segunda-feira, março 01, 2021

Viagens Dentro e Fora de Nós...


Estes tempos, continuam a "não serem tempos" para viajar, pelo menos, fisicamente. É por isso que há sempre um ou outro livro, que promete levar-nos, aqui e ali, quase sempre com mais pormenores que os que costumamos encontrar nas verdadeiras viagens. 

E se forem como eu, que não faço planos muito elaborados por gostar de ser surpreendido pelos próprios lugares, pior ainda, em relação ao tal "sumo da viagem".

Lá estou eu a desviar-me... Queria escrever sobre o facto de a nossa riqueza geográfica não ser bem aproveitada pelos viajantes-escritores (andámos por aí espalhados pelos cinco ou seis cantos do mundo, e parece que só o Fernão Mendes Pinto, que também escolheu esta margem para ficar, é que nos contou, muito bem, as suas muitas aventuras e desventuras, na forma de livro  - Camões não conta, tudo aquilo é poesia).

Talvez partissem, sobretudo iletrados... gente com pouca instrução. Os outros, com mais imaginação e saber,  pensavam que lhes bastava "partir" de viagem, nos passeios, curtos ou longos à beira do Tejo ou do Atlântico.

Mas não bastava. Nunca bastou. E é por isso que não existem muitos romances sobre Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé, Macau ou Timor (e nem vou até ao Brasil ou à Índia...).

Tal como nunca fizemos séries ou filmes sobre os grandes protagonistas da história e sobre as nossas epopeias (sei que hoje o "politicamente correcto" é fingirmo-nos envergonhados pela nossa linhagem de conquistadores e descobridores, mas eu estou-me borrifando para tudo o que é "demasiado faz de conta" ou para se "ficar bem na fotografia"...).

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


4 comentários:

  1. Quando se deu o 25 de Abril toda a gente ficou convencida que havia muitos livros guardados na gaveta para serem publicados. Afinal, não havia nada! Temos poucos romancistas em Portugal. Claro que temos grandes escritores, mas não são assim tantos!

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    1. O problema é que para escrever é preciso "viver". Maria.

      Não temos muitos bons escritores "aventureiros".:)

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  2. Se o Luís decidisse escrever um romance histórico que espaço, tempo e herói escolheria?

    Abraço

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    1. Escreveria sobre o século XX. Acho que os primeiros tempos da primeira República, inspiradores, com Afonso Costa como protagonista. A vida de Álvaro Cunhal também dava um bom romance, Rosa, tal como a de alguns anarquistas mais desconhecidos, que combateram na guerra civil espanhola e também na II guerra mundial, como Jaime Rebelo.

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