Há sítios que gostamos que não nos cansam, somos mesmo capazes de passar por lá quase todos os dias.
Depois há outros, que nos marcaram de tal forma, que temos medo de lá voltar... É como se tivéssemos medo de não encontrar as coisas que por lá deixámos, nos mesmos sítios.
Hoje voltei a um sítio onde fui feliz e não visitava há mais de quinze anos. De repente estava ali, mas era como se não estivesse. Parecia que estava a ver um filme onde só encontrava o agora, porque já havia poucos sinais do ontem...
Acabei por ficar a pensar que tal como há sítios que ficam quase intactos, se fingirmos não ver a sua decadência... Há outros que são completamente virados de pernas para o ar, por aquela coisa que chamamos progresso...
(Fotografia de Luís Eme - Mar-Tejo)
É inevitável essa coisa do progresso.Desconto as tropelias cometidas em seu nome.
ResponderEliminarA terra que me serviu de berço e os arredores são-me hoje invisitáveis.Omito os nomes evitando magoar os residentes,decerto em paz com ela e regozijados com a escolha.
Aconteceu-me há anos precisar de uns papéis perto de onde resido. Coisas oficiais;fechados
àquela hora.Comia no café restaurante humilde,à mesa eu e poucos; ao balcão um senhor idoso falou:--Não posso vir cá,tenho sempre vontade de chorar.Explicou,só ouvi bocados,
o suficiente para me reforçar a mágoa que sinto ao ter de me deslocar ao lugar de nascimento e criação.
Cumprimentos.
Jose
É curioso, José, a primeira coisa que me passou pela cabeça, foi que há "um progresso bom e um progresso mau", quando se trata de dar vida a muitos lugares (Lisboa está cheia de bons exemplos... há pois, e dos outros também).
EliminarMas a nossa memória não se preocupa com isso, queria sim, ver a taberna do ti Zé David onde hoje é um minimercado paquistanês, entre outras coisas... Até se pode ter saudades do cheiro a vinho tinto e a bagaço, mesmo que apenas tenhamos sentido o cheiro ao passar pela rua...
Lugares situados já só na memória,mas vivos.
ResponderEliminarTal como as pessoas.Mortas só no cemitério,espaço de ruínas.
Familiares,amigos,amores permanecem num diálogo interno connosco quando não na matriz genética.