Pode - e deve - falar-se de um processo lento que já se arrasta há mais de uma década, quando se começaram a misturar demasiados interesses com o jornalismo.
As dificuldades financeiras fizeram com que uma boa parte das empresas de comunicação social fossem adquiridas por pessoas que não tinham qualquer relação com o jornalismo. A única coisa que lhes interessava era o "negócio" (ou para ser mais preciso, os outros negócios que possuíam e precisavam de ser promovidos, com algumas "notícias felizes"...).
Um amigo das culturas foi mais longe e disse-me que eu era um lírico e que o jornalismo nunca fora livre e independente, em momento nenhum. Contou-me meia-dúzia de episódios sobre pressões exercidas nas direcções de jornais onde trabalhara (a maioria partidárias...). Eu contra-argumentei que as chefias poderiam estar comprometidas e enviar recados para a redacção, mas sem se imiscuírem nos factos. Era impossível "abafar" uma notícia ou reportagem importante, que estivesse bem fundamentada...
Foi então que resolveu trazer os "críticos" para a conversa, dizendo que a maior "vergonha" dos jornais eram os "gajos" que escreviam sobre livros, discos, peças de teatro ou fitas de cinema. Raramente eram honestos. Escreviam por "amiguismo" ou "ódio de estimação".
Claro que quando generalizamos, estragamos tudo. E muitas vezes damos mais atenção a uma árvore estranha, que ao resto da floresta...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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