sexta-feira, janeiro 31, 2025

Andar por Lisboa a ver o Mundo Passar...


Mesmo quem anda por todo o lado em Lisboa, como eu, sabe que também pode ficar ligeiramente "infectado", pelas notícias e pelas vozes dos "moedinhas" deste país.

Pensei nisso, hoje, ao descer a Almirante Reis. Continuo a ter o vício de andar a pé e a ver o mundo passar por mim, mesmo que as pernas já não sejam o que eram. 

Sentado no interior do cacilheiro, enquanto olhava o Tejo, pensei que olhei para as pessoas com quem me cruzei, com mais atenção. As vozes, as cores, as roupas faziam a diferença, mas isso acontece há pelo menos meia-dúzia de anos. E sim, vê-se cada vez menos portugueses nas ruas.

Mas não faltam explicações para o facto. A principal é a existência de cada vez menos portugueses a morar nesta zona de Lisboa. E isso acontece graças ao aumento obsceno das rendas. 

Sim, a ganância dos senhorios é a principal razão deste "abandono", e não o "medo" pela gente que veio das Índias que, pelo menos aparentemente, é quase sempre excessivamente simpática (especialmente os comerciantes). 

Sei que se não se levantasse tanta poeira do lado mais afastado da direita, ou se o alcaide de Lisboa não quisesse ser também "xerife", tudo seria mais normal. Sobretudo os comentários que se fazem sobre as ruas da cidade grande, normalmente feitos por quem nunca passa por estas ruas e avenidas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, janeiro 30, 2025

A "arte" de apontar o dedo para todos os lados (com a invenção de culpados se necessário...)


Não sei se existe um "manual de regras" dentro dos partidos políticos, com práticas que se aproximam daquilo que se vê em filmes de mafiosos, onde as pessoas se protegem para além do razoável, ao mesmo tempo que estão sempre prontas para culpar os adversários de todos os males do mundo.

Claro que o hábito de "apontar o dedo aos outros", sempre que acontece qualquer problema, não se limita ao mundo dos partidos. Vive-se no trabalho, vive-se em casa, vive-se entre amigos. Sim, estás sempre presente no nosso dia a dia.

Ou seja, onde existe um cobarde, sem coragem para assumir os seus erros, existe um "apontador de dedos"...

Não deve ser por um mero acaso, que eles agora estão ainda mais visíveis, em parte por não resistirem a microfones ou câmaras televisivas, para "culpar" os adversários de todos os males do mundo. 

Sei que podia ignorar a sua existência, pelo menos aqui no "Largo". 

Mas é difícil assistir diariamente ao "passa culpa" do Alcaide de Lisboa e do "Rei da América". Tudo o que acontece à sua volta, é sempre culpa dos outros...

É demasiado triste e baixo, aproveitar um acidente entre um avião e um helicóptero, para culpar os antecessores, ainda por cima, quando estivemos no meio deles, a tomar decisões erráticas...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


quarta-feira, janeiro 29, 2025

Os oitenta anos da "Bíblia do futebol"


Podia falar do "calimero" que começa a andar em negação, quando se fala de violência em Lisboa, ao ponto de até colocar em causa os números apresentados pela polícia, mas isso era dar atenção a quem não a merece.

É por isso que prefiro festejar os oitenta anos de vida que a "Bíblia" do futebol comemora hoje.

"A Bola" foi o jornal que mais li no começo da adolescência até à idade adulta, porque tinha jornalistas extraordinários, como foram o Alfredo Farinha, o Carlos Miranda, o Aurélio Márcio, o Vitor Santos, e sobretudo, o Carlos Pinhão. Adorava ler as suas crónicas, especialmente quando "largavam a bola", e davam largas à imaginação e ao espírito de cronistas, com os populares "Hoje Jogo eu"...

Não tenho grandes dúvidas, que foi graças a eles, que quis ser jornalista desde muito cedo. Ainda tive o prazer de conhecer Alfredo Farinha, Carlos Miranda e o Carlos Pinhão. Acabei por ter uma maior proximidade com  este último, por gostarmos ambos das coisas da cultura. Conversámos bastantes vezes, sobre livros, mas também sobre cinema ou teatro, apesar da concorrência quase doentia desse tempo entre o "Record", - onde eu já trabalhava - e "A Bola". Era uma daquelas coisas em que fingíamos passar-nos ao lado...

E não posso esquecer Cândido de Oliveira, jogador, treinador, seleccionador nacional e democrata (esteve preso no Tarrafal...), o principal responsável por este projecto jornalístico de grande sucesso, que dura há oitenta anos...

A propósito da capa, eu é que agradeço!


terça-feira, janeiro 28, 2025

Há uma parte rural que não sai dentro de mim...


Estava a ler uma entrevista, que fez com que pensasse, logo naquele momento, nas minhas memórias. Embora fossem muito diferentes das do entrevistado, era sobretudo disso que tratava aquela conversa...

Fiquei a pensar, que, mesmo vivendo sempre na cidade, tinha muito presente dentro de mim, todo o espaço rural. A aldeia, as fazendas e toda aquela outra forma de vida, diferente, artesanal em quase tudo, continuavam vivas, sem que eu conseguisse encontrar uma explicação para isso, até por na época, não gostar nada daquilo (desde o trabalho duro à própria gastronomia, que o meu irmão adorava. Ainda hoje diz que gostava mais da comida da avó que da mãe, ao contrário de mim...). 

Claro que sei que tudo isso se deve à minha vivência, desde a infância, na casa dos avós maternos. Uma boa parte das férias grandes eram passadas lá... Mas também percebo que há coisas que fazem parte de nós (desde sempre, mesmo que não se dê por isso...), que tanto podem já ter nascido connosco, como terem sido adquiridas, sem nos apercebermos. Até porque existem vários estudos no campo da psicologia e da psiquiatria, que explicam que o que se viveu na infância, é essencial para o resto das nossas vidas...

O que sei, é que mesmo sendo, naturalmente, urbano, há uma parte rural muito importante dentro de mim. É ela que determina que goste tanto do contacto com a natureza, que pudesse viver com facilidade sem o conforto das cidades. E claro, tenha tantas memórias dos campos...

Parece contraditório, mas não é. Nós somos sempre mais que uma coisa.

Mesmo que saiba que não é verdade, fico por vezes com a sensação de que aprendi mais coisas, durante estes curtos períodos de férias, que na escola...

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)


segunda-feira, janeiro 27, 2025

Quando o que é normal parece ser entendido como "aberrante"...


Não é de agora, que o para nós parece normal e razoável, para os outros é uma coisa estranha e diferente.

O curioso, é ainda estranharmos estes comportamentos.

Estou a falar das palavras de Pedro Nuno Santos ao "Expresso", que fez com alguns dos seus opositores internos saíssem da "toca" para criticarem a sua opinião sobre a imigração.

O que ele disse é o que quase todos pensamos (se excluirmos os extremistas dos dos lados da política...). De uma forma simplista, ele disse que quem chega a um país, tem de respeitar as suas leis e a forma como se vive em sociedade. Ou seja, devem integrar-se e não viver em "guetos". E devemos ser rigorosos nestes aspectos. Quem não gostar ou não quiser cumprir as nossas normas, só tem de fazer as malinhas e ir para outras bandas.

O exemplo dos portugueses é exemplar, pois foi isto que sempre fizemos, em séculos de emigração pelos vários cantos do mundo. Sempre nos tentámos integrar nos países para onde fomos viver. E esse é que deve ser o comportamento normal de quem chega, vindo da China ou da Dinamarca.

Sei que o PS parece muitas vezes um "saco de gatos". E embora muito boa gente entenda isso como democracia, haver sempre várias vias de "socialismo", e claro, oposições internas, acho que não é lá muito democrático, alguém estar à espera de um qualquer "deslize", para sair da sombra e mostrar as "garras". Faz lembrar um pouco aqueles cães que estão escondidos e aparecem do nada a ladrarem atrás de nós, a fingirem que têm vontade de nos morder os calcanhares.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 26, 2025

«Eles escolhem quem faz fogueiras com mais fumo»


Os alentejanos têm uma maneira de comentar as coisas, quase sempre mais irónica e divertida, pelo menos quando comparados com os restantes nativos das várias regiões portuguesas.

E têm ainda outra virtude, conseguem dizer piadas sem se rirem. Algumas vezes nem se trata de piadas mas sim da forma descontraída como olham para este mundo com cada vez mais cores à nossa volta.

E depois há frases que ficam, como as do Chico, em relação aos "especialistas" que enchem as televisões: «Eles escolhem quem faz fogueiras com mais fumo.» E continuou: «Eles querem lá saber do lume. Querem é fumaça!»

Quando alguém é capaz de explicar, com apenas duas frases, qual é o critério de selecção na escolha dos comentadores televisivos, e logo de seguida conseguir que todos concordem com ele, transporta no mínimo, muita sabedoria dentro dele...

Mas o Chico estava imparável na manhã de sábado, que pedia chuva. 

Apostado em nos fazer sorrir, sem nos mostrar os dentes, continuou a oferecer-nos excelentes bonecos de alguns dos nossos comentadores. Fez um belo esboço do general careca que sonha com a Laica e tem um poster do Putin, em tronco nu, a caçar ursos no escritório. Inventou uma colagem com um almirante rodeado de barcos de papel e um anão com uns sapatos de tacão alto agulha, ambos com orelhas grandes a olharem espantados para o Palácio de Belém. Mas a quem ele ofereceu mais adjectivos foi ao Octávio dos "futebóis", que mesmo pequenino, consegue ser um gigante na inveja, na insinuação e na maledicência Foi para ele o melhor elogio: «O magano consegue bater o Zé Povinho aos pontos, em "filha da putice".»

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, janeiro 25, 2025

Caricaturar com sucesso a realidade...


Tudo o que leio e ouço, vindo dos EUA, por parte do "homem cor de laranja" (que sabe desde há muito tempo, que o cargo que ocupa lhe oferece o estatuto do ser humano "mais poderoso do mundo"), não é tão estranho como se diz por aí.

Pela forma desbocada e excessiva que ele anuncia a maior parte das medidas que diz ir impor no seu País e no Mundo, tudo se torna mais espectacular, mais assustador, e até mais burlesco.

Mas se pensarmos bem, ele faz o mesmo que os outros políticos, só que não tem medo de chamar "os bois pelos nomes", nem de dizer, de forma aberta e incisiva, que escolhe os seus amigos para ocuparem vários cargos de poder.

No nosso país é tudo feito, meio às escondidas, quase como quem não querer a coisa. Mas se analisarmos bem a realidade, é quase tudo igual. Os amigos do partido, a pouco e pouco, vão ocupando os cargos que antes era ocupados pelos amigos dos governantes do outro partido, que tinha estado no poder.

Se olharmos para os números, para as substituições que têm sido realizadas ao longo de 2024 - como sempre muitas delas com pouco nexo, substituindo pessoas competentes por gente ligada à AD, sem qualquer experiência ou conhecimento técnico dos cargos - ficamos espantados.

A grande diferença é o "homem cor de laranja" gostar de "caricaturar a realidade", gostar de tornar todas as coisas, ainda mais absurdas, mais trágicas, mais cómicas e até mais grotescas.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, janeiro 23, 2025

A estatura física e a outra, muito mais importante...


Às vezes penso que a minha antipatia por Marques Mendes, tem em parte a ver com a sua estatura física, de ele ser pequenino, ao ponto de dar a sensação de ter apenas metro e meio. E claro de ele ter sido o "Ganda Noia", desse inesquecível, "Contra Informação". 

Até pode parecer preconceituoso, mas não é. Acho quase cómico, que o agora comentador político, fale na televisão como se fosse um "gigante". Embora, depois de analisar as suas palavras, volte a ver apenas um "pigmeu".

Por muito que se esconda, eu vejo sempre ali o ministro cavaquista, que gostava de enviar recados à comunicação social ligada ao Estado.

Basta lembrar o que disse o insuspeito, José Rodrigues dos Santos, que está muito longe de ser um perigoso esquerdista, sobre as pressões exercidas pelo então ministro adjunto, que o acusou de ser "demasiado independente. Mas vamos lá às palavras do jornalista e escritor:

«Todas as verdades inconvenientes irritam algumas pessoas, mas não é por isso que nos devemos calar. A nossa função não é ser simpáticos, é dizer a verdade tal como a captamos. Não é por acaso que como diretor de Informação da RTP tive graves problemas com um Governo PS e com um Governo PSD/CDS e que em ambos os casos tive de me demitir, acusado por um ministro do PSD que tutelava a RTP do hediondo crime de ser “demasiado independente”.»

Pois é, embora se tenha esforçado bastante nos últimos anos, para ser a "voz da razão", no espaço litúrgico que a SIC lhe ofereceu aos domingos, a sua estatura moral, continua igual, não passa do tal metro e meio...

E sim, o problema é mais dele (do que "tenta vender aos domingos") do que meu. 

Nem mesmo um sapatinho de tacão alto o salva...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, janeiro 22, 2025

Sentimento de impunidade e muita "auto-estima" (só pode ser)


Sempre me fez confusão que gente que tem vocação para andar fora da lei, aceite cargos públicos relevantes, daqueles que nunca devem escapar ao "radar" dos jornalistas (já que a justiça limita-se a andar a seu "reboque"...). 

Falo de ministros, secretários de estado, gestores públicos, deputados e directores gerais disto e daquilo, que acham que podem passar pelos intervalos da chuva e não ser alvo de  qualquer "denúncia anónima", quando prevaricam.

Só se podem ter mesmo em grande conta, ao ponto de pensarem que não irão ser apanhados na curva. E claro, que "estão acima da lei", que a justiça é só para os "desgraçados"...

Deve ter sido isto que pensaram, tanto o deputado dos Açores, que tinha um "fetiche" pelas malas dos outros, como o director geral do SNS, que gosta mais de dinheiro que da própria profissão que exerce...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 21, 2025

Tudo pode mudar em segundos...


O Benfica acabou de perder um jogo em que esteve a ganhar a maior parte do tempo.

Seria menos trágico, se isso não tivesse acontecido no último lance do encontro...

Não se pode culpar ninguém, a não ser o futebol, uma das coisas mais imprevisíveis que nos rodeiam, onde é frequente, mais que em qualquer outra actividade, o David conseguir ganhar a Golias.

Naturalmente, as sensações são completamente antagónicas, de se ganhar e de se perder no último segundo.

Mas como um dos bons filósofos do futebol disse, este desporto é apenas a coisa mais importante das coisas menos importantes da vida...

Até porque tudo na vida pode mudar em segundos, sem que tenhamos qualquer interferência. 

Sim, nem as passadeiras nos protegem de um qualquer louco das velocidades e das inconsciências e tudo acaba ali...

Há quem fale de sorte e de azar. Os mais espirituais falam mesmo de destino. 

Evita-se - mais vezes do que se devia - falar da estupidez humana...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, janeiro 20, 2025

Provavelmente, eu é que sou o estranho nesta história...


Não consigo perceber o porquê de tantas horas de emissão televisiva, em directo e em deferido, da tomada de posse de Trump, nos canais noticiosos portugueses.

Sei que não temos tantas notícias como isso no nosso país, muitas vezes por ausência de trabalho de campo e de reportagens próprias. É a explicação que encontro para a tentativa de nos oferecerem informação seguindo as técnicas das telenovela (com "repetições" e "cenas dos próximos episódios...), que começou por ser ensaiada com êxito pelo CMTV, e depois foi copiada por todos aqueles que se fingem "sérios" a transmitir notícias no nosso país.

Também poderá existir alguma subserviência, e até admiração excessiva, ao tal "sonho americano", que só é para alguns. Curiosamente, ou não, o novo governo norte-americano é dominado por multimilionários, que olham o mundo, a partir dos seus investimentos e das suas contas bancárias, e claro, alimentam o "sonho"...

Provavelmente, devo ser eu o estranho nesta história americana, cheia de adjectivos, como o "melhor", o "maior",  o "excepcional", o "único", etc.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, janeiro 19, 2025

As palmas, os assobios, o silêncio, o vazio...


Uma boa parte das pessoas nunca saberá qual é peso que têm os aplausos e os apupos nas suas vidas, porque têm uma vida demasiado vulgar, para terem direito a palmas ou assobios...

Isso é mais para os artistas da bola, da música, do cinema ou do teatro.

Também nunca experimentarão o silêncio e o vazio, que se segue, pouco tempo depois de serem tratados como os "melhores do mundo". Muito menos quando são "pateados" e tratados como os piores do mundo.

E também nunca ganharão nem gastarão as fortunas que alguns destes artistas ganham...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, janeiro 17, 2025

A desagregação de freguesias que não chegou a Almada (nem às Caldas da Rainha)...


Consultei a lista das freguesias que são ser desagregadas de outras (são cento e trinta e cinco) e não encontrei qualquer sinal do Concelho de Almada, mesmo que algumas uniões sejam autênticos erros de casting, pelo menos para quem conhece a história local e o dia a dia destes pequenos centros urbanos.

O mesmo se passou em relação às Caldas da Rainha, onde até existe uma união entre uma freguesia urbana unida a duas rurais (Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório)... e irá continuar a existir. Aqui é que se deve sentir o "abandono autárquico"...

Mesmo assim, estou satisfeito, pelas mais de cem freguesias que voltam a caminhar, apenas com os seus pés. Sei que se trata de uma reposição justa e uma forma de servir melhor as suas populações.

Sei do que falo. Assisti às mudanças de um concelho com o de Almada, que passou de onze para cinco freguesias. O que foi mais notório foi a "desresponsabilização" dos autarcas, com a velha desculpa, de que lhe era impossível estar em todo o lado ao mesmo tempo. Isso fez, entre outras coisas, que cada vez apoiassem menos as colectividades recreativas, culturais e desportivas, tal como outras instituições que serviam os almadenses. Neste caso particular, diziam sempre que não havia dinheiro para tudo...

Por se tratar de um Concelho onde há um grande envelhecimento da população (especialmente nos centros urbanos mais antigos, como são os casos de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade ou Trafaria), a anterior divisão de freguesias permitia uma maior proximidade junto das populações. Infelizmente, esta ligação foi desaparecendo com o tempo, assim como a própria identidade dos lugares, quase sempre com uma história muito própria, e bastante rica, como são os casos de Cova da Piedade, Trafaria ou Cacilhas.

Se acho natural que as freguesias do Feijó e Laranjeiro, assim como a Charneca e Sobreda de Caparica, devem permanecer unidas, acho que pelo menos a Cova da Piedade, o Pragal e a Trafaria, deviam ser freguesias autónomas.

Todos tínhamos a ganhar, especialmente os habitantes destes pequenos centros urbanos.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, janeiro 16, 2025

A tentativa de simplificação do dicionário "politiquês"...


Não sei se o populismo se consegue combater com outras formas de populismo.

Penso que não, mas ainda é cedo para se perceber, se o PSD consegue tirar alguns dividendos políticos, ao usar as mesmas "bandeiras" que o Chega usa, em relação à segurança e à imigração.

Curiosamente, a par desta radicalização da sua prática política, o governo escolheu a  palavra "moderação", para o combate político contra o PS, que está a ser usada pelo primeiro-ministro, pelo alcaide de Lisboa e por vários comentadores ao seu serviço, na tentativa de transformar os socialistas nuns perigosos "radicais". 

Claro que isto só pode ter o dedo e a imaginação da agência de comunicação do governo.

É apenas mais uma manobra de simplificação dos discursos políticos, que tem como objectivo espalhar a falsa "novidade", de que nós somos os "bons" e os outros os "maus".

Só que não bate "a bota com a perdigota". Não se pode ser moderado e radical ao mesmo tempo. 

Talvez seja mais uma percepção deste governo, que acredita que pode criar realidades paralelas, ao mesmo tempo que simplifica, ainda mais, o dicionário "politiquês"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 15, 2025

Tantas coisas que não pensamos (e outras tantas que não contamos)...


Acho que as maiores diferenças entre nós, todos, homens e mulheres, está na forma de pensarmos.

Pensamos quase sempre coisas diferentes, e muitas delas (diria mesmo, quase todas), ficam-se apenas pelas nossas cabeças. Pois é, não somos assim tão iguais, como nos querem fazer crer.

São aquelas coisas que se sentem e não se dizem, por isto ou por aquilo.

Pensei nisso, poucos minutos depois de assistir ao começo de uma discussão sobre o "fazerem-se ou não se fazerem filhos", entre um casal, que se aproximava vertiginosamente dos quarenta anos.

Naquela "mesa de ideias", éramos sete e só dois tínhamos filhos. Eu com apenas dois, parecia quase um "fenómeno do entroncamento". A Inês tinha uma miúda, já adolescente. Os outros deviam ter imensas desculpas para não quererem aumentar a população mundial, mas acabámos por ficar todos em silêncio, com algum receio de que aquela conversa chegasse aos lugares, onde existem placas com sentidos únicos.

Mas não se foi tão longe, o Rui limitou-se a dizer que se fosse mulher, há muito que tinha filhos. A Clara começou a rir-se e depois disse: «Pois é. É uma pena, nunca conseguirmos ser iguais. Adorava que os homens também pudessem ter filhos, períodos, enxaquecas e consultas de ginecologia.»

Começámos todos a rir, inclusive o Rui. E a conversa ficou por ali. 

Voltámos ao trabalho.

Quando vinha para casa acabei a pensar no assunto. Era uma coisa tão óbvia, que nunca me fez confusão na cabeça, mesmo que fosse estranha. 

Eram as mulheres que determinavam o aumento da população no nosso país e no mundo e ponto final. 

Embora raramente fosse uma opção solitária, à verdade é que eram elas as únicas que podiam ter filhos e tinham sempre a última palavra sobre o assunto, mesmo que fingissem que não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 14, 2025

Um primeiro-ministro que passa o tempo armado em "chico-esperto" e a insultar a nossa inteligência


Não sei o que se passa, ao certo, em relação a uma boa parte dos nossos governantes - com especial relevo para o primeiro-ministro -, que passam o tempo a insultar a nossa inteligência, com jogos de palavras, que acabam por dizer muito de quem são e do que lhes vai pela cabeça...

Posso começar pelo dinheiro, que cada vez condiciona mais as nossas vidas. Quando um primeiro-ministro contrata um secretário-geral para o seu governo, que vai ganhar seis mil euros mensais, e tem o desplante de dizer que este "vai pagar para trabalhar", insulta quase dez milhões de portugueses, que nem um terço deste valor recebem das suas ocupações profissionais.

Mais graves são as "comparações" que tenta fazer entre as manifestações contra o racismo e a favor deste, tentando armar-se em "balança". Além da desproporção entre as manifestações e os manifestantes (a manifestação contra a discriminação racial trouxe para a rua dezenas de milhares de pessoas, de todos os quadrantes políticos - até sociais democratas - enquanto a promovida pelo Chega contou com pouco mais de uma centena de pessoas, todos racistas...).

Mas os números nem são o mais importante. A questão de fundo é comparar quem luta pelos direitos humanos e pela igualdade de tratamento entre todos as pessoas, independentemente da sua cor de pele, naturalidade ou credo religioso, com gente racista, que aproveita todas as oportunidades para colocar em causa que é diferente deles...

Embora seja um lugar cada vez mais comum, é triste percebermos que estes políticos não aprenderam nada, continuam agarrados aos mesmos vícios do final do século dezanove, tão bem caracterizados na escrita pelo grande Eça de Queirós e na arte do desenho humorístico pelo enorme Rafael Bordalo Pinheiro.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


segunda-feira, janeiro 13, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (dois)


Os abusos da liberdade, esse bem de todos e para todos, são práticas comuns tanto das classes mais altas como das mais baixas. Como de costume é a chamada "classe média", que faz o equilíbrio das coisas.

As camadas mais baixas da sociedade, normalmente iletradas, acabaram por ser as grandes vítimas desta situação, embora também tenham alguma responsabilidade pela forma como sobrevivem, por começarem a usar e a abusar de uma "manha" (que contínua a vingar nos seus "territórios"...): aos direitos dizem sempre sim e aos deveres dizem sempre que podem, não.

Por serem "pobrezinhos" acham que tem de ser o Estado a dar-lhes tudo, desde casa à alimentação, e claro, ainda algumas moedas (rendimento mínimo...), para o tabaco e a bica.

Claro que se limitam a fazer o mesmo que muitos empresários (esses mesmo que se fingem competentes e bem sucedidos, que normalmente vivem em mansões ou palacetes e não em bairros sociais...) - fazem: alimentarem-se e viverem às custas das "tetas do poder", como muito desenhou há mais de um século, o grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Quando estes se queixam dos trabalhadores (dizem que "não querem trabalhar"), para não lhes aumentarem os salários baixos, fazem o seu número, e depois tentam ver se cai mais algum dinheiro do poder...

Parece que isto não tem nada a ver com a liberdade, mas tem, porque o mau uso que se lhe dá, começa logo nestes pequenos grande pormenores, em que tanto o "pobre" como o "rico", usam e abusam de um Estado, que é sempre encarado como a melhor solução para resolver os seus problemas.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 12, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (um)


Acho que os grandes problemas da sociedade actual são a forma como se entende a liberdade, seja em casa, na escola ou na rua.

E devo dizer, desde já, que nesse aspecto as redes sociais não têm grande coisa a ver com o assunto.

Houve mudanças enormes nos últimos cinquenta anos no nosso país, mas nem todas foram bem definidas, reguladas e aceites pelo comum dos mortais. 

A necessidade de mudança foi tal, que levantou logo outras questões (ainda durante o PREC...), que foram agravadas pela falta de cultura democrática, normal, para quem tinha vivido quase meio século em ditadura. Além do poder repressivo, abusava-se do "respeitinho", imposto pela generalidade das autoridades e das instituições.

Infelizmente, tanto no seio da família, como na escola ou na vida em comunidade, nunca se conseguiu encontrar o caminho certo para a tal liberdade, que se alimenta tanto de direitos como de deveres. Foi bom abolirmos o "respeitinho", mas foi muito mau deixarmos de respeitar o outro, como alguém igual a nós, nos tais direitos e deveres, que quando cumpridos, são a grande marca das sociedades mais bem sucedidas, social e economicamente.

Facilitou-se demasiado o caminho e chegámos a um tempo em que tudo parece "estar em crise". Mas é uma crise que parece interminável e dura há praticamente duas décadas e se tem agudizado (aí sim, com o apoio das redes sociais, onde tudo parece ser permitido...)...

Mas eu continuo a pensar que tudo começa e acaba no uso que damos à boa da Liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



sexta-feira, janeiro 10, 2025

O homem "cor de laranja" não está num baile de máscaras...


Não sei se é por causa do corte e penteado do cabelo, pela cor do seu bronzeado ou pelas suas ideias estapafúrdias, sei apenas que é difícil levar a sério o novo "dono" da América.

Agora quer juntar ao reino a Groenlândia e o Canal do Panamá, ao mesmo que quer colar o Canadá ao mapa dos Estados Unidos da América.

Não sei se chegará a algum lado, mas é assim, com  ideias lunáticas, que os grandes ditadores se afirmam no mundo. 

Hitler é o melhor dos exemplos mais recentes da história mundial.

E se presidem a nação mais poderosa no mundo, é bom que se comece a pensar que o homem "cor de laranja" não está num baile de máscaras...

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


quinta-feira, janeiro 09, 2025

As mulheres, a direita (dos extremos) e a liberdade


Sei que não devia, mas faz-me bastante confusão, ver mulheres, aparentemente normais, fazerem parte de partidos da extrema-direita. Partidos que passam o tempo a defender coisas que as diminuem como pessoas e cidadãs, intrometendo-se com a sua própria dignidade e liberdade pessoal.

Até posso acreditar que algumas queiram voltar aos velhos tempos, em que a uma boa parte das mulheres, estava-lhes apenas reservado  o papel "mães" e "donas de casa". Mas não deixo de achar isso, no mínimo, estranho.

Isto de se gostar demasiado da liberdade, tem cada vez mais coisas que se lhe digam... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 08, 2025

«A mentira é quase sempre mais agradável que a verdade.»


Nem toda a gente fica espantada com o aparente triunfo da mentira sobre a verdade, em cada vez maior escala, e que tem os maiores exemplos no que se está a passar nos Estados Unidos da América, em Israel, na Rússia ou na Ucrânia, para não ir mais longe.

Organizações como a ONU ou a OMS, apesar da sua importância, são cada vez mais banalizadas pelo poder de meia-dúzia de ditadores, que acham que podem fazer tudo o que lhes apetece e que escapam impunes.

O que me espanta é a forma como as populações, destes e doutros países, aceitam ser enganadas pelos seus líderes, dando cada vez mais espaço à mentira e aos negacionistas, disto e daquilo. 

Ficando-me apenas nos EUA, será que nem mesmo o inferno que lavra na Califórnia, faz com que os americanos, mudem de atitude em relação ao ambiente, para não ir mais longe?

Mesmo que o Carlos tenha alguma razão sobre a natureza humana, de que para muitos de nós «a mentira é sempre mais agradável que a verdade», continuo a pensar que as suas pernas continuam a ser demasiado curtas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 07, 2025

As coisas ainda são mais graves do que aquilo que pensava (nas redes sociais)


Ontem, quase por um mero acaso, assisti a uma reportagem transmitida no Jornal da Noite da SIC sobre as "mentiras" difundidas nas redes sociais, protagonizada por vários jovens estudantes franceses, que fizeram um trabalho de pesquisa, utilizando o "google" e o "tik-tok", sobre a primeira viagem do homem à Lua e também sobre a primeira vez que esta foi pisada pelos humanos.

Foi uma reportagem bem elucidativa do que se "aprende"  e do que "informa" esta rede social...

Enquanto o "google" oferecia aos jovens as datas certas e os nomes certos, destes acontecimentos históricos, o "Tik-tok" falava deles como se se tratasse simplesmente de uma "invenção americana", ou seja, como se nada daquilo tivesse acontecido...

Não fazia ideia que fosse possível acontecer algo do género, que se alterasse a história da humanidade, apenas porque não se gosta do que aconteceu. 

As coisas que se passam nas redes sociais são ainda mais graves do que aquilo que pensava...

Adenda: Nem de propósito. Desde a manhã de hoje (8 de Janeiro), que tem sido difundida a notícia de que a META vai deixar de controlar a desinformação, a mentira, na sua rede...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


segunda-feira, janeiro 06, 2025

Duas notícias diferentes sobre o mesmo acidente


Quem gosta de estar bem informado, como eu, fica surpreendido, pela negativa, mais vezes do que deseja, com o que lê, o que ouve e o que vê.

Aqueles que achamos mais credíveis também "metem a pata na poça", porque na ânsia de dar a notícia, esquecem uma regra essencial do jornalismo, ouvir ou consultar sempre mais que uma fonte.

Há pouco, soube de um acidente no Tejo, entre uma das barcas de carreira do Barreiro e um pequeno barco de pesca fluvial, que provocou dois feridos graves e dois desaparecidos, entre os pescadores.

Já escurecia e não consegui perceber o local onde se tinha dado o acidente, na minha varanda com vista para todo o Mar da Palha. 

As notícias ainda eram vagas. E como de costume, foi o CMTV o primeiro a dar a notícia. Falaram logo do embate entre um "Ferry" do Barreiro e uma embarcação de pesca. Poucos minutos depois mudei para a SIC Notícias e ouvi uma outra notícia, o acidente tinha sido perto de Cacilhas, entre um Cacilheiro que fazia a ligação entre Lisboa e a Localidade Ribeirinha, e um barco de pesca.

A aproximação entre as notícias ainda demorou algum tempo. O mais curioso, é que eu pensava que quem estava errado era o CMTV, pela sua ânsia em "ser o primeiro"... O seu erro foi me depois transmitido pelo meu filho, por eles insistirem no "ferry", que é a denominação de um barco misto, que leva pessoas e viaturas.

Claro que é um erro de só menos, quando comparado com o do canal noticioso da SIC. Embora o rio seja largo e extenso rente a Lisboa, é quase como nos enganarmos na rua onde ocorreu um acidente, pois as rotas seguidas pelos barcos de carreira para Cacilhas e para o Barreiro são completamente diferentes...

O grave da situação (para além dos dois desaparecidos), é ser normal esta discrepância de notícias, às quais nem sempre damos a atenção devida, por estas serem cada vez mais tratadas com o guião das "telenovelas". E muito menos os jornalistas dão a "mão à palmatória"...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, janeiro 05, 2025

O mundo fantasmagórico da televisão...


Não fazia ideia de que dois apresentadores de televisão, que trabalham juntos há bastantes anos (fazem ou faziam um programa da manhã para o "mundo português" na SIC), não tinham uma boa relação pessoal. Parece que Ana Marques  disse das boas do colega, ao ponto de  ter de se "retratar", na companhia de José Figueiras, no outro programa da manhã, de João Baião e Diana Chaves, dizendo que o que se dizia por aí, não passavam de boatos. Quando a Ana disse que nunca dissera as coisas que diziam que disse sobre o Figueiras, parece que vi o seu nariz a crescer...

Só soube desta questão, porque há notícias que entram dentro do nosso computador mesmo sem pedirmos (o "msn") e comecei a ouvir a apresentadora a explicar-se, num pequeno vídeo...

O curioso disto tudo, é que estes dois profissionais da SIC, parecem ser os "tapa-buracos" da empresa, pois passam a vida a saltitar de programa em programa, quando é necessário substituir alguém. Ou seja, nem devem ter egos muito grandes...

Não existem grandes dúvidas que há "lutas de galos", bem maiores que as destas duas figuras, menores da televisão, como os gouchas e as cristinas dos vários canais.

Este caso é apenas mais uma demonstração da "hipocrisia" e do "cinismo" que reinam no mundo das televisões, há décadas. Mesmo sem gostarem uns dos outros, a maior parte daqueles homens e mulheres, toleram-se, quanto mais não seja, por uma questão de "sobrevivência televisiva". É por isso que passam a vida a fechar as portas de entrada a "estranhos", que à primeira vista lhes possam dar cabo da "vidinha". É também por isso que passam o tempo a "lamberem botas" e a visitarem-se nos programas uns dos outros, onde trocam mimos e elogios, mesmo quando não se suportam...

A pergunta que se faz a seguir é: "não se passa o mesmo em todos os serviços e empregos?" Não necessariamente. 

Embora a "graxice" seja uma prática comum no nosso país, por ser a "escada" que permite a promoçãozita do chefe, não se tem de fingir tanto, como se finge no mundo fantasmagórico televisivo.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, janeiro 04, 2025

Criar, criar, criar, criar...


Muitas vezes damos por nós a pensar em coisas que parecem absurdas e sem grandes hipóteses de chegarmos a alguma conclusão.

Estava a preparar uma pequena nota sobre arte, pedida por um amigo, quando me deparei com uma série de dúvidas.

De repente pensei: "E se todos nascemos para criar?"

Claro que fui logo contrariado pelo meu lado "travesso": "Se sim, porque razão nem todos temos arte e engenho para alimentar esse lado criativo?"

Foi quando descobri que o problema pode não ser esse. 

Talvez faça bem a toda a gente criar, ser inventivo, dar largas à imaginação. É preciso é ter noção de que o resultado desse trabalho pode ser algo que foge à estética e à própria ética da coisa, e seja importante apenas para nós, nem que seja apenas como um acto terapêutico.

Pois é, nem todo o acto criativo, pode e deve, ser público. E não menos importante, nem todo o criador tem de ser um artista...

(Fotografia de Luís Eme - Caramujo)


sexta-feira, janeiro 03, 2025

A arte com e sem "areia nos olhos"...


Continuo a visitar exposições, sempre que posso e quando os artistas me dizem alguma coisa. Às vezes também são possíveis reencontros com alguns artistas, que nos fazem a visita guiada e com que quem se fala sobre tudo e sobre nada, seja das artes ou das vidas...

Não falámos de uma forma concreta sobre a banana e a fita isoladora cinzenta, falámos sim dos "intrujas", que se têm intrometido em tudo o que possa dar dinheiro na sociedade, inflacionando, sempre que podem os valores reais de casas, carros, jogadores da bola e obras de arte, entre outras milhentas de coisas.

Mas o mais impressionante não é transformarem qualquer vulgaridade em arte, é terem a capacidade de lucrarem com ela. Sim, não é para todos comprarem uma "banana" por dez mil euros e depois conseguirem vendê-la por vinte mil...

Pois é, convém andar com óculos por aí, nem que sejam de sol, por que vai aparecer sempre alguém, a querer atirar-nos areia para os olhos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, janeiro 02, 2025

O ano que começa...


Haverá quem mude de vida, de forma radical, por várias razões. Talvez as profissionais e amorosas sejam as que mais concorrem para essa necessidade de partir, de ser e fazer, diferente...

Claro que não vão estar à espera do começo do ano, para a tal mudança de vida, por vezes demasiado urgente (é quase uma questão de sobrevivência...).

Nós não queremos fazer coisas diferentes, neste ano que começa. Queremos sim, continuar a fazer as coisas que gostamos. De preferência, melhor. E se possível, com mais prazer ainda.

Talvez tenha sido por isso que ontem mal me levantei, escrevi mais que uma página de histórias, que vão tentar furar este tempo, que se quer afirmar quase "sem história", quase sem os valores que nos tornavam mais iguais.

Também fiz um passeio solitário e fresco pela margem do Tejo, num Ginjal que nesta altura quase que nem consegue ver o Sol (o que ajuda a perceber todos aqueles que só voltavam a fazer vida no Ginjal no começo de Maio, abrindo as janelas e as portas para deitar fora a humidade que devia deixar um cheiro estranho nas divisões das casas...).

Já Cacilhas, esconde o frio e agarra o Sol com tudo o que pode, desde as mãos aos pés, para sonhar com um mundo diferente, mesmo que o bom senso continue a estar longe de ser a melhor característica humana...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)