terça-feira, março 23, 2021

Nem Isso é Vantagem (pelo menos no nosso país)


Nestes tempos "amarelos", passo os dias rodeado de papéis, alguns também já de cor amarelada (os jornais gostam de ir mudando de cor...). Vou lendo, arquivando e deitando fora, mas há sempre um ou outro pormenor que fica. Embora a política seja o que menos me desperta interesse, acabo por fazer algumas ligações, que parecem ter ficado mais óbvias, à distância de vinte e mais anos.

Tenho bastantes recortes do jornal da minha cidade natal (Gazeta das Caldas), que me fazem perceber o quanto foi nefasta a perpetuação no poder de um senhor com o mesmo apelido do nosso primeiro-ministro como presidente de Câmara. O quanto se perdeu por teimosia, burrice e arrogância política...

Nem a situação geográfica das Caldas, bem no centro do Oeste - com as cidades de Peniche, Nazaré, Alcobaça e Bombarral a pouco mais de vinte quilómetros e as praias da Foz do Arelho e São Martinho do Porto a pouco mais de dez e Óbidos a cinco (manteve com este Município e com o seu presidente uma "guerra" aberrante, desbaratando o muito que foi feito pelo desenvolvimento da Vila, e eram da mesma força política...) -, foi aproveitada para manter e desenvolver a sua notória importância comercial, turística e cultural.

Se fôssemos um país normal, pessoas como este senhor, que se perpetuavam no poder entre os vinte e os trinta anos (abençoada lei que fixou o número máximo de mandatos autárquicos...), não poderiam fugir das suas responsabilidades, do muito mal que fizeram às suas terras. Ou seja, era impossível "empurrarem" a culpa para os outros, porque muitos dos erros cometidos estão fixados no tempo e na história.

Mas como todos sabemos, nem o facto de se conhecer os responsáveis pelos muitos "desmandos", que se fizeram de Norte a Sul, é uma vantagem no nosso país, onde continua a reinar a impunidade (muito graças à nossa justiça e ao nosso poder político...).

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


6 comentários:

  1. Nem sei como lá chegou e se manteve tanto tempo no poder!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Porque nós fechamos os olhos às coisas importantes e andamos entretidos a discutimos bugigangas, Rosa...

      Eliminar
  2. Pois é, mas a lei não impede um autarce que tenha estado o máximo de anos permitidos num concelho de se candidatar a outro concelho...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O problema maior somos nós que os elegemos e não o facto de se puderem candidatar e recandidatar, Lua Azul.

      Eliminar
  3. Chegou a dizer a quem o queria ouvir, que o poder local, juntamente com o fim da guerra, constituíam o lado bom do 25 de Abril, o melhor lado, a rua onde o sol brilhava como ele gosta que o sol brilhe.
    A transumância é das palavras mais bonitas da língua portuguesa. Lembra-se da transumância natalícia de visitar familiares, amigos, lembra-se, da mudança das colmeias que o Júlio fazia nos Cepos, junto ao Rio Ceira.
    Agora sabe que os autarcas, aproximando-se o tempo de eleições, quais animais sem nome, ou com o nome que não lhe apetece, agora, chamar-lhes, cantando e rindo, praticam a transumância autárquica.
    Que tristeza!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fizeram-se coisas extraordinárias, logo depois de Abril, Sammy. Mas como o povo costuma dizer, "Foi Sol de pouca dura".

      (fizeram-se "milagres" quando não havia dinheiro das europas e tantos interesses instalados)

      Eliminar