segunda-feira, maio 13, 2024

Quando se levanta, já sabe que a espera tudo menos um dia fácil. E é isso que torna tudo mais simples...


Há dias que finjo que me esqueço de ligar a televisão (é uma companhia para quem trabalha em casa, graças às vozes que ouvimos mesmo sem escutar...).

Irrita-me a pasmaceira diária, a escolha temática, a exploração dos "coitadinhos", que tanto podem ter deficiências físicas como morais (é a explicação para a forma como se deixam vender ao "circo mediático"...), a técnica de transmitir notícias como se fossem séries ou novelas (ao fim de contas é o modelo do CMTV que começa a imperar por todo o lado, só a RTP resiste como pode e não pode...).

Por escrever directamente no "blogger", é fácil pensar em escrever uma coisa e os dedos começarem a fazer outra...

Do que queria falar mesmo é da dificuldade que existe neste nosso tempo da integração das minorias, até mesmo quando são pessoas letradas. A maioria delas têm trajectos de vida pouco comuns. Fazem-nos pensar que talvez ainda aconteçam aqui e ali, alguns "milagres"...

Estava ali a escutar aquela professora de pele escura, e a pensar nas barreiras que teve de derrubar, no muito que teve de lutar para chegar ali. Felizmente hoje é quase normal para os jovens "pretos" e "mulatos", entrarem no ensino superior, no seu tempo, sem terem de percorrer os caminhos sinuosos daquela senhora da minha geração, que ainda hoje se debate com exclamações, que tanto lhe chegam por parte dos pais dos seus alunos como de colegas professores: "Há... a senhora é que é a professora Diamantina?" (ela tem um nome mais bonito e feminino...). Parece que é boa demais para alguém com a sua tonalidade de pele...

Pois é, a "Diamantina" tem todos as marcas de uma cidadã de terceira: é mulher, tem a pele negra, e o pior de tudo, é que teve a ousadia de querer ser professora (e já mulher feita...). A palavra "exclusão" sempre fez, e continua a fazer parte do dicionário da sua vida.

Quando se levanta, já sabe que a espera tudo menos um dia fácil. E é isso que torna tudo mais simples...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


4 comentários:

  1. De uma forma ou de outra, haverá sempre preconceitos, uma vez que haverá sempre diferenças entre os seres humanos.
    Um dia estava a falar com uma amiga que nasceu na Índia e que me contou qualquer coisa que tinha acontecido na “zona dos brancos”. Foi a primeira vez que me “vi” pela perspetiva da minha amiga.
    Gosto de um determinado parque para fazer as minhas caminhadas. Durante a semana é multicultural, com predominância de “brancos”. Ao fim de semana (sempre ao fim de semana), faço parte da minoria. Noventa por cento dos que lá estão são sul-asiáticos.
    As diferenças não se resumem à cor da pele. Desde que não se faça parte da “corrente principal” em termos de ideologias, comportamentos, tradições e costumes, haverá sempre alguém que terá dificuldade em aceitar essas diferenças.

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    1. Mas preconceito não é ódio racial, Catarina.

      Há gente que tem dificuldade em lidar com as diferenças, mas que é incapaz de cometer qualquer acto violento...

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    2. Não. Nem pensei em ódio racial. Pensei apenas em preconceitos e nem estes deveriam existir. Isto numa sociedade perfeita, claro!!!

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    3. Pois, só que nós não somos perfeitos, Catarina. :)

      O João Perfeito é a excepção que confirma a regra. :)

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