domingo, outubro 03, 2021

Viagens sem Rede (Dentro e Fora de Mim...)


Não tenho grandes dúvidas de que faço parte ao grupo de pessoas que precisam mais de silêncio e de solidão, que da confusão do quotidiano.

Sinto-me melhor a caminhar sozinho, ou a dois (mais que dois podem ser uma multidão...), por lugares calmos, onde os sons do mar, dos pássaros ou das árvores, não são abafados pelas vozes humanas.

Sei também que o gosto da escrita encontra mais palavras dentro do silêncio dos espaços abertos e isolados que no burburinho citadino.

Claro que este meu pensamento é controverso, porque também gosto de andar pelas ruas movimentadas, ou de estar sentado numa esplanada ruidosa com amigos. Lugares tantas vezes inspiradores, pelas palavras que andam à solta de mesa em mesa...

Mas nós somos o que somos, mesmo os que gostam da palavra coerência, não conseguem fugir de uma ou outra contradição...

Toda esta conversa porque ainda há amigos que insistem que devia ter conta do facebook, para estarmos mais próximos. O meu último argumento, de não gostar de visitar centros comerciais, especialmente aos fins de semana, não surtiu grande efeito, eles disseram que também não se passeiam por lá...

Mas talvez eu não queira nem precise dessa proximidade...

E é aqui que descubro que sou mais solitário do que pareço. Tirando uma ou outra pessoa, de quem tenho bastantes saudades, de ver e de conversar, estou longe de querer voltar aos tempos de liceu ou de revisitar esta ou aquela namorada...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


12 comentários:

  1. O ser humano é contraditório. Está nos nossos genes.
    Abraço e saúde

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    1. Pois está, Elvira.

      A perfeição é uma utopia para todos nós. :)

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  2. Boa noite
    Confesso que a solidão não me deixa propriamente no meu melhor estado , mas por vezes preciso de me isolar para fazer uma reflexão. Mas gosto muito mais do convívio com outras pessoas pois é onde me sinto melhor para dar asas ao meu espírito falador e criar amizades

    JR

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    1. A solidão tem muito que se lhe diga, Joaquim.

      Não é por acaso, que nos podemos sentir mais sós, numa sala cheia, que num passeio só com a nossa sombra, por qualquer lugar aprazível...

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  3. Compreendo muito bem o que sentes, meu Amigo. Também sinto o mesmo. Também não sigo nenhuma rede social. Eu, confesso, não tenho tempo...
    Cuida-te bem.
    Um abraço.

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    1. Eu também não, e ainda bem, Graça. :)

      E também não quero ter "tempo", claro. :)

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  4. Eu sou mais bipolar!
    Gosto do silêncio e da algazarra de um encontro de família ou de amigos.
    Ando na blogosfera e no FB!

    Abraço

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    1. Somos quase todos assim, Rosa, bi e tripolares. :)

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  5. Há dias da nua, quase o iam comendo vivo porque disse que não tinha «facebook» Como é possível?, insistiram, Também não tem telemóvel e remete tudo isso para as situações boas da vida que tem vivido. Calhando a solidão entrar no baile, lembra sempre Maria Judite de Carvalho: «Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e muita gente à nossa volta e ninguém vai fazer nada por nós»
    Agora que anda a ler um livrinho da «Tinta da China» que reúne entrevistas do Alexandre O'Neill, aproveita para citar: «A solidão procurada é boa, a não procurada às vezes é chata. O estar sozinho não é a solidão. Às vezes está-se sozinho porque se quere e isso pode dar um bom monólogo, uma meditação. O facto de eu viver só é que, às vezes, é chato e vou até ao barbeiro da esquina só para falar com alguém.»
    Dizem que é necessário dois para dançar o tango. O Balzac dizia que a solidão é agradável mas é preciso sempre alguém a quem o dizer e o poeta José Gomes Ferreira escreveu na parede do quarto do filho mais novo: «A solidão é boa para não se estar sozinho.»

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    1. Nunca como hoje, fez tanto sentido o texto da Maria Judite, Sammy.

      É isso, quando corremos atrás da solidão, sabe melhor... Mas é como tudo, ninguém gosta de "obrigações". :)

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  6. E independentemente de tudo o que tão bem descreve, o facebook é um lugar pouco recomendável. Não tanto por quem o frequenta porque, desse ponto de vista, a rua também poderia ser; é que os donos daquilo não são de confiança, especialmente no que concerne à esfera privada. Na rua que é pública ninguém é seguido, classificado, transaccionado a todo o instante. Por isso, é óptimo partilhar com os amigos na rua, em casa, no café,... mas não online, onde estão a todo o instante "multidões" (potencialmente) espreitando tudo o que fazemos, escrevemos, mostramos ... e nas redes sociais ainda é pior.

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    1. Nem queria ir tão longe, Miguel.

      Mas este mundo está cada vez menos recomendável, por causa do "politicamente correcto", que faz tão mal à liberdade de cada um de nós.

      E sim, tantos ouvidos e olhares atrás do biombo...

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