Falámos sobre isto, quase em trabalho, à volta de uma mesa por causa de um texto quase antigo de Agota Kristof. Sabíamos que havia mais que uma peça de teatro sobre e com "A Mentira", além da de Kristof. Mas nesses tempos a ficção não andava tão embrulhada com a realidade...
A Clara disse que talvez nunca se tivesse ido tão longe, como agora. Provavelmente não. E foi buscar os mentirosos que foram e são chefes de Estado. Ninguém quis ir por aí, por todas as razões e mais algumas...
Preferimos ir atrás e à frente dos "profissionais de rua". dos burlões que se sofisticaram, na conversa e no vestir. Nas mulheres que ainda fazem cara de inocente para levarem comida da mercearia fiada e depois não voltam. Ou os pedintes que pedem sempre uma moeda para "matar a fome" e nunca para "matar o vício"...
Claro que acabámos por ir parar à ficção. Aí é tudo mais fácil, os "golpes" que se dão, só fazem feridas nas personagens.
O Tiago sorriu e disse que apesar de tudo, ainda não se tinha inventado nada melhor que a ficção, onde também se pode tirar olhos. Sim, vale tudo, não há portas nem janelas fechadas.
Depois cada um de nós escolheu apenas uma palavra para sintetizar a mentira. Éramos cinco. As cinco palavras escolhidas foram: Sofisticação. Banalização. Realidade. Dinheiro. Amor.
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
Sem comentários:
Enviar um comentário