quinta-feira, março 21, 2024

Falar (e escrever) de poesia no seu dia...


Hoje festeja-se a Poesia.

Provavelmente o mais simples, o menos trabalhoso, seria "postar" um poema, daqueles bonitos (há os por aí aos milhares...).

Nos últimos anos tenho lido mais poesia (foi o que mais fiz durante a "pandemia", devo ter sido um dos maiores "clientes" da Biblioteca Municipal de Almada de poesia...), por ser uma companhia mais fácil de viagem (mesmo na simples travessia do Tejo de Cacilheiro, que já por si só transporta uma mão cheia de motivos poéticos, que não estão ao alcance de todos os olhos...) e nos questionar de formas diferentes.

Ia escrever que não sabia se hoje conhecia mais coisas sobre poesia que ontem. Ia mentir, quase sem dar por isso. Claro que sei muito mais coisas, sobre poesia e sobre poetas.

Deverá ter sido por isso que reparei que um dos meus amigos, que escrevia tudo o que lhe apetecia, e também escreveu bastante poesia (publicou três livros), não era um "Poetaço". Nos primeiros contactos que tive com os seus poemas, não achei que fosse diferente dos outros, por o ler com demasiada superficialidade. Só quando lhe fizemos uma homenagem e tive de escolher vários poemas para serem declamados é que percebi que havia por ali muitos resquícios da prosa, ele continuava a querer continuar a contar histórias dentro de um poema. Mas muitas vezes, os poemas eram demasiado secos, foi quando percebi que faltava ali qualquer coisa. Talvez alguma magia...

Conversei com outro amigo sobre isso, o Orlando, e ele confessou-me que já tinha sentido o mesmo. 

É por isso que não se deve escrever poesia todos os dias. Há algo que é difícil de decifrar, que nos aproxima da "magia" e da "beleza" das palavras, e que só nos bate à porta de longe a longe.

Uma das coisas que percebi com a aproximação à poesia como leitor, é que há muitas poesias. E nem todas precisam de ter o seu "lado lunar". 

A poética deste meu amigo, que fez cem anos em Janeiro, é uma "poesia terrena", que todos entendem e sentem, é a poesia do nosso quotidiano, das nossas vidas e vidinhas. É o querer contar histórias utilizando a rima e palavras bonitas.

E também é poesia, mesmo que não nos leve de viagem para lá das nuvens...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


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