Hoje festeja-se o teatro, por esse mundo fora.
Lembrei-me do poema da AnyAna, das peças que escrevo directamente para a gaveta - sem lhes arranjar um final -, e sobretudo das salas que não visito e das peças que não vejo.
É por isso que vou falar de um acaso feliz, desta manhã. Enquanto trabalho, tenho muitas vezes a televisão ligada. Normalmente vejo coisas "atrasadas", que me passaram ao lado ou que não tive tempo de ver. Foi desta forma que "descobri" que na noite de domingo para segunda a RTP2 transmitiu o espectáculo, "Tudo Isto é Jazz!", de homenagem a Luís Villas-Boas, que fez cem anos este mês.
Comecei a ver o espectáculo que misturava jazz com teatro e a ficar deliciado com João Lagarto, que fazia (muito bem) o papel do "pai do jazz" no nosso País, e claro, com a música.
Não conheci muito bem Luís Villas-Boas (acho que o cheguei a entrevistar...), devo ter falado com ele duas ou três vezes. Mas mesmo assim penso que a personagem está muito bem caracterizada, até fisicamente (os óculos, o bigode, o penteado e os trejeitos pareceram-me excelentes...).
Felizmente houve pessoas como o Luís, irreverente, teimoso e desalinhado. Só desta forma é que é possível contrariar a "mediocridade" que se arma em sentinela nas ruas das artes e letras do nosso país (e se pensarmos nas coisas que fez durante as ditaduras salazaristas e marcelistas...) e virar algumas coisas, quase de pernas para o ar.
Felizmente escolheram o João Lagarto, para ser um Villas-Boas, quase autêntico, a falar com a normalidade possível, sem usar dotes declamatórios, passando em quase duas horas pela vida de um grande amante dessa música que hoje é de todo o mundo e de todas as cores (foi muito bem metida a frase, de que o jazz se dá muito bem com os climas frios, por ser também bastante amada e tocada no Norte da Europa...).
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
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