A magia do cinema fez com que recordasse a Ida, que não falava comigo apenas dos filmes da sua vida. Uma das coisas que lhe causavam mais admiração no trabalho dos realizadores, era a quase facilidade com que eles metiam dezenas de anos em apenas hora e meia de fita, sem que se notasse alguma falta ou falha. Também me chegou a falar de como as imagens, mesmo sem o apoio de vozes, mexiam com as nossas emoções. Bastava um olhar, um gesto ou um andar, mais lento ou mais apressado... para nos deixar os olhos brilhantes.
Ainda mais estranho foi lembrar-me dos meus avós maternos, que nunca devem ter visitado uma sala de cinema, com plateia e balcão. Talvez tenham assistido à projecção de algum filme ou documentário no Salão Paroquial da Aldeia, onde quase que tinha de se levar um banco de casa... Ou seja, era outra coisa, sem ser cinema. Era quase como ver filmes na televisão...
(Fotografia de Luís Eme - Monte da Caparica)
Teria 10 anos quando o meu padrinho, irmão do meu pai, me ofereceu uma ida ao cinema com a minha avó.
ResponderEliminarO filme era "As Minas de Salomão" e, às tantas, o meu padrinho e eu vimos que a minha avó estava a rezar o terço.
Olhámos um para o outro sorrimos e nada dissemos.
Nunca mais esqueci esta cena e penso que já a contei por aqui há alguns anos.
Abraço
Havia coisas que pareciam "milagres", Rosa, quando não se tinha "mundo"...
Eliminar