quinta-feira, março 07, 2024

Jornais com e sem Abril...


T
enho andado "embrulhado" em jornais antigos em vários arquivos e reparo que a imprensa regional tinham algumas virtudes que não chegavam aos jornais nacionais. Uma delas é a assinatura de muitas notícias.

Nunca achei piada ao facto de a maioria dos grandes jornais publicarem uma boa parte das notícias sem autoria (hoje com o digital também acontece muito, há demasiadas notícias "assinadas" pela Lusa ou pela Redacção. De certeza que há um autor...).

Mas nem era disso que eu queria falar. 

Nota-se que a presença da censura na imprensa regional era mais suave (ou então mais disfarçada). O que se percebe, como eram semanários, era mais fácil voltar a escrever de novo. E também por terem uma dimensão mais limitada no espaço, e por isso não deveriam ser "lidos" com tanta minúcia.

Nos grandes jornais percebe facilmente que há por ali dedo da censura, quando lemos notícias sobre factos importantes, ou que envolvem alguma polémica. É como se não tivessem "alma", sente-se que falta ali qualquer coisa. Há a tentação de dizer que estão mal escritas, mas o que aconteceu foi que foram "retalhadas"  de alto a baixo pelos censores...

O fim desta "tragédia" foi mais uma daquelas coisas boas que Abril nos trouxe, e que nem sempre recordamos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


3 comentários:

  1. Há um verso do Daniel Filipe no longo poema «Pátria Lugar de Exílio«: «e digo-vos senhores é findo o vosso tempo o jogo terminou ainda que o não pareça», que nos faz lembrar que, apesar de tudo, há coisas que não permitam que se diga, que terminaram.
    A censura é uma delas. Nos dias que correm anda por aí com o seus múltiplos disfarces, os quase-intérpretes de outrora. Veja-se este exemplo: segundo um estudo do ISCTE «nos últimos oito anos, registou-se um maior predomínio de número de comentadores com posicionamento político à direita" nas televisões, passando de 22 em 2016 para 37 em 2023.

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    1. Começo por agradecer os poemas (nunca o faço), Sammy.

      É uma vergonha o que se passa nas televisões privadas, mas percebe-se: os donos são gente da direita, que defendem a sua ideologia e a manutenção do poder. Com os poucos jornais

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    2. (continuação)
      que vão resistindo, passa-se a mesma coisa...

      Não percebo como é que um país com gente pobre e miserável, se pode virar desta forma para a direita...

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