Eles falavam como se "soubessem tudo" e "não precisassem dos conselhos de ninguém".
Enquanto fazia um boneco na folha em branco, continuava a pensar (a cabeça também serve para isso...).
A ignorância atrevida a par da "esperteza saloia" encontraram terreno fértil junto às pessoas que sempre gostaram mais "do quero mando e posso" que da evidência de que "duas cabeças pensam melhor que uma", ou ainda, "somos todos iguais e todos diferentes".
A senhora dos cafés passou a perguntar se precisávamos de alguma coisa. Dissemos que não com a cabeça.
Chegou em boa hora, porque estava-se na fase de "tratar mal a diferença", de fingir que "o mundo dos bons é um mundo de fracos"...
Eu não seria assim tão boa pessoa, ao ponto de entrar no leque da gente que estava a ser acusada de "otária" (e de coisas ainda piores), por ser capaz de ajudar quem precisa de alguma coisa, sem estar à espera de qualquer "troco". Parece que "davam cabo do sistema" (e ainda bem...).
Eu estava ali a ouvi-los e a pensar que foi um senhor chamado Cavaco Silva (e respectiva camarilha), que gosta muito de ser olhado como referência, que abriu portas a toda esta mediocridade, que conseguiu chegar a todo o lado, ao ponto de moldar o cidadão mais simples, que expressões como "salve-se quem puder" ou "vale tudo para chegar à meta", e torná-las válidas, na tal sociedade se quer liberal e competitiva (tudo o que eles não são, ou seja, apenas para os outros)...
De repente levantei-me. Não pude dar a desculpa de ir fumar um cigarro, mas ainda tenha a velha e batida ida à casa de banho... Devo-me ter enganado no corredor e quando dei por mim, estava cá fora, em plena Avenida. E claro, que não ia voltar atrás.
Voltar atrás para quê?
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Havendo um culpado...tudo fica melhor!
ResponderEliminarPorque não, haver um culpado, José?
Eliminar(vou escrever sobre isso a seguir...)
A única solução é realmente a retirada estratégica!
ResponderEliminarAbraço
Quando o podemos fazer, sim, Rosa.
EliminarHá situações em que não podemos "voltar costas", por motivos profissionais ou até familiares. Mas cada vez tenho menos paciência para "serrar presunto" ou para ouvir "gente estúpida e ignorante".