Como continua a gostar de engolir cassetes, as suas palavras permanecem presas ao século passado. É capaz de dizer coisas como: «No meu tempo é que era bom» ou então: «Ainda está para nascer alguém tão bom como eu.» Consegue passar o dia inteiro neste registo, inchado como um pavão e com o ar mais sério do mundo.
Poucos conseguiram caracterizar tão bem e com tanta simplicidade, o seu tempo, como o realizador Fernando Lopes. Consigo escutar a sua voz singular a dizer:
«Quando não sabes o que fazer e tens carro, vais para a estrada. As pessoas hoje quase todas têm carro. Herdámos isso do cavaquismo. E também a ideia dele do progresso: ter carro, frigorifico e televisão e nada na cabeça. Não é por acaso que vivemos tão intensamente o 25 de Abril e estamos hoje tão despolitizados.» ("Jornal de Letras", 13 de Setembro de 2006)
O problema é que em 2021 estamos muito pior que em 2006. Além de estarmos despolitizados e descultarizados, tentam enfiar-nos coisas na "cabeça vazia".
(Fotografia de Luís Eme - Covilhã)
Bom dia
ResponderEliminarEsta publicação faz todo o sentido, porém é necessário saber interpretála como deve ser.
JR
Cavaco e companhia continuam a valer-se da memória curta do povo português, Joaquim.
EliminarEste velho nunca tem dúvidas e raramente se engana!
ResponderEliminarPensa que não nos lembramos do fez!
Abraço
Pois mão, foi por isso que hipotecou a agricultura e as pescas, Rosa.
EliminarTal como tentou acabar com o transporte ferroviário, que é muito mais resistente do que parece...
É triste perceber que esta é a verdade.
ResponderEliminarPois, é triste mesmo, Micaela.
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