Acendeu um cigarro e depois disse: «as salas de teatro voltaram a ter demasiados lugares vagos.»
Antes que eu o interrompesse, explicou-nos o óbvio. «Sei que não é nenhuma novidade. Acontece sempre que aumenta o preço do pão, do leite, do peixe, da carne...»
E depois fez uma confissão: «É nestes momentos que tenho inveja do futebol. Não há nenhuma crise que consiga tirar os malucos das bancadas dos estádios.»
Levantou-se e antes de nos virar costas, ofereceu-nos mais meia-dúzia de palavras, com um sorriso que tinha tanto de amargo como de derrotista: «As culturas perdem com quase tudo...»
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
“... Não há nenhuma crise que consiga tirar os malucos das bancadas dos estádios.” E eu acrescento: Não há nenhuma crise que impeça os malucos de comprar um telemóvel da mais recente geração.
ResponderEliminarPois... e também dos grandes concertos musicais, Catarina. Mas nestes, muitas vezes são os avós que subsidiam os netos (eu sei como é...), para estas maluquices.
EliminarBom dia
ResponderEliminarInfelizmente é sempre a mais afetada ..
E falo de mim próprio .
JR
Todos nós que gostamos das coisas da cultura, não deixamos de escolher o "bife", em vez do livro, do filme ou da peça de teatro, Joaquim...
EliminarBelo e dramático texto e um título que diz tudo.
ResponderEliminarVou, com a devida vénia, copiá-lo..
Abraço
Grato Sammy.
EliminarTenho a leve ideia que não identifiquei o comentário anterior.
ResponderEliminarAs minhas desculpas.
Identificadíssimo. :)
EliminarUm povo a contar os cêntimos como pode cultivar-se?
ResponderEliminarAbraço
Exactamente, Rosa.
EliminarIsso também explica muito o porquê de se ser mais facilmente manipulado...