quinta-feira, março 28, 2024

«Desconfia sempre dos homens que se preocupam demasiado com o teu aspecto físico.»


«Desconfia sempre dos homens que se preocupam demasiado com o teu aspecto físico.» A frase vinha acompanhada de uma piscadela de olho. 

A conversa não era comigo, mas fiquei a sorrir por dentro. Mesmo sabendo que aquelas palavras se referiam a qualquer jogo de sedução sexual - aliás homo -, e não a uma simples singularidade corporal.

Completamente fora do contexto, pensei em dois jeitosos. Cruzara-me com um deles há meia-dúzia de dias, sem conseguir escapar de um cumprimento breve. Não nos encontrávamos há mais de quinze anos. E para mim até podiam ser cinquenta, pois passava bem sem aquele reencontro. Foi um dos tipos mais "ranhosos" que conheci nas culturas em Almada. A única coisa que ele disse, assim que me viu, foi: «Estás velho! Estás cheio de cabelos brancos.» limitei-me a responder ao cumprimento, sem dizer qualquer palavra, mas com vontade de sorrir.

Era verdade. Estava mais velho. O meu cabelo agora era cinzento (não estava nos meus planos pintar o cabelo), mas continuava a olhar para o mundo de frente.

O mais curioso do episódio era o aspecto do fulano. Embora pintasse a meia-dúzia de pelos que tinha na cabeça, estava quase marreco e usava óculos com lentes de copo de três. Para piorar o cenário, tudo isto vinha embrulhado em apenas metro e meio de gente.

Muitos anos antes, um outro jeitoso (também das culturas...), sempre que me via, tentava insultar a minha inteligência usando o meu corpo, mais concretamente a minha barriga (quase inexistente na época...). Dizia sempre a mesma coisa. «Estas mais gordo.» Depois de ele repetir a graçola umas dez vezes, perguntei-lhe se a minha barriga o excitava muito, olhando-o nos olhos. Desviou o olhar e respondeu-me apenas com um sorriso amarelo. Foi remédio santo, nunca mais se preocupou com os meus "tecidos adiposos", na barriga ou em qualquer outro lugar.

Nunca tinha pensado a sério nisso. Mas olhando para estes dois exemplos pessoais, é verdade. É mesmo de desconfiar...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


6 comentários:

  1. Também viu o «Tudo Isto é Jazz»
    Como é possível excelentes documentários, como este, passarem em horários tardios, sem avisos atempados.
    Conheceu muito bem o Villas.
    Durante anos foi o Presidente da Assembleia Geral do Sindicato da Marinha Mercante Aeronavegação e Pescas a que também pertencia.
    Dezenas de histórias para contar.
    Um tipo adorável, bom garfo, de humores vários, louco por jazz e só um louco poderia fazer andar aqueles memoráveis Festivais de Cascais.
    Não tem qualquer tipo de dúvidas em afirmar que a História do Jazz em Portugal está balizada com um “antes e depois de Villas-Boas”!

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    1. Gostei muito do programa, por ter sido tão personalizado na figura de Luís Villas-Boas, Sammy.

      Gosto de ver usar-se a "primeira pessoa", mesmo sabendo que é perigoso.

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  2. Para rir!
    Mas há que desconfiar também dos que fingem que não se preocupam!

    Abraço

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    1. Mas bom, bom, é não levarmos essa gente muito a sério, Rosa.

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