sexta-feira, setembro 06, 2024

O mau hábito de se "falar para o ar" (de falar do que não se conhece)...


Sempre me fez confusão ouvir pessoas a falarem de outras pessoas, sem as conhecerem, sem terem falado com elas uma única vez.

À medida que os anos passam, vou descobrindo que sou mais parecido com o meu pai (ou vou ficando...), do que o que poderia pensar. Claro que se pensar um pouco, reparo que nem se tratam de parecenças, é o tempo que vai tornando os seus exemplos mais vivos. Exemplos que estavam longe de ser teóricos, faziam mesmo parte do seu dia a dia.

A sabedoria popular também nos oferece bons ensinamentos a este nível, com algum humor à mistura, porque é muito fácil "atirar pedras", a torto e a direito, mesmo que estejamos rodeados de  "telhados de vidro"...

E com as "lupas" de aumentar que nos rodeiam, ainda se tornou mais fácil fazer (e divulgar, claro) juízos errados de quem "parece" ser o que afinal não é...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 05, 2024

Não sei se é uma provocação, se é apenas um desejo...


Sei que este titulo é bastante enganador, porque apenas se refere a um livro, que me foi oferecido há dois dias...

Mas é a melhor forma para expressar o que sinto. Não é um livro qualquer, é da autoria de alguém que não aprecio particularmente como escritor (não é apenas preconceito, li um livro da sua autoria para perceber a razão dos seus livros terem quase sempre mais de quinhentas páginas, é como a avó dizia "muita palha para a burra" e de não ser "muito amado" pelos críticos ...).

É por isso que esta "quarta oferta" de um livro de Rodrigues dos Santos, além de ser uma provocação, pode ser um desejo do meu irmão, para que me concilie com o escritor que vende mais livros no nosso país.

Falo de "Um Milionário em Lisboa", sobre a vida de Calouste Gulbenkian (uma das coisas que me faz embirrar com o escritor é o mau gosto de algumas expressões. Logo no início do livro - que estou a ler e vou sublinhar muitas vezes, coisa que normalmente não faço aos livros... - descubro a personagem Azevedo Passarão, a forma escolhida para identificar Azeredo Perdigão. Só mesmo ele, para oferecer este nome ao "padrinho" da Fundação Calouste Gulbenkian...).

E só mesmo o meu irmão, para me "obrigar" a voltar a ler o Rodrigues dos Santos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, setembro 04, 2024

Uma cidade suja gerida por governantes cheios de nódoas e (no mínimo) incompetentes...


Um dos problemas mais graves da gestão autárquica em Almada é à falta de limpeza e higiene das ruas.

Além desta coligação contra natura (PS/ PSD) nunca ter resolvido o problema, apesar das promessas eleitorais - logo no primeiro mandado - conseguiu piorar tudo nas ruas e fazer com que a gestão anterior da CDU, se tornasse um bom exemplo (a todos os níveis).

O lixo não se limita aos contentores, ocupa o espaço público que os rodeia. Fica assim dias seguidos, sem que exista qualquer recolha. E o mais grave, é que não se sente a preocupação de resolver o problema com a população (que também está cada vez menos sensibilizada e acha que pode deitar tudo para a rua...). Este "deixa andar", além de ser grave em termos de saúde pública, é preocupante também ao nível da responsabilidade (que não existe...) política. Teoricamente, o pelouro é da responsabilidade do PSD, mas todo o executivo é responsável pelo que se passa nas ruas de Almada.

E nem vale a pena falar da vegetação que cresce por todo lado, meses seguidos, ou dos buracos nos passeios e nas estradas, que são companhia diária dos Almadenses, em praticamente todas as artérias do Concelho.

Tenho alguma curiosidade em saber o que é que esta gente pensa da sua acção governativa (e nem vou falar da cultura e do associativismo, áreas que me são queridas, onde nunca houve tanta falta de apoio ou de iniciativa...). Provavelmente estão preparados para cumprir mais um mandato e deixar tudo ainda pior, do que está, na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, setembro 03, 2024

Parece que não chegam os "50 palhaços" que estão na Assembleia da República...


Embora seja importante descodificar estes "timings" que unem a justiça a alguma comunicação social, nos "tribunais populares", os factos falam por si, tal como o papel dos seus protagonistas...

Infelizmente, ano após ano, não conseguimos sair deste registo. A falta de sentido de Estado é notória na maior parte dos políticos que estão envolvidos em processos de privatização, com os privados a fazerem sempre o papel de "espertos" e os representantes do Governo de "parvos". Muitos, de parvos não têm nada (Miguel Relvas é um bom exemplo...), outros "assinam" em branco, sem terem percebido muito bem onde estão metidos (por impreparação e incompetência, talvez seja este o papel de Pinto Luz na privatização da TAP...).

O mais grave é esta gente do "bloco central" (há poucas diferenças entre PS e PSD nestas negociatas...) ainda não ter entendido a mensagem que lhes foi dada, por uma parte do povo português, quando quase gritou, "Já chega!", e abriu a porta a "50 palhaços" na Assembleia da República...

É triste esta gente não perceber que o mundo real fica ligeiramente ao lado do mundo onde vivem...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, setembro 02, 2024

"Adeus Politécnica" (depois de outro e outro adeus)...


Na sexta-feira passei pela Rua Politécnica e reparei na faixa colocada pelos Artistas Unidos, no gradeamento da entrada do jardim. A Companhia, sem o Jorge Silva Melo, ainda ficou mais desprotegida, porque "dizer continua a ser muito diferente de fazer"...

Enquanto caminhava lembrei-me do grande poeta, Zé Gomes Ferreira, que assistiu à substituição de cafés por instalações bancárias (curiosamente hoje também em vias de extinção...) e deu mostras do seu desencanto nos seus livros, que quase pareciam diários. 

Não muito depois começaram a fechar as salas de cinemas. Mais tarde foi o tempo de se fecharem livrarias... Inventaram desculpas (inventam sempre...), apenas para meterem as salas de cinema dentro dos centros comerciais, tal como depois fizeram com os livros, que passaram a ser vendidos quase ao lado das batatas e do arroz, nos hipermercados... 

Agora nem sequer se viram para o teatro e para os grupos independentes, com salas próprias, limitam-se a cortar os apoios. 

Nunca vão ter a ousadia acabar com o teatro e com os actores. 

Talvez pensem, sim, em os substituir... 

Não é por acaso que os políticos são quem "faz mais teatro" entre nós (mesmo que sejam uns actores medíocres...). Envolvem-se diariamente em farsas, dramas, comédias e tragédias (para os outros, claro) e depois fingem que não é nada com eles.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, setembro 01, 2024

Extraordinários exemplos de superação e de alegria...


Não tenho assistido com a mesma assiduidade às competições dos Jogos Paraolímpicos, com que assisti aos Jogos Olímpicos.

Mesmo assim, nas provas a que tenho assistido, noto que transparece um maior companheirismo e também uma grande alegria, só pelo simples facto de estarem ali a participar na maior festa desportiva do mundo.

Mas o que mais me tem impressionado é a alegria destes campeões e campeãs, quando sobem ao pódio e recebem uma medalha, que não precisa de ser a de ouro. Há uma autenticidade expressiva que é capaz de emocionar qualquer pessoa, mesmo os que gostam de fingir que são insensíveis.

Nem quero imaginar o percurso cheio de obstáculos que estas pessoas tiveram de enfrentar, tudo o que passaram até conseguirem chegar aos Jogos. 

São dos mais extraordinários exemplos de superação para todos nós...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, agosto 31, 2024

Nunca ouvi tanto a frase: "está tudo maluco"...


Nunca ouvi tanto a frase: "está tudo maluco"...

As queixas maiores são no trânsito, onde as buzinadelas são um doce, quando comparadas com os insultos de janela e até as ameaças de agressões físicas.

Todos estes "selvagens" que fazem ameaças físicas no quentinho do carro, deviam ser confrontados, da mesma forma que foi o Jeremias, na Avenida D. Afonso Henriques de Almada. Quando este parou o carro para tirar satisfações com o condutor que vinha atrás, teve a "sorte" de ver sair da viatura um calmeirão com quase dois metros, munido de um taco de basebol. Para felicidade dele, não lhe dirigiu qualquer palavra, limitou-se a amassar a porta do condutor e o capot com o taco. Depois voltou para o carro e seguiu viagem. O Jeremias, ficou pequenino e sem reacção, quase enterrado no banco do condutor. Serviu-lhe de lição para a vida...

(Assisti casualmente ao episódio, quando ia apanhar o metro na Gil Vicente...)

Mais uma vez dei a "volta ao cavalo" e escrevi sobre outra coisa. A "maluquice" de que queria falar aconteceu ontem no coração do Bairro Alto, junto à estátua do Padre António Vieira com os meninos índios. Enquanto passava por ali, assisti a uma discussão entre brasileiros  que não queriam os índios na estátua. 

Fingi que não percebia brasileiro e continuei a marcha até ao Cais Sodré...

O homem que há quase quatrocentos anos defendeu os índios, se manifestou contra a escravidão, depois de ter fugido para o Brasil, devido à perseguição da inquisição, para algumas pessoas parece ser "persona non grata", na actualidade. Pessoas que fingem não perceber que o mundo está sempre em mudança, que é um erro olhar para o passado apenas com os "olhos do presente"...

Lá vou eu voltar ao começo da conversa, porque o que não falta por aqui, e ali, é "gente maluca"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 30, 2024

«Então isto é que é o Mar!...»


Ouvia-a e pensava que, há coisas que nunca vamos entender, por várias razões, desde morarmos no país ou na região errada, ou algo ainda mais enigmático: nunca termos vivido numa ilha...

Cada frase que ela dizia trazia o Mar lá dentro. 

E lá voltei eu a pensar... O mar para mim era um elemento natural, devo-o ter conhecido tão cedo (ao colo, de certeza...) que ele faz parte de mim desde sempre.

Lá veio a sorte à baila. Sim, tinhas razão, isso só aconteceu porque nasci a menos de uma dúzia de quilómetros do Mar. Não tive de esperar pelo fim da infância ou adolescência, para fazer a pergunta fatal: «Então isto é que é o Mar!...»

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


quarta-feira, agosto 28, 2024

Uma "Casa Assombrada" e "Pimenta na Língua"...


Já o disse aqui, mais que uma vez, gosto do Benfica.

Claro que não sou fanático (a culpa é do meu pai...), porque as primeiras vezes que fui ao futebol, via o meu pai a assistir aos jogos do Caldas, como realmente eram, simples jogos, quase em silêncio. Não me lembro de ele chamar algum nome ao árbitro ou aos jogadores (pode e deve ter acontecido, mas nunca de forma ofensiva, como era comum à nossa volta).

Posso dizer que foi no Campo da Mata que ouvi pela primeira vez tantos impropérios, tantas ofensas, tantos insultos, e claro as chamadas "asneiras", ainda piores que as que escutávamos na rua, e não podíamos reproduzir, graças à ameaça caseira da "pimenta na língua"...

Onde eu já vou. Só queria dizer que o Benfica por esta altura, parece uma "casa assombrada", quase toda a gente quer sair do clube, apesar de ser o que melhor "recompensa" financeiramente os seus jogadores...

Apesar da grande pressão - e também de alguma ficção, como o "atirar" o nome de Sérgio Conceição para a "fogueira da luz", onde não é de todo, bem vindo - da comunicação social, algo se passa de estranho no "reino da luz"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, agosto 27, 2024

A liberdade, a identidade sexual e a "feira de rótulos" que floresce à nossa volta...


Enquanto passava junto de um grupo de jovens, percebi que duas adolescentes que estavam de mão dada, estavam a ser gozadas por esta sua atitude de carinho, que poderia, ou não, ter qualquer carga sexual.

Fiquei a pensar naquele episódio, enquanto continuava a minha marcha e eles iam ficando para trás. Nos meus tempos de adolescente era normal ver amigas a passearem de mão dada, sem que lhe fossem colocados quaisquer "rótulos".

Sei que nesses tempos a sociedade era bastante mais fechada e quase que obrigava as pessoas com opções sexuais diferentes a serem discretas, escondendo o que sentiam dos olhares públicos. 

Hoje passa-se outro fenómeno. Quando as pessoas são discretas em relação à sua sexualidade, se andarem sempre com a mesma pessoa (rapaz ou rapariga...), os outros começam a ver coisas, que até podem até ter alguma razão de ser, mas que ninguém tem nada a ver com isso.

Por vivermos em cidades diferentes e termos vidas também diferentes, eu e o meu irmão, estamos tempos e tempos sem nos vermos. Há dois anos, passámos três dias juntos, numa viagem pela Beira Baixa, com paragem na aldeia onde o meu pai nasceu. 

Num dos restaurantes onde fomos jantar, senti que havia uma simpatia exagerada por parte da senhora que nos servia. Reparei também que falava uma colega mais nova, quase ao ouvido, entre a cozinha e a sala de refeições, enquanto nos olhavam. 

Sei que não são só os homens que são atrevidos. Mas não era o caso, pois ela não nos oferecia qualquer "olhar guloso". Depois de nos retirarmos, fiquei a pensar que talvez tenhamos passado por um casal de namorados, nas suas cabecinhas tontas, pela forma alegre como conversávamos um com o outro (mesmo que seja o que os irmãos fazem quando gostam uns dos outros...)...

Embora a nossa opção sexual possa ser assumida hoje com mais liberdade, uma boa relação entre pessoas do mesmo sexo, também pode ser mal entendida com mais facilidade, por a nossa sociedade se ter transformado numa "feira de rótulos"... 

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


segunda-feira, agosto 26, 2024

Sem escapar do "tempo"...


Sei que se diz que só escreve sobre o "tempo" quem não tem mais nada para dizer.

Mas diz-se tanta coisa... 

Sei que não devia falar do tremor de terra (que não senti, estava a passar o fim de semana na Beira Baixa...), até porque as televisões vão estar a semana toda a convidar especialistas e "tudólogos" para nos explicarem tudo o que devemos saber e não saber.

Mas apetece-me falar disto, porque ao contrário do que acontece com as matas e a vegetação do nosso país, onde os incêndios têm quase sempre origem na mão humana, quando a terra treme, por muito palpites que nos sejam oferecidos, nunca se sabe bem o porquê, quanto muito apresentam-nos meia-dúzia de "porquês"...

Esquecem-se de que o Planeta onde vivemos, todos os dias nos dá sinais de desagrado pela forma como o tratamos, umas mais suaves outras mais fortes.

Mas como a maneira mais fácil de combater este calor, para a maior parte das pessoas, será alguém inventar um chapéu com "ar condicionado", a terra irá continuar a tremer, os furacões terão cada vez mais intensidade, tal como os períodos de seca e os de chuva serão cada vez mais terríveis...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, agosto 24, 2024

Sei que é perigoso, mas...


Sei que é ligeiramente perigoso dizer isto, mas confesso que já estava com saudades de um céu carregado de nuvens...

Pensei nisto na noite de quinta para sexta, quando elas passavam a grande velocidade pela Lua.

E ontem o céu quase que perdeu o azul, logo de manhã.

Claro que hoje é outro dia, isto agora são tudo coisas passageiras. 

Aquilo que chamamos "tempo", está apostado em nos ir enlouquecendo, ao perceber que continuamos a fazer as mesmas coisas que fazíamos antes, apesar de ele dar mostras de estar cada vez mais irritado connosco...

(Fotografia de Luís Eme - Céu)

sexta-feira, agosto 23, 2024

O grande Dom Rafael e a "arte de rua"...


Gosto de Rafael Bordalo Pinheiro, quase desde sempre, por estar muito presente na terra onde cresci e fui aprendendo a "ser gente".

Não digo isto por ele estar associado a toda a espécie de "loiça malandra" característica das Caldas, mesmo que esta lhe tenha passado ao lado (é um pouco como o Bocage com as anedotas...). Digo-o por sempre o olhar como um extraordinário artista.

O "António Maria" continua a ser do melhor que se fez no nosso país em sátira social e politica (e já lá vão quase 150 anos...). A criação e caracterização do Zé Povinho, continua impagável (e actual...).

Penso muitas vezes que se ele estivesse entre nós, seria o nosso "Banksy", deixando a sua marca nas demasiadas paredes abandonadas do nosso país e muito provavelmente, algumas "orelhas a arder"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, agosto 22, 2024

Marés Vivas no Ginjal...


Quase tudo pode ser um "espectáculo", depende apenas do nosso olhar, daquilo que os nossos olhos querem ver.  

Graças às marés vivas as águas do Tejo subiram bem muito mais que um palmo durante as tardes desta semana. Lembrei-me de algumas aventuras curiosas vividas nas margens do rio perto de Vila Franca de Xira, quando o Tejo "transbordava"... 

Curioso, acabei por caminhar no paredão do Ginjal que estava quase ao "nível do mar", ao mesmo tempo que ia tirando algumas fotografias, aqui e ali.

Gostei bastante da fotografia que ilustra estas palavras.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, agosto 21, 2024

O problema do nosso País não é o de não se querer trabalhar, mas sim o de existir trabalho a mais...


Já escrevi sobre isso mais que uma vez.

Talvez  a clareza não fosse a desejada...

No nosso país não existe mão de obra disponível para as necessidades da hotelaria, da restauração e da agricultura (mesmo que esta seja sazonal e deixe bastante gente sem fazer nada durante uns meses...). 

Utilizem os "fascistas" o discurso que quiserem (eu sei que é só conversa...), para ganharem os votos das pessoas pequeninas, que não só têm medo de "quem vem de fora", como os culpam de "todos os males do país".

Os capitalistas que alimentam os partidos de direita, são os primeiros a preferirem a "gente de fora" para as suas empresas, porque são sinónimo de mais exploração e mais lucro.

Quem enche a boca com a frase de que "os portugueses não querem trabalhar", devia olhar com olhos de ver para a realidade do nosso País, com uma população cada vez mais envelhecida. Pior que isso, é a relação cada vez mais desigual entre empregador e empregado, empurrando os nossos jovens mais qualificados para fora de Portugal, onde encontram trabalho mais bem pago e com melhores condições, e não a precaridade e a exploração, que são a marca deste país, cada vez mais miserável, que tem tudo para acabar mal, como de costume...

Só não vê quem não quer, que o problema actual do nosso país não é o de não se querer trabalhar, mais sim, o de existir trabalho a mais (em todos os sectores, da saúde à educação, passando pelos serviços...).

(Fotografia de Luís Eme - Caramujo)


terça-feira, agosto 20, 2024

Contradições de um país pequenino...


As notícias deste nosso pequeno país além de serem contraditórias andam em sentido contrário das dos países europeus mais desenvolvidos.

Continuam a nascer hotéis, hostels e restaurantes quase diariamente, um pouco por todo o lado, com a benção deste Governo (ou de outro qualquer que por lá estivesse...), como se o turismo nunca mais parasse de "pôr ovos de ouro".

Curiosamente, ou não, também apareceram nos notíciários uns donos de restaurantes a falarem de "crise", de quebra de receitas, de menos clientes. E esta? 

O normal é que as curvas ascendentes se tornem rectas, e depois comecem a descer. Ainda por cima o nosso país está longe de ser o paraíso com que é vendido lá fora...

Colado a este crescimento, está também o aumento da "imigração maldita", ao ponto do partido da extrema-direita, querer impor quotas de entrada a esta pobre gente, que tem quase o "selo de escravo" na testa, e que se limita a fazer o que uma boa parte dos portugueses não estão dispostos a fazer (trabalho que é pago, quase sempre abaixo do ordenado mínimo)...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, agosto 18, 2024

«As pessoas são mais bonitas ao longe»


A minha companhia ocasional durante a nossa caminhada à beira Tejo, além de não perceber o fascínio que o nosso país exerce sobre estas gentes de fora, de múltiplas nacionalidades, ainda menos percebe as filas enormes que elas fazem à beira dos dois únicos restaurantes do Ginjal.

Falei de exotismo. Ela sorriu. Acrescentei também que há sempre o Tejo, logo ali à mão...

Ela voltou a sorrir e a lembrar-me que ele não é muito simpático, ao cair do dia, junta-se ao vento e fazem "miséria". Respondi-lhe que isso era um refresco nestas noites quentes.

Quando regressávamos a Cacilhas ela sai-se com outra boa: «As pessoas são mais bonitas ao longe.»

Voltei a sorrir. Algumas sim, mas quem é bonito, é bonito a qualquer distância. Acrescentei.

Mas percebi o que ela queria dizer. Ao longe, não conseguimos ver os traços dos rostos das pessoas, que parecem mais jovens e bonitas à distância, porque a sua indumentária leve e o sol, são bons a fazer quase milagres...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, agosto 17, 2024

Os Homens, os Deuses e as Religiões...


Tinha ido falar com aquele Padre, por razões que passavam ligeiramente ao lado da religião. Era a história que me interessava, saber mais coisas sobre um acontecimento, ao mesmo tempo que aproveitava para conhecer melhor duas ou três pessoas. 

Claro que não me pude afastar do caminho de Deus, até porque se diz que ele está em toda a parte (é nesta parte que quase todos pensamos que anda distraído, basta olharmos para o que acontece em Gaza...).

Foi uma conversa muito útil, e não só em termos históricos. No campo religioso, não estava à espera de tanta abertura e lucidez.

Foi ele que disse que andamos errados há quase dois mil anos, de parte a parte. Tanto de quem diz ter "procuração de Deus" como de quem "frequenta os templos". Eu estava ali, como se não pertencesse a nenhum desses dois mundos. Era um "perdido"... Mas percebi a mensagem.

Quando vinha a caminho de casa (não apanho logo transportes públicos, faço sempre alguns quilómetros a pé, onde tenho espaço e tempo para reflectir sobre as coisas...), vi tudo com mais clareza. 

Não sei se haverá um tempo em que as religiões deixem de funcionar como "capas" ou "toldos" de protecção (estas foram duas das palavras, simples, usadas pelo "homem de Deus"...), que usamos sobretudo para ficarmos mais resguardados e protegidos, e não para nos tornarmos melhores pessoas.

Voltei a sorrir, tal como tinha feito na parte final da nossa conversa, quando ele disse que não há nenhuma religião que nos ensine a fazer o mal ao próximo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, agosto 15, 2024

O meu querido 15 de Agosto...


O feriado do 15 de Agosto, contínua - e continuará - associado a um Portugal que já não existe, onde não existiam supermercados, apenas mercearias e pequenos minimercados, e as feiras que se realizavam nas localidades, adquiriam uma importância primordial, tanto social como económica.

Na cidade da minha meninice a "Feira Anual do 15 de Agosto" realizava-se na Mata da Rainha (das Caldas). Aos meus olhos de criança, era um acontecimento memorável, que ocupava todo o espaço que rodeada o Campo da Mata, que pela sua dimensão e equilíbrio do terreno, era ocupado pelas principais diversões.

Parece que ainda oiço os vendedores de "banha da cobra" (que vendiam tudo menos este produto), à medida que ia andando de mão dada com a mãe ou o pai, para não me perder no meio da multidão...

É por isso que tiro o chapéu (que não uso) à Feira de São Mateus, de Viseu, que vai conseguindo resistir a todas as mudanças que se dão a nível planetário.

(Fotografia de Luís Eme - Viseu)


quarta-feira, agosto 14, 2024

«Olho para nós e só descubro filmes, peças de teatro e livros, que nunca vão ter vida própria.»


Estou tempos e tempos sem aparecer. Mas às vezes preciso mesmo de entrar naquele velho café, com mais histórias que clientes. É como se precisasse de me "carregar de raiva", daquela que depois se vai embora, à medida que regresso à Margem Sul, primeiro a pé e depois de metro ou autocarro. Às vezes estou no cacilheiro e pareço já estar "curado"...

O velho Henrique continua atrás do balcão, a música de fundo também é a mesma, um jazz longínquo. Sim, por ali para ouvires música, tens de estar em silêncio ou falar baixinho. O Jorge aparece às três da tarde para almoçar e a Catarina para beber café. São o "material humano fixo" daquele ninho de "pássaros feridos", o resto da malta vai aparecendo, sem hora ou dia marcado...

O Raul gosta de nos chamar "vencidos pela vida", confessa mesmo ser incapaz de se tornar amigo de alguém bem sucedido neste "país de merda". Também faz filmes de publicidade, mas ao contrário do Jorge finge não querer nada com o cinema, muito menos o português...

O Jorge tem três fitas começadas, que provavelmente nunca irão visitar qualquer sala de cinema. Desculpa-se com a idade, com o ter ultrapassado os cinquenta e ter perdido a "chama do ir à luta". Sei o que é isso, mas não tenho a certeza de a ter perdido de todo, agora que passei para o lado dos sessentões. A Catarina, menina ainda dos quarentas, sorri, mas não esconde o nervosismo, enquanto acende um cigarro e não quer olhar para o que se passa lá fora, na rua.

Foi nesta altura que o Jorge disse: «Olho para nós e só descubro filmes, peças de teatro e livros que nunca vão ter vida própria.»

Em vez de chorarmos, sorrimos.

Claro que não era bem assim. A Catarina tinha acabado de realizar um filme. A questão era mais complexa do que parecia. E lá apareceu o Fernando Lopes - um dos "nossos deuses" -  à mesa. Ele, mesmo com a qualidade que tinha como realizador, também viu um ou outro filme ser "chumbado" por aquela coisa estatal que é mais audiovisual que cinema. E não foi caso único. Estávamos todos de acordo, alguns daqueles chumbos não conseguiam disfarçar o "gosto da humilhação" e o "perfume da vingança", latentes nos elementos do júri.

Pelo menos desta vez não deixámos os sentimentos de revolta despertarem, em vez de "lamber feridas" "contámos anedotas".

Até porque estávamos a gostar da música escolhida pelo Henrique e lá fomos conversando, calmamente, sem que o jazz saísse do tom...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, agosto 13, 2024

Passar pela Feira da Ladra...


A Feira da Ladra continua ser um lugar especial.

Agosto é tempo de férias também para os "vendedores", tornando a feira ligeiramente mais pequena.

Quem quer saber quase tudo sobre a Lisboa mais castiça e popular, são os turistas (como já todos percebemos, estão por todo o lado...), que também se notava, estarem em maioria na Feira da Ladra...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, agosto 12, 2024

O ouro inesperado de dois grandes campeões


A primeira imagem que me ficou gravada, depois da vitória inesquecível de Iúri Ribeiro e Rui Oliveira, na competição de ciclismo de pista, foi a alegria genuína dos dois jovens, para quem o sonho do ouro olímpico, era isso mesmo, apenas um sonho.

Mas felizmente há sonhos que se tornam realidade.

Claro que só se tornam realidade, quando se consegue lutar até à exaustão por eles, com espírito de sacrifício, inteligência e com a sorte dos campeões.

E foi isso que o Iúri e o Rui fizeram. 

E depois foi um espectáculo, dentro de outro espectáculo, protagonizado por quem ainda não acreditava no que tinha acontecido. 

Vou ainda mais longe, nunca tinha visto ninguém a cantar o hino de forma tão emotiva e feliz, depois de terem recebido as medalhas.

(fotografia de autor desconhecido retirada do site do "Record")


domingo, agosto 11, 2024

O homem que voltou a estar quase sozinho...


Parecia a quase todos que os maus tempos estavam ultrapassados.

Quem chegou parecia ser melhor do que os iam partir.

O rio da esperança voltou a correr em direcção ao mar.

Eu sei. Ele sabe. Todos sabem. Tudo muda muito depressa neste mundo. A diferença entre "besta" e "bestial" são apenas duas letras a mais que facilmente são colocadas de lado.

E logo no primeiro dia, que era a sério, as coisas tinham de correr da pior maneira possível. Não sei se fizeram uma "lista de culpados". Ou sei. Antes de a começarem, o primeiro da lista já era o Rui Costa.

Não vale a pena falar de azar, porque isso não existe no futebol, como dizia o meu pai. Há apenas bolas que entram e bolas que batem na trave ou no poste e vão para fora. As que vão para a "quinta", não contam...

E agora, o homem voltou a estar quase sozinho. Não está completamente só, porque o Rui não é um "rato de porão" (como por exemplo, o presidente do Braga)...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sábado, agosto 10, 2024

"Arriscar", com e sem rede...


Quando o Rui disse que os portugueses, não são muito de "arriscar", tinha a nossa história, de séculos, contra ele (desde os descobrimentos, até à emigração, que tem sido - e continua a ser - uma constante na vida dos portugueses).

Talvez ele se quisesse referir aos "velhos do restelo", que não se ficam apenas pelo cais, e também aos muitos milhares de homens e mulheres, que permanecem por cá, acomodados na sua vidinha, normalmente com mais baixos que altos.

Depois ele explicou-se melhor, dizendo que custa pouco correr riscos, quando se tem muito mais a ganhar que a perder.

O engraçado, foi nós pensarmos no cidadão comum. Ele não. Estava a pensar nos nossos empresários, que raramente correm "riscos sem rede". Procuram quase sempre o "colinho" do Estado. E deu exemplos, sem excluir os nossos grandes grupos económicos, que são o que são, graças a situações quase de monopólio e aos negócios que fazem com os governos, pequenos e grandes.

Quando percebemos o seu ponto de vista, tivemos de dar a mão à palmatória, ele estava mais certo do que nós.

Não é por acaso que as grandes famílias que hoje dominam o nosso mundo empresarial, não são muito diferentes das que eram "donas do país" no Estado Novo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 09, 2024

"Modernices literárias" que não entram na minha cabeça...


Depois de ler Rumor Branco, resolvi dar uma "segunda oportunidade" a Almeida Faria e comecei a ler A Paixão.

Definitivamente, sou um leitor conservador. Se não achei muita piada ao primeiro livro, nem sei que diga deste segundo... A sensação que tive, até quase ao fim do livro, é que estava a ler "listas de coisas", que nos vão acontecendo. Umas com mais outras com menos poesia; umas mais grotescas, outras mais normais. Mas nunca me convenceu como romance (aliás, olho para este livro, como "outra coisa" e não como um romance...).

Se antes já estava do lado de Alexandre Pinheiro Torres (na polémica que travou com Vergílio Ferreira a propósito do Rumor Branco...), agora ainda fiquei mais convencido.

Há modernices literárias - mesmo que sejam do século passado - que não entram na minha cabeça. Sei que o problema pode ser meu. Paciência. 

Já passei dos sessenta, e sei que há coisas que não vou mudar. Uma delas é o meu gosto literário.

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


quinta-feira, agosto 08, 2024

«Gosto de ser eu a escolher as notícias que quero ler. E claro, de ser também eu, a fazer a minha analise pessoal»


O Carlos é o meu amigo mais resistente, que mais barafusta contra este tempo, que tenta meter o mundo inteiro num rectângulo com dimensões médias de 10 por 5cm.

Fuma com gosto na esplanada, à medida que vai folheando o jornal, que nunca é o "campeão das vendas" nem das "prendas". Continua a ler livros e a descobrir escritores, que mos "vende" de graça, com o prazer se sempre.

Como ele gosta de dizer, fuma cigarros a sério, daqueles que deitam fumo como as boas locomotivas, sem se socorrer de artifícios, que fingem ser mais saudáveis.

Em relação às notícias diárias, diz-me com um sorriso irónico: «Gosto de ser eu a escolher as notícias que quero ler. E claro, de ser também eu, a fazer a minha análise pessoal.»

E para o fim fica o melhor. Continua a gostar de falar de livros e de filmes, com o seu saber enciclopédico, de quem visita as livrarias e a cinemateca...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 07, 2024

Ainda as "mudanças"...


Continuando na mesma "onda" de ontem, das profissões que vão acabando com as mudanças que se vão verificando na sociedade, a quase obrigatoriedade de mudar de profissão, torna-se sempre mais fácil para quem não gosta do que faz, e até é capaz de encarar com alguma satisfação, a possibilidade de fazer outra coisa na vida. 

Mesmo que isso aconteça depois dos cinquenta...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, agosto 06, 2024

Um mundo a mudar e as profissões do costume a desmoronarem-se...


Hoje fui entregar o conjunto de palavras - que querem ser livro - que fui escrevendo e alinhando, sobre, e com um amigo, na tipografia.

Reparei que há muito não entrava naquele lugar e disse-o ao companheiro de várias aventuras, escritas e impressas (a última vez que ali entrara, fora algum tempo antes da "pandemia"...).

Acabámos por conversar sobre aquele mundo e pude assistir ao seu desencanto, de ver a profissão que abraçou há mais de três décadas a desmoronar-se, a decair, lentamente, porque o progresso tem esta coisa terrível de "matar" profissões, à medida que o mundo avança...

Quase que me limitei a ouvir os lamentos de um bom profissional. A vida é o que é. Mas é terrível, pelo menos para os homens do "mundo das palavras", irem assistindo ao princípio do fim dos jornais em papel, e claro, dos livros (ainda que mais devagar)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, agosto 05, 2024

Quase que apetece dizer: "volta 'simplex' estás perdoado!"


Cada vez que tenho de me deslocar a qualquer serviço público, é um suplício. Estou quase uma hora à espera para resolver uma coisa que demora menos de cinco minutos.

Sei que a culpa maior é dos políticos, que são avessos a reformas (António Costa é um dos grande culpados, pois esteve tempo suficiente no poder para ter reformado o Estado...). E estas são tão necessárias, em quase tudo...

Claro que os funcionários também têm as suas responsabilidades, pois além de serem avessos às mudanças, adoptam a teoria de "que quanto menos fizerem melhor".

Sei que é visível a falta de pessoas nos atendimentos, mas a falta de eficiência ainda é maior...

A solução não devia ser apenas a de "privatizar" (os CTT, por exemplo, funcionam muito pior...), tão à medida do PSD, devia ser sim, melhorar, servir melhor os outros. Muitas destas pessoas que estão em serviços de atendimento, detestam ter se "servir os outros", como se isso tivessem algo de negativo. Isso acaba por acontecer, directa ou indirectamente, em todas as profissões.

Voltou-se a falar do "simplex". E sim, quase que apetece dizer: "volta 'simplex', estás perdoado!"

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, agosto 03, 2024

As coisas "pequeninas" e "grandes" da vida...


Ouvia a minha filha a falar de uma amiga, que afinal não é tão amiga assim... Que sempre a tratara bem, mas que não a "suportava", por coisas normais e "pequeninas", como os amigos gostarem mais dela...

Soube isto vários anos depois, de terem feito toda a secundária juntas e continuarem, aparentemente, amigas.

Apenas lhe disse que se devia afastar dela, porque dali não viria nada de bom.

Mas fiquei a pensar o quando ela ainda vai sofrer pela vida fora, porque o que não falta à nossa volta é gente estranha, com comportamentos dúbios, sempre a quererem o melhor para elas e o pior para os outros...

Mas quando educamos os nossos filhos a darem o seu contributo para que o nosso Planeta possa ser melhor, para todos, não deveremos ter problemas de consciência. 

Até por que continuo a pensar que o "mundo não é uma selva", mesmo que a sociedade me tente demonstrar o contrário, diariamente...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, agosto 02, 2024

Ao contrário do país, eu não "fecho em agosto"...


Fizeram-me um pedido e lá andei, para trás e para a frente, ao encontro de portas semi-abertas ou fechadas, serviços a menos de "meio-gás" e funcionários que estavam ali, mas não estavam...

Não mudámos muito. E em muitas coisas, houve um tempo que melhorámos, mas na actualidade voltámos para a "cauda da Europa", que parece ser onde nos sentimos bem...

Claro que para as empresas e instituições com um número significativo de funcionários, o melhor é mesmo fechar as portas, porque é o mês em que "quase se pára" e também facilita o mapa das férias, não há chatices nem invejas, vai tudo de férias em Agosto e ponto final.

A senhora de cabelo claro abriu muito os olhos quando eu disse, que não me lembrava de "ter fechado em Agosto".

Virei costas e deixei-a a pensar, com cara de caso. Não lhe ia dizer que há muitos anos que faço férias em Julho, e que em Agosto tento contrariar a lógica deste "paraíso à beira mal plantado"...

Talvez em Setembro seja possível, encontrar o programa desejado por alguém...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, agosto 01, 2024

A democracia é (sem sombra de dúvida) outra coisa...


Embora não seja militante do PCP (costumo votar na CDU...), sinto-me envergonhado pela sua posição oficial em relação à Venezuela, apoiando um ditador e aceitando o resultado de umas eleições, que têm todos os indícios de terem sido fraudulentas. 

Não é por acaso que o povo saiu à rua e continua a manifestar-se, repudiando os resultados eleitorais, sem medo da forte repressão e violência, policial e militar.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, julho 31, 2024

Temos é de fechar bem os olhos...


Estava a ouvi-lo e a ver-me ao espelho. 

Lá estava eu a enredar-me na "teia de contradições", que é a nossa vida... 

Ambos gostamos de escrever ficção. Adoramos ouvir histórias de e com pessoas, E depois, não consegumos acreditar em "estórias da carochinha"...

Quando ele disse, «sei que o meu forte nunca foi ter uma mente muito aberta», sorri. Continuou a baralhar-me ao acrescentar que, «nunca consegui acreditar em milagres, com ou sem santinhos.» E depois concluiu, «provavelmente o problema é meu...»

Claro que sim. O problema é nosso. 

Se fecharmos bem os olhos, até é possível termos direito a uma dessas visões milagreiras, temos é de fechar bem os olhos...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


terça-feira, julho 30, 2024

A Maior Festa do Desporto Mundial na Televisão


Quem gosta de desporto, tem neste Verão a possibilidade de acompanhar os Jogos Olímpicos de Paris, de uma forma bastante completa, algo não acontecia há já alguns anos.

Não sei o que é que a RTP fez, para contornar o "negócio", mas o que fez fez bem.

De manhã à noite a RTP2 transmite praticamente todas as modalidades do programa olímpico, possibilitando-nos a oportunidade de perceber o equilíbrio que existe entre a maior parte dos atletas, com as vitórias e as derrotas a serem decididas por detalhes e também por alguma sorte, a tal coisa que, pelo menos no desporto, "dá muito trabalho"...

O comportamento dos portugueses não me tem desiludido nem iludido. Mostra a nossa realidade desportiva. Tirando meia-dúzia de grandes talentos que poderão realmente disputar medalhas, os outros atletas limitam-se a tentar fazer o melhor possível...

O único reparo que faço é a mania de fazer entrevistas mal os atletas acabam as provas, quando eles ainda estão a "digerir" as vitórias ou as derrotas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, julho 29, 2024

«Felizmente a esperança é uma adolescente»


Estávamos a conversar sobre a quantidade de jovens que sabem cantar e andam por aí, fora de mão, ao contrário dos "artistas da cassete pirata" que animam os arraiais nos fins de semana televisivos. 

O custo zero merecia mais que que a pinderiquice das roupas, das danças, o mau gosto das letras e, claro, o "play baçk" musical.

O Ruca disse uma coisa bonita e certa: «Felizmente a esperança é uma adolescente.»

E é mesmo. Quando somos jovens não desistimos dos nossos sonhos às primeiras e às segundas, e ainda bem.

Só há um problema, que muitas vezes se descobre tarde demais: no nosso país a qualidade nunca foi o requisito mais importante, para o que quer que seja...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, julho 28, 2024

Os loucos que nos estão a levar à loucura...


Este mundo está a tornar-se um "paraíso" para todos aqueles que têm poder e se afastam, sempre que podem, do que entendemos por racionalidade. Começam pelo uso das palavras (são capazes de dizer  as coisa mais estúpidas e grotescas, com o ar mais sério do mundo), mas se alguém lhe der "a mão, rapidamente fica sem braço". 

Há cada vez mais exemplos de gente louca, que não só pensa, como faz aquilo que mais lhe convém, com a conivência de uma "corte de vassalos", sem vontade própria, que fingem ter serradura na cabeça.

Talvez Putin, seja a personagem principal deste "filme de terror". Talvez. Mas cuidado com as outras personagens, pouco secundárias como são Trump, Maduro, Netanyahu, Jimping ou Jong-il. 

É tudo gente capaz de aliar à paranóia, o gosto pelos "jogos de guerra". 

Se não os conseguirmos "destruir" vai ser difícil escapar ao que eles andam a "escrever nas estrelas"...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve) 


sábado, julho 27, 2024

A arte hoje é quase o que cada homem ou mulher quiser...


Ao ver a alegria de uma família, de três gerações, a reduzirem o seu tamanho, de forma a caberem todos na fotografia, a famosa "selfie", que quase ficou com os direitos de autor do Presidente da República, fiquei a pensar nesta espécie de "democratização" (talvez não seja a melhor palavra...) da imagem, que invadiu o planeta.

Tudo ficou mais próximo e mais fácil, com os avanços tecnológicos, com a facilidade com que se tiram fotografias e se fazem filmes. 

E de repente é só "artistas" à nossa volta, com mais ou menos jeito para enquadrar as pessoas nas paisagens. É tudo tão fácil, que o fotógrafo ou o realizador perdeu importância, tanto no campo artístico como no comercial.

Só alguns teimosos é que mantém aberto o seu estúdio de fotografia e vídeo, mas quase só virado para os os casamento e baptizados...

Este "deslumbramento artístico" acaba por ser normal. A evolução tecnológica facilitou a existência de um "artista genial" em cada esquina, difícil, difícil é tirar uma fotografia feia, nos nossos dias... 

E não tentem dizer a estas pessoas que a Arte é outra coisa. Até porque os tempos mudaram muito,  ao ponto de  a arte hoje ser quase o que cada homem ou mulher quiser...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)