sábado, fevereiro 13, 2021

A Sabedoria do Meu Avô, "Doutor", sem Diploma...


As pessoas que não gostam muito de ouvir falar da "universidade da vida", normalmente acrescentam uma palavra antes do seu primeiro nome e enchem quase sempre o peito de ar, quando escutam um "doutor" ou "engenheiro", que se desloca na sua direcção. 

Fingem esquecer-se que a escola é demasiado limitada e limitativa (especialmente a universidade...), em relação ao mundo das pessoas e das coisas, que nos espera do lado de fora da porta e da janela.

Embora tenha andado na universidade, sei que aprendi coisas muito mais utéis, na outra "universidade", porque tive a sorte de ter melhores professores.

É por isso que não tenho qualquer problema em dizer: se não fosse a "universidade da vida", o que seria de nós?

Eu sei que fui um estudante ligeiramente distraído (ou azarado...), porque os bons professores que conheci nos vários patamares de ensino contam-se pelos dedos das minhas mãos. E nenhum foi capaz de me ensinar coisas tão duradouras como o meu avô materno, que era impossível ser analfabeto, pois foi um dos melhores professores que conheci pela minha vida fora.

Continuo a pensar que a escola é demasiado fechada (e rígida) para os próprios professores, que muitas vezes se sentem perdidos nas salas e nos corredores. Digo isto porque sou amigo de vários mestres do ensino, com quem é sempre um prazer partilhar saberes, que tanto podem vir de dentro como fora dos livros, num ambiente de amizade e cumplicidade.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


8 comentários:

  1. Tive bons e maus professores, quer no liceu, quer na Faculdade. Eu própria já dei boas e más aulas...
    Mas nunca aprendi nada de jeito com a minha família...

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    1. Eu não tive muitos bons professores, pelo menos no secundário. Deve ter sido a paga" de ter tido uma excelente professora primária, Maria. :)

      Aprendi muita coisa boa com a minha família, sem me aperceber.

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  2. Ele também teve um avô maravilha e lembra-se de uma canção dos Simon & Garfunkel («Kodakchrome) em que se canta: quando penso em todas as porcarias que aprendi na escola, espanto-me como ainda consigo pensar e não sentir a falta do que me quiseram ensinar.

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    1. Eu tive o "azar" de passar pelo secundário em 1975, 76, 77... com a ausência de tudo o que deve existir na escola, especialmente bons professores, Sammy.

      E tenho aprendido muito mais nos cafés que o que aprendi nos bancos de escola.

      Incomoda-me muito que o ensino (especialmente o universitário - o exemplo actual do meu filho, diz-me que pouca coisa mudou) seja mais de "empinar" que de "saber".

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  3. A Vida é a melhor escola de todas mas tenho pena que alguns ensinamentos tenham chegado demasiado tarde para mim.
    Tive a sorte de ter sobretudo bons professores em todos os níveis, sendo a professora da primária a principal.
    Gostaria que todos os que me tiveram como professora me recordassem com estima mas isso não será possível. Nunca agradamos a todos.
    Na família os ensinamentos chegaram-me pelo exemplo.

    Abraço

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    1. Pois é, Rosa, nunca conseguimos agradar a todos os alunos, até porque não é essa a nossa missão...

      Bom é sabermos que tentámos ser justos, cumprindo o nosso papel como educadores.

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  4. Bom eu completei a 4ª classe em 1954. Aprendi tudo o que era rio, serra ou monte. Aprendi a tabuada a ler e a escrever. Tudo o resto aprendi por mim própria com os livros que lia e observando a vida que me rodeava. Há 3 anos fui para a Universidade Sénior. E aprendi mais umas coisitas, mas a maioria aprendi mesmo vivendo.
    Abraço, saúde e bom domingo de S. Valentim

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    1. A Elvira fez-se a si própria, com o que a vida lhe proporcionou.

      Infelizmente cresceu num tempo onde não existiam oportunidades para todos. O crivo na escola fazia-se socialmente, o liceu já não era para todos e a universidade era apenas para os "ricos" (e bem remediados...), literalmente.

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