quinta-feira, janeiro 07, 2021

Democracia, Mentiras e Poder


Nem sei se comece por falar do péssimo exemplo dado por alguns americanos, em relação ao país que gosta de se afirmar como o "mais democrático e livre do mundo". Ou se fale das "guerras internas" (é notório que existe, mais uma vez, uma luta de poder entre PS e PSD...) sobre a nomeação de um procurador europeu, com demasiadas contradições e até mentiras. 

O exemplo americano protagonizado pelo ainda presidente, que não aceita a sua derrota e continua a falar de "fraude eleitoral" (mesmo que nunca tenha conseguido apresentar qualquer prova...), convidando os seus apoiantes a dirigirem-se para o Capitólio e a ocupá-lo. De cuja tentativa de invasão resultaram quatro mortos, dezenas de feridos, meia centena de detidos e o recolher obrigatório decretado pela presidente da câmara de Washington, a democrata Muriel Bowser, que disse: "Assistimos a um ataque sem precedentes à nossa democracia americana, incitado pelo Presidente dos Estados Unidos. Tem de ser responsabilizado. A sua retórica constante e divisiva provocou as acções abomináveis que hoje vimos".

A questão portuguesa é mais branda, tal como os "nossos costumes", mas não deixa de ser grave. Nestes casos pede-se sempre a demissão do ministro (neste caso ministra), mas normalmente desce-se uns degraus, convidando alguém a "assumir as suas responsabilidades directas".  Foi o que aconteceu com Miguel Romão, que exercia o cargo de director-geral  da Política de Justiça, no Ministério da Justiça, que se demitiu por ser o responsável pelas "mentiras curriculares" da nota que foi enviada para a União Europeia sobre José Guerra. Mas não deixa de ser curioso que ele começasse por dizer que "não houve intenção nenhuma de falsear, subverter ou adulterar qualquer informação por parte de ninguém", para no dia seguinte deixar várias suspeitas no ar em relação à Ministra da Justiça... 

E nem vou falar das acusações do primeiro-ministro, de "conspiração contra Portugal", aos sociais democratas e emigrantes de luxo, Paulo Rangel e Miguel Poiares Maduro.

Percebe-se sim que a democracia continua a ser subvertida, de uma forma cada vez mais descarada, tanto dentro como fora do país.

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


5 comentários:

  1. Uma tristeza!
    Já não sabemos em quem acreditar com exemplos destes que vão do abominável ao caricato!

    Abraço

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    1. É mesmo. Parece-me que as pessoas que governam não são tão estúpidas como as histórias as querem fazer parecer, Rosa-

      E também anda por aí uma direita completamente perdida e sedenta de poder (acho que o Rio vai ter um fim triste, talvez o que merece...).

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    2. (Da América nem vale a pena falar, Rosa...)

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  2. Gostava de meter as mãos nesta massa, mas o ateu que é, não entende a democracia, venha ela donde vier. Refugia-se num silêncio que em nada o abona e lembra-se de uns versos de Henrique Segurado, poeta, jornalista, livreiro, que, aos 90 anos, no Dia de Reis, nos deixou:
    «Os mistérios que a vida nos reserva
    P’ra que a morte nos seja necessária!»

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    1. Sim, Sammy, a poesia pode não salvar, mas é muito melhor que todos estes episódios vergonhosos, que nos rodeiam...

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