sexta-feira, maio 17, 2024

Se existem culpados, porquê banalizar (ou esquecer) as suas acções na sociedade?


No meu último texto publicado falei de um nome (o senhor Cavaco Silva, aliás doutor, porque no nosso país há muito boa gente que faz questão de ser tratado desta forma antes do primeiro nome próprio...) e o José, visita regular do "Largo", comentou o facto.

Falei nele (e na sua "camarilha", para ele se sentir acompanhado), porque no meu olhar ele simboliza a grande mudança da nossa sociedade pós-Abril. Foi o primeiro-ministro que beneficiou pela primeira vez dos fundos de coesão europeia e quem fez mais concessões económicas e sociais a esta Europa, sobretudo francesa e alemã ("destruindo", entre outras coisas, a agricultura, as pescas, a pouca indústria que nos restava, os transportes ferroviários, e é melhor ficar por aqui...), tornando a nossa sociedade mais consumista e materialista, ignorando (e até tentando "apagar") alguns valores essenciais de qualquer sociedade verdadeiramente democrática e humanista.

Claro que isto é o que eu penso do papel político deste senhor. E nem vou falar de coisas mais polémicas como as condecorações que deu aos pides e a que não deu a Salgueiro Maia, ou da forma que destratou José Saramago (várias vezes, que culminou com a sua ausência do funeral do nosso único Nobel da Literatura, não percebendo a diferença entre o papel do Presidente da República e do cidadão Cavaco Silva...).

Lá estou eu a "estender o lençol", quando o que pretendia era referir que o nosso País é pródigo em acontecimentos graves, em que  a "culpa costuma morrer solteira". E é por isso que gosto de "falar de nomes" (desde que saiba o que estou a dizer e não esteja a "falar para o ar", como fez há dias a actual ministra que tutela a misericórdia fez com a provedora...). 

Prefiro que existam culpados a que se crie a "nuvem populista" que circula normalmente à volta de diversos sectores, em que se culpa "toda a gente" de corrupção, de compadrio ou de incompetência.

Esta minha preferência pela existência de um culpado, não é apenas "para que tudo fique melhor", mas sim para que a democracia e a justiça funcionem, tratando todas as pessoas da mesma forma.

Mas isto sou eu, José. As palavras que escrevo apenas vinculam este Luís e mais ninguém...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


2 comentários:

  1. Não tenho dúvida de que seja culpado do que adveio da sua acção.
    O que fica por esclarecer é o que adviria da ausência dessa acção.
    Que tanta destruição tenha tornado 'a nossa sociedade mais consumista e materialista' parece-me algo estranho, se é que esse não foi o tema dominante largo tempo antes da sua chegada.
    Quanto ao personagem, nem tem a minha simpatia, nisso acompanhando os escritores que me querem pôr a ler textos sem maiúsculas e sem virgulas.

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    1. Haverá sempre coisas que ficam por esclarecer, José, e outras que são entendidas de formas diferentes.

      Nós somos isso.

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