Pois é, há sempre um ou outro acaso, à nossa espera, para mudar o rumo dos nossos dias... Ir dar aulas para Vila Franca de Xira e apanhar o comboio que levava mais de três quartos de hora entre as estações de Santa Apolónia e da bonita terra ribatejana, fez com que tivesse de inventar alguma coisa para "reduzir" este tempo, mesmo que a viagem à beira Tejo não fosse das mais desagradáveis.
Sei que um dia levei um livro e nunca mais parei (raramente tinha companhia para a conversa...). Depois descobri que a escola tinha uma excelente biblioteca e tornei-me um dos seus principais requisitantes. O curioso foi a minha insistência nos autores que mais gostava de ler (li praticamente todos os livros que existiam naquelas estantes, escritos por Camilo, Hemingway, Aquilino, Amado ou Steinbeck...), sem nunca experimentar a desilusão.
Era mesmo este o ponto. Mas quando começo a escrever mudo de "rua com facilidade"...
Estamos sempre um mudança, mesmo sem nos apercebermos. Com o tempo, fui gostando de muitos outros autores, mas não continuei atrás deles (talvez por nunca mais ter sido tão assíduo de bibliotecas...), como neste começo delicioso de leituras. Vergílio Ferreira foi um desses autores que nunca me desiludiu, mas não "persegui". Sempre senti que é um dos nossos grandes escritores. É por isso que estranho só agora estar a ler a sua aclamada "Aparição" (e estou a gostar bastante...).
Sem querer tirar qualquer mérito a Saramago ou a Lobo Antunes, Aquilino, Vergílio e Cardoso Pires, são os meus escritores do século XX.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Terá que deixar o breve lamento de as suas idas casa-trabalho-casa não ter que ser feito em barco ou comboio. Sempre trabalhou no Cais do Sodré e para descer a colina onde vivia, excepto em tempos de chuva, seguia a pé.
ResponderEliminarO trajecto que o Luís fazia, fez-lhe lembrar Alves Redol, a viver em Vila Franca de Xira, durante demorados anos, fez a viagem Vila Franca-Lisboa-Vila Franca, para trabalhar num escritório em Lisboa. Nessas viagens leu e escreveu, olhava os trabalhadores como ele, e tudo o que via e encontrava transformou em motivos de aprendizagem.
Quem é que hoje lê Alves Redol?
Quanto ao Vergílio Ferreira tinha alguma coisa para dizer, mas guarda-a para um tempo de berbigões com «rr».
Gosto muito quando um escritor consegue deixar a sua marca, ter um estilo próprio, como é o caso de Vergílio Ferreira, Sammy.
EliminarAlves Redol...como eu gostava deste escritor...aos 15 anos, já tinha lido todos os neorealistas.
ResponderEliminarQuanto à "Aparição " é um romance fabuloso
Temos grandes escritores, Maria.
EliminarNão é pela sua falta que não há leitores...