Muito menos aceito que qualquer discussão seja feita como se se tratasse de um combate "esquerda-direita" (cada vez mais transformada num "benfica-sporting"), como se de repente o mundo tivesse sido pintado a preto e branco, sem a habitual zona de cinzentos.
O desaparecimento de Marcelino da Mata, um militar português de origem guineense que participou na Guerra Colonial, fez com que se levantassem uma série de questões, surgindo no final as habituais duas teses antagónicas para o adjectivar: a de "herói" e a de "criminoso".
Pelo que tenho lido, ele pode de facto ser considerado um herói, já que foi o militar mais condecorado das Forças Armadas durante o conflito armado nas nossas antigas colónias africanas. E criminoso, só o poderá ser, segundo o olhar dos novos países africanos (contra quem lutou...), livres do nosso "império" após a Revolução de Abril.
Para o chamarmos criminoso no nosso país (ele que se limitou a obedecer às ordens das nossas chefias militares numa situação de guerra...), teremos de utilizar o mesmo termo para os cerca de 600 mil militares que foram mobilizados (quase todos obrigatoriamente...) para "defenderem a pátria" durante os 13 anos que durou a fatídica Guerra Colonial.
(Fotografia de Luís Eme - Quinta da Arealva)
Há uma frase do Paul Nizan: «Tinha 20 anos e não admitia que ninguém me dissesse que eram os melhores anos da minha vida.», há uns versos do Fernando Assis Pacheco «dizem que a guerra passa: esta minha, passou-me para os ossos e não sai», há hoje acontecimentos como este, aqui tratado, a que já não sabemos dizer o quê, por ele pensa que uma guerra daquelas apenas a silenciámos, e não desespera por falar desses tempos e a coisa só lhe salta quando algo o empurra a dizer que não esqueceu… apenas silenciou…
ResponderEliminarÉ um comportamento normal, Sammy, este silêncio ruidoso, especialmente de quem sentiu na pele a guerra...
EliminarSó por isso, era escusado todo este barulho, feito por quem se alimenta sobretudo de teorias...
Numa guerra os heróis são ao mesmo tempo indivíduos cruéis porque a própria guerra é uma crueldade sem limites. Esta polémica é para todos os interesses e todas as tendências.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde, meu amigo Luís.
Um abraço.
Guerra é guerra, Graça.
EliminarCriminosos foram todos aqueles que mandaram centenas de milhares para uma guerra que não era sua...
Isso mesmo, Luís.
ResponderEliminarà luz da ética todos os que matam são criminosos.
À luz dos valores pátrios quem defende esses valores são heróis.
Abraço
É por isso que as pessoas deviam pensar antes de falar, especialmente do que não viveram, Rosa...
EliminarTotalmente de acordo, Luís. Totalmente!
ResponderEliminarParece que o mundo só se rege por extremos, ou seja por "malucos", Maria.
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