Estou a deitar jornais fora e fixo a frase do realizador Victor Erice: «Reivindico o cinema da minha infância, que acabava com o triunfo do bem e do castigo do mal.»
Fico a pensar na realidade e sinto que nunca foi bem assim. O mundo foi quase sempre dominado pelo "mal", mesmo que este se gostasse de disfarçar de "bom rapaz", durante séculos.
Quando leio a separação das coisas, entre o bem e o mal, a primeira coisa em que penso é nas religiões. Não consigo fugir dos homens das "igrejas", que faziam exactamente o contrário do que pregavam, sem se darem ao trabalho de dizerem para "olharmos" para o que eles diziam e não para o que faziam...
Mesmo sem entrar nas suas práticas mais pecaminosas e reprováveis, ficando-me apenas pela sua postura em relação aos poderes (especialmente o político), que abraçavam com deleite, por defenderem ambos a sua opulência, a ignorância do povo e a existência de um "mundo com milagres", fico sempre de "pé atrás".
Desconfio sempre de coisas que falam do triunfo do bem e do castigo do mal, especialmente das da minha infância...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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