Foi também por isso que hoje estive num daqueles almoços cheios de palavras, que se prolongam pela tarde dentro, em que as histórias que se cruzam com o ontem, o hoje e o amanhã.
Os amigos mais antigos tentaram abraçar o "ontem", que é cada vez mais esquecido, por este tempo que parece não ter passado, presente ou futuro. Às vezes parece que é apenas uma corrida atrás do "nada"...
Foi por isso que um rapaz ligeiramente mais novo que eu, a partir de certa altura, resolveu seguir o caminho mais simples, culpando os "jovens" por todos as mudanças a que vamos assistindo. Falou da sua "vida fácil" e do excessivo "proteccionismo dos pais".
Discordei dele e disse saber que os meus filhos vão ter uma vida muito mais complicada que a minha, porque o mundo do trabalho mudou muito, e para pior. Ao ponto da precariedade começar a ser encarada com normalidade pela própria sociedade. Precariedade essa que está a deixar marcas na sociedade, começando a "destruir" coisas como o conceito da família tradicional, com casamento, filhos, casa própria, etc, porque o individualismo ameaça derrotar a toda a linha o colectivismo...
Acrescento: Na minha apresentação mais recente de um livro, do meu amigo Orlando, quase no final, usei uma expressão que é entendida muitas vezes como comunista, de que "um homem sozinho não vale nada". Mas ela é sobretudo humanista. E embora contrarie estes tempos em que o capitalismo se embrulha com o liberalismo e promete virar tudo de pernas para o ar, continua a fazer todo um sentido, porque somos demasiado "frágeis" para vivermos sozinhos, fechados em qualquer "torre de castelo".
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Bom dia
ResponderEliminarTenho um filho com 42 anos e sempre o protegi sempre com a melhor intenção de lhe mostrar a realidade de uma vida que nunca iria ser fácil. Hoje já tem um filho com 20 anos , e quando tem qualquer dúvida ainda vem pedir ajuda ao pai, na certeza de ter sempre um bom conselho para o ensinar a pescar e não lhe dar de mão beijada o peixe .
Bom fim de semana e bons almoços com muitas palavras.
JR
Pois, mas nem sempre temos uma cana de pesca à mão, Joaquim.
EliminarOu seja, cometemos sempre erros (eu pelo menos cometo...), por amor.
A nível de precariedade de emprego, regredimos para os tempos do 24 de Abril. Com a diferença de que na altura o analfabetismo do país, era uma das causas evocadas. Coisa que não serve de desculpa atualmente.
ResponderEliminarabraço, saúde e bom fim de semana
As pessoas estão a ficar cada vez mais "anestesiadas" e indiferentes, Elvira.
EliminarE infelizmente algumas só acordam com os "gritos" dos populistas...