quarta-feira, março 31, 2021

«Sinto saudades de muita coisa, até de ver os miúdos a correrem atrás da bola.»


Vejo-o quase diariamente. É um homem que já deve ter ultrapassado os setenta anos e que sempre vi a passear na rua. Mesmo durante estes tempos pandémicos, não perdeu o hábito de cirandar pela nossa "quinta da alegria", de máscara e com o cuidado de manter o distanciamento, mas sem se esquecer de trocar as palavras de sempre com a vizinhança.

O que mais sobressai nele é o ar simpático, que reparte com todos, sem se esquecer de mandar recomendações para os outros elementos da família. 

Um dia destes vi-o sentado no muro, com  vista para o campo de futebol do clube do nosso bairro (agora vazio de vida...). Sem perder o sorriso, disse-me: «Sinto saudades de muita coisa, até de ver os miúdos ali no campo, a correrem atrás da bola...»

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


4 comentários:

  1. Quanto mais velhos mais saudades!
    Eu sinto saudades das refeições em família alargada com uma série de crianças que nos fazem esquecer e lembrar de quem partiu.
    É um paradoxo?
    Pois é!

    Abraço

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    1. A vida é cheia de paradoxos, Rosa. Uns melhores, outros piores.

      O bom é agarrarmos os que nos fazem sentir bem.

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  2. Eu, como tive sempre uma família pequena, não tenho dessas saudades. As saudades que tenho são as do futuro, ou seja, de poder fazer outras coisas diferentes. De poder ser operada aos meus olhos, sem recear a infeção do Covid, de poder viajar para a minha querida Itália, de poder juntar-me à minha filha, que está no Porto ( last but not least).

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    1. Todos temos saudades de uma coisa, que nos tiraram, Maria, a nossa Liberdade.

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