Subia a avenida quando uma senhora com mais de oitenta anos, que estava à sua janela, num daqueles prédios com cave e com rés de chão alto, com um ar doce e cândido me perguntou se eu lhe dizia as horas. Apanhado de surpresa, olhei para o telemóvel e disse as horas à senhora, que se mostrou muito agradecida.
Meia-hora depois, desci a avenida, em sentido contrário e reparei que a senhora continuava à janela e a fazer a mesma pergunta a quem passava. Percebi porque uma das pessoas ainda usava relógio, olhou para o pulso antes de lhe responder...
Não sei se a senhora tinha algum problema de saúde ou se padecia apenas de solidão... e tinha necessidade de olhar para as pessoas e de ouvir as suas vozes, mesmo que fosse para apenas lhe oferecerem horas e minutos...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Se calhar sofria dos dois males!
ResponderEliminarAbraço
Provavelmente, Rosa...
EliminarBoa tarde
ResponderEliminarUm episódio muito comum na nossa sociedade. Infelizmente
JR
Sem qualquer dúvida, Joaquim. Cada vez desvalorizamos mais a "experiência de vida" das pessoas com mais idade...
EliminarÉ triste ser velho e estar sozinho.
ResponderEliminarCada vez mais triste, Maria.
EliminarNunca conseguimos que os lares fossem mesmo um "lar" e não uma antecâmara da morte...
A solidão é um urso negro que se vai aproximando de todos...
ResponderEliminarÉ verdade, Severino. E estas guerras (Pandemia e Invasão à Ucrânia) em que nos metem sem sermos ouvidos e achados, não ajuda nada...
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