Por ser um dos primeiros actos subversivos que conheci (o pai de um dos meus melhores amigos, assistiu a tudo, de binóculos, numa vivenda do Avenal (área de residência com vista para o então RI nº 5 (regimento de infantaria número cinco), porque o "golpe" foi falado na cidade onde cresci e vivi até aos dezoito anos, até mesmo por "putos" de onze anos, que frequentavam o primeiro ano do ciclo preparatório.
Ao longo dos anos fui escutando várias versões desta tentativa de golpe militar. E cá vez estou mais convencido de que foi de facto um "contragolpe" spinolista. Como o general se sentia "fora do baralho", pois embora tivesse conhecimento do que se passava, estava quase a "leste do paraíso" em relação ao MFA. E como Spínola devia delirar com medalhas, era um daqueles militares com "apetites de herói", não queria passar ao lado da Revolução...
O mais curioso, foi ter sido Marcelo Caetano a trazê-lo para a história da Revolução de Abril, com a quase ameaça de só entregar o "poder" ao general do monóculo, para este não ficar caído na rua...
Esta minha opinião baseia-se em várias conversas que tive com "Capitães de Abril", na leitura de entrevistas com alguns intervenientes e também no meu "sexto sentido" (a intuição vale mais do que se pensa na história...).
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)
Detesta fardas.
ResponderEliminarConseguiu safar-se de vestir a da Mocidade Portuguesa – o pai, carregado de uma hipocrisia louca, com laivos de alguma verdade, dirigiu-se ao gabinete do reitor do Liceu Gil Vicente, que também era comissário da MP, argumentou que lá em casa, o dinheiro para comer, pagar a renda, sobreviver, era mais que minguado, e não havia dinheiro para comprar a farda.
Incorporado em 10 de Julho de 1967, a essa farda não conseguiu fugir, seis meses no CISMI, em Tavira, colocação, 3 de Janeiro de 1968, no RI5 nas Caldas da Raínha.
Conheceu a maior parte dos oficiais que participaram no «golpe de 16 de Março». Nos dias seguintes olhou os nomes que participaram, e quase nenhuns eram dignos de qualquer confiança política. Do que passou, do que viu, do que foi lendo, ficou-lhe a ideia de que com aquelas armas não iríamos a parte alguma. Eduardo Lourenço (Janeiro de 1975) em carta a Jorge de Sena: «Faz pena ver tanto civil depor sem hesitações toda a esperança no Militar, que, tanto quanto se saiba, continua segundo a ordem natural das coisas a ser o homem do gatilho.»
O que é um facto, é que sem os militares não havia 25 de Abril, Sammy...
EliminarSomos demasiado permissivos para nos revoltarmos, precisamos de ajudas de "fora"... E com tanta gente diferente a mandar nos quartéis (politicamente), dos direitolas à extrema esquerda, as coisas nem correram muito mal.
De espada em punho Spínola, com Gois Mota e seus legionários a pretenderem causar tumultos, vimo-lo a desviar o carro, em Santa Apolónia, de Humberto Delgado para o lado contrário por onde pretendia seguir ao encontro de mais de cem mil que enchiam toda a avenida até ao Campo das Cebolas. A manifestação seguiu o seu caminho para a Sede da candidatura na Av. da Liberdade mas foram recebidos a tiro de uma metralhadora pesada junto da Loja das Meias no Rossio.
ResponderEliminartoda a gente deu à sola, podendo-se verificar que eram balas a sério dado a loja de Fotografia Filmarte ter a parede marcada com o rasgo das balas.
Eram tempos complicados, Tino.
EliminarSó o General Delgado parecia não ter medo.
Lá esteve um tenente, amigo nosso!
ResponderEliminarAs informações que passou à mulher, estando na prisão, afiançavam para breve outro golpe!
Abraço
Segundo Otelo, teve de ser mais breve do que se pensava inicialmente, Rosa, para "surpreender" a PIDE.
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