Critica-se muito as escolhas políticas, mas desde sempre que as pessoas que são escolhidas para cargos que vão desde presidente de junta de freguesia a primeiro-ministro, quando se trata de convidar os seus pares, dão preferência à confiança política e à relação pessoal existente, a competência profissional passa para terceiro ou quarto lugar.
As únicas pessoas que são capazes de escolher aqueles que irão trabalhar debaixo da sua alçada, pela competência profissional, são os independentes e solitários. Gente que não tem actividade partidária nem muitos amigos. Ou seja, gente que se existe, não tem qualquer hipótese de chegar a qualquer poder...
É por isso que não devemos ter grandes ilusões (e não temos...) em relação aos políticos. O normal é rodearmo-nos de amigos e de pessoas da nossa confiança, desde o clube de chinquilho à sociedade filarmónica. O associativismo sempre viveu desta organização quase tribal.
Tudo isto para dizer que os problemas que nos saltam diariamente para os olhos, não se devem unicamente a esta forma de organização. A verdadeira questão está ligada à forma como estes "compadres" exercem o poder. E lá vem a ética e a estética, que são hoje apenas "figuras de retórica" e tanta falta fazem às nossas organizações...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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