quarta-feira, junho 08, 2022

Paula Rego (1935-2022)


«Pinto a verdade. A Guerra Colonial existiu e foi uma vergonha. Faziam-se festas e, no fim, andavam aos pontapés às cabeças dos indígenas. As mulheres, em 1950, viviam vidas tenebrosas. Na Ericeira, de que eu gostava muito, ouvia uma mulher à noite à gritar, lá em cima, no moinho, porque o marido batia-lhe. Chegava a casa bêbado e batia na mulher, que tinha filhos após filhos. Ela dava-os à luz no moinho e criava-os completamente sozinha. Mas ele morreu e ela ainda ficou ali, rija, toda tesa. Isto é triste? Acho que não. Quis mostrar a força extraordinária de mulheres com esta.»

(palavras de Paul Rego, extraídas de uma entrevista na "Grande Reportagem", de Novembro de 2004, que nos deixou hoje...)


(Óleo de Paula Rego)


5 comentários:

  1. Tinha uma técnica de desenho fantástica...mas não é das minhas preferidas.

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    1. Retratava as pessoas e o mundo, com uma crueza, muito mais próxima da realidade, do que achamos, Maria.

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  2. Conheci mulheres (minhas mães) absolutamente fantásticas!
    A geração "unhas de gel" nem sabe nem sonha...

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    1. Os tempos mudam as pessoas e as pessoas mudam os tempos, Severino. :)

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