quinta-feira, outubro 31, 2024

«Há muito tempo que não acredito em tudo o que oiço»


Falava-se de fotografia, das muitas questões técnicas, que por vezes se tornam chatas, pelo menos para quem, como eu, gosta da fotografia pela fotografia e aceita de bom grado as vantagens proporcionadas pela era digital.

Não sei se toda aquela gente que ali estava sabia, mas eu era daqueles que estavam farto de saber que não era uma boa máquina que fazia um bom fotógrafo, muito menos as facilidades técnicas oferecidas por máquinas que fingem fazer tudo e levam tanta gente ao engano... 

Sim, elas ainda não substituem o nosso olhar, mas que nos ajudam muito a sermos melhores fotógrafos, ajudam...

São tantas as vantagens...

Basta pensar que podemos "disparar indiscriminadamente" pelos lugares que queremos guardar só para nós (outro engano...). Eu não tenho grandes dúvidas de que a quantidade continua a ser o melhor "fabricante" de qualidade (não de genialidade, isso já nos remete para o território dos deuses...). E depois temos o "automático", que resolve com ligeireza qualquer problema. Felizmente, nem sempre deixa o "passarinho" fugir...

Enquanto bebíamos um café, depois daquela "aula técnica", o Chico ofereceu-nos algumas preciosidades, ligadas ao mundo da imagem, da sua vida feita nos jornais e também das exposições, que faz aqui e ali. 

Mas a frase dele que guardei, até foi dita sem ironia e humor: «Há muito tempo que não acredito em tudo o que oiço.»

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, outubro 30, 2024

Quando "o Feitiço se vira contra o Feiticeiro"...


Por estes dias, o Manchester United está a fazer ao Sporting, o mesmo que este fez ao S. Braga, há mais de quatro anos: "compra" Ruben Amorim, pagando a respectiva cláusula de rescisão. E ponto final.

É apenas mais um bom exemplo de que adoramos fazer aos outros, coisas que não gostamos que nos façam a nós...

E como nos diz, muito bem, a sabedoria popular: "o feitiço virou-se (mais uma vez) contra o feiticeiro". 

Todos aqueles que dizem que este caso não é comparável, falam com o coração e não com a razão, o que até é perfeitamente legitimo num adepto de futebol.

Já o mesmo não se pode dizer dos gestores profissionais do clube. É por isso que não percebo toda a carga dramática que os dirigentes do Sporting estão a colocar no balneário, no treinador e nos jogadores, quando se percebe que a cabeça do técnico já está em Inglaterra. 

Em vez de se desenvencilharem do "problema", o mais rapidamente possível, estão a fazer os possíveis para que ele deixe cada vez mais marcas na equipa, colocando em causa, tudo, até o primeiro lugar que ocupam no campeonato...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


terça-feira, outubro 29, 2024

O passado, além de nos começar a perseguir, a partir de uma certa altura das nossas vidas, também pode ser motivo de orgulho...


Estava com as mãos na terra castanha, a apanhar as ervas que cercavam os pés das videiras, antes de as podar, e a pensar no prazer que tenho em mexer e remexer nesta areia diferente, que me pinta as mãos de castanho, por deixar as luvas arrumadas na prateleira da garagem, voluntariamente...

Sou o único que faz isso. Todos os restantes elementos da família, antes de fazerem qualquer coisa, no terreno com cada vez menos uso, enfiam as luvas nas mãos, como se este mundo lhes fosse estranho. E é...

Nenhum deles teve um Avô, agricultor a tempo inteiro, numa aldeia que era o espaço privilegiado das férias grandes, minhas e do meu irmão, que tinham muito mais campo que mar, na infância... 

Penso sempre nele, quando olho para as minhas mãos castanhas enquanto mexo na terra estranha, que produz muito mais ervas daninhas que plantas para consumo interno. Se tivesse escutado os seus conselhos em vez de andar a brincar com o meu irmão, muitas vezes em "terrenos proibidos", onde deixávamos sempre a marca do nosso calçado, quase como "impressão digital", talvez o hoje fosse diferente... Mas aqueles eram tempos de brincar, e eu estava longe de sonhar ser agricultor, até por saber e ver a roda viva do avó, que saltava quase diariamente de fazenda em fazenda, porque era ali que estava o seu sustento...

E gosto de pensar no Avô, não só por ser um tempo feliz, este da infância, mas por sentir um grande orgulho neste homem, excessivamente sério, incapaz de apanhar uma peça de fruta, mesmo da que cai no chão, de uma fazenda que não fosse sua...

(Fotografia de Luís Eme - Óbidos)


segunda-feira, outubro 28, 2024

«Nós, não somos bons. Somos muito bons, na arte de "enfiar a cabeça na areia"»


O Rui nunca escondeu a ninguém que cresceu no famoso "Bairro do Pica-Pau Amarelo". 

Felizmente, não foi uma coisa para todo o sempre. À distância de trinta e muitos anos, sente que não lhe fez mal nenhum conhecer gente tão diferente. Muito menos ter amigos de todas as cores.

Sentiu na pele, literalmente, desde muito cedo, que era um felizardo. Os suspeitos de qualquer coisa no bairro, tinham sempre a pele mais escura que ele.

Contou-me tudo isso, depois de ler o que escrevi aqui no blogue, sobre racismo. Mas foi ainda mais longe. Falou-me de outro problema, não menos problemático, o machismo reinante, a imensidão de homens bêbados que batiam quase diariamente nas mulheres, apenas porque sim. 

Acrescentou que essa foi a principal razão para a sua família sair do bairro. Os pais não suportavam a "normalidade" da violência doméstica naquele lugar. Se havia coisa que o seu pai se orgulhava, era de nunca ter levantado à mão à mãe. E acabou por ter problemas na vizinhança, por  ter "metido a colher entre homem e mulher", mais que uma vez...

Chocou-o ver o primeiro-ministro a falar de Portugal, como se fosse um autêntico paraíso, quase sem crimes, quase sem criminosos. E foi ainda mais longe, quando explicou que o número de mulheres que são mortas pelos companheiros ou ex-companheiros, os pretos que são presos e agredidos nas esquadras, culpados apenas de terem a pele mais escura, estão fora destas estatísticas.

Foi por isso que me disse: «Nós, não somos bons. Somos muito bons na arte de "enfiar a cabeça na areia".»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

 

domingo, outubro 27, 2024

O medo no uso das palavras...


Cada vez se fala mais em surdina nas ruas, especialmente quando se utilizam as "palavras proibidas", de uma lista cada vez mais longa, numa sociedade cheia de tiques repressivos e de falsos pudores.

Onde parece que tudo é possível, é nas redes sociais. Se excluirmos o "censor oficial", continua a valer tudo, até tirar olhos.

Continuo a pensar que, podemos e devemos falar de racismo, fascismo, xenofobismo ou machismo, em qualquer lado, porque eles estão presentes no nosso dia a dia. 

É tão negativo entrarmos em negação como generalizarmos o uso e a prática destas palavras. Só nos torna uma sociedade ainda mais fechada e desigual.

Não devemos ter medo de usar as palavras, todas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 26, 2024

Mandar alguém para a sua terra, não é uma piada: é racismo!


Era bom que aproveitássemos os momentos críticos, vividos em sociedade, para reflectirmos sobre o nosso comportamento, sem mentirmos a nós próprios ou continuar a fingir que não vimos o que está a dois palmos da nossa testa e do nosso olhar.

Um bom exercício era metermos na cabeça, de uma vez por todas, que mandar alguém para a sua terra, apenas por que nos incomodou, por isto ou aquilo, nunca foi uma piada, mesmo que se esconda quase sempre na lista de piadas de mau gosto: é racismo!

Ao fazermos isto, não precisamos de "apagar" o passado ou o presente, de fingirmos que ele nunca existiu, apenas porque nos incomoda. Muito menos deixar de usar a palavra "preto", mesmo o mundo que nos rodeia nunca tenha sido a "preto e branco" (nem mesmo nos primórdios do cinema, havia sempre uma vasta camada de cinzentos...).

Até porque normalmente as pessoas que "mandamos" para a sua terra, são pessoas que trabalham (não o fazemos com vagabundos ou membros de "gangues"...), que executam tarefas que nós não gostamos, nem queremos fazer...

E depois existe ainda o lado "oficial da coisa". Aos olhos da nossa Constituição, somos todos iguais, nos direitos e deveres, sem que exista qualquer alínea que diferencie os amarelos dos azuis ou os verdes dos vermelhos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, outubro 25, 2024

Procurar explicações (mesmo que possam não existir justificações)...


Não é assim tão difícil encontrar explicações para a continuidade de actos de violência e de destruição de bens públicos e privados nos bairros mais problemáticos da periferia da Capital (em ambas as margens do Tejo...).

Todos sabemos que estes actos não nascem no "coração" destes lugares, que albergam maioritariamente, gente de bem. Gente que vive do seu trabalho e no seu dia a dia não faz grandes ondas, mesmo que receba um tratamento de "cidadão de segunda", e até de "terceira", neste país que finge não ser racista.

Basta utilizar os transportes públicos logo às seis, sete horas da manhã, para ver quem são as mulheres (estão em maioria...), que começam a trabalhar mal o dia amanhece, em escritórios, cafés, hotéis, restaurantes, etc., para que tudo esteja "num brinco", quando estes abrirem as suas portas ao público. Sobressai sempre a sua cor, pouco europeia, tal como a sua voz viva, mesmo que se exprimam muitas vezes em crioulo, umas com as outras.

Não são elas que andam a provocar desacatos, aqui e ali. Provavelmente são os seus filhos, que devido aos horários de trabalho estranhos das mães, ficam desde muito cedo entregues a eles próprios, nas ruas destes bairros, que se prestam a tudo. E naturalmente, mais rebeldes e conhecedores do mundo, não gostam, nem querem ser, "cidadãos de segunda" ou "de terceira", no país onde nasceram e cresceram...

Não devia ser normal o nosso esquecimento, destes pequenos-grandes pormenores, que acabam por explicar muitas coisas, mesmo que estejam longe de as justificar...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, outubro 24, 2024

Quando se diz e faz quase tudo...


Marco Paulo deixou-nos hoje e foi homenageado pelas televisões, com um tratamento digno das maiores figuras da cultura do nosso país. 

Em parte, ainda bem que isso aconteceu, contrariando o "esquecimento" de muito boa gente, que tem apenas direito a uma fotografia e uma nota de rodapé, no seu adeus.

Mas não deixa de ser curioso, este tratamento especial. Até porque penso que Marco Paulo nunca teve direito à chamada "unanimidade", especialmente nos meios musicais (e isso não muda apenas porque as televisões lhe oferecem mais horas de emissão, na despedida...). 

O mais curioso, foi ter sido o aparecimento massivo da "música pimba", que fez com que passasse de "cantor piroso" a quase um interprete de culto da nossa música ligeira. Mesmo que nunca tenha sido  esquecido o facto de Marco Paulo ter "apenas" uma bonita voz e de nunca ter composto ou escrito uma canção. Marco limitou-se a cantar versões de autores de outros países, escolhidas a dedo pelo seu produtor. Não tenho grandes dúvidas, que é essa a explicação para a tal ausência da unanimidade, por parte dos seus pares...

Embora tenha ficado feliz por se ter dito, e feito quase tudo, em relação a um dos interpretes mais populares da música portuguesa (que por isso mesmo, usou e foi usado até ao fim, por um canal televisivo), era bom que não se exagerasse na adjectivação. Até porque a história diz-nos que só temos direito a uma "Amália" e a um "Zeca Afonso", por século...

Focando-me essencialmente na memória (cada vez mais selectiva...), mesmo que passe por "lírico", era bom que este exemplo perdurasse, que se acabassem, de vez, com os esquecimentos da tanta gente de qualidade que faz parte da nossa Cultura, especialmente pela dita televisão...


quarta-feira, outubro 23, 2024

As "narrativas para todos os gostos"...


Eu sei que nunca nos faltaram bons mentirosos, da mesma forma que também sei que a sua existência era quase anedótica, pouca gente os levava a sério. Algo que não os incomodava nem um pouco. Até tinham um certo gozo em serem descobertos e apontados a dedo, por terem uma imaginação demasiado fértil.

O problema foi quando a mentira (aliás os mentirosos...) entrou em campo e começou a querer passar pela verdade, a deixar o riso de lado e ficar com o ar mais sério do mundo. 

A América voltou a dizer-nos, de que tudo é possível, com a eleição de um presidente, capaz de mentir até nos seus sonhos. Não foi preciso esperar muito pelas imitações...

Grave foi ela ter conseguido entrar no Parlamento, agarrada a um novo partido, que no início parecia enganar apenas os "incautos" do costume. Com a técnica dos "vendedores de banha da cobra", foram-se aproveitando da indignação e indecisão crescentes e enganaram muito mais gente, do que eles próprios deviam prever. Ao ponto de terem conseguido arranjar emprego a cinquenta "inimigos da verdade" na Casa da Democracia nas últimas Legislativas.

E com eles, não só se popularizaram, ainda mais, as "narrativas para todos os gostos", como se banalizou a falta de respeito pelo próximo, com um comportamento público indecoroso.

Como de costume, tinha pensado em escrever outra coisa. Queria apenas chegar a este tempo em que vivemos, com as tais "narrativas para todos os gostos".

Por falar em narrativas, e se o Odair Moniz,  assassinado por um agente da polícia, nem sequer tinha uma arma preta nas mãos, quanto mais branca?

Sim, porque para variar, temos várias versões populares do triste acontecimento. E até a polícia, tem pelo menos duas versões do que sucedeu (a oficial e a oficiosa)...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


terça-feira, outubro 22, 2024

O cinema a ajudar-nos a reflectir sobre a loucura, a arte e a humanidade...


Um dia destes, acendi a televisão (é curioso, que tanto posso acender a televisão mal me levanto como deixá-la quietinha e em silêncio até às notícias da noite...) e fui surpreendido, pela positiva.

O canal que apareceu era um de filmes (é uma pena repetirem tanto os filmes quando existem milhares e milhares de clássicos de qualidade...) e a primeira imagem que vi foram os olhos azuis de Willem Dafoe, que fazia o papel de Vincent Van Gogh, esse extraordinário pintor dos Paises Baixos.

O filme já ia a meio e eu fui vendo, enquanto preparava o pequeno almoço e a mesa de trabalho.

Provavelmente já tinha visto o filme, mas nunca com esta intensidade. Tanta reflexão sobre a loucura, a arte e a humanidade, que ía aparecendo nas imagens, graças ao talento de Dafoe, que faz mais um dos seus vários "papéis de uma vida" (há actores que são assim, não estão logo na primeira fila de Holywood, mas são essenciais para os filmes graças à forma como dão vida às personagens). 

Fiquei com a sensação que só ele era capaz de nos oferecer tanta sensibilidade e intensidade, neste filme sobre os últimos anos de vida de um pintor que tinha tanto de genial como de problemático, devido à sua débil saúde mental.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


segunda-feira, outubro 21, 2024

«Sabes, o mundo hoje fugiu da minha janela»


Há semanas que começam sem que tenhamos algo para dizer ou escrever, outras é ao contrário.

E esta segunda começou logo com um encontro delicioso na descida (e subida, para a dona Maria é sempre a subir...) da minha casa, que nos leva para a Gil Vicente, para quebrar o nevoeiro matinal.

A Catarina vinha de mão dada com a mãe, que a ia deixar na pré-primária do meu bairro e antes que eu dissesse alguma coisa deu-me a novidade da manhã: «Sabes, o mundo hoje fugiu da minha janela.»

Sorrimos todos. Depois disse-lhe para não se preocupar, que antes do almoço ele devia voltar, com o Sol.

Ela concordou e desejámos um dia bom para todos.

Esta menina bastante expressiva fez com que recuasse no tempo e voltasse a sentir a mão pequenina da minha filha quase apegada à minha, quando me dizia coisas giras e curiosas, nestas belas idades da nossa vida...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, outubro 20, 2024

Somos, mas já não somos...


Hoje foi um dia. quase passado integralmente no Oeste, para estarmos com o nosso tio da América.

Com um almoço da família à antiga, com múltiplas viagens pelo passado, com o regresso dos avós, do pai, e claro, de muitos lugares onde fomos felizes, em quase mil aventuras, tanto em Salir de Matos, como no Bairro da nossa meninice, ou em espaços especiais, como o Parque ou o nosso Mar...

Parque que nos levou a uma revisitação do Museu do nosso Malhoa, um lugar especial na nossa infância (pensava que era só eu que o recordava com um olhar ternurento, mas o meu irmão ao almoço, quando falámos que íamos passar por lá, também nos disse que era um sítio especial, desde sempre...).

E claro, aquele espaço não nos desilude, mesmo que a sua arte tenha pouco de moderna. Talvez até seja por causa dele que sou tão "conservador" nos meus gostos artísticos...

Depois fomos ver o Mar, aquele que tem uma cara séria e uma voz de trovão. Esse mesmo, o da Foz do Arelho. Antes ainda passámos pela Lagoa de Óbidos, que nos sorriu agradada com a visita.

E depois fomos pela estrada Atlântica, até Salir do Porto e depois São Martinho do Porto.

Contei que Salir era a praia da nossa infância. Íamos no "Comboio-Correio", quase sempre lotado de veraneantes, nesses longínquos anos sessenta. Claro que mal crescemos um palmo, tanto eu como o meu irmão e os amigos do bairro, elegemos a Foz do Arelho, como a "praia da nossa vida"...

Já em São Martinho do Porto fui contando à nossa "estreante" no Oeste, que esta praia além de ser a "banheira das duquesas", era o espaço de eleição dos "betinhos", tanto do Oeste como da Capital. Além deste pormenor, eles perceberam que aquele Mar era mais "sujo". Acrescentei que também era mais sonso, não tinha nada a ver com a Foz do Arelho...

E depois foi o regresso a casa.

Quando comecei a escrever estas notas de viagem, pensava que "somos, mas já não somos", destes lugares, mesmo que eles fiquem para sempre, dentro de nós...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, outubro 19, 2024

Como os sábios antigos diziam, "há males que vêm por bem"...


Noventa e nove por cento das imagens que publico no "Largo" são da minha autoria.

Esta opção ficou a dever-se ao "blogspot", que há uns anitos colocou alguns problemas em relação a uma das imagem que escolhi para ilustrar as minhas palavras (que até tinha a identificação do autor...). 

Não me lembro do autor em questão, nem tão pouco do texto que escrevi. Lembro-me apenas que fiquei incomodado com a situação e a partir daí comecei a usar quase só as minhas imagens nos meus textos.

É mais uma daquelas questões que nos dizem que os antigos sabiam muito mais do que aquilo que muitas vezes pensamos... Porque neste caso, foi mesmo um "mal que veio por bem".

Ou seja, passei a dar ainda mais importância à fotografia no meu dia a dia.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, outubro 18, 2024

As palavras, os lugares e os amigos...


Estar com amigos é sempre um bom programa.

Foi o que aconteceu hoje. 

Como o "Lisboa Livro de Bordo" do José Cardoso Pires se tinha intrometido numa das nossas conversas sobre livros e lugares, acabámos por marcar encontro no Cais do Sodré, no "British Bar", onde iniciámos o nosso diálogo com livros, editores e escritores, com a companhia de  um aperitivo. Não fizéssemos nós também parte  deste mundo das palavras impressas, mesmo que raramente tenhamos feito as delícias dos críticos literários.

Depois seguiu-se o almoço num lugar agradável, onde o Tejo se mostra com todo o seu esplendor, tal como a Lisboa cheia de colinas. Nem mesmo o dia ligeiramente cinzento quebrou a beleza deste "miradouro".

A conversa continuou, viva e agradável, algumas pessoas apareciam, quase metediças, por causa disto ou daquilo. O primeiro a surgir foi o bom do Fernando Alves, que enche a rádio de poesia, que esteve ali com o meu companheiro de aventuras e deliciou-se com as vistas. Depois apareceram, quase em simultâneo, o José Gomes Ferreira e a Maria Judite de Carvalho, que tão bem descreveram esta Cidade, onde se fala cada vez menos português (que belas crónicas eles escreveriam sobre esta temática, se descessem do lugar onde estão e nos oferecessem o seu singular "olhar com palavras"...).

E depois a despedida, na Praça do Comércio, ou Terreiro do Paço, onde o Rei e seu Cavalo, repartem a imponência do monumento central, cujas escadas são lugar de repouso passageiro, para esta gente de todas as idades, que se diz perdida de amores por Lisboa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, outubro 17, 2024

As pessoas que dizem graças (e têm graça) com o ar mais sério do mundo...


Eu até aquela tarde, apenas o conhecia de vista, e estava longe de ter a melhor opinião do mundo de alguém, que ainda pertencia à família do "Má Língua" (Este senhor fazia as delicias da malta quando aparecia nas assembleias gerais da Incrível e tentava virar as coisas de "pernas para o ar").

Mudar de opinião foi apenas uma questão de minutos...

E eu nem achei piada a forma como ele se sentou junto a nós, ocupando a cadeira vaga como se já fizesse parte do "mobiliário"...

Deve ter percebido o meu incómodo e foi por isso que me obrigou a baixar "a guarda", ao começar a falar de um amigo comum, sem se esquecer de demonstrar, aqui e ali, que sabia mais coisas de mim que eu dele...

Só não sabia que o melhor estava para vir...

Não estávamos tristes, mas com a chegada deste sujeito, que eu achava estranho (e não é das pessoas mais normais do mundo...), a alegria nunca mais nos desamparou. Quase tudo o que ele dizia tinha piada, ainda por cima ditas com o ar mais sério do mundo.

Ele não se limitava a procurar o lado cómico das coisas, como o bom do Dinis chegou a escrever, usava-o, para proveito de todos nós...

Quando regressava a casa, senti-me feliz por ter mudado de opinião sobre uma daquelas pessoas, que pensava ser mais "cinzenta que azul", sobretudo pelo que ouvia dizer por aí.

Ainda bem que o que o que os outros dizem, nem sempre corresponde à nossa verdade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, outubro 16, 2024

A forma diversa como lidamos com o conhecimento e com a diferença...


Sei que este não é o tempo de termos opiniões demasiado pessoalizadas, com alguma profundidade e conhecimento, sobre isto e aquilo.

A escola e a vida, estão a levar-nos para outros caminhos.

Não sei se é como o meu filho me diz, que hoje não precisamos de saber tantas coisas, até por algumas parecerem quase inúteis.

Talvez ele tenha razão. Mas eu finjo que não. Até por existirem "inutilidades" que nos fazem sentir bem, no dia a dia.

Continuo a pensar que é bom termos algo que nos define como pessoa, para lá do penteado que usamos ou das roupas com que gostamos de sair à rua...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 15, 2024

O melhor do mundo continuam a ser as pessoas (as boas, claro)


Apesar de sentir que existem aqui e ali, algumas mudanças, gente que gosta de meter o humanismo no bolso, continuo a acreditar que o melhor do mundo, continuam a ser as pessoas...

Pode haver aqui alguma poesia, e claro, um olhar sobre a melhor da nossa natureza. Continuo a ser do clube dos optimistas, mesmo que os ventos soprem cada vez mais forte, no sentido contrário.

Tudo isto porque a minha filhota está na fase estágios, que a preparam para a profissão. A mãe insistia que havia um lugar mais moderno, com melhores condições. Ela, muito bem, disse que era ela que escolhia onde queria estar. Nestas escolhas, o que ela dava mais importância era às pessoas que ia encontrar e não à modernidade dos espaços.

Normalmente não me meto nestas discussões, até por saber que ela vai crescer com o "bom" e o "mau", que apanhar à frente.

Não lhe disse, mas eu também continuo a dar preferência às pessoas, em detrimento dos lugares...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, outubro 14, 2024

Esta Lisboa, que está cada vez mais presa ao mapa das "cidades-cinema" e das cidades-museu"...


Ontem, quando regressava a casa, de cacilheiro, pensei que Lisboa era cada vez mais, uma das várias "cidades-cinema" europeias,  vocacionadas para se fazerem filmes, tirarem fotografias, enquanto se saboreia um pastel de nata, tudo coisas que fazem as maravilhas dos asiáticos, dos americanos, e claro, também dos europeus, de várias latitudes. 

A Europa está cheia de cidades apetecíveis para estes "realizadores" e fotógrafos" amadores, como Paris, Roma, Barcelona, Veneza, Florença, Berlim ou Londres. Mas estes lugares (se excluirmos Veneza e Florença...) além de estarem organizados para  continuarem a receber turistas, esforçam-se por ter vida própria, com os seus habitantes a quererem ser muito mais que meros figurantes, como estão a querer transformar os lisboetas, não deixam de estar em perigo.

É perigoso deixarmo-nos "prender" pelos nossos passados, por muito gloriosos que eles sejam, fazer com que as nossas vidas fiquem cada vez mais dependentes das "cidades-museu", o lado A das "cidades-cinema"...

E entretanto chegámos a Cacilhas.

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, outubro 13, 2024

Um domingo à tarde na Capital...


Raramente saímos de casa, num domingo à tarde, depois do almoço, para passearmos pela Baixa da Capital.

Hoje foi um desses dias...

Mal entrámos no cacilheiro, ficámos logo com a sensação que éramos nós que estávamos num país estrangeiro. Nada que não soubéssemos muito menos nos incomodasse, nesta nossa "viagem (também) turística". 

Quase que só nós e os "barqueiros" é que falávamos a língua lusitana...

Em Lisboa as coisas ainda se tornaram mais "internacionalistas", com um amontoar de gente em quase todos os lados. 

Nem é de todo desagradável, se formos também "turistas", a ver as vistas num domingo à tarde.

Mas é impossível não termos um olhar crítico. Até por vermos filas em todo o lado, seja para o "pastel de nata" ou para o "sorvete"...

A minha companheira acha que já perdemos a Cidade grande. E pensa que só uma "grande crise" ou um "gigante fartar colectivo" de quem nos visita é que pode esvaziar as ruas e esplanadas. Até porque este país está longe de ser o paraíso que vende lá para fora.

Sabemos que é uma possibilidade. Até porque quem viaja gostar de variar, gosta de conhecer sítios diferentes.

Só os governantes das "taxas" e das "taxinhas" é que  esfregam as mãos, à medida que os cofres se vão enchendo, evitando cruzarem-se com o futuro por aí, em qualquer esquina...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 12, 2024

O que se diz e o que fica por dizer (o improviso é isso)...


Provavelmente devia esperar por amanhã, para falar de hoje.

Sabia que a sala iria estar cheia, mas não estava à espera que aparecessem mais de cem pessoas ao lançamento do livro que escrevi com Fernando Barão, numa das homenagens com mais sentido, na comemoração do centenário do seu nascimento (isto aconteceu graças ao homenageado e não ao autor da obra...).

Tinha pensado não levar nenhum papel escrito. Mas acabei por levar umas notas. Claro que durante a minha intervenção falei sempre de improviso e afastei-me algumas vezes do livro e quase sempre das notas, porque a minha convivência associativa e cultural com este amigo, levou-me a divagar aqui e ali.

Embora não me tenha esquecido de nada de muito relevante, sei que poderia ter feito referência a uma ou outra pessoa (nem sequer agradeci as palavras do Henrique e da Edite, que apresentaram a obra...). Chamaram-me a atenção para um destes "esquecimentos" na mesa (do Luís, que fez uma leitura crítica mais importante que a própria revisão do livro).

Nos outros não sei, mas em mim é natural estes esquecimentos. Tento falar apenas do essencial . Isso fez com que posteriormente ficasse com a sensação, de não ter falado tanto quanto devia da minha relação com o Fernando, até por estarmos quase sempre de acordo nas questões ligadas à cultura e ao associativismo. Algo que acontecia de uma forma natural, e aberta, sem usarmos qualquer tipo de subterfugio.

Embora pense que isso está bem espelhado neste nosso livro.  

Poderia ter falado também do Henrique (pai), do Orlando e do Carlos Guilherme, tão importantes também na minha caminhada cultural e associativa por Almada. Podia, mas não era o mais relevante.

Relevante foi ter na primeira fila dois amigos, cuja idade somada, está a aproximar-se a passos largos dos 190 anos, e não lhes agradecer de forma devida, a amizade, o companheirismo e a tolerância (que faz deles dois dos melhores seres humanos que tive a oportunidade de conhecer nesta Cidade, que praticou durante tantos anos a solidariedade, enquanto acto cívico e não "arranjo floral" de discursos.

Mas tanto um como o outro sabem o que penso deles. E que bom que é continuar a ter amigos como o Chico (que abriu a sessão com uma bela anedota do Fernando...) e Diamantino, "vivinhos da silva", que o que precisavam mesmo era de "uns joelhos novos" (tal como acontecia com o Fernando, uma das coisa de que ele mais se queixava, era dos joelhos)...

Mas a vida é isto. Quando falamos de improviso, há coisas que dizemos, que "estavam fora do programa", e muitas outras, que ficam por dizer...

(Fotografia de Elsa Carvalho - Cacilhas)


sexta-feira, outubro 11, 2024

Coisas do corporativismo, quase sempre parvas...


Por ver menos televisão e por ler menos jornais, nem sempre estou a par do que se costuma chamar "a realidade".

Só ontem é que percebi que o que Luís Montenegro tinha dito sobre os jornalistas (a história das perguntas encomendadas "por sopro"...) tinha provocado uma "retaliação" por parte do respectivo sindicato, não em relação ao primeiro-ministro, mas a quem fez a entrevista televisiva no telejornal da noite da SIC.

Embora Maria João Avilez tenha uma carreira jornalística de quase meio século, foi colocada em causa por não possuir carteira profissional. Os responsáveis pelo sindicato falaram inclusive de crime e de usurpação de funções, por esta conceituada jornalista ter feita a dita entrevista.

De certeza que Maria João Avilez continua a sentir-se jornalista. Estou convencido que ter "carteira", ou não ter, mexe muito pouco com o que se sente em relação ao que se faz e se gosta de fazer (falo por mim, que estou nas mesmas condições).

Quando existem tantos problemas no jornalismo, desde a exploração de quem exerce a profissão, a várias situações de publicidade encapotada, passando por "fretes" políticos, mais uma vez, à boa maneira portuguesa, ataca-se o elo mais fraco da questão e não quem colocou em causa a profissão, que por um mero acaso, é o chefe do Governo.

Lembrei-me logo dos problemas que tentaram criar a Ruben Amorim, por este não estar habilitado para treinar na primeira divisão, embora a sua qualidade técnica saltasse à vista de toda a gente.

Infelizmente, o corporativismo tem destas coisas, quase sempre parvas.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, outubro 09, 2024

«Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»


O mundo do trabalho é um lugar estranho e desigual. E no nosso país ainda parece que é pior, quando sabemos que o normal é os patrões ou gestores ganharem vinte vezes mais que o ordenado médio dos restantes trabalhadores.

Esta "desigualdade" ainda é mais grave, por sabermos que muitos destes gestores se queixam de que não podem pagar mais que o ordenado mínimo aos seus colaboradores, sempre que se fala de aumentos...

Falo disto porque uma pessoa amiga mudou de emprego. Os patrões nem sequer fizeram um esforço para igualar ou cobrir a oferta da concorrência. 

Não sei se não perceberam a sua importância, ou se fingiram não perceber. O facto é que ela era a "alma da casa". Além de os substituir em muitas questões técnicas e criar bom ambiente de trabalho, deu-lhes muito dinheirinho a ganhar, que é o que mais conta para eles...

Estive com ela há dias. Está satisfeita no novo emprego, até porque ganha mais e trabalha menos. Como é uma empresa bem organizada, cada um sabe o que tem de fazer (não lhe cai quase tudo em cima, com acontecia anteriormente...) e o normal é as coisas correrem bem.

O mais curioso foi, que, quando ela falou com os patrões, estes não a levaram a sério e até quase que brincaram com a situação. Essa atitude acabou por ser decisiva para a sua saída.

Ela resumiu quase tudo a uma frase: «Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 08, 2024

O esquecimento e o facilitismo que habitam nos nossos dias...


Não tenho dúvidas que uma das missões que temos enquanto pais, é tornar (ou pelo menos tentar...) a vida dos nossos filhos mais fácil e melhor que a nossa. Nem sempre conseguimos chegar a uma delas, muito menos às duas. 

Isso acontece porque nós, humanos, temos o condão de tornar o que é fácil difícil, optando por caminhos cada vez mais manhosos e estranhos para o outro (estamos cada vez mais cercados pela tentação da violência e até da exterminação da diferença...).

Embora às vezes falemos nisso, nem sempre sei se eles estão mais capacitados que nós, para lidar com os "filhos da mãe", que crescem à nossa volta como "cogumelos no bosque"...  Provavelmente estão. Já levaram com eles nas escolas...

Pensei nisto ao ver os meus dois filhos saírem de casa, quando amanhecia.

Também pensei que, são sobretudo essas pessoas - que se alimentam diariamente do poder - que mais esquecem que têm dentro deles, várias coisas que os distinguem dos outros animais. 

Sem lirismos, pensei que um pouco mais de humanismo, não lhes fazia mal nenhum, mesmo que corressem o risco de deixarem de ser olhados como "filhos da mãe"...

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)


segunda-feira, outubro 07, 2024

O futuro, afinal, é hoje...


Um amigo meu, poeta, há mais de meia-dúzia de anos (o tempo passa por nós cada vez com mais velocidade...), lastimava-se pela falta de comentadores no seu blogue (que agora só está aberto a convidados). Perguntava-me, qual era a "fórmula" que eu tinha, para ter comentadores, em todos os meus textos. Eu abanava os ombros, porque não havia nada de fora do normal, aqui no "Largo". Tentava responder de uma forma agradável a quem por aqui passava, apenas isso.

Já não sei bem quando foi, mas a partir de certa altura, defini que este era o meu blogue principal, e tomei a decisão de que este seria o único onde responderia aos comentários, por ter cada vez menos tempo para dedicar à blogosfera.

E entretanto, nos últimos meses, fui perdendo os comentadores habituais. Aceitei-o com a normalidade possível (eu também comento cada vez menos nos outros blogues...). E hoje, a maior parte dos meus textos não merecem qualquer reparo dos leitores, positivo ou negativo (curiosamente, as estatísticas dizem que as visualizações aumentaram...).

Sinceramente, não é nada que me preocupe demasiado. Até porque este meu "Largo", funciona muito como diário. Às vezes não tenho nada para dizer e obrigo-me a escrever qualquer coisa, só como exercício.

O único problema, é sentir que o "Largo" se tornou um espaço cada vez mais pessoal. Ou seja, escrevo cada vez menos a pensar nos outros e mais em mim. Talvez até esteja a exagerar, e publique por aqui demasiados "estados de alma"...

Paciência. Ninguém é perfeito. E parece que o futuro, afinal, é hoje...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, outubro 06, 2024

«Quem tem público é o Benfica, o Porto e o Sporting.»


A conversa estava a ser bastante cultural, quase daquelas antigas, em que parecia que o tempo não escapava e nos dizia que era hora de irmos embora.

Quando chegámos aos "públicos", aliás, à falta dele, na maior parte das actividades culturais, se excluirmos os festivais de música, é que as coisas se tornaram mais complicadas...

O Pedro, por ser alguém mais dado à intelectualidade, começou por dizer que nunca nos preocupámos em criar, e educar, públicos, a ensinar as pessoas a perceberem e a sentirem o porquê das coisas. Coisas essas que nem sempre se explicam com facilidade...

Devia ter alguma razão. Pelo menos alguma.

A Carla disse que era mais profundo que isso. Era sobretudo uma mania portuguesa. Todos tínhamos a mania que cantar, tocar, actuar, pintar, escrever, estavam ao alcance de todos. Havia demasiada mediocridade nas culturas. Deu o exemplo das televisões que apadrinhavam aos fins de semana à tarde, muita desta gente, que cantava e tocava, sem ter o mínimo de qualidade exigível para se apresentarem em público. 

Pois, parece que o problema não é apenas das pessoas que não têm jeito. Há também quem alimente o "circo".

O Rui para salientar que era um problema de educação, deu como exemplo o futebol, que tinha o seu público, criado ainda antes de Abril.

Como gosto de "estragar prazeres", disse-lhe que estava enganado. A maior parte dos estádios e campos de futebol, de Norte a Sul, estão quase sempre vazios. E acrescentei: «Quem tem público é o Benfica, o Porto e o Sporting.»

Baralhei um bocado o jogo, mas claro, que começa tudo na educação. 

Claro que não descobrimos, qual é a melhor forma de "educar" as pessoas para se tornarem espectadores de teatro ou de outra arte ainda mais difícil... 

Todos estávamos de acordo que devia começar na escola. Mas quando e como?

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas. desta vez com legenda: "A cultura anda nua")


sábado, outubro 05, 2024

O País "Folheto-Turístico"...


O turismo quando chegou às duas principais cidades do país (Lisboa e Porto), teve o condão de "restaurar" a sua edificação mais antiga, praticamente abandonada pelos seus proprietários (muitas vezes mais por falta de vontade que de dinheiro...).

Esta foi a parte melhor desta "invasão turística", mesmo que trouxesse "colada" a especulação imobiliária, que nunca mais abandonou estas duas cidades, provocando, a pouco e pouco, a mesma "febre do dinheiro" na maior parte dos centros urbanos, e até nas aldeias mais recônditas deste nosso Portugal. Bastava que existisse algo para ser explorado para fins turísticos...

E de repente, "toda a gente" quer ganhar dinheiro com este "turismo intensivo" (que é um pouco como a agricultura com o mesmo nome, só serve o presente), nem que seja para alugar camas a imigrantes em lugares decrépitos.

Ou seja, nota-se que este País "Folheto-Turístico", está mesmo talhado para as pessoas que querem ficar ricas hoje, sem vontade ou paciência para esperar para amanhã. Vou ainda mais longe: foi "desenhado" mesmo à medida do empresário "chico-esperto" português...

Não deixa de ser curioso, que sejam os próprios governantes (com as taxas e as taxinhas...), também a não esperarem por amanhã, com uma vontade imensa de matar todas as "galinhas com ovos de ouro" que apanharem por aí...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, outubro 04, 2024

Problemas velhos que parecem novos...


Nem sempre nos apetece recuar no tempo, até porque não nos surgem apenas surpresas agradáveis, dentro das nossas memórias.

Pois é, de repente descobrimos uma Lisboa que sempre teve problemas de habitação...

Quando viemos viver para a Cruz Quebrada, em 1981, nas viagens de ida e de volta para as Caldas, éramos obrigados a reparar nas suas entradas (rodoviárias e ferroviárias...), povoadas de bairros de lata. Bairros que floresciam graças aos problemas que parecem ser "de sempre": falta de casas para alugar, a preços acessíveis, pelo menos para quem recebia "ordenados de miséria" (também não é um problema apenas de hoje...).

Só com a entrada na União Europeia e com a boa utilização dos fundos por parte da autarquia de Lisboa (penso que nos mandatos de Jorge Sampaio e de João Soares), foi possível acabar com este flagelo social.

Claro que existiam ainda outros problemas na Capital, como uma baixa pombalina praticamente desabitada, com os interiores dos seus prédios quase em ruínas,  com o perigo de derrocadas latente... 

Este só seria resolvido com o "paraíso turístico", que chegaria alguns anos depois. Mas isso fica para amanhã...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, outubro 03, 2024

O "calimero" da Capital...


Se há um político que me irrita, à séria, é o "alcaide" da Capital. Podia ser apenas por causa da voz, mas é muito mais que isso.

Sempre que o vejo armado em "calimero", lembra-me os "putos mete-nojo" que acabamos por aturar na primária, que passavam a vida a choramingar e a fazer queixinhas, por não terem jeito para jogar à bola ou para coisas ainda mais simples, como jogar à "apanhada" ou às "escondidas"...

Esta "merda de gente" quando cresce, além de não perder o hábito de fazer "queixinhas", de tudo e de todos, torna-se cobarde, cínica e hipócrita, a tempo inteiro.

E se têm a sorte de ter um "emprego", onde podem dar largas à sua "imaginação" e "mariquice", nunca mais temos descanso.

É por isso que o "alcaide" tem tido a lata de se aproveitar de tudo o que foi bem feito pelos socialistas no Município (como se fosse obra sua...), ao mesmo tempo que os culpa, de tudo o que corre mal, mesmo que já esteja no poder há mais de três anos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, outubro 02, 2024

Muita demagogia e pouca razoabilidade...


Não acredito que o PSD tenha qualquer "proposta irrecusável", no bolso, para oferecer ao PS e ver o seu orçamento de estado aprovado no Parlamento. Pretende sim, ficar melhor na fotografia que os socialistas, em todo este processo de negociações.

Desde o começo do seu mandato que os sociais democratas se preparam para novas eleições, usando o dinheiro que o PS deixou nos cofres do estado para minimizar os problemas que os ditos socialistas não quiseram resolver, ao mesmo tempo que ainda oferecem uns "miminhos", como o que deram aos reformados...

Os resultados das eleições europeias, com a queda do Chega, ainda lhes alimentaram mais este desejo de ir de novo para eleições (alguns excessivamente optimistas até sonham com "maiorias"...).

Claro que ainda aparecem uns percalços pelo caminho, como hoje, com os Sapadores Bombeiros. Mas nada que incomode esta gente, capaz de "vender o pai e a mãe", se isso lhes garantir votos e que se mantêm no poder...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 01, 2024

A Vida, a Poesia e a Ficção, com e sem sentido...


A vida não faz muito sentido. Nunca fez.

Não era essa a questão.

Mas sempre se podia apanhar boleia.

E era melhor falar de literatura que da vida...

Mas a verdadeira questão nem era assim tão estranha. Se a vida não faz muito sentido, por que razão a ficção e a poesia têm de fazer sentido?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)