O Balanço da Aventura

Desde que estou na blogosfera, este foi o único mês que "postei" todos os dias, graças à fotografia a preto e branco.

Já tinha pensado que seria assim. Não coloquei todas as fotografias e fotógrafos que pensara inicialmente, porque entretanto, foram aparecendo alguns amigos pelo caminho, que fiz questão que estivessem presentes nesta festa da fotografia com várias tonalidades de cinzento, que se misturam com o preto e o branco.

Gostei de começar esta aventura com o Gerard Castello-Lopes, de misturar "monstros" com quase desconhecidos e também de fazer alguma história com imagens.

Do "mundo" vieram: Jean Dieuzaide, Robert Doisneau, Gordon Parks, Georges Dussaud, Cindy Sherman, George Heyningen-Huene, Tina Modotti, Dorothea Lang, Henri Cartier-Bresson e Josef Kodelfa.

Do nosso canto chegaram: Gerard Castello.Lopes, Aníbal Sequeira, Fernando Barão, Alberto Afonso, Elsa Martinho, Anabela Luís, José Boldt, Daniel Rodrigues, Eduardo Gageiro, Modesto Viegas, João Martins, Júlio Dinis, Nuno Ferrari, Johua Benoliel, Filipa Ferreira e Alfredo Cunha.

Percebi que posso "inventar" outro mês da fotografia, pois ficou muita gente de qualidade de fora..

O Homem do 25 de Abril

Há muitos homens do 25 de Abril, felizmente, pois é impossível alguém fazer alguma revolução, sozinho.

Mas para mim, Salgueiro Maia, está acima de todos os outros.

Por uma única razão, apesar de ter sido um dos "heróis" mais visíveis, foi o mais "desapegado" de qualquer poder.

Esta fotografia de Alfredo Cunha, mostra um capitão jovem, com um ar meio tímido, muito pouco revolucionário, até, no dia que a Sophia nos definiu como: «inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio.»

Mas foi ele que travou as principais batalhas nas ruas de Lisboa, e que teve o bom senso de não disparar, apenas porque sim...

Uma palavra também de apreço para o Alfredo, que tão belas fotografias tem tirado pela vida fora, como fotojornalista de excelência.

Música no Jardim

A Filipa Ferreira tenta enganar-nos, dizendo que é "uma estranha pessoa", mas não. É sim quase uma "nómada", que gosta muito de tirar retratos por esse mundo fora.

Gostei deste trompetista, que ensaia num banco de jardim ou apenas pousou para a máquina de retratos da Filipa.

Se quiserem ver mais fotografias bonitas desta artista da imagem, visitem o seu  "Para lá do Miocárdio".

O Primeiro Fotojornalista Português

Nesta passagem pelas imagens a preto e branco, não me podia esquecer daquele que é considerado o primeiro fotojornalista do nosso país, Johua Benoliel.

Johua conseguiu valorizar a fotografia como arte e também como documento, graças à aposta da revista "Ilustração Portuguesa" (2ª série), editada pelo jornal "O Século", na imagem fotográfica, e também à sua "perseguição" pelo instantâneo nas ruas de Lisboa.

Nas duas primeiras décadas do século vinte  foi o autor de 122 fotografias que foram capa da revista.

Esta não será a sua melhor foto, escolhi-a sobretudo pelo simbolismo, pela sua transformação em notícia...

Os Domingos já Foram uns Dias Diferentes

Sei que os domingos já foram uns dias diferentes, mais festivos e desiguais.

Não sei se isso acontecia por lhe chamaram dia santo, se por ser um santo dia, em que tudo corria mais calmamente e até se vestia uma roupa lavada, com mais brilho.

Claro que estes domingos do Portugal falsamente imperial eram muito "éfes", pois metiam a missa de manhã e o futebol à tarde... só faltava mesmo o fado ao cair do dia...

Estou convencido que toda a festividade dominical se devia à diferença, ao descanso, à pouca exigência de quem pouco tinha e pouco aspirava...

A fotografia é de Josef  Kodelfa.

Exposições, Arte e Associativismo

Passei parte da tarde a ouvir falar sobre Arte, num colóquio que não quis ser apenas sobre o Conceito da Exposição Artística.

Não só aprendi bastante como fui enchendo o  "meu saco" de ideias, para novas exposições e para outras actividades, não menos importantes.

Uma das coisas que mais me interessou foi a boa ideia de trazer as crianças das escolas às exposições, neste caso particular, à Festa das Artes da SCALA, que no próximo ano faz vinte anos. 

É importante fazer coisas diferentes, é importante contar histórias, com fotografias, esculturas, desenhros ou pinturas.

Hoje escolhi Henri Cartier-Bresson, porque quando conversamos com os gatos, lembramos-nos de coisas giras, mas não há nada como as pessoas...

A Imposição da Pobreza

Desde que este governo tomou posse, que se percebeu que uma das suas principais  missões era voltar a transformar Portugal num dos países mais pobres da Europa.

Infelizmente tem conseguido levar a "água ao seu moinho", com relativa facilidade, graças à cumplicidade de uma Europa que sempre nos olhou da sua "torre de marfim", aumentando de uma forma dramática o fosso entre ricos e pobres.

Incomoda-me bastante assistir à resignação dos que vivem com mais dificuldade, que sem trabalho e qualquer fonte de rendimento, vivem num estado quase permanente de humilhação, aceitando qualquer esmola, dos senhores e senhoras que adoram viver num mundo cheio de pobrezinhos, para ter a quem dar uma sopinha ou uma roupa que já não usam. 

Esta menina que parece aquecer-se junto ao lume, fotografada por Dorothea Lang, vai ser o retrato de muitas meninas por este Portugal fora, que mereciam um país mais justo, alegre e bonito.

Uma Fotografia Memorável

Esta fotografia de Nuno Ferrari, um dos maiores fotojornalistas da história do desporto português e do jornal "A Bola", ficou na história do futebol, pelo seu simbolismo e pela classe de Eusébio, que durante largos anos foi considerado o nosso melhor futebolista de sempre.

Foi tirada durante o Mundial de 1966 em Inglaterra, quando a selecção portuguesa conquistou o terceiro lugar...

Hoje Eusébio tem um concorrente de peso, Cristiano Ronaldo, que embora os tempos sejam outros, penso já lhe tirou o ceptro de melhor de sempre, pelo menos em popularidade, até por jogar numa das melhores ligas do mundo, depois de ter passeado a sua classe na Inglaterra. 

Esta fotografia surge por aqui, também por o Benfica ter passado aos oitavos de final da Liga Europa, com duas vitórias.

A Incrível e as Tardes Dançantes

Pergunto a mim mesmo, quem são aquelas pessoas que em vez de passear ou fazer outra coisa qualquer, num domingo à tarde, preferem visitar o Salão de Festas e ficar ali dançar ao som de todo o género de músicas, muitas delas revivalistas dos seus tempos dourados.

Provavelmente são muitas coisas: casais de amantes, namorados, amigos (e até aquilo que chamamos "casais à séria"...), ou simplesmente pessoas sós, solteiras, viúvas, divorciadas, que tanto podem estar ali atrás de qualquer "canção de engate" ou apenas a exercitar o corpo e a língua. 

Ou nem uma coisa nem outra. Podem estar apenas a "passear no tempo", o tal que não volta para trás. Percebe-se pelo brilho nos olhos que aqueles sons lhes enchem a cabeça e o coração de recordações.

Acabei por me sentir tentado a fazer uma analogia, pois a dança a pares, se tiver um toque mais intimista, quase que se confunde com um abraço, com o afago que falta em tantas vidas...

Há uma forte probabilidade desta foto dos anos sessenta ser do mestre Júlio Dinis...

O Mundo dos Jornais

Esta bela fotografia de João Martins, de um ardina nas ruas de Lisboa, datada dos anos trinta do século passado, transportou-me para o mundo dos jornais, que não é indiferente à crise do país.

Aliás, à excepção dos governantes e banqueiros, não deve haver ninguém indiferente à crise...

Voltando à fotografia, aos jornais e aos ardinas, que ressurgiram com a proliferação dos jornais gratuitos - embora tenha sido sol de pouca dura -, noto que ninguém quer fazer diferente. Aliás o único jornal diferente é o "Correio da Manhã", que quase mancha as mãos dos leitores de sangue. Os outros caminham para a banalidade, embora se perceba, já que vão reduzindo cada vez mais as suas redacções, especialmente em qualidade.

Houve uma altura que me parecia difícil o fim dos jornais de papel, hoje já não.

Talvez até seja melhor assim, são menos umas árvores que se abatem...

A Paixão pela Natureza

É com grande satisfação que começo a semana com uma bela fotografia de um amigo, cuja paixão se centra cada vez mais na fotografia de natureza.

Falo de Modesto Viegas, que é capaz de passar o dia inteiro, escondido na paisagem, tentando passar por invísivel, à procura da descontracção de uma ave ou de qualquer outro animal, que lhe permita conseguir algo que nos encante e o encante também, ou seja, o que todos achamos ser uma excelente imagem, como esta...

Se gosta de fotografia de natureza pode visitar um dos seus blogues, onde poderá admirar a sua grande qualidade artística e o seu amor pela natureza.

Vai uma Sina Pensativa?

Na Lisboa de Eduardo Gageiro até havia um vendedor da "sina pensativa"... acompanhado por alguns pássaros amestrados, que talvez fingissem que voavam até aos astros, de onde traziam boas novas, para todos aqueles que queriam saber da sua sorte.

Esta fotografia com a "sina" fez-me lembrar as maquinetas da Feira Popular, com uma cabeça de cigana ou bruxa e que nos davam a sina em papel, a troco de uma moeda.

Não sei se também davam o peso, como outras espalhadas pelas cidades, que me lembro de trazerem também um cartão com a sina...

Outros tempos, pelo menos diferentes...

Uma Presença Inesperada no Largo, mas Mais que Merecida...

Um jovem fotógrafo português, de 25 anos, chamado Daniel Rodrigues, natural de Riba de Ave e desempregado, ganhou um dos prémios de fotografia mais importantes do mundo, o "WORLD PRESS PHOTO", na categoria, "Vida Quotidiana", com um boneco conseguido na Guiné-Bissau, durante um jogo de futebol num campo de areia, entre miudagem.

Mais importante que este prémio (de apenas 1.500 euros...) era o Daniel arranjar um trabalho compatível com o seu talento, tal como tantos jovens da sua idade, vitimas desta governação sem rumo...

Mataram o Tempo das Utopias

Acho a foice e do martelo um dos achados mais felizes do mundo da política no século XX, pelo seu simbolismo, pelo que representam, ou pelo menos deviam representar.

A "criação" que a Tina Modotti montou com objectos reais, graças ao chapéu, ficou com um ar muito "latina-américa". Mas mais importante que o aspecto, é transportar-nos para o  tempo bom das utopias, que uma boa parte dos políticos têm andado entretidos a destruir nas últimas décadas.

Tenho pena que todas estas ideias que andavam em volta de um mundo mais justo e igual, tenham sido desvalorizadas por outro sonho humano (este ainda mais utópico...) de um dia sermos todos ricos...

Porquê Apenas um Dia de Namorados?

Sei que há dias que têm de ser sublinhados, para que as pessoas se lembrem dos outros ou de algo que normalmente lhes passa despercebido no seu quotidiano.

Também sei que se há um dia que não precisa de ser badalado, é o dia de namorados. Ninguém precisa nem quer que lhe escolham um dia para festejar o namoro, que quer e pode ser todos os dias, muito mais que o Natal...

Claro que é mais uma daquelas marcas no calendário que dá jeito ao comércio (agora com crise um pouco menos...) mais criativo.

Estive quase tentado a escolher o "Beijo" de Robert Doisneau, o tal que afinal não teve nada de espontâneo, foi apenas um papel interpretado por dois actores. Foi por isso que preferi "Fatos de Banho", de George Hoyningen-Huene.

Escolhi esta fotografia pelo mar que parece chão (pode ser estúdio...), pela atenção do casal (que também podem ser apenas actores...) à linha do horizonte...

Sons do Mar no Dia da Rádio

Não sou grande consumidor de rádio, porque ando muito mais a pé que de carro e normalmente quando quero ouvir música, prefiro ser eu a escolher a música.

Mas a estação de rádio que ouço há décadas é a RFM, não sei se por fidelização se por outra coisa qualquer.

Acordo quase sempre com o "Café da Manhã" e com a alegria da Carla Rocha e do José Coimbra. Mesmo que seja apenas para ouvinte ver, estes sorrisos ajudam a acordar com boa disposição.

Quando conduzo à noite descubro que o "Oceano Pacífico" ainda sobrevive, com a voz inconfundível do João Chaves...

Parece que esta semana as coisas mudaram lá para os lados da rádio católica e estes três grandes radialistas foram substituídos...

Escolhi esta fotografia de José Boldt, porque os sons do Mar continuam únicos e têm a vantagem de não estarem reféns das audiências de ninguém.

O Carnaval da Fotografia

A fotógrafa Cindy Sherman tem uma particularidade muito singular, é a própria modelo de uma grande parte das suas fotografias, pelo menos as artísticas, que tentam abrir novos caminhos nesta Arte.

Como esta, que achámos bastante "carnavalesca", pelo cunho exibicionista da autora.

A Travessia

É segunda-feira, inspiração de algumas canções que falam sobretudo do começo da semana, que com a passagem do tempo se torna cada vez menos agradável.

E se for neste tempo em que querem que inventemos formas de viver quase sem gastar dinheiro, como se isso fosse possível...

Mas o drama das segundas não acaba aqui, pois vivemos o tempo em que nos forçam a trabalhar mais e a ganhar menos.

Estão a virar tudo do avesso, o que ainda destrói mais a nossa relação com este primeiro dia da semana...

Quem mora deste lado, ainda tem a descontracção da travessia do Tejo, que mesmo sem  as fragatas e golfinhos de outros tempos, continua bela e agradável, como podemos ver nesta excelente fotografia de Anabela Luís.

A Escola dos Nossos Pais e Avós

Hoje ouvi uma senhora dizer que só sabia assinar o nome. Pelas marcas do rosto, não deveria andar longe dos oitenta anos. Contou que quando chegou a Almada já era uma mulher casada, mais preocupada em criar os filhos que em aprender a ler e escrever...

A escola dos nossos pais e avós era muito diferente da dos nossos dias.

Poderia falar das salas de aula em que os alunos tinham de levar um banco de casa, se queriam estar sentados... Mas ainda havia pior. Em muitas aldeias do interior as crianças para frequentarem a escola tinham de andar mais de uma dezena  de quilómetros, ainda por cima por caminhos que se tornavam intransitáveis no Inverno.

Ou seja, em muitos lugares o normal era não ir à escola, pelo menos com regularidade...

Esta fotografia é de Georges Dussaud, lá para Trás-os-Montes, onde existiam muitas escolas, quase perdidas.

Outras Músicas

A minha geração deve ser das últimas que compra cd's musicais.

É também por essa razão que tenho aproveitado a promoção da FNAC, comprando alguns álbuns do meu agrado, por apenas cinco euros.

Devo confessar, que, por algum conservadorismo e também por ser sensível ao direito de autor, não tenho por hábito andar por aí, a "rapinar" músicas.

A fotografia é de Gordon Parks.

A Geometria dos Campos

Há fotografias que não precisam de palavras.

Tudo o que possamos dizer sobre esta imagem, não será muito significativo.

Nem mesmo a sua localização.

A profundidade da fotografia (e até o arvoredo...) poderá levar-nos a pensar que se trata do Alentejo, mas pode ser também nas nossas Beiras.

A solução será perguntar à autora, a Elsa Martinho, uma excelente fotógrafa. 

Esperar ou não Pelas Fotografias

Um dos maiores segredos da fotografia é saber esperar o momento certo.

Esta fotografia é minha (também tenho direito a ficar na fotografia...), foi tirada no Ginjal, quando resolvi fotografar uma mulher que estava à espera do tal momento.

Penso que a minha maior limitação como fotógrafo é ser demasiado mexido para ficar à espera que a tal fotografia apareça (coisa que segundo os entendidos pode demorar horas...).

Não só sou um espontâneo como me fio muito no olhar, apesar de ele me trair algumas vezes.

Os Passeios pelo Ginjal

Hoje ilustro as minhas palavras com uma fotografia de Alberto Afonso, que além de meu amigo, é um dos bons poetas almadenses, das palavras e das imagens.

Escolhi-a porque o Ginjal é um dos lugares da minha preferência para caminhar. Posso passar mil vezes por este lugar, que encontro sempre novos atractivos. Podia muito bem ser o turista que aparece no canto da fotografia, com os olhos presos no Tejo. 

Como o compreendo, pois o Tejo é o maior culpado desta minha escolha.

Esperar sem Alcançar

Nunca quis ganhar o "estatuto" estranho de fazer esperar os outros, nem nunca percebi tal "filosofia", seguida por uma série de gente, que mesmo sem estar ocupada, deixa passar o tempo, porque acha que os outros têm de esperar...

Não sei se aprenderam esta mania nos consultórios dos médicos, onde é quase "letra de lei" fazer com que os doentes aqueçam bem as cadeiras da sala de espera.

O único "estatuto" que já ganhei há algum tempo, é não esperar por quem não me merece tal condescendência. Deixo recado, como fiz hoje, à secretária dos que estão em reunião, que tenho uma reunião a seguir e que não posso esperar mais...

Na "visitação" pelas fotografias de amigos, deixo aqui esta  do Largo de Cacilhas, quando o abastecimento de gasolina era feito nesta bomba, quase manual, da autoria de Fernando Barão.

A Roda Viva

Esta semana é dedicada aos meus amigos, que não só gostam de fotografia, como são excelentes fotógrafos.

Começo com "A Roda"  de Aníbal Sequeira, uma bonita fotografia em qualquer parte do mundo.

É uma homenagem ao trabalho, que infelizmente continua a escassear um pouco por todo o lado.

A Ideologia Salazarista Cada Vez Mais Presente Entre Nós

Sei que muitas pessoas nunca deixaram de pensar que eram "arianas", alimentando sempre que lhes era possível a "aura" que as tornava diferentes dos outros, a que sempre gostaram de chamar "povo". Só o não diziam em público porque o espírito do  malfadado 25 de Abril ainda estava bem presente nas ruas...

A reboque de uma crise sem igual conseguiram chegar ao poder, disfarçados de "salvadores da pátria", preparados para tudo, até para inverterem o ciclo da própria história.

Os resultados estão hoje bem à vista, pois todos os dias nos roubam direitos e somam deveres, transformando o país num lugar miserável, quase sem lugar para novos e para velhos.

A lição está de tal forma estudada que a ideologia dominante salta da própria sociedade, desde a senhora do Banco Alimentar que resolve vir dar lições de como devemos lavar os dentes ou quantas vezes podemos comer bifes por semana, ao Cardeal Patriarca que quase que apela para não nos manifestarmos, para aceitarmos este "calvário", como se fossemos uns Cristos (coisa que ele não é, nem quer ser, pois não prescinde das suas mordomias...). Só faltavam as palavras do banqueiro multimilionário que sabe-se lá porquê, tem uma predilecção especial pela palavra "aguenta",  para dizer essa coisa inteligente sobre a crise, de que aguentamos, porque os sem abrigo também aguentam...

Infelizmente os sem abrigo já estão praticamente riscados da sociedade, só são preocupação para alguns voluntários que andam pelas ruas a distribuir-lhes roupas, medicamentos e alimentos.

O banqueiro fascista conseguiu ir ainda mais longe que os seus dois comparsas.

O mais grave é que ele tem razão, aguentamos mesmo tudo. Caso contrário, ele já teria engolido as suas próprias palavras...

A fotografia é de Robert Doisneau.

A Indiferença

"A Indiferença" de Jean Dieuzaide, rente ao Tejo, com o "Navio Escola Sagres" e uma corveta a no rio, a pousarem para a fotografia.

Não sei porque razão o autor escolheu este título. Talvez estivesse de alguma forma ligada ao Portugal de Salazar, à postura dos portugueses.

A beleza de Lisboa e do Tejo inspiraram grandes fotógrafos, como foi o caso do francês.

O Preto e Branco

Fevereiro vai ser o mês do preto e branco no "Largo", as pinturas habituais vão dar lugar a fotografias que gosto bastante, por esta ou aquela razão.

Umas vezes escreverei a partir das fotografias, outras (espero que mais...) serão as palavras a escolher as imagens, por isto ou por aquilo.

Começo este ciclo com uma fotografia de Gérard Castello-Lopes (não pelo fecho das 49 salas de cinema que ainda mantém o nome da família, mas pela sua qualidade como fotógrafo amador...).

Uma fotografia de uma senhora, que espelha tão bem a dignidade e beleza da velhice, tão pouco respeitada e amada no nosso país, que não é mesmo para velhos, como já referi aqui mais que uma vez...