Eu e meu irmão acompanhávamos mais a minha avó que o meu avô, que saia cedo de casa para a sua labuta diária. O que se compreendia, pois era difícil estar atento a duas crianças e a trabalhar ao mesmo tempo. Ou seja, era a avó que mais aturava as nossas traquinices. Embora fosse uma pessoa um pouco seca, tinha expressões giríssimas para quase tudo. Usava muitos ditos populares, sem sequer se aperceber. O avô também se fazia entender muitas vezes através da sabedoria popular, mas com menos ligeireza e mais profundidade (adorava contar-nos estórias e lendas e era bastante bom neste "ofício"...).
Não estava à espera de toda esta introdução, pois ia apenas falar dos "rabos-de-palha", que todos temos (uns mais quer outros, como em tudo na vida...), mas a memória gosta de se meter pelo meio e...
A minha filha, com dezassete anos, excelente aluna, de vez em quanto pergunta-me o significado disto e daquilo. Nem precisava, o "google" é um rapaz com muito melhor memória para estas coisas, que eu. Mas acaba também por ser um pretexto para conversarmos, o que é muito bom, nestes tempos de economia de palavras...
Expliquei-lhe que "rabos-de-palha" são coisas que deixamos para trás, mal resolvidas, que podem ir de erros cometidos a falhas involuntárias. Como "deixam rasto", podem ser utilizadas pelos outros, quando menos esperamos, para fazerem "tiro ao alvo". Sorriu com a explicação e disse que era mais ou menos o que pensava...
(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)
E anda sempre gente à procura dos rabos-de-palha dos outros esquecendo-se dos seus! :))
ResponderEliminarAbraço
Quase sempre, Rosa. :)
EliminarTal como dizia o outro: quando apontas um dedo aos outros tens os outros três a apontar para ti.
ResponderEliminarÉ quase sempre assim, Severino. É fácil apontar, é só esticar o dedo. :)
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