Falei nele (e na sua "camarilha", para ele se sentir acompanhado), porque no meu olhar ele simboliza a grande mudança da nossa sociedade pós-Abril. Foi o primeiro-ministro que beneficiou pela primeira vez dos fundos de coesão europeia e quem fez mais concessões económicas e sociais a esta Europa, sobretudo francesa e alemã ("destruindo", entre outras coisas, a agricultura, as pescas, a pouca indústria que nos restava, os transportes ferroviários, e é melhor ficar por aqui...), tornando a nossa sociedade mais consumista e materialista, ignorando (e até tentando "apagar") alguns valores essenciais de qualquer sociedade verdadeiramente democrática e humanista.
Claro que isto é o que eu penso do papel político deste senhor. E nem vou falar de coisas mais polémicas como as condecorações que deu aos pides e a que não deu a Salgueiro Maia, ou da forma que destratou José Saramago (várias vezes, que culminou com a sua ausência do funeral do nosso único Nobel da Literatura, não percebendo a diferença entre o papel do Presidente da República e do cidadão Cavaco Silva...).
Lá estou eu a "estender o lençol", quando o que pretendia era referir que o nosso País é pródigo em acontecimentos graves, em que a "culpa costuma morrer solteira". E é por isso que gosto de "falar de nomes" (desde que saiba o que estou a dizer e não esteja a "falar para o ar", como fez há dias a actual ministra que tutela a misericórdia fez com a provedora...).
Prefiro que existam culpados a que se crie a "nuvem populista" que circula normalmente à volta de diversos sectores, em que se culpa "toda a gente" de corrupção, de compadrio ou de incompetência.
Esta minha preferência pela existência de um culpado, não é apenas "para que tudo fique melhor", mas sim para que a democracia e a justiça funcionem, tratando todas as pessoas da mesma forma.
Mas isto sou eu, José. As palavras que escrevo apenas vinculam este Luís e mais ninguém...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Não tenho dúvida de que seja culpado do que adveio da sua acção.
ResponderEliminarO que fica por esclarecer é o que adviria da ausência dessa acção.
Que tanta destruição tenha tornado 'a nossa sociedade mais consumista e materialista' parece-me algo estranho, se é que esse não foi o tema dominante largo tempo antes da sua chegada.
Quanto ao personagem, nem tem a minha simpatia, nisso acompanhando os escritores que me querem pôr a ler textos sem maiúsculas e sem virgulas.
Haverá sempre coisas que ficam por esclarecer, José, e outras que são entendidas de formas diferentes.
EliminarNós somos isso.