ao escutar o "passado" de um senhor com idade para ser meu pai. O mais curioso, é que à medida que ele ia falando, o informador da PIDE da história que contava, ia-se humanizando, caminhava quase para o campo aberto dos "gajos porreiros"...

De repente afastei-me do mundo dos resistentes e pensei no café que a minha avó fazia e que perfumava a cozinha da entrada e as divisões mais próximas. Cada vez que me lembro deste "perfume", a bebida fortificante (mesmo que ainda não de falasse de cafeina...) vai-se tornando mais saborosa. De certeza que a avó comprava do café mais baratinho que havia no mercado. Até porque não existiam nesse tempo as variedades e sabores de hoje. 

Tudo coisas que não lhe retiram aquele gostinho, que ficou na minha memória: de "melhor café do mundo"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, setembro 20, 2024

«Sou anarquista mas não sou parvo»


Estávamos a falar de comércios, da gente que além de passar o tempo a explorar os outros, ainda se dirige aos clientes como se lhes estivesse a fazer um favor. Normalmente acabam mal. Só conseguem subsistir se não existir concorrência nas proximidades. 

Estava a ouvir e a pensar, Foi o que se passou durante mais de vinte anos na aldeia dos meus avós, até aparecer o vivaço do Tio Zé David, quando abriu o seu "tasco"(naquele tempo estes espaços estavam divididos em duas partes, a mercearia de um lado e a taberna do outro...). Ele além de vender as coisas mais baratas, estava sempre de cara alegre, pronto para animar a festa. 

Eu adorava fazer recados à avó, só para ouvir as suas "graçolas"... 

O outro senhor não fechou a "loja" , apenas por orgulho, mas  foi tendo cada vez menos clientes...

Entretanto o Carlos trouxe para a mesa o exemplo do Fernando, que tinha um café, cuja esplanada abraçou várias tertúlias ao longo dos anos. Houve uma vez um cliente que, depois de mais um aumento da bica, chateado, disse-lhe que se ele fosse um verdadeiro anarquista, não vendia as coisas ao mesmo preço dos outros.

Fernando não era homem para perder tempo com discussões estéreis, por isso limitou-se a dizer-lhe: «Sou anarquista mas não sou parvo.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, setembro 19, 2024

Os "fora da lei", que são tão perigosos como os incendiários...


Vou falar pela última vez dos incêndios, pelo menos nos tempos mais próximos.

Incomoda-me bastante que se continue a falar das alterações climáticas, do abandono do interior ou da falta de ordenamento florestal, quando há culpados, gente com responsabilidade, que devia fazer cumprir a  lei, e não o faz.

Os incêndios só chegaram às povoações porque não foi feita a limpeza nos terrenos próximos, alguns dos quais nem sequer deviam existir, porque depois de 2017, foram aprovadas várias leis que delimitam as áreas de floresta ou matas, tanto junto às localidades como junto às estradas.

Infelizmente, o habitual facilitismo português faz com que não se cumpra a lei. A GNR fecha os olhos e não multa, nem obriga as pessoas a limparem os seus terrenos, os autarcas das Juntas de Freguesia, assobiam para o ar e fingem não perceber o risco em que colocam os habitantes de aldeias e vilas, que vivem no meio da natureza. 

Quando  surgem situações climáticas completamente anómalas, com temperatura a mais, humidade a menos e demasiado vento, o fogo transforma-se num verdadeiro pesadelo, quase sempre incontrolável. 

Mas isto não deve fazer com que se esqueçam os dramas humanos, que poderiam ter sido evitados. Para que tal acontecesse, bastava que se cumprisse a lei e se fizesse a prevenção tão necessária...

Embora pouca gente fale deles, estes "fora da lei", são tão perigosos como os incendiários.

(Fotografia de Luís Eme - Oeste)


quarta-feira, setembro 18, 2024

Portugal: o país onde a culpa normalmente "morre solteira"


Tenho lido e ouvido muitas críticas, que falam de "populismo" e de "demagogia", em relação ao discurso de ontem do primeiro-ministro.

Luís Montenegro disse que vão existir consequências sobre a catástrofe dos incêndios, que desta vão atrás dos culpados e dos muitos interesses instalados.

O "populismo" interessa-me pouco. Tenho medo é da "demagogia". Que o primeiro-ministro tenha dito todas estas coisas apenas para "inglês ver", e que amanhã ele e os outros governantes continuem a assobiar para o ar.

Quem está no terreno, sabe que mais de metade dos incêndios são provocados por "mão criminosa". Normalmente são ateados quase em simultâneo, e em zonas diferentes, onde há muito pouca probabilidade de surgirem devido a causas naturais.

E continua a existir muita incúria dos proprietários, que não limpam os seus terrenos, os seus pinhais e eucaliptais (inclusive o Estado...). Quando estes se localizam próximos de povoações ou de casas, têm de ser encarados como práticas criminosas, casos de policia. E nestes casos, também há responsabilidades públicas, tanto da parte das autoridades policiais como do poder local (Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais).

Os "comentadores" televisivos agarram-se muito às alterações climáticas, como se elas fossem as grandes causadoras destes dramas, que vão destruindo o país. 

Continuo a pensar que somos nós, os grandes culpados da maior parte das tragédias. Sobretudo quando se trata de povoações. É notório que não fizemos o suficiente para as proteger (as imagens televisivas são o grande exemplo, mostrando-nos terrenos e matas por limpar, rente a casas e a aldeias...). Como escrevi anteriormente, muitos destes culpados têm rosto e nome.

Espero que o primeiro-ministro, (tal como as ministras da Justiça e da Administração Interna nas suas áreas de actuação...), não se fique pelos discursos, enfrente este problema, com seriedade e sem medo. 

Não podemos continuar a fingir que não se passa nada, com a culpa a "morrer solteira".

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


segunda-feira, setembro 16, 2024

É mais um daqueles dias, demasiado quente e demasiado triste...


O que dizer, num dia como hoje? 

Nada, talvez seja a coisa mais inteligente. 

Não vale a pena continuar a insistir  com os "lugares comuns" do costume, muito menos repetir o retrato do país, que teima em manter os maus hábitos de sempre. 

É mais um dia, daqueles, demasiado quente e demasiado triste.

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, setembro 15, 2024

A ausência dos livros nas conversas de café e nas viagens de transporte diárias...


Reparo que falo cada vez menos sobre livros, nos cafés. Há várias razões para que isso aconteça. A maior de todas, é o facto de se lerem menos livros neste mundo, tão cheio e vazio, que nos rodeia.

Embora não duvide dos resultados das feiras do livro (falam em recordes de vendas...), sei que nunca devem ter existido tantos livros à espera de serem lidos, nas nossas casas. Falo por mim. Embora seja leitor, tenho sempre mais de meia dúzia de livros, em cima uns dos outros, à espera de um oportunidade. Pelo caminho, oferecem-me mais um livro ou outro, capazes de fazerem ultrapassagens pela direita e pela esquerda (foi o que agora aconteceu com "Um Milionário em Lisboa" do sempre discutível, Rodrigues dos Santos).

Ainda por cima hoje existe o hábito de escrever livros com mais de quinhentas páginas (o que refiro, ultrapassa as seiscentas...), que se tornam um verdadeiro incomodo para levar na mala e ler nos transportes públicos (é onde noto mais a ausência de leitores, de livros e de jornais...).

Sei que me estou a repetir (escrever todos os dias num blogue também é isso...), mas os problemas são os mesmos de sempre em relação aos livros. E a tendência é sempre para piorar...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, setembro 14, 2024

As mulheres que gostam de mulheres e os livros...


Estava a caracterizar uma personagem no meu "caderno de ficções"  e de repente comecei a dar-lhe rostos, por ser diferente de outras. 

Escrevi: A "aparição" da Leonor recordou-me que gosto de mulheres que gostam de mulheres, tal como eu. O que pareceu uma coisa estranha, foi-se tornando normal, à medida que iam aparecendo outros rostos femininos a quererem colar-se ao papel.

Não, não tinha nada de estranho, muito menos tinha qualquer relação com preferências sexuais. Olhava para elas sobretudo como pessoas. E as mulheres que se iam soltando da minha cabeça, eram "gente boa"...

O mais curioso, foi, ter recuado no tempo enquanto escrevia. Lembrei-me da Carla, por quem tive uma ligeira paixoneta (talvez por ela me dar para trás). Demorei algum tempo a perceber que ela gostava de uma amiga comum, que era muito menos feminina que ela (os seus traços físicos dominantes eram o cabelo curto, as roupas largas e um andar sem curvas na rua). Além de eu ser distraído, nessa altura - nos finais dos anos 80 -, a sociedade obrigava-as a serem discretas...

Depois lembrei-me do Francisco (José Viegas), que foi o principal responsável por o Pedro Gama (personagem principal do meu primeiro e único romance...) ter sido trocado por uma mulher, depois da sua separação. Além de bom conversador, o Francisco era um bom conselheiro. Tivemos conversas memoráveis no seu gabinete de trabalho, em Benfica, sobre livros, cinema e futebol...

Voltei ao "caderno das ficções" e pensei que tinha ido longe demais ao escrever: Claro que não falo das mulheres que têm um homem dentro delas, que cortam o cabelo à escovinha, escondem as curvas do corpo com roupas de homem e andam de forma desengonçada. 

Não, nada disso. A ficção pode, e deve ser, pura e dura. E cada personagem pode esconder dentro de si, várias pessoas que conhecemos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, setembro 13, 2024

Governantes que passam o tempo a "brincar com o fogo" (ano após ano)...


Este título não é para seguir, de uma forma literal, mesmo que este Setembro ventoso, esteja a trazer de volta o drama dos fogos, de Norte a Sul. 

Falo de ministros que fingem resolver os problemas, seja na Educação, na Saúde ou na Justiça. De ano para ano, vemos que os problemas anteriores, não só se mantêm, como se agravaram.

Pergunto: como é que é possível, que num país que na actualidade se debate com a falta de professores, continue a ter os problemas de sempre, na sua colocação? Com gente a ter de continuar a dar aulas, a 200 e 300 quilómetros de casa. É no mínimo, vergonhoso.

Fala-se que cada vez se nasce menos no nosso país (sei que os emigrantes têm equilibrado a "balança", felizmente...), como é que é possível assistirmos todas as semanas a problemas graves (com mães e filhos em risco...), a episódios caricatos, com ambulâncias a deslocarem-se para mais que um hospital (chegam a percorrer mais de 200 quilómetros...) que não estão preparados para receber grávidas? O curioso, é que ao mesmo tempo que se fecham serviços públicos no SNS, surgem novos hospitais e clinicas particulares em praticamente todos os distritos...

Como é que possível que os ministros da justiça e da administração interna, não consigam resolver os problemas com os agentes policiais e os guardas prisionais, tratando-os como meros funcionários públicos? Eles têm funções especiais, pelo que devem ter um tratamento também especial, para que não aconteça o que acontece hoje: não se vê um agente na rua (a excepção são os polícias municipais nas cidades grandes...), cuja presença física também dava um forte contributo na segurança dos cidadãos. E quando um guarda prisional nem sequer se dá ao trabalho de olhar para as câmaras de vigilância da prisão (seja por falta de pessoal ou de vontade), está tudo dito...

É uma vergonha a falta de sentido de estado dos nossos ministros (sejam eles sociais democratas ou socialistas). Salvo raras excepções, nota-se que estão mais vocacionados para "cortar fitas" e vender "banha da cobra", que para resolver os problemas graves que se avolumam, ano após ano, nos seus ministérios.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, setembro 12, 2024

Quando a mentira parece ter o mesmo peso da verdade...


Depois do jantar já se ouviam ecos da entrevista do antigo presidente do Benfica (que qualquer benfiquista sabia, antecipadamente, que iria ser um ataque pessoal ao presidente actual do Clube, aproveitando as suas fragilidades e as deste Benfica...).

O meu filho perguntou-me se o Luís Filipe Vieira se se voltasse a candidatar, se iria ganhar as eleições no Benfica. Disse-lhe que não. Acrescentei de seguida que, Vieira, Pinto da Costa, Bruno de Carvalho, e outros que tais, não cabem no futebol actual, que terá de ser, forçosamente, mais sério e mais transparente.

Ao dizer isto, sabia que estava apenas a dar a minha opinião.

Voltando à entrevista, o pior de tudo isto, é a existência de um jornalismo de sarjeta, sem contraditório, que desce cada vez mais baixo, passando a maior parte do tempo a "levantar poeiras" e a provocar "incêndios", em todos os sectores da sociedade, como é o praticado pelo grupo do "CM".

Não tenho qualquer dúvida de que o mundo seria um lugar mais saudável sem as Laranjas, os Pintos, os Octávios e gente da mesma laia nas redacções. Para eles vale tudo, desde a criação de factos à exploração do que existe da mais rasca, no ser humano.

Claro que esta gente já existia antes de 2016, só aproveitou o "vale tudo", que cresceu, um pouco por todo o lado, após a eleição de Donald Trump, ao ponto de virar de pernas para o ar, a política, a justiça e o jornalismo, como se a mentira tivesse o mesmo peso da verdade... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, setembro 11, 2024

«Todos faltamos a encontros. Uns mais que outros...»


Talvez algumas pessoas possam fazer da "falta a encontros" quase uma profissão. Talvez.

Outras, quase nunca faltam, mesmo aqueles encontros onde não apetece estar.

Foi o aconteceu à Rita, quando me ligou a meio da manhã. Perguntou-me onde estava. Estávamos separados pelo rio e pouco mais.

Foi ela que apanhou o cacilheiro e me levou de viagem pelo Ginjal fora. Precisava de me contar uma coisa. Aliás, duas.

Faltou a um encontro. E logo ela, que não se lembrava de falhar ou riscar qualquer marcação na agenda...

Foi quando eu lhe disse, com um sorriso: «Todos faltamos a encontros. Uns mais que outros...»

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


terça-feira, setembro 10, 2024

«Quando os anos passam por nós, sem nos apercebermos, é quase um descanso.»


Falava da pergunta cada vez mais recorrente, quando almoço com a minha Mãe e o meu Irmão (especialmente dele...), «Sabes quem é que eu vi e que perguntou por ti?»

Se for uma pessoa relativamente próxima, não demoro muito tempo a "chegar lá". Mas há vezes que nem sequer lá chego (isto acontece mais com a Mãe, que anda muito mais para trás no tempo. Sem se aperceber, fala da nossa Aldeia e do Bairro onde crescemos como se continuássemos  por lá, mas na infância...). 

É quando percebo que afinal a minha memória visual não é assim tão boa como penso (se bem que há casos de pessoas que não vejo há quarenta e cinquenta anos...). Sim, sai das Caldas com 18 anos, embora nunca me afastasse demasiado, as "visitas de médico" não são iguais ao "viver diariamente" num lugar...

Contava estas coisas ao Carlos, que fingia ler o jornal (tantas vezes que é a única pessoa que encontro a ler "notícias de papel"...) e que me disse: «Quando os anos passam por nós, sem nos apercebermos, é quase um descanso.»

Como de costume, ele deixou algo de enigmático a pairar no ar e na nossa mesa, antes de eu o deixar "preso" aos seus dois vícios, na esplanada do senhor Manel, os cigarros e os jornais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, setembro 09, 2024

Quando o que parece um problema, não é um problema...


Ao longo dos anos, tenho andado sempre com dois ou três livros na cabeça. Vou escrevendo episódios em folhas soltas, que umas vezes passam para os vários cadernos antológicos, outras vão simplesmente para o lixo.

Como toda a gente que escreve, ando sempre com uma esferográfica e com papeis no bolso (até podem ser simples recibos de compras...), não vá aparecer alguma "ideia genial", no lugar mais inesperado. Claro que a maior parte das vezes estas pequenas folhas ficam sem palavras e são transformadas em pequenas bolas de papel que vão para a "reciclagem"...

Claro que sempre fui mais de escrever em casa (embora chegasse a encher guardanapos de papel do café das tertúlias de palavras, por isto ou aquilo, enquanto esperava por companhia...). Sempre gostei particularmente das manhãs,  as do sábado e do domingo eram bastante inspiradoras (as ideias apareciam bem cedinho, quando ainda estava com vontade de dormir...). Com o tempo as ideias começaram a surgir sem dia marcado, embora continuassem a manter o bom hábito de serem madrugadoras... 

Lá estou eu a fugir do que estava a pensar escrever... É recorrente no blogue, vá-se lá saber porquê...

Curiosamente, continuo com esses dois ou três livros, na cabeça, há mais tempo do que o costume. Como tem sido hábito, sinto que preciso deles, até por uma questão de "sanidade". Sim, não tenho qualquer dúvida que eles me ajudam a viver, a ocupar a cabeça com coisas que me parecem mais interessantes que aquilo que chamamos a "vida normal". 

E sei que o que parece um problema - a forte possibilidade deles não chegarem a livros -, não é um problema...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, setembro 08, 2024

Tanta coisa que se esconde atrás das vitórias...


A selecção de Portugal ganhou há menos de uma hora, à Escócia, um jogo onde se desperdiçaram muitos golos (algo que têm acontecido demasiadas vezes no "reinado" de Roberto Martinez...).

Não foi um bom jogo de futebol. O golo de Cristiano Ronaldo aos 88 minutos que deu a vitória à "equipa de todos nós" vai voltar a adiar uma discussão generalizada sobre as opções técnicas e tácticas do seleccionador. Opções cada vez mais discutíveis, mesmo que ele não seja parvo nenhum e se perceba, que ele lê, ouve e vê, as críticas que vão aparecendo, aqui e ali (não foi por acaso que convocou o Pote e o Trincão ou colocou o Ronaldo no banco...). Muitas delas com razão de ser, como se viu em mais um jogo, em que é notório que um conjunto que tem dos melhores jogadores do mundo continua longe de ser uma das melhores equipas do mundo...

Continuo sem perceber as "variações" do lateral direito para outras zonas do campo, deixando vezes demais a defesa descompensada (não é por acaso que se sofrem golos "esquisitos", aqui e ali, que até parecem ser falhas dos centrais...). Os nossos melhores jogadores do meio-campo continuam subaproveitados (especialmente o Bernardo Silva...) e os avançados fartam-se de desperdiçar golos com iniciativas individuais. Esquecem-se mais vezes do que deviam, que o futebol é um desporto colectivo e que existem outros jogadores em campo, melhor posicionados para colocar a bola na baliza adversária. Mesmo que estes estejam amontoados dentro e fora da área, porque o sistema táctico do seleccionador, no mínimo, deixa muito a desejar... 

E já nem falo da sensação óbvia, e antiga, de que Ronaldo é o "dono da selecção", e que Martinez só consegue olhar para ele como um "deus" e não como mais um jogador à sua disposição. Ele continua a ser útil à selecção, como se percebeu neste jogo, mas há muito tempo que deixou de ser "indiscutível".

Mas o futebol é isto mesmo. Tanta coisa que se esconde (sempre) atrás das vitórias...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, setembro 07, 2024

«Então, está satisfeito com o novo treinador do Benfica?»


Penso que poucas mulheres, com mais de 90 anos, faziam a pergunta "sacramental" da semana: «Então, está satisfeito com o novo treinador do Benfica?»

Sei que ela fez esta pergunta depois dos canais de televisão terem dedicado demasiadas horas de emissão ao assunto (se há coisa que dá audiências é o Benfica, da televisão às bancadas dos estádios...).

Mas isso não diminui o seu interesse lúdico pelo futebol (na falta de outras diversões, habituou-se a ouvir os relatos de futebol, do seu Sporting e dos outros...). 

A solidão tem destas coisas...

Embora acredite que ela sempre tenha gostado deste desporto apaixonante, que consegue colocar 22 homens ou mulheres a correrem atrás da bola em simultâneo, onze contra onze, que querem meter a bola na baliza da equipa adversária... 

Só que na sua infância e adolescência, era praticamente proibido a uma jovem mulher praticar esta modalidade, mesmo que sentisse ter mais jeito que alguns rapazolas (sempre houve miúdas que no recreio das escolas demonstravam ter mais habilidade para o jogo "do chuto da bola" que muitos rapazes...).

Voltando à minha sogra, disse-lhe que só ficava satisfeito se o treinador ganhasse os próximos jogos...

Pois é, o futebol é o "mundo" onde é possível passar, em segundos, de besta em bestial e vice-versa...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


sexta-feira, setembro 06, 2024

O mau hábito de se "falar para o ar" (de falar do que não se conhece)...


Sempre me fez confusão ouvir pessoas a falarem de outras pessoas, sem as conhecerem, sem terem falado com elas uma única vez.

À medida que os anos passam, vou descobrindo que sou mais parecido com o meu pai (ou vou ficando...), do que o que poderia pensar. Claro que se pensar um pouco, reparo que nem se tratam de parecenças, é o tempo que vai tornando os seus exemplos mais vivos. Exemplos que estavam longe de ser teóricos, faziam mesmo parte do seu dia a dia.

A sabedoria popular também nos oferece bons ensinamentos a este nível, com algum humor à mistura, porque é muito fácil "atirar pedras", a torto e a direito, mesmo que estejamos rodeados de  "telhados de vidro"...

E com as "lupas" de aumentar que nos rodeiam, ainda se tornou mais fácil fazer (e divulgar, claro) juízos errados de quem "parece" ser o que afinal não é...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 05, 2024

Não sei se é uma provocação, se é apenas um desejo...


Sei que este titulo é bastante enganador, porque apenas se refere a um livro, que me foi oferecido há dois dias...

Mas é a melhor forma para expressar o que sinto. Não é um livro qualquer, é da autoria de alguém que não aprecio particularmente como escritor (não é apenas preconceito, li um livro da sua autoria para perceber a razão dos seus livros terem quase sempre mais de quinhentas páginas, é como a avó dizia "muita palha para a burra" e de não ser "muito amado" pelos críticos ...).

É por isso que esta "quarta oferta" de um livro de Rodrigues dos Santos, além de ser uma provocação, pode ser um desejo do meu irmão, para que me concilie com o escritor que vende mais livros no nosso país.

Falo de "Um Milionário em Lisboa", sobre a vida de Calouste Gulbenkian (uma das coisas que me faz embirrar com o escritor é o mau gosto de algumas expressões. Logo no início do livro - que estou a ler e vou sublinhar muitas vezes, coisa que normalmente não faço aos livros... - descubro a personagem Azevedo Passarão, a forma escolhida para identificar Azeredo Perdigão. Só mesmo ele, para oferecer este nome ao "padrinho" da Fundação Calouste Gulbenkian...).

E só mesmo o meu irmão, para me "obrigar" a voltar a ler o Rodrigues dos Santos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, setembro 04, 2024

Uma cidade suja gerida por governantes cheios de nódoas e (no mínimo) incompetentes...


Um dos problemas mais graves da gestão autárquica em Almada é à falta de limpeza e higiene das ruas.

Além desta coligação contra natura (PS/ PSD) nunca ter resolvido o problema, apesar das promessas eleitorais - logo no primeiro mandado - conseguiu piorar tudo nas ruas e fazer com que a gestão anterior da CDU, se tornasse um bom exemplo (a todos os níveis).

O lixo não se limita aos contentores, ocupa o espaço público que os rodeia. Fica assim dias seguidos, sem que exista qualquer recolha. E o mais grave, é que não se sente a preocupação de resolver o problema com a população (que também está cada vez menos sensibilizada e acha que pode deitar tudo para a rua...). Este "deixa andar", além de ser grave em termos de saúde pública, é preocupante também ao nível da responsabilidade (que não existe...) política. Teoricamente, o pelouro é da responsabilidade do PSD, mas todo o executivo é responsável pelo que se passa nas ruas de Almada.

E nem vale a pena falar da vegetação que cresce por todo lado, meses seguidos, ou dos buracos nos passeios e nas estradas, que são companhia diária dos Almadenses, em praticamente todas as artérias do Concelho.

Tenho alguma curiosidade em saber o que é que esta gente pensa da sua acção governativa (e nem vou falar da cultura e do associativismo, áreas que me são queridas, onde nunca houve tanta falta de apoio ou de iniciativa...). Provavelmente estão preparados para cumprir mais um mandato e deixar tudo ainda pior, do que está, na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, setembro 03, 2024

Parece que não chegam os "50 palhaços" que estão na Assembleia da República...


Embora seja importante descodificar estes "timings" que unem a justiça a alguma comunicação social, nos "tribunais populares", os factos falam por si, tal como o papel dos seus protagonistas...

Infelizmente, ano após ano, não conseguimos sair deste registo. A falta de sentido de Estado é notória na maior parte dos políticos que estão envolvidos em processos de privatização, com os privados a fazerem sempre o papel de "espertos" e os representantes do Governo de "parvos". Muitos, de parvos não têm nada (Miguel Relvas é um bom exemplo...), outros "assinam" em branco, sem terem percebido muito bem onde estão metidos (por impreparação e incompetência, talvez seja este o papel de Pinto Luz na privatização da TAP...).

O mais grave é esta gente do "bloco central" (há poucas diferenças entre PS e PSD nestas negociatas...) ainda não ter entendido a mensagem que lhes foi dada, por uma parte do povo português, quando quase gritou, "Já chega!", e abriu a porta a "50 palhaços" na Assembleia da República...

É triste esta gente não perceber que o mundo real fica ligeiramente ao lado do mundo onde vivem...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, setembro 02, 2024

"Adeus Politécnica" (depois de outro e outro adeus)...


Na sexta-feira passei pela Rua Politécnica e reparei na faixa colocada pelos Artistas Unidos, no gradeamento da entrada do jardim. A Companhia, sem o Jorge Silva Melo, ainda ficou mais desprotegida, porque "dizer continua a ser muito diferente de fazer"...

Enquanto caminhava lembrei-me do grande poeta, Zé Gomes Ferreira, que assistiu à substituição de cafés por instalações bancárias (curiosamente hoje também em vias de extinção...) e deu mostras do seu desencanto nos seus livros, que quase pareciam diários. 

Não muito depois começaram a fechar as salas de cinemas. Mais tarde foi o tempo de se fecharem livrarias... Inventaram desculpas (inventam sempre...), apenas para meterem as salas de cinema dentro dos centros comerciais, tal como depois fizeram com os livros, que passaram a ser vendidos quase ao lado das batatas e do arroz, nos hipermercados... 

Agora nem sequer se viram para o teatro e para os grupos independentes, com salas próprias, limitam-se a cortar os apoios. 

Nunca vão ter a ousadia acabar com o teatro e com os actores. 

Talvez pensem, sim, em os substituir... 

Não é por acaso que os políticos são quem "faz mais teatro" entre nós (mesmo que sejam uns actores medíocres...). Envolvem-se diariamente em farsas, dramas, comédias e tragédias (para os outros, claro) e depois fingem que não é nada com eles.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, setembro 01, 2024

Extraordinários exemplos de superação e de alegria...


Não tenho assistido com a mesma assiduidade às competições dos Jogos Paraolímpicos, com que assisti aos Jogos Olímpicos.

Mesmo assim, nas provas a que tenho assistido, noto que transparece um maior companheirismo e também uma grande alegria, só pelo simples facto de estarem ali a participar na maior festa desportiva do mundo.

Mas o que mais me tem impressionado é a alegria destes campeões e campeãs, quando sobem ao pódio e recebem uma medalha, que não precisa de ser a de ouro. Há uma autenticidade expressiva que é capaz de emocionar qualquer pessoa, mesmo os que gostam de fingir que são insensíveis.

Nem quero imaginar o percurso cheio de obstáculos que estas pessoas tiveram de enfrentar, tudo o que passaram até conseguirem chegar aos Jogos. 

São dos mais extraordinários exemplos de superação para todos nós...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)