Estes tempos, continuam a "não serem tempos" para viajar, pelo menos, fisicamente. É por isso que há sempre um ou outro livro, que promete levar-nos, aqui e ali, quase sempre com mais pormenores que os que costumamos encontrar nas verdadeiras viagens.
E se forem como eu, que não faço planos muito elaborados por gostar de ser surpreendido pelos próprios lugares, pior ainda, em relação ao tal "sumo da viagem".
Lá estou eu a desviar-me... Queria escrever sobre o facto de a nossa riqueza geográfica não ser bem aproveitada pelos viajantes-escritores (andámos por aí espalhados pelos cinco ou seis cantos do mundo, e parece que só o Fernão Mendes Pinto, que também escolheu esta margem para ficar, é que nos contou, muito bem, as suas muitas aventuras e desventuras, na forma de livro - Camões não conta, tudo aquilo é poesia).
Talvez partissem, sobretudo iletrados... gente com pouca instrução. Os outros, com mais imaginação e saber, pensavam que lhes bastava "partir" de viagem, nos passeios, curtos ou longos à beira do Tejo ou do Atlântico.
Mas não bastava. Nunca bastou. E é por isso que não existem muitos romances sobre Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé, Macau ou Timor (e nem vou até ao Brasil ou à Índia...).
Tal como nunca fizemos séries ou filmes sobre os grandes protagonistas da história e sobre as nossas epopeias (sei que hoje o "politicamente correcto" é fingirmo-nos envergonhados pela nossa linhagem de conquistadores e descobridores, mas eu estou-me borrifando para tudo o que é "demasiado faz de conta" ou para se "ficar bem na fotografia"...).
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)